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“Rachadinhas”: MP do Rio vai investigar ex-mulher de Bolsonaro

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MP investigará parentes de ex-mulher de Bolsonaro

Nove familiares de Ana Cristina Valle tiveram seus sigilos quebrados; grupo foi nomeado nos gabinetes de Flávio e Jair

JULIANA DAL PIVA E BRUNO ABBUD – O GLOBO

Um dos novos focos do Ministério Público do Rio (MP-RJ) na investigação sobre a possível prática de “rachadinhas” — devolução de parte do salário de funcionários — no gabinete do então deputado estadual e agora senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) será um grupo de parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro e mãe de um de seus filhos, Jair Renan. Nove deles tiveram os sigilos fiscal e bancário quebrados a partir da decisão do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) no dia 24 de abril, divulgada esta semana pelo GLOBO.

Ana Cristina, com quem Bolsonaro viveu em união estável por dez anos, entre 1998e 2008, foi aponte para que a família Siqueira Valle começasse a integrar a extensa lista de funcionários do clã Bolsonaro, há cerca de 20 anos.

Entre 1998 e 2007, surgiram nas listas de funcionários do gabinete de Bolsonaro os nomes de integrantes da família Siqueira Valle. O primeiro foi o pai de Ana Cristina, José Cândido Procópio Valle, nomeado em 1998. Em seguida, foi a vez de uma prima, Juliana Siqueira Vargas, então estudante e agora funcionária da Caixa Econômica Federal.

Dois anos depois, em outubro de 2002, foram nomeadas a mãe de Ana Cristina, Henriqueta Guimarães Siqueira Valle, e a irmã, Andrea Siqueira Valle. Nenhuma das duas completou o ensino fundamental e ambas trabalharam boa parte da vida como donas de casa. Andrea é fisiculturista, vai à academia duas vezes por dia e também vive de bicos como manicure e faxineira.

Mais tarde, em 2006, foram nomeados o irmão André Luiz Procópio Siqueira Valle, que é músico, e o primo André Luiz de Siqueira Hudson, técnico em informática.

Ao longo de todo esse período, o escritório político de Bolsonaro sempre ficou em uma casa no bairro de Bento Ribeiro, na capital fluminense. Já os familiares de Ana Cristina viviam em Resende, no sul do estado.

MIGRAÇÃO

Com o tempo, as nomeações dos integrantes da família de Ana Cristina passaram a ocorrer também no gabinete de Flávio, eleito deputado estadual na Alerj em 2002. Andrea, Juliana e José Cândido foram exonerados do gabinete de Bolsonaro e passaram a constar como funcionárias de seu primogênito. Com eles, vieram vários outros integrantes da família.

Entre as nomeações estão os primos Francisco Diniz e Daniela Gomes e os tios Guilherme Hudson, Ana Maria Siqueira Hudson, Maria José de Siqueira e Silva e Marina Siqueira Diniz.

Na Assembleia Legislativa, os integrantes da família tinham salários superiores a R$ 4 mil. Guilherme Hudson e Ana Maria Hudson, tios de Ana Cristina, recebiam salário bruto de R$ 9.800 cada um enquanto trabalhavam para Flávio. A irmã Andrea e os primos Juliana e Francisco tinham salário bruto de R$ 7.300. Já as tias Maria José e Marina e a prima Daniela recebiam R$ 4.400, R$ 5.900 e R$ 6.400, respectivamente.

A revista Época teve acesso agravações em que dois familiares dizem que repassavam cerca de 90% dos salários de volta para Flávio, então deputado estadual. Nos áudios, dois deles relembram as devoluções, em dinheiro vivo, feitas na Alerj. Segundo apurou Época, os parentes nomeados nunca fizeram o trabalho de assessoria parlamentar.

A família de Ana Cristina morava em Juiz de Fora, em Minas Gerais, e foi levada por ela para viver em Resende, interior do Rio. Lá, segundo relatou uma pessoa próxima à família, Ana Cristina começou a recrutar, entre familiares e amigos próximos, interessados em trabalhar para o clã Bolsonaro.

