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Luiz Carlos Azedo: A revolta dos perus

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NAS ENTRELINHAS – CORREIO BRAZILIENSE

Não vai ser nada fácil convencer os deputados federais a aprovarem a inclusão de estados e municípios na reforma da Previdência, apesar da grande mobilização dos governadores para que a reforma seja única. Ontem, no Congresso, além de chegarem a um consenso sobre os pontos que devem ser excluídos da reforma, 25 dos 27 governadores fizeram corpo a corpo no Congresso com as bancadas de seus estados, mas não adiantou muito. Os deputados estão refugando, como perus convidados para a ceia de Natal. O acordo dos governadores exclui do texto o regime de capitalização proposto pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Também propõe a manutenção das regras atuais da aposentaria rural e de concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e a deficientes carentes.

Apenas os governadores do Maranhão e do Amazonas não participaram do encontro. O relator da reforma da Câmara, deputado Samuel Moreira(PSDB-SAP); o presidente da Comissão Especial, deputado Marcelo Ramos (PL-AM); o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); e a líder do governo Bolsonaro no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), participaram do encontro dos governadores, no qual foram porta-vozes os governadores do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB); de São Paulo, João Dória (PSDB); e do Piauí, Wellington Dias (PT). Houve entendimento entre governistas e oposição quanto aos termos do acordo, mesmo assim, há resistências nas bancadas dos respectivos estados.

“Esse acordo não passa na Câmara. Na bancada de Minas, por exemplo, somente oito dos 53 deputados aceitam incluir estados e municípios”, dispara o deputado Fábio Ramalho(MDB-MG). “Quero ver o governador do meu estado convencer a Assembleia de Minas a aprovar a reforma”, desafia. Ramalho é porta-voz do chamado baixo clero da Câmara, que costuma jogar duro nas negociações. Em contrapartida, seu colega Domingos Sávio (PSDB-MG) foi à tribuna, durante votação dos créditos suplementares para o governo federal pelo Congresso, para comemorar o fato de seu partido ter fechado questão a favor da reforma da Previdência. Ele é um dos oito mineiros que, até agora, defendem a reforma unificada.

Matou no peito

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), matou no peito a proposta de CPI para investigar a Lava-Jato. Já avisou que, se for apresentado o requerimento, vai engavetar o pedido, da mesma forma como fez com a CPI do Judiciário, por ser inconstitucional. Durante sessão do Congresso, Alcolumbre anunciou que o ministro da Justiça, Sérgio Morto, comparecerá ao Senado para dar esclarecimentos sobre suas conversas com os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato, vazadas no domingo pelo site Intercept.

Na contraofensiva, o Palácio do Planalto se antecipou à eventual convocação do ministro, depois de uma negociação entre a presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Simone Tebet (MDB-MS), e o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE). Quando era juiz da 13ª. Vara Federal de Curitiba, responsável pela Lava-Jato, Moro orientou ações e cobrou novas operações dos procuradores que atuam na Lava-Jato, por meio do aplicativo de mensagens Telegram.

Os bastidores da Lava-Jato foram um dos temas mais discutidos no Congresso ontem, mas o governo reagiu em linha em defesa do ministro da Justiça, para neutralizar as críticas da oposição. Até o general Eduardo Villas Boas, assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), saiu em defesa do ex-juiz. O ex-comandante do Exército disse que “a insensatez e o oportunismo” ameaçam a Lava-Jato e manifestou “respeito e confiança” no ministro da Justiça. A Polícia Federal investiga os vazamentos, que o Palácio do Planalto considera uma “ação orquestrada”.

Moro também foi blindado pela decisão do corregedor do Conselho Nacional de Justiça, Humberto Martins, que arquivou o pedido de que fosse investigado. “A adoção da tese de que seria possível se aplicar penalidade a juiz exonerado criaria uma situação no mínimo inusitada: o juiz pediria exoneração, cortando seu vínculo com a administração, e a instância administrativa instauraria um procedimento que, se ao final concluísse pela aplicação da penalidade, anularia a exoneração e aplicaria ao juiz a aposentadoria compulsória com proventos proporcionais.”

No Supremo Tribunal federal (STF), os ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello criticaram a postura de Moro e dos procuradores da Lava-Jato, revelada pelas mensagens, mas o ministro Luís Barroso saiu em defesa dos integrantes da força-tarefa e do ministro. Nos bastidores da Corte, o assunto é muito quente, por causa do julgamento do pedido de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Segunda Turma do STF, marcado para o próximo dia 25, em razão de o ministro Gilmar Mendes, que havia pedido vista, ter liberado o processo para votação. Trata-se de habeas corpus apresentado no ano passado, no qual a defesa de Lula questiona a atuação de Moro durante o processo no qual o ex-presidente foi condenado. (Correio Braziliense – 12/06/2019)

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (12/06/2019)

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MANCHETES

O Globo

Moro decide ir ao Senado para explicar conversas vazadas
Com mudanças, reforma corre risco de perder R$ 300 bilhões
Congresso aprova crédito extra de R$ 248,9 bilhões
Plano de saúde individual teve reajuste de 382%
Petrobras diz que já fez o possível para baixar preços
Patinete: lei prevê multa e capacete para condutor
Bandeira de Mello e mais 7 indiciados por crime doloso
Anvisa que liberar derivados e plantio de maconha para uso medicial

O Estado de S. Paulo

Governo faz acordo com Congresso e evita apagão nas contas
Para evitar CPI, Moro falará a deputados e senadores
Estados querem reforma sem capitalização
Por estradas, governo planeja reduzir parques
STF decide voltar a julgar prisão em 2ª instância
Anvisa fará consulta pública sobre maconha
México inclui Brasil no controle de imigrantes

Folha de S. Paulo

Governo cede, e Congresso aprova R$ 248,9 bi extras
Presidente evita defesa de ministro, que irá ao Senado
Para procuradora, conversas de Moro e Deltan são normais
Descendentes de Canudos lutam contra megafazenda
Lula vê promiscuidade em mensagem entre ex-juiz e procurador
Doadores recusam mudanças no Fundo Amazônia
Para PF, ação de hackers contra celulares da Lava Jato foi orquestrada
Bolsa de trabalho para dependentes patina em São Paulo
Bolsonaro exonera time de combate à corrupção

Valor Econômico

Bolsonaro faz concessões e fecha acordos no Congresso
Déficit atuarial de servidores vai a R$ 1,3 tri
Transpetro e Codesp abrem litígio no porto
Caixa começa a ‘despedalar’ e devolve R$ 3 bi
Petrobras aumenta investimentos em 25%
Na mira, o assédio dos robôs de telemarketing

EDITORIAIS

O Globo

A defesa de pontos-chave da reforma

Relatório será entregue à Comissão Especial, e as negociações começam a definir alcance das mudanças

Na semana da entrega do relatório sobre a proposta de reforma da Previdência, por Samuel Moreira (PSDB-SP), à Comissão Especial, prevista para amanhã, aceleram-se as negociações em Brasília. Devem-se relembrar o que está em jogo e os limites até onde deve ir o Congresso, para que esta chance de se desarmar a armadilha fiscal em que o Brasil está preso não seja desperdiçada.

