‘Precisamos esclarecer cada vez mais a população para que busque [informações] em fonte segura’, diz o senador, autor do projeto que criação de uma lei para combater notícias falsas (Ilustração: Reprodução/Internet)
O fenômeno das fake news mobiliza diversas áreas com o objetivo de entender e avaliar o impacto das notícias falsas no processo democrático. A preocupação é de todos: pesquisadores, políticos e cidadãos. O combate à desinformação e a defesa da democracia são temas centrais do debate do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado nesta segunda-feira (07), em momento de intenso ataques às instituições e de negação da ciência no enfrentamento da pandemia de Covid no País.
A desinformação é um prejuízo para a democracia, para a saúde pública e para a vida das pessoas. A afirmação é do líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE), autor do PL das Fake News (PL 2630/2020).
A proposta da criação de uma lei para combater notícias falsas foi aprovada em junho de 2020 e agora depende da análise da Câmara dos Deputados e da sanção da Presidência da República para entrar em vigor. O senador Alessandro Vieira espera que a análise da proposta seja agilizada pelos deputados federais.
Esse projeto cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, com normas para as redes sociais e os serviços de mensagem como WhatsApp e Telegram. A intenção é evitar notícias falsas que possam causar danos individuais ou coletivos e à democracia.
‘Orientação’
Alessandro Vieira defende a orientação da população para conter a desinformação, além das medidas previstas no PL 2630/2020.
“Nós precisamos esclarecer cada vez mais a população para que busque [informações] em fonte segura, e a melhor fonte é a imprensa profissional. A liberdade de imprensa é garantia fundamental da democracia. É por meio da garantia do trabalho dos jornalistas, da qualidade desse trabalho, que nós informamos bem a população. É um caminho necessário para todos nós democratas “, assegura o parlamentar.
CPI da Fake News
A outra frente de enfrentamento das fake news no Parlamento é a CPI Mista da Fake News, que desde agosto de 2019 investiga denúncias de ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e o debate público. Essa comissão, de deputados e sandores, está com os prazos e as reuniões suspensos por causa das medidas de prevenção contra a covid-19.
Influência das redes sociais
Em outubro de 2019, o DataSenado ouviu 2.400 pessoas que têm acesso à internet, em todas as unidades da federação. Elas apontaram não só a influência crescente das redes sociais como fonte de informação; revelaram também o entendimento de que o conteúdo das redes sociais influencia muito a opinião das pessoas (83% dos entrevistados).
Mais de 40% disseram que já decidiram seu voto com base em informações obtidas em rede social. Ainda de acordo com três em cada quatro entrevistados (77%), notícias falsas têm mais visibilidade do que notícias verdadeiras. E 62% dos entrevistados discordam da opinião de que informações publicadas em redes sociais são mais confiáveis do que informações publicadas na mídia tradicional.
No ano passado, uma nova pesquisa com 1.200 brasileiros de mais de 18 anos, numa amostra representativa da população brasileira, apontou o apoio da maioria dos entrevistados (84%) para a criação de uma lei contra fake news.
Os usuários de redes sociais manifestam preocupação (87%) com a quantidade de notícias falsas divulgadas nessas plataformas. Três em cada quatro (76%) usuários de redes sociais concordam que, nesses ambientes virtuais, notícias falsas ganham mais visibilidade que notícias verdadeiras. Essa percepção já tinha sido registrada em estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), dos Estados Unidos. De acordo com o trabalho, divulgado em 2018 na revista Science, as mensagens falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e alcançam muito mais gente. (Com informações da Agência Senado)