Presidente do Cidadania cobra impessoalizaras e articulação de todas as forças de oposição, sem exceção, em torno de candidato único em 2022
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, alertou nesta quinta-feira (3) que a decisão do Alto Comando do Exército de não punir o general Eduardo Pazuello, que participou de uma manifestação política ao lado de Jair Bolsonaro, fortalece a escalada golpista do presidente. Na avaliação de Freire, o Exército optou por contemporizar, contrariando frontalmente o Estatuto dos Militares, mesmo sob risco de instalar a anarquia nas Forças Armadas, o que desperta grande preocupação sobre a estabilidade democrática do país.
“O Alto Comando subordinou-se à extrema-direita e à degradação institucional imposta por Bolsonaro, que avançou em sua escalada golpista. A solução que encontraram pra superar a crise Pazuello abre as portas para a indisciplina e a politização das Forças Armadas. Tem graves implicações para o momento e para as eleições de 2022. Esse cenário impõe duas ações a todas as forças democráticas, sem qualquer exceção: lutar pelo impeachment e unir-se em torno de um único candidato no ano que vem. O golpismo subiu de patamar, não pode haver exceção nessa unidade”, argumenta.
Ele cobra que as conversas sobre o pleito do ano que vem sejam feitas agora também em novo patamar. Se necessário for, até mesmo com a escolha de outra liderança ainda não posta no cenário que viabilize tanto eleições livres quanto a vitória. O ex-deputado lembra o exemplo do marechal Henrique Teixeira Lott, então ministro da Guerra, que desarticulou um golpe em 1955 e garantiu a posse do presidente eleito Juscelino Kubitscheck.
“Como hoje não temos nas Forças Armadas um ministro como ele para deter a escalada golpista, quem sabe tenhamos de encontrar um novo Lott candidato a presidente para garantirmos as eleições de 2022. Pode parecer despropositado a alguns ou alarmista, mas também em 55 a articulação golpista vinha do Palácio do Planalto. Uma especulação que nasce do grave ato de subordinação do Exército à vontade de Bolsonaro, contrariando o próprio estatuto. Não acredito em bruxas, mas essa acabou de passar voando sobre Brasília”, sustenta.
O presidente do Cidadania aponta ainda os recentes episódios envolvendo a atuação de policiais militares extrapolando de suas funções, deixando duas pessoas cegas na manifestação de domingo em Pernambuco e prendendo um professor em Goiás, que circulava em um carro adesivado com a frase “Fora, Bolsonaro genocida”. “Cito apenas dois. Há vários outros. Se essa sucessão de episódios não nos servir de alerta, o que servirá?”, questiona.