O Legislativo cumpre o seu papel. Debate, emenda, revê. Mas há espaços estreitos pelos quais ele deve se movimentar, para que a roda da economia volte a girar, com o retorno dos investimentos, a reativação do mercado de trabalho etc. Um item essencial é o da inclusão ou não dos estados no projeto. Paraque,aprovadaa reforma, ela seja estendida a toda a Federação. A medida está na proposta original do Ministério da Economia, a mais adequada. No Fórum de Governadores, ontem em Brasília, foi pedido que haja uma flexibilização para que as assembleias legislativas possam estabelecer regras próprias para policiais e bombeiros.

Havia, ainda, a alternativa, do projeto do governo Temer, de conceder aos estados seis meses para decidirem o que fazer: aprovam suas próprias mudanças ou terão que adotar as avalizadas no Congresso compulsoriamente.

Seja como for, o correto é incluir toda a Federação na essencial adequação do sistema previdenciário à nova realidade demográfica do país, em que crescem as despesas (mais aposentados) e minguam as receitas (redução no número de jovens). Se não for assim, o déficit crescente da previdência de estados (e municípios) cairá inevitavelmente sobre o Tesouro. Persistirá alguma insegurança sobre a questão fiscal do país, fator negativo para a retomada da economia. O efeito é tão pernicioso que, mesmo com a queda dos juros, empresas podem continuar sem se endividar, para modernizar-se e/ou ampliar a capacidade produtiva. Será uma reforma meia-sola.

A inapetência de governadores e prefeitos para que eles mesmos façam reformas é conhecida. Duas décadas depois de autorizados a instituir regimes de previdência complementar para seu funcionalismo —afim de adotar um teto sobre os benefícios previdenciários —, 16 dos 27 estados nada fizeram. Mais da metade.

Outro ponto essencial é a previdência do funcionalismo. Eles não querem submeter sua contribuição previdenciária a uma tabela progressiva, como existe no Imposto de Renda, para todos, e ainda desejam uma transição suave para que contratados antes de 2003 mantenham a integralidade (de seus salários na aposentadoria) e a paridade (terem os mesmos reajustes que o servidor da ativa). As regras de transição como um todo e as idades mínimas de 65 para homens e 62 para mulheres, a fim de que possam se aposentar, precisam ser preservadas. A economia de R$ 1 trilhão em dez anos é essencial.

Um fato positivo é que os governadores do PT, como disse ontem Welling-ton Dias (PI), não se negam a negociar o apoio à reforma.

O Globo

Autoridades precisam conter onda de intolerância religiosa no país

No Rio, traficantes mandam fechar instalações ligadas a religiões de matriz africana

No Brasil, a liberdade de crença é garantida pela Constituição, mas o aumento dos casos de intolerância religiosa em diferentes estados da Federação mostra que a proteção a esse direito fundamental ainda é um desafio para as autoridades. Como mostrou reportagem exibida no “Fantástico”, da Rede Globo, no domingo, agressões e ataques, especialmente aos cultos de matriz africana, têm crescido nos últimos anos.

Em todo o país, o número de denúncias passou de 15, em 2011, para 759, em 2017, segundo o serviço Disque 100. O procurador da República Jaime Mitropoulos disse ao programa que, até setembro de 2017, havia uma denúncia de discriminação, violência ou intolerância religiosa a cada 15 horas. Para ele, esses números refletem tanto a proliferação dessas práticas na internet quanto a falta de uma resposta por parte do Estado para esse tipo de crime.
O ritmo de crescimento desses episódios também é avassalador em alguns estados. Na Bahia, foram registrados, de janeiro a maio deste ano, 67 casos de intolerância religiosa, quase o mesmo número de todo o ano passado (77), segundo a Promotoria de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa de Salvador. Um dos exemplos é o ataque à Casa de Mãe Rosa de Oyá, em Alagoinhas. “Eles falavam “fecha Jesus, fecha Jesus, Satanás tem que cair””, contou a ialorixá. “Você ver a sua religião massacrada, pisada, esculhambada dói”.

As investidas costumam ser violentas. Num dos casos exibidos no programa, um agressor ameaça a vítima, num terreiro semidestruído: “É só um diálogo. Da próxima vez, eu mato”

No Rio de Janeiro, essa situação, por si só inaceitável, se torna ainda mais dramática devido ao envolvimento do crime organizado nos ataques, muitos deles dirigidos a templos de religiões de matriz africana. Em Campos, no Norte Fluminense, 15 terreiros já foram fechados este ano devido a intimidações ou agressões. Uma das vítimas relatou que traficantes chegaram ao local armados e foram quebrando tudo.

O maior número de ataques comandados pelo tráfico ocorre na Baixada Fluminense. Segundo o delegado Gilbert Stivanello, da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixe, líder de uma facção local, passou a perseguir adeptos de religiões de matriz africana.

A sociedade está num momento de conflitos, de radicalizações no campo político. Não há por que acrescentar a esse cenário inflamável mais uma área de tensão. É receita para tragédias. A Constituição, em seu artigo 5°, é clara na proteção à liberdade de crenças. Portanto, organismos de Estado precisam fazer cumpri-la, como convém no estado democrático de direito.

O Estado de S. Paulo

Dos heróis e das leis

Quando – e se – deixarmos de ser uma sociedade carente de heróis e nos tornarmos uma sociedade devotada às leis, à Constituição e aos primados do Estado Democrático de Direito, o País terá dado um dos mais significativos saltos civilizatórios de sua história. Parece, no entanto, que aqui há um pendor atávico ao sebastianismo, como se a Nação estivesse permanentemente à espera da volta de um personagem messiânico para dar cabo das agruras de turno. Como é sabido, o retorno do rei português, desaparecido durante a batalha de Alcácer Quibir, em 1578, foi ansiosamente aguardado pelos súditos como única forma de salvação diante da crise que se instalou após a sua partida.

As reações à divulgação do conteúdo de conversas atribuídas a integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato e a Sergio Moro, havidas quando o atual ministro da Justiça era o juiz responsável pelos processos relativos à operação na primeira instância, revelam que ainda transcorrerá muito tempo até que aquele virtuoso salto seja dado. A dicotomia “heróis x vilões” vicia o debate público. A lei parece estar sempre em segundo plano no debate entre aqueles que veem Sergio Moro e alguns procuradores da força-tarefa da Lava Jato – em especial Deltan Dallagnol – como heróis nacionais e os que neles apenas enxergam parcialidade, ardis e dissimulação. Evidente que nada de aproveitável pode sair de discussões em que os interlocutores nem sequer admitem a hipótese de rever suas convicções ante a irrefutabilidade dos fatos e tampouco ao comando da lei.