O GLOBO procurou o Palácio do Planalto , mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. Já o senador Flávio Bolsonaro e a advogada de Ana Cristina Valle informaram que não comentariam o teor da reportagem.

Tribunal determina prisão de José Dirceu para cumprimento de pena na Lava Jato

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TRF-4 nega recurso e juiz determina prisão de Dirceu

Tribunal mantém pena de 8 anos e 10 meses de reclusão na segunda condenação na Lava Jato; advogado diz que ex-ministro se entregará

O Estado de S. Paulo

O juiz Luiz Antonio Bonat, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, determinou ontem que o ex-ministro José Dirceu se apresente até as 16 horas de hoje para o cumprimento da pena de 8 anos e 10 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. A decisão foi tomada após o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) ter rejeitado recurso da defesa do ex-ministro, que buscava reverter sua segunda condenação na Lava Jato, e determinado a “imediata expedição de ofício” ao magistrado para que fosse iniciada a execução provisória da pena.

Segundo o advogado Roberto Podval, que defende Dirceu, o ex-ministro vai se entregar à Justiça. “Como sempre, José Dirceu respeitará a decisão e se entregará espontaneamente”, afirmou o criminalista. Já condenado em uma primeira ação da Lava Jato a 30 anos, 9 meses e 10 dias de reclusão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa, Dirceu está em liberdade por decisão da 2.ª Turma do Supremo Tribunal Federal, que concedeu habeas corpus ao ex-ministro para que a prisão não se dê antes do esgotamento da análise de recursos.

Também recorreram por meio de embargos infringentes neste outro processo e tiveram o pedido negado pelo TRF-4 o irmão de Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, e os sócios da construtora Credencial, Eduardo Aparecido de Meira e Flávio Henrique de Oliveira Macedo. Segundo o tribunal, o caso envolveu o recebimento de propina em contrato superfaturado da Petrobrás com a empresa Apolo Tubulars, fornecedora de tubos para a estatal, entre 2009 e 2012. Parte dos valores, que chegaram a R$ 7.147.425,70, foi repassada a Renato Duque, ex-diretor da Petrobrás, e parte a Dirceu, de acordo com a Lava Jato.

Para disfarçar o caminho do dinheiro, Dirceu e Luiz Eduardo teriam usado a empresa Credencial para receber valor de cerca de R$ 700 mil, “tendo o restante sido usado em despesas com o uso de aeronaves em mais de 100 voos feitos pelo ex-ministro”. A condenação dos réus foi confirmada pelo tribunal em 26 de setembro do ano passado. Despedida. Na noite de anteontem, Dirceu foi homenageado com uma espécie de despedida em um restaurante em Brasília. O jantar reuniu mais de 300 pessoas. Quase toda a bancada de deputados federais e vários senadores do PT compareceram. Alguns petistas que há tempo não participavam de eventos da legenda, como o ex-governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz e a ex-ministra Ideli Salvatti, também estiveram presentes.

Além deles, dezenas de colaboradores, funcionários de gabinetes e da burocracia petista foram ao jantar. Os filhos do ex-ministro, Joana e o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), com a filha pequena, ficaram na mesa do pai. Ao falar da possibilidade de voltar para a cadeia, o ex-ministro se disse um “perseguido” político e advogou a tese de que seus crimes já estariam prescritos. “Tenho sonhos. Eles podem tirar a minha liberdade de ir e vir, mas ninguém tira a minha liberdade de pensar”, disse Dirceu, segundo relatos de participantes do jantar. (PEPITA ORTEGA, LUIZ VASSALLO, RICARDO GALHARDO, RICARDO BRANDT, FELIPE LAURENCE e FAUSTO MACEDO)

Taxa de desemprego cresce em 14 estados no primeiro trimestre do ano

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A taxa de desemprego cresceu em 14 das 27 unidades da Federação no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o último trimestre do ano passado, segundo dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua), divulgada nesta quinta-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nas outras 13 unidades, a taxa manteve-se estável.

