A polarização criou esse clima tenso no País, a ponto de muitos temerem um golpe palaciano. As pesquisas indicam que metade do eleitorado que vota em Bolsonaro o faz por repudiar as práticas do lulopetismo. E também indicam que metade do eleitorado que vota em Lula o faz por ojeriza ao bolsonarismo. Ou seja, o Brasil está rachado. Mais: a oposição está rachada, assim como a própria situação.
Tive esperanças numa candidatura do Campo Democrático, com Simone Tebet e Ciro Gomes. Sempre procurei pautar minha vida pelo compromisso com a liberdade, o mundo do trabalho e a defesa da cultura. Impossível para mim apoiar o bolsonarismo. Mas confesso que também me vejo numa situação difícil, nesse segundo turno. Nunca simpatizei com o PT e a figura de Lula da Silva. Minhas referências são outras. O conluio do lulopetismo com o grande capital e a sua ambiguidade frente à ditadura dos generais sempre me causaram repulsa.
Contudo, o bolsonarismo no poder é o que temos de pior hoje. Por isso, voto na Democracia, ainda que não tendo a menor ilusão quanto ao caráter de um novo governo conduzido por Lula da Silva.
Essa é uma das decisões políticas mais difíceis da minha vida.
E devo dizer só consegui tomar esse rumo pensando em grandes amigos lutadores e humanistas com os quais tive a honra de conviver, como Nelson Werneck Sodré, Ferreira Gullar, Óscar Niemeyer, Modesto da Silveira, Luiz Carlos Prestes, Alberto Passos Guimarães, Hilário Pinha, Zuleika Alambert, Paulo Elisiário Nunes, Giocondo Dias, Armênio Guedes e Salomão Malina, que infelizmente já não se encontram entre nós. Mas outros queridos companheiros ainda estão na luta e com eles sempre aprendo muito: Roberto Freire, Francisco Inácio de Almeida, Wellington Mangueira, Moacir Longo e Samuel Iavelberg.
Venceremos!
Ivan Alves Filho, historiador