Nas sociedades civilizadas, o mínimo denominador comum em debates desse tipo são precisamente os fatos, as leis, a Constituição. Não se quer afirmar com isso que, no caso concreto envolvendo a troca de mensagens entre o ex-juiz e ministro da Justiça e um procurador da República, tenha havido ilegalidades. Por ora, pode-se dizer que as conversas foram, no mínimo, inapropriadas para as posições públicas que os interlocutores ocupavam. Em geral, tal dissociação objetiva – a saber, entre pessoas e suas funções públicas, cuja atuação há de ser delimitada pela lei – não é feita porque viceja nesta porção de mundo um tipo de culto à personalidade. E, em alguns casos, personalidades pairam acima das leis ao sabor da paixão de seus seguidores. Isto pode funcionar muito bem no campo das artes e dos espetáculos, mas é desastroso para a vida política e institucional de um país. Num país que se pretende sério, não há lugar para “super-heróis”, “salvadores da pátria”, “mitos”, “pais” e “mães da Pátria”.

A vida política e institucional republicana, como aquela que todos os que não têm o pensamento aprisionado desejam para o Brasil, não há de ser construída por heróis, por salvadores da pátria. Ela é feita de homens e mulheres imbuídos de elevado espírito público que veem em seu serviço uma parcela de contribuição para o crescimento do País. O fato de haver parcela expressiva da sociedade que põe presidentes da República acima das leis ou classifique como “heróis” servidores que se sobressaem no cumprimento de suas obrigações institucionais diz sobre o nosso grau de amadurecimento político. São claros os avanços trazidos pela Operação Lava Jato ao combate à corrupção e, principalmente, ao resgate da confiança dos brasileiros no primado democrático da igualdade de todos perante a lei.

Os benfazejos resultados do trabalho de membros da força-tarefa, no entanto, não os colocam acima das mesmas leis que devem fazer cumprir. Compreende-se que, diante de uma longa história de leniência no combate à corrupção e da impunidade crônica que marcou a resposta do Estado aos crimes cometidos por poderosos, políticos ou econômicos, a coragem dos que ousaram romper o status quo foi premiada com a admiração e o respeito da sociedade. Mas isto nem de longe autoriza quem quer que seja a se desviar das leis e da Constituição para dar andamento a seus desígnios, por mais virtuosos que sejam. A primazia das regras que pautam um Estado Democrático de Direito não é um luxo, é um imperativo para que o País construa no presente o futuro que deseja viver.

O Estado de S. Paulo

Descompasso orçamentário

A crise fiscal da maioria dos Estados lança luz sobre o descompasso orçamentário que há entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além do Ministério Público (MP) e da Defensoria Pública (DP). O Estadão/ Broadcast teve acesso aos relatórios financeiros enviados ao Tesouro Nacional e fez um levantamento que mostra que, nos Estados, o Executivo parece sofrer sozinho os efeitos da queda na arrecadação. No final de 2018, enquanto os Executivos estaduais enfrentavam dificuldade para pagar despesas e salários, pensões e aposentadorias, os Poderes Legislativo e Judiciário, o MP e a DP acumulavam uma sobra de R$ 7,7 bilhões em seus orçamentos.

Este montante, composto por “recursos livres”, poderia ser usado para custear outras despesas, não necessariamente as do Poder ou órgão que detém a sobra. O quadro é injusto, sobretudo quando se considera que a fonte dos recursos que mantêm os Poderes e instituições como o Ministério Público e a Defensoria Pública é uma só: o contribuinte. E é justamente o contribuinte quem, ao fim e ao cabo, sofre as mais perversas consequências de uma crise fiscal, tanto pela retração da atividade econômica como pela queda da qualidade dos serviços públicos. No entanto, por mais injusta que possa parecer, não se está diante de uma situação ilegal.

Governadores e prefeitos são obrigados a repassar integralmente aos Poderes Legislativo e Judiciário e ao MP e à DP a parcela mensal de recursos destinados a eles no orçamento, o chamado duodécimo. Em um cenário de crise fiscal, isso leva os governadores ao corte de verbas destinadas à segurança pública, saúde e educação, por exemplo, já que o Poder Executivo não pode manejar os valores destinados àqueles outros Poderes e instituições. O artigo 168 da Constituição determina que “os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o artigo 165, § 9”.

Há fundamento no dispositivo da Lei Maior. A intenção do constituinte foi assegurar a autonomia dos Poderes Legislativo e Judiciário, além do MP e da DP, de tal modo que não ficassem à mercê dos humores do chefe de turno do Poder Executivo para obter os recursos financeiros necessários à manutenção de suas atividades. O fato de não se estar diante de uma situação ilegal não significa que o abismo entre o estado das contas entre os Três Poderes na esfera estadual, o MP e a DP não enseje a revisão dos fundamentos legais que mantêm este desequilíbrio. A Advocacia-Geral da União (AGU) enviou parecer aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) defendendo o uso de um dispositivo da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que permite aos governadores bloquear recursos dos demais Poderes caso estes não adotem medidas saneadoras em situações de “frustração de receitas”.

De fato, há casos em que Judiciário, Legislativo, MP e DP usaram as sobras em seus orçamentos para conceder aumento salarial aos servidores, não obstante a terra arrasada que os circundava. “Não pode haver primo rico e primo pobre. Devemos, sim, todos ser solidariamente responsáveis pelo sucesso do Brasil”, disse ao Estado o ministro-chefe da AGU, André Mendonça. O compartilhamento de recursos já é uma realidade no âmbito da União. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) federal estende os efeitos do contingenciamento aos Três Poderes.

Nos Estados, nem sempre o Poder Executivo tem a força política para incluir tal dispositivo na LDO. Por sua vez, Legislativo e Judiciário poderiam devolver ao Tesouro estadual as sobras de seus orçamentos, mas isso raramente acontece. É esperado que o STF julgue a validade do dispositivo da LRF no próximo dia 26. Será bom para o País que o declare constitucional. Os Poderes têm de ser harmônicos na alegria e na tristeza.

O Estado de S. Paulo

Governando sem calendário

Suspense marcou o início de semana para o setor mais produtivo e mais competitivo da economia brasileira, responsável pelo superávit comercial e principal fiador, há anos, da segurança das contas externas. A recessão iniciada em 2015 e ainda mal superada teria sido muito pior e seus efeitos ainda seriam desastrosos sem aquela segurança. Mas, para cumprir esse papel, a agropecuária precisa produzir. Para produzir, tem de respeitar as fases da natureza. Por isso o governo anuncia nesta época do ano as condições de plantio do ano agrícola seguinte.

“O Plano Safra está pronto para ser lançado”, disse na segunda-feira a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. “Assim que a gente tiver sinalização de que o Congresso já votou, será uma questão só de agenda para o lançamento.” Não havia data certa, portanto, para o lançamento de um programa de apoio a uma atividade fundamental para o abastecimento interno – preocupação primária de qualquer governo digno desse nome – e para a obtenção de dólares essenciais para a estabilidade econômica.

O sinal esperado pela ministra seria a aprovação do crédito especial de R$ 248,9 bilhões pedido pelo Executivo para evitar a violação da regra de ouro. Se tudo corresse bem, o assunto seria liquidado no dia seguinte. Desse dinheiro dependeria a verba para a equalização de taxas do crédito rural. Seria só uma fatia do bolo. A maior parte da soma seria destinada a outras despesas incontornáveis, como Bolsa Família e Benefícios de Prestação Continuada, pagos a pessoas sem outra condição de subsistência. O crédito especial seria votado na Comissão Mista de Orçamento (CMO) e, depois, em sessão conjunta do Congresso. No começo da tarde de ontem parlamentares ainda negociavam a aprovação com o Executivo. Pouco depois das 13 horas o relator do projeto na CMO, deputado Hildo Rocha (MDBMA), anunciou acordo para autorização do crédito especial.

O governo aceitara destinar recursos adicionais ao programa Minha Casa, Minha Vida, a universidades e a bolsas do Ministério de Ciência e Tecnologia, entre outras aplicações. No meio da tarde o projeto estava aprovado na CMO. Figuras da oposição haviam admitido, um dia antes, dificuldade para justificar uma recusa total do crédito extraordinário. Nenhum bom argumento poderia sustentar o emparedamento do governo, nesse caso. Sem o dinheiro, funções essenciais seriam prejudicadas, milhões de brasileiros seriam afetados e seria difícil atribuir toda a culpa ao Executivo. Mas o presidente da República e sua equipe assumiram um risco desnecessário e injustificável, ao retardar a negociação desse crédito. Era previsível, desde o começo do ano, alguma dificuldade para cumprir a regra de ouro.

Essa norma, inscrita na Constituição, proíbe a tomada de empréstimos para cobrir despesas correntes, como salários do funcionalismo, subsídios à agricultura e benefícios previdenciários. A violação é classificável como crime de responsabilidade e pode resultar em impeachment do presidente da República. A dificuldade era previsível e, além disso, gastos essenciais eram vinculados a um calendário. Esse é o caso do Plano Safra. O Brasil precisará de mais uma boa colheita de grãos e oleaginosas na temporada 2019-2020 para manter a inflação controlada e garantir um bom resultado no comércio exterior. A safra 2018-2019, em fase final, está estimada em 238,9 milhões de toneladas, 4,9% maior que a de 2017-2018. A conta final depende do resultado das culturas de inverno.

As previsões são otimistas. Nos 12 meses até abril o agronegócio exportou US$ 101,75 bilhões e obteve superávit comercial de US$ 87,84 bilhões. Esse valor mais que cobriu o déficit de outros segmentos e com isso a balança comercial fechou o período com superávit de US$ 57,07 bilhões, um precioso fator de segurança. Sabendo da importância do Plano Safra e das outras despesas previstas, o governo poderia – e deveria – ter negociado mais cedo o crédito extra. Mas agiu como se ignorasse prazos e o calendário do agronegócio, itens fundamentais de uma boa rotina administrativa.

Folha de S. Paulo

Gambiarras fiscais

Governo quer utilizar dinheiro que pertence a trabalhadores; trata-se de paliativo para quem já precisa driblar regra orçamentária constitucional

Depois de prometer equilibrar o Orçamento do governo já neste 2019, o ministro da Economia, Paulo Guedes, parece passar por um choque de realidade.

A duras penas, a atual administração obteve uma ligeira melhora de resultados no primeiro quadrimestre. As despesas com pessoal, programas sociais, custeio e investimentos recuaram 0,8%, descontada a inflação, ante o período correspondente de 2018.

Entretanto a arrecadação tributária decepciona, afetada pelo fraco desempenho da economia. Com menor previsão de recursos, foi necessário promover um bloqueio de gastos na casa dos R$ 30 bilhões.

Decorridos quase seis meses, a previsão oficial para o saldo do Tesouro Nacional no ano é a mesmíssima da proposta orçamentária elaborada ainda sob Michel Temer (MDB) —um rombo de R$ 139 bilhões, excluindo juros da dívida.

Tampouco se espera melhora digna de nota em2020. A estimativa, da lavra do governo Jair Bolsonaro (PSL), é déficit de R$ 124 bilhões.

Em tal cenário, projetos de reformas ambiciosas para o longo prazo passam a coexistir com providências mais mundanas para fechar as contas do cotidiano —ou, quem sabe, para proporcionar algum estímulo à economia prostrada.

Propõe-se agora a ideia de utilizar como receita pública cerca de R$ 20 bilhões em recursos do PIS/ Pasep que, na realidade, pertencem a trabalhadores dos setores público e privado. Antes, no entanto, haveria uma campanha de incentivo ao saque dos recursos, que ficam parados nos bancos públicos por falta de informação dos titulares.

A manobra heterodoxa permitiria, em tese, aliviar o contingenciamento de despesas, que sufoca o custeio da máquina e desgasta Bolsonaro politicamente. O mesmo pode acontecer se for viabilizada legalmente a venda de direitos de exploração do petróleo do pré-sal.

A escala das gambiarras, porém, é mais assustadora. Nesta terça-feira (11), o Congresso aprovou projeto que autoriza o governo a desembolsar nada menos de R$ 249 bilhões em benefícios sociais, principalmente, e outros programas.

Trata-se, tão somente, de uma maneira de driblar a regra constitucional que proíbe custear despesas de caráter permanente por meio de endividamento —e o governo brasileiro depende, a cada dia, de dinheiro emprestado.

Tal situação não será resolvida com medidas de impacto. Tem-se pela frente um penoso trabalho de contenção de gastos obrigatórios, que precisará ainda da recuperação da economia e da receita. Dificilmente haverá Orçamento equilibrado neste mandato presidencial.

Folha de S. Paulo

Redenção difícil

Mostram-se pouco animadores os resultados da política de drogas instituída pelo ex-prefeito da capital e atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Dos cerca de 10 mil usuários que passaram pelo programa Redenção e foram acolhidos em hospitais psiquiátricos da capital nos últimos dois anos, 56% desistiram do tratamento. Também foi alto o índice de reinternações: 54% dos usuários freqüentaram as instituições de saúde mental mais de uma vez.

Apenas 3% dos pacientes aderiram de fato ao tratamento, mantendo-se internados até receberem alta e, em seguida, passando para o atendimento ambulatorial com médicos e remédios.

Entretanto não houve acompanhamento desses pacientes durante o período. Assim, resta impossível mensurar, por exemplo, o percentual de dependentes que lograram se manter afastados das drogas ou o daqueles que conseguiram se reinserir socialmente.

Ao anunciar neste mês a nova fase do Redenção, a gestão Bruno Covas (PSDB) deixou dúvidas ao manifestar o temerário intento de elevar a quantidade de internações,
em particular as involuntárias.

Tal prática estaria mais em linha com a política nacional sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). De índole conservadora, o texto facilita a reclusão compulsória em hospitais, clínicas e comunidades terapêuticas e transfere do usuário e de sua família para o médico a decisão sobre interromper ou não a internação.

Preconiza ainda a abstinência como saída básica para o usuário, excluindo a chamada redução de danos do cardápio de terapias possíveis . Esta tem como objetivo precípuo diminuir o consumo arriscado de entorpecentes, minimizando os efeitos sobre a saúde.

0 exemplo de países desenvolvidos mostra que não deve existir estratégia única para lidar com a dependência química.

0 caminho mais promissor parece ser o de abordagens complementares, com a internação reservada aos casos mais graves e sem descurar de estratégias que busquem a dignidade do usuário e facilitem sua reintegração social. Felizmente a administração paulistana também dá sinais de compreender a complexidade do tema.

Destaque do Cidadania garante direitos aos portadores de HIV/AIDS

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O Congresso Nacional derrubou, nesta terça-feira (11), o veto presidencial ao projeto de lei que dispensa as pessoas com HIV/AIDS, aposentadas por invalidez, de reavaliação pericial. De acordo com o autor do destaque, o líder do Cidadania na Câmara Federal, deputado federal Daniel Coelho (PE), a articulação dos membros da bancada foi fundamental para convencer o governo de que o veto geraria um grave problema social.

Daniel Coelho

“A gente fez muita articulação e convencemos o governo, já que não dava para quebrar esse veto no confronto, do problema social que seria de alguém que está aposentado há mais de 20 anos ter que voltar ao mercado de trabalho com mais de 60 anos. Foi uma vitória do Brasil e de toda a população portadora de HIV/AIDS”, disse Daniel.

Segundo Eliseu Neto, coordenador nacional do Diversidade 23 e membro do Conselho Político da Aliança Nacional LGBTI, a vitória foi muito importante.

Eliseu Neto

“Pessoas que se aposentaram há cerca de 20 ou 30 anos, no auge da doença, quando era caso de morte, poderiam ter a aposentadoria retirada pelo governo. E a gente conseguiu mudar isso com o apoio da bancada do Cidadania na Câmara”, disse.

Atualmente, a Lei de Benefícios da Previdência Social (8.213/1991) permite que o segurado aposentado por invalidez seja convocado para avaliação das condições que motivaram a aposentadoria, concedida judicial ou administrativamente. O projeto (PL 10159/2018, do Senado), que havia sido vetado totalmente, será agora publicado como lei.

A pedido de Arnaldo Jardim, comissão discute venda direta de etanol

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A partir do requerimento do deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), titular da Comissão de Minas e Energia da Câmara e presidente da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético, foi realizado debate nesta terça-feira (11) sobre a venda direta de etanol, aproveitando a tramitação do Projeto de Decreto Legislativo do Senado que abre caminho para essa discussão no colegiado. O relator da matéria,  deputado federal Edio Lopes (PL-RR), esperou para ouvir as opiniões expressadas no evento antes de elaborar seu parecer.

Estavam representados plantadores de cana-de-açúcar, fornecedores, indústria do setor, distribuição e postos de combustíveis. Jardim ressaltou que estavam faltando a ANP (Agência Nacional do Petróleo) e o governo, nesse caso situado nos Ministérios de Minas e Energia, Agricultura e Economia.

O parlamentar sintetizou as abordagens em uma de suas colocações.

“Senti uma evolução nas conversas que aqui se estabeleceram”, afirmou.

Ao final da intervenção da Plural, salientou o deputado, foi possível perceber que é preciso resolver a questão tributária e a do RenovaBio.

“Em sendo isso satisfeito, a entidade não se opõe à venda direta”, disse.

Questão tributária

Da fala do presidente da Feplana (Federação dos Plantadores de Cana), Alexandre Lima, Jardim destacou o chamado a todos para que, unido, o setor possa enfrentar uma discussão sobre a questão tributária com o governo.

“Acho que isso dá uma condicionante e começa a se criar condições de contorno para que a gente saia da dicotomia direta ou não e discuta venda em que condições, sob que regime tributário, sob quais regras e como fazer isso”, apontou o deputado do Cidadania. Esse foco dá uma “qualidade superior” ao debate, disse Jardim.

O Projeto de Decreto Legislativo estabelece que a regra da ANP que determina que não pode haver venda direta do combustível, que o processo passa pela distribuidora, fica revogada. Deixa em aberto o que vem no lugar da norma. Arnaldo Jardim não concorda com essa abertura sem critério vai trazer mais confusão e acabar por colocar uma dúvida sobre aquilo que é mais caro ao assunto é venda direta: o ganho para o consumidor final.

RenovaBio

Há incerteza também quanto ao programa RenovaBio, que se opera exatamente ao nível das distribuidoras.

“É uma questão de adequação. A distribuidora é que comprará o C-Bio para que isso possa ter mercado. Que adequação seria possível? O produtor passaria a adquirir o C-Bio? O posto adquiriria? Qual seria a ideia sobre essa questão? ”, questiona o deputado.

Marcelo Calero pede a Ministério Público que investigue Crivella

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Deputado federal protocolou representação pelo desabamento do Túnel Acústico Rafael Mascarenhas

O deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) protocolou representação, nesta terça-feira (11), no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), pedindo que o órgão investigue o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), pelo desabamento parcial do Túnel Acústico Rafael Mascarenhas, na Gávea, em maio deste ano. A medida faz parte da função legislativa de fiscalização de um deputado federal.

Calero solicitou instauração de inquérito civil para apurar a possível violação dos princípios da legalidade e eficiência na administração pública bem como a prática de eventual ato de improbidade administrativa no âmbito da Prefeitura do Rio, além da responsabilidade do prefeito por danos morais, patrimoniais e por eventuais crimes cometidos.

Havendo confirmação dos indícios, Calero requer que seja instaurada ação civil pública a fim de que sejam cumpridas as normativas constitucionais e legais no sentido de preservar a cidade do Rio de Janeiro e sua população de novos danos ocasionados pela má gestão.

Sem manutenção preventiva

No dia 17 de maio de 2019, após fortes pancadas de chuva por toda a cidade do Rio de Janeiro, ocorreu o desabamento de parte da cobertura do Túnel Acústico Rafael Mascarenhas, principal via de ligação entre as zonas Sul e Oeste. O desabamento da cobertura foi provocado por um deslizamento de terra, atingindo parcialmente um ônibus que trafegava pela via.

Após o ocorrido, constatou-se que o descarte irregular de lixo e a falta de manutenção impactaram diretamente no desabamento, o que foi admitido pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação. Conforme destacou o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro, a manutenção preventiva poderia ter evitado tal evento.

Segundo Calero, ele aguarda, desde fevereiro, informações sobre os gastos destinados à prevenção de enchentes. “A utilização de recursos na manutenção da cidade deve ser entendida como investimento, o que previne gastos maiores com reparação de danos”, afirma o deputado. (Com informações da assessoria do parlamentar)

Vinícius Miguel fala sobre intenção de concorrer à prefeitura de Porto Velho em 2020

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Campeão de votos em Porto Velho na eleição de 2018, Vinícius Miguel fala sobre prefeitura: “É o que eu quero”

Pela primeira vez, o dirigente partidário, agora com as rédeas do Cidadania, fala sobre 2020 abertamente

Rondoniadinamica

Porto Velho, RO – Em 2018, o jovem Vinícius Miguel, à época disputando as eleições pela Rede Sustentabilidade, consagrou-se como verdadeiro campeão de votos em Porto Velho após o encerramento do primeiro turno da disputa pelo Governo de Rondônia.

Dos surpreendentes 110.585 votos que obteve, praticamente 70 mil foram registrados por moradores da Capital, quase 23 mil a mais que o atual governador Coronel Marcos Rocha, do PSL, durante a fase inicial do pleito no ano passado.

Em nova entrevista concedida ao Rondônia Dinâmica, o advogado e professor universitário fala sobre a mudança para o Cidadania, antigo PPS; responde, finalmente, sobre a vontade de ser ou não prefeito de Porto Velho; e conta por que quis se tornar cacique eleitoral.

Além disso, o ambientalista Vinícius Miguel falou sobre como se vê em um partido que, outrora, abrigou ruralistas proeminentes como o ex-governador João Cahúlla e o falecido deputado federal Moreira Mendes; indica também se há possibilidade ou não de brigar por uma cadeira na Câmara Municipal; e revela ao público a sua opinião sobre os candidatos eleitos em 2018. Por fim, apresenta sua primeiras críticas ao atual mandatário do Palácio Rio Madeira.

CONFIRA:

Rondônia Dinâmica – Como foi a transição da Rede, como filiado comum, ao Cidadania, agora na condição de dirigente?

Vinícius Miguel – Eu deixei a Rede Sustentabilidade com profundo pesar, uma grande dor no coração, um coração verdadeiramente partido. Deixei amigos e aliados tão queridos naquele outro partido. O convite ao Cidadania se deu por meio do Jaime Kalb, que concorreu como candidato a vice na minha chapa no ano passado.

RD – Isso logo depois da campanha?

VM – Sim, logo depois. O Cidadania na época passava por um momento de refundação e precisava de lideranças locais. Num certo “vácuo” do partido, ele fez o convite até de modo insistente. Eu recusei, a princípio. E depois houve algumas considerações, como a própria dificuldade de votação da Rede, em âmbito nacional, que não atingiu a cláusula de barreira, não conseguiu eleger cinco deputados federais, enfim, situações estas que dificultam e muito a continuação da legenda. Por conta disso, achei interessante migrar, dentro das condições apresentadas.

RD – Quais foram essas condições?

VM – Me deram garantias de máxima transparência, de máxima possibilidade de diálogo, e de construção do partido no estado inteiro, em todos os municípios, independentemente da proposta de eu ser ou não candidato. Isso acabou se tornando a possibilidade de construir, dentro de uma militância partidária, relações com outras possíveis lideranças e demais candidatos.

RD – Sobre termos de DNA político, Vinícius, você sai de uma legenda, a REDE, que empunha a bandeira do meio ambiente, e ingressa no antigo PPS, que regionalmente abraçou ruralistas proeminentes como o ex-governador João Cahúlla e também o falecido deputado federal Moreira Mendes. A mudança de nome para Cidadania seria apenas uma fachada ou traz consigo alterações de pensamento e estatuto?

VM – O Vinícius Miguel sempre teve a postura de uma defesa intransigente da mediação, do diálogo e da possibilidade de costuras para muito além de simplificações. Eu sempre disse isso. E essa postura sempre me colocou numa posição muito mais difícil do que simplesmente me colocar contra ou a favor de determinada pauta.

RD – Por exemplo?

VM – Você falar, dentro dessa temática de meio ambiente, por exemplo, que não é a favor de um desmatamento desmedido ao mesmo tempo em que não é a favor da depredação e da devastação ambiental, é uma posição incômoda que desagrada aos dois lados. E, no entanto, me parece ser uma posição de mediação, de diálogo e de equilíbrio que é cada vez mais necessária.

RD – E como essa visão se relaciona à transmutação do PPS ao Cidadania?

VM – Eu fico muito à vontade de dizer que, inclusive, esse novo batismo e essa refundação com definição de estatuto, de slogan, de logo, do PPS para o movimento de cidadania, traduz esse novo pensamento conciliatório e democrático.

RD – Você escolheu ser “cacique”? Decidiu, por si só, dar as cartas do jogo?

VM – Acredito que de algum modo passei por um processo de autoidentificação, de autorreconhecimento, me enxergando, a partir das conclusões, como um protagonista do cenário político. Querendo ou não, aceitando ou não. Por isso eu digo que é um processo de autoconhecimento.

RD – A partir de que momento você passou a se enxergar assim?

VM – Bom, é inegável a proeminência que adquiri após a última eleição. Mas é preciso fazer uma ressalva, como já pontuei em outras entrevistas com o próprio Rondônia Dinâmica. Antes desse contexto eletivo, eu já atuava socialmente: então já era assinalado e reconhecido como uma personalidade, por assim dizer, de notoriedade nos ambientes jurídico-científicos.

RD – E você atuava onde e pelo quê?

VM – Conselhos de Direitos, de uma atuação junto a associações, com entidades de classes, com organizações de direitos, enfim, com os mais variados espaços e articulações. Inclusive com a pauta atualmente tida como intragável, que é a violência, a segurança pública, discussões de direitos humanos fundamentais. E sempre numa posição que não é nada cômoda nem simplória.

RD – Direto ao ponto: o Vinicius Miguel tem pretensões de disputar a Prefeitura de Porto Velho em 2020?

VM – É o que eu quero. Porém, e isso tem de ficar bem claro, a decisão não será minha. Montamos o Cidadania para que, em conjunto, decidamos os rumos da legenda. Se acharmos, num contexto partidário, que eu tenho de concorrer, ótimo; caso contrário, será outra pessoa ou, se não houver postulante entre os filiados, a sigla pode apoiar algum nome de outros partidos. Mas tudo terá o momento apropriado para anunciar.

RD – Mas você não descarta concorrer, é isso?

VM – Não. Como eu disse, é o que eu quero. Mas…

RD – Quase 70 mil votos só em Porto Velho numa eleição ao Governo do Estado não o credenciam a certezas?

VM – Eu tenho condições plenas de elegibilidade, não há nada que me impeça. Mas, a despeito da vontade, anda não vejo com bons olhos o contexto político local. Eu tenho sérias dificuldades em me admitir como possível candidato.

RD – Já saíram várias matérias na imprensa mencionando sua eventual candidatura, inclusive no interior. Como você vê isso?

VM – Então, embora só eu possa falar por mim mesmo, jamais desmentiria as inúmeras fontes jornalísticas. Na minha visão, as liberdades de imprensa e de expressão são sagradas. Há pessoas que podem ter falado em meu nome, claro, mas eu não confirmei nada. Não anunciei qualquer forma de pré-candidatura.

RD – Aliás, é perceptível que você não seguiu pelo caminho óbvio ao fim das eleições, que era, naturalmente, aproveitar o capital político ao máximo…

VM – Exatamente. E digo aqui, em primeira mão, que aconteceu justamente ao contrário: eu me distanciei das redes sociais, me afastei das formas político-partidárias que visam eleições de maneira imediata, aquele modelo pragmático de construção de agenda eleitoral.

RD – E fez o que do fim do primeiro turno para cá?

VM – Retomei a plenitude da minha vida. Estou trabalhando no meu escritório de advocacia, dando aulas na universidade e sigo com as minhas coisas. Hoje, por exemplo, submeti projeto de pesquisa de um aluno sobre violência sexual contra crianças e adolescentes à orientação.

RD – O que significa, na sua visão, ser um dirigente partidário?

VM – Significa que estou preocupado com a temática política, mas não necessariamente vinculado somente à agenda eleitoral. E muito menos com agente eleitoral exclusivamente do Executivo municipal.

RD – Então uma cadeira na Câmara Municipal também estaria entre as suas pretensões?

VM – Por que não? Agora, só complementando a questão anterior, o fato de estar dirigente partidário me abre portas para uma atuação política mais ampliada, inclusive no campo de poder propor ações, medidas, representações e denúncias que, caso as recebesse enquanto cidadão comum, talvez não fosse tão simples levar adiante. Então, é um aparelho da sociedade civil muito mais robustecido, uma das muitas formas de participação, sem negar as outras, e me permite a interlocução com demais lideranças político-partidárias sem necessariamente pensar no calendário eleitoral de maneira obrigatória.

RD – Insisto na questão do Legislativo municipal. Você respondeu “por que não?” abrindo reticências à pergunta. Reforcemos, então, devolvendo: por que não?

VM – Eu sempre vejo os dois lados da moeda. Nos meus exercícios de autorreflexão as perguntas que prevalecem são: “Por que sair candidato a isso? Por que não sair candidato àquilo?”. Entende? É preciso sopesar o histórico e o atual contexto, levando em consideração, como disse antes, a deliberação coletiva. Você falou em capital político, mas o capital político não significa nada sem um grupo forte, unido e regido por diretrizes democráticas. Friso: eu quero ser candidato a prefeito, mas posso sair a vereador. E, em comum acordo, pode acontecer de não haver candidatura minha a qualquer cargo que seja. Por isso não quero tomar – e muito menos anunciar – decisões oficiais de maneira precipitada.

RD – Inegável que, na Capital, você “quebrou” a denominada onda bolsonarista que elegeu o presidente da República, o governador Marcos Rocha, o deputado estadual Eyder Brasil e o parlamentar federal Coronel Chrisóstomo, todos do PSL. O que você diria às pessoas que querem vê-lo, nominalmente, na urna eletrônica em 2020?

VM – Eu diria que nós temos de fugir de personalismos e populismos ao pensarmos que existem Messias e salvadores da Pátria na política. Precisamos voltar a discutir política de um modo muito mais alargado, pensando em mudanças profundas nas instituições – independentemente de pessoas. Fico feliz, lisonjeado e honrado por ter passado, em Rondônia, dos mais de 110 mil votos. Entretanto, as alterações no panorama para Porto Velho passam por questões muito mais profundas do que escolher “Candidato A” ou “Candidato B”.

RD – Nós já entramos no sexto mês de mandato do atual governador. Você que foi adversário dele nas eleições passadas, já teria uma opinião sobre a gestão Marcos Rocha?

VM – A princípio, penso que os cem primeiros dias, ou os seis primeiros meses, são formas precoces de se avaliar. No entanto, para quem quer, é sempre possível elogiar ou criticar, dependendo da posição. Porém, posso avaliá-lo como cidadão pensando em suas promessas de campanha: ou seja, no que foi ou não aplicado agora durante o exercício do mandato.

RD – E o que vem à cabeça?

VM – Sobre a pauta ambiental, por exemplo, ele dizia que iria respeitar o critério técnico e que, caso eleito, nomearia um engenheiro florestal para a Sedam/RO, e isso não ocorreu. E isso não quer dizer que o atual gestor seja ruim. No mesmo campo, o então postulante à ocasião falou em série de medidas que visassem a eficiência administrativa. Hoje, entre a aplicação de uma multa ambiental e a efetiva aplicação do interessado por parte do Estado, passam-se mais de seis meses. É uma demora que precisa ser sanada.

RD – Algo mais?

VM – Sim. Outro campo que os jornais noticiaram recentemente é sobre a demora nas nomeações de representantes tanto do Estado quando da sociedade civil em várias instituições participativas, deixando muito a desejar, por exemplo, na seara do controle social. Aliás, também deixa a desejar em termos de fiscalização das contas públicas e até mesmo, e não vejo por que não falar a respeito, da participação popular. Então cria-se um déficit popular no governo. Podemos destacar esses pontos, mas, reiterando, que é precoce fazer juízo de valor acerca de uma gestão que ainda engatinha. Por ora, diria que o chefe do Executivo precisa entender que tem muito a fazer.

RD – O Executivo, para muita gente, é uma máquina de enxugar gelo: o Poder onde, especialmente em Porto Velho, as figuras da grande maioria dos prefeitos saem de lá muito menores do que entraram: o retrospecto é sintomático. Como você avalia esse ponto de vista que enxerga a Prefeitura da Capital como verdadeiro moedor de reputações?

VM – Eu acho que os Executivos municipais, e é algo que precisamos passar a compreender melhor sob a lógica da participação e da cidadania, passam por muitos problemas. Há uma grande burocracia, um conjunto de demandas corporativas e de toda ordem que, querendo ou não, engessam a máquina pública. Esses problemas criam obstáculos à máxima discricionariedade do gestor público. Eu partilho, sim, um pouco dessa preocupação sobre a crise fiscal que se aproxima, principalmente, dos municípios.

RD – Seria a parte mais fraca da relação federativa?

VM – Com certeza. No caso dos municípios, é sobre quem recai a maior parte das obrigações nos campos de saúde, educação, atendimento à população, enfim. E isso gera uma grande tensão. É possível resolver, mas não há como passar incólume pelas dores de cabeça.

RD – Pra finalizar: você acha que o rondoniense votou bem em 2018?

VM – No conjunto da obra, mirando as alegações iniciais de que se pretendia uma renovação, e que isso implicaria na eleição de pessoas sem vínculo prévio à política, sem experiência partidária, sem uma continuidade de mandato, posso dizer que foi uma premissa falsa. Então, nesse sentido, o rondoniense falou uma coisa e nas urnas fez outra. Falou que queria renovação, mas, na prática, isso não se demonstrou. Não houve uma renovação total. Agora, quem vai dizer se votou bem ou não é o próprio eleitor, e geralmente a demonstração dessa insatisfação aparece na eleição subsequente.  (Rondoniadinamica – 10/06/2019)

Dr. Lázaro quer “fortificar” presença do Cidadania em Teresina e criar chapa competitiva para 2020

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O vereador do Cidadania de Teresina, Dr. Lázaro Carvalho visitou, nesta terça-feira (11), em Brasília, o presidente do partido, Roberto Freire, e adiantou que deseja construir uma chapa competitiva na cidade para as eleições municipais de 2020. O parlamentar destacou que a legenda tem uma agenda coerente e antenada com a sociedade.

“Sempre tive muita simpatia pelo PPS, hoje Cidadania. Tive uma conversa muito positiva com o nosso presidente [Roberto Freire]. Eu adiantei para ele que precisamos construir uma chapa para fazer dois ou mais vereadores. Precisamos fortificar a presença do partido na capital e em todo o estado”, defendeu.

Visibilidade

Dr. Lázaro afirmou que é preciso trabalhar, ainda mais, a visibilidade da legenda perante a sociedade piauiense. Para ele, é necessário evidenciar a história de luta do partido.

“Atualmente vemos pouca visibilidade ideológica perante a sociedade. Precisamos construir uma identidade. Minha simpatia pelo Cidadania é justamente pelo fato de ser um partido coerente. Apoiou o PT, mas foi para a oposição quando houve o mensalão, mesmo perdendo cargos e poder político. A população não conhece essa história do partido, um partido que é plural e que valoriza as minorias e, acima de tudo, o cidadão e é contrário a discursos populistas”, disse.

