‘É preciso ouvir novamente o ministro e cobrar compromissos efetivos com a saúde dos brasileiros’, afirmou o senador (Foto: Pedro França/Agência Senado)
A CPI da Pandemia aprovou, nesta quinta (07), requerimento do líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE), reconvocando o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Dentre as justificativas do parlamentar para um novo depoimento à comissão está o posicionamento de Queiroga sobre a vacinação de adolescentes, que acabou autorizada, e também a falta de um plano de vacinação ‘claro e rigoroso’ para 2022. É a terceira vez que a CPI convoca o ministro.
“No depoimento anterior do ministro, alertei que chegaria o dia de escolher entre o diploma e o cargo. Este dia chegou e, aparentemente, Queiroga optou pelo cargo. É preciso ouvir novamente o ministro e cobrar compromissos efetivos com a saúde dos brasileiros”, afirmou o senador, referindo-se à aparente mudança de seu comportamento como cardiologista, desde que assumiu, em 23 de março, substituindo o general Eduardo Pazuello no pior momento da pandemia de Covid-19.
O Brasil, na época, somava quase 300 mil mortes. Agora são quase 600 mil. O dia do novo depoimemento de Queiroga ainda será definido pela CPI.
Para Alessandro Vieira, a maior autoridade de saúde do País tem se manifestado ‘de forma vaga e alarmista’ sobre a vacinação. No início da semana, a CPI chegou a dar prazo de 48 horas para o ministro responder a questionamentos sobre a imunização de adolescentes e a aplicação de doses de reforço da vacina contra o novo coronavírus.
Entretanto, não havia consenso no grupo majoritário da CPI, que conta com senadores de oposição e independentes ao governo de Jair Bolsonaro, para determinar um terceiro depoimento de Queiroga à comissão, mas hoje o clima mudou.
A decisão foi tomada no mesmo dia em que a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias) no SUS (Sistema Único de Saúde), órgão consultivo do Ministério da Saúde, retirou da pauta a análise de um estudo de especialistas contra o uso de cloroquina contra a Covid. A droga é comprovadamente ineficaz para a doença.
O requerimento questionando a Conitec também é do senador Alessandro Vieira, e foi citado em sua entrevista à rádio CBN, quando indicou influência do Palácio do Planalto na retirada de pauta da reunião da comissão da análise do uso da cloroquina para tratamento de Covid.
Viagem e Covid
Queiroga chegou ao Brasil no último dia 4, após ter viajado com o presidente Jair Bolsonaro para Nova York (EUA), onde o chefe do Executivo discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas. A viagem foi marcada pelo fato de Queiroga ter contraído Covid e pelo gesto obsceno do ministro da Saúde em direção a pessoas que se manifestavam contra Bolsonaro.
O primeiro depoimento de Queiroga à CPI da Pandemia ocorreu em 6 de maio. Na ocasião, o ministro evitou responder sobre alguns temas, entre os quais cloroquina, tratamento precoce e declarações de Bolsonaro sobre a pandemia, o que irritou os senadores da comissão. O segundo depoimento foi um mês depois, em 8 de junho. Novamente questionado sobre temas como cloroquina, disse que essas discussões são “laterais”. (Assessoria do parlamentar)