Em 13 estados, houve recorde na taxa de subutilização da força de trabalho, que inclui desempregados, pessoas que trabalham menos do que gostariam e aqueles que desistiram de procurar emprego mas gostariam de trabalhar.

No primeiro trimestre, a taxa de desemprego no País foi de 12,7%, 1,1% acima do registrado no trimestre anterior, com 13,4 milhões de pessoas procurando emprego. A taxa de subutilização bateu recorde de 25%, o equivalente a 28,3 milhões.

Segundo o IBGE, houve aumento do desemprego em todas as regiões do País. A maior taxa de desemprego foi registrada no Nordeste, onde 15,3% das pessoas com mais de 14 anos procuraram emprego no primeiro trimestre.

De acordo com o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo, os dados mostram que a crise no mercado de trabalho está espalhada por todo o país e não dá sinais de recuperação. “

É uma crise generalizada”, afirmou.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2018, no entanto, apenas quatro unidades da Federação tiveram aumento da taxa de desemprego.

Na passagem do último trimestre de 2018 para o primeiro trimestre deste ano, as maiores altas da taxa de desemprego foram observadas no Acre (de 13,1% para 18%), Goiás (de 8,2% para 10,7%) e Mato Grosso do Sul (de 7% para 9,5%).

Na comparação com o primeiro trimestre de 2018, os estados que registraram alta na taxa foram Roraima (de 10,3% para 15%), Acre (de 14,4% para 18%), Amazonas (de 13,9% para 14,9%) e Santa Catarina (de 6,5% para 7,2%).

Já os estados que tiveram queda na taxa, nesse tipo de comparação, foram Pernambuco (de 17,7% para 16,1%), Minas Gerais (de 12,6% para 11,2%) e Ceará (de 12,8% para 11,4%).

Subutilização

A taxa de subutilização – os que estão desempregados, que trabalham menos do que poderiam e que estavam disponíveis para trabalhar mas não conseguiram procurar emprego – do primeiro trimestre foi a maior dos últimos da série histórica, iniciada em 2012, em 13 das 27 unidades da Federação.

As maiores taxas foram observadas no Piauí (41,6%), Maranhão (41,1%), Acre (35%), na Paraíba (34,3%), no Ceará (31,9%) e Amazonas (29,2%). A taxa média de subutilização no país foi de 25%, também a maior da série histórica.

Os maiores contingentes de desalentados – aqueles que desistiram de procurar emprego – no primeiro trimestre deste ano foram registrados na Bahia (768 mil pessoas) e no Maranhão (561 mil). Os menores foram observados em Roraima (8 mil) e no Amapá (15 mil).

Os maiores percentuais de trabalhadores com carteira assinada estavam em Santa Catarina (88,1%), no Rio Grande do Sul (83,2%) e Rio de Janeiro (81,8%) e os menores, no Maranhão (50,3%), Piauí (52,5%) e Pará (53,0%).

As maiores proporções de trabalhadores sem carteira foram observadas no Maranhão (49,5%), Piauí (47,8%) e Pará (46,4%), e as menores, em Santa Catarina (13,2%), no Rio Grande do Sul (18,0%) e Rio de Janeiro (18,4%).

Em relação ao tempo de procura de emprego no Brasil, 45,4% dos desocupados estavam de um mês a menos de um ano em busca de trabalho; 24,8%, há dois anos ou mais, 15,7%, há menos de um mês e 14,1% de um ano a menos de dois anos. (Com informações do IBGE e agência de notícias)

Luiz Carlos Azedo: O delírio atômico

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NAS ENTRELINHAS – CORREIO BRAZILIENSE

O ex-deputado federal Benito Gama é uma raposa política baiana daquelas que já viram de tudo