Carmen Zanotto diz que revisão da tabela poderá melhorar atendimento no SUS

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A deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania-SC) afirmou nesta terça-feira (11) que a falta de revisão da tabela de serviços de saúde é um dos principais entraves para melhorar o atendimento da população no Sistema Único de Saúde (SUS).

A declaração da parlamentar ocorreu em audiência pública realizada pelo Grupo de Trabalho da tabela remuneração de procedimentos médicos do SUS. Há 17 anos a tabela do SUS não é reajustada.

Para a deputada, a falta de uma tabela adequada é o principal motivo da evasão de especialistas, que não aceitam mais atender pelo SUS. Ela disse que há muito tempo a remuneração do SUS não cobre as despesas dos hospitais filantrópicos.

“O resultado disso é que as filas por atendimento só aumentam. A população está pagando um preço alto por isso. Nós aqui sabemos que isso é resultado da falta de revisão na tabela dos procedimentos. Estou vendo aqui que todos concordam com isso”, disse Carmen Zanotto, que é presidente da Frente Parlamentar Mista da Saúde.

O debate contou com a participação de representantes do Sindicato dos Médicos do Estado do Rio Grande do Sul, Conselho Federal de Medicina, Federação Nacional dos Médicos, Associação Médica Brasileira e representantes do governo.

A deputada atribuiu os mutirões à falta de revisão da tabela de procedimentos do SUS.

“Se tivéssemos uma tabela adequada, não precisaríamos de mutirões de cirurgias eletivas. Os pacientes seriam operados de acordo com a demanda e a necessidade”, reforçou Carmen Zanotto.

Marcelo Calero lança Frente Parlamentar Mista da Economia Criativa nesta quarta-feira

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Evento será realizado, em Brasília, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados

O deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) lança, nesta quarta-feira (12), das 11h às 13h, a Frente Parlamentar Mista da Economia Criativa, uma associação sem fins lucrativos suprapartidária que defende interesses comuns. A frente tem como objetivos propor, promover, acompanhar e defender ações, políticas públicas e proposições que possam reforçar o papel e a importância das atividades culturais para o desenvolvimento do País.

Entre as finalidades da Frente estão promover a reformulação da Lei Federal de Incentivo à cultura; trabalhar em favor da destinação de 1% do orçamento nacional para cultura, conforme Agenda 21 da Cultura; reforçar o papel das atividades culturais como geradoras de emprego e renda para os brasileiros e para a economia nacional; criar estruturas de fomento e desenvolvimento da atividade criativa como fonte geradora de riquezas e que possibilite o cumprimento das obrigações trabalhistas, fiscais e tributárias.

Outras finalidades da frente

-Reforçar o papel das atividades culturais como elemento fundamental de nacionalidade, patriotismo, identidade, sentido cívico e comunitário;
Fortalecer a atividade produtiva cultural como campo estratégico para o desenvolvimento econômico, social e humano do Brasil;

-Promover a renovação da Lei do Audiovisual, que vencerá em 2019;

-Trabalhar pela transformação da natureza do Fundo Nacional de Cultura em um fundo especial de natureza contábil e financeira, garantindo, assim, que os recursos não sejam contingenciados;

-Defender a ativação do Fundo Nacional de Cultura, de modo que o valor arrecadado pelas loterias seja repassado diretamente a projetos culturais por meio de editais públicos;

-Promover o processo de preservação do patrimônio cultural brasileiro, com vistas ao fortalecimento das identidades culturais, à garantia do direito à memória e à contribuição para o desenvolvimento socioeconômico do País;

-Incentivar a adoção de editais públicos de cultura nas empresas estatais;

-Defender a manutenção das atividades culturais promovidas pelo Sistema S, que contribui de forma significativa ao fomento do setor cultural;

-Desenvolver e implementar o Marco Legal da Cultura. Trata-se do desenvolvimento de uma Política Pública com o objetivo de ampliar, para além da Secretaria Especial da Cultura/Cidadania e secretarias de Cultura, canais de interlocução com ministérios diversos, como o da Economia; das Relações Exteriores; além dos órgãos de fiscalização e controle como a Receita Federal, o Tribunal de Contas da União e os correlatos nas esferas estaduais e municipais, na construção de um marco regulatório para a Cultura;

-Buscar tratamento adequado aos tipos de atividades que dão forma à produção cultural e artística. (Com informações da Assessoria do Parlamentar)

Frente Parlamentar Mista da Economia Criativa

Data: 12 de junho de 2019
Horário: das 11h às 13h
Local: Salão Nobre da Câmara dos Deputados, em Brasília
Presidente da Frente Parlamentar Mista da Economia Criativa: Marcelo Calero

Produção industrial cresce 0,3% em abril e apresenta alta em 10 das 15 regiões analisadas

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A produção industrial brasileira cresceu 0,3% no mês de abril, na comparação com março, nos 10 dos 15 locais pesquisados. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) por meio de PIM (Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional).

Segundo o levantamento, as maiores altas foram identificadas em Pernambuco (8,3%), Bahia (7,4%) e Região Nordeste, que acumula dados de nove estados (6,1%). Também foram identificadas alta em Mato Grosso (5,1%), Ceará (3,7%), São Paulo (2,4%), Rio Grande do Sul (2,3%), Santa Catarina (1,3%), Paraná (0,3%) e Minas Gerais (0,1%).

Por outro lado, cinco locais apresentam baixa com destaque ao Pará que apresentou recuo de 30,3%. Além do estado da região Norte, tiveram redução na produção Espírito Santo (-5,5%), Rio de Janeiro (-4,5%), Goiás (-1,4%) e Amazonas (-1,2%).

Quando comparado com o mesmo período do ano passado, apenas seis locais tiveram alta como Ceará (6,5%) e Rio Grande do Sul (6,3%). Nove locais tiveram queda, a maior delas no Pará (-31%). Já no acumulado do ano, o Instituto identificou queda em onze locais com destaque para Espírito Santo (-10,3%), e quatro com alta sendo o Paraná e Rio Grande do Sul com os maiores crescimentos (6,2% cada um).

No acumulado de 12 meses 10 locais tiveram queda, sendo a maior delas (-4,9%) em Goiás. Cinco locais tiveram alta na produção, com destaque para o Rio Grande do Sul (6,6%).

Motivos da queda

Ao comentar a queda incomum no Pará, o analista da pesquisa, Bernardo Almeida, destacou que 85% da indústria paraense é concentrada no extrativismo. Com o rompimento da barragem de rejeitos de mineração em Brumadinho (MG), ocorreram paralisações na planta produtiva de mineração no estado.

“Depois de Brumadinho, aumentou a preocupação com questões ambientais dentro das plantas industriais desse setor, o que acarretou uma queda na produção”, disse.

Já no caso de São Paulo, que registrou a alta mais intensa desde junho do ano passado, a explicação se deve ao aumento de produção de automóveis

“Houve uma volatilidade em fevereiro, março e abril, que pode ser explicada pela demanda doméstica, que está mais cautelosa em um ambiente de incertezas. Há também a crise na Argentina, que é o nosso maior mercado de exportação do setor automobilístico”, disse. (Com informações do IBGE e agência de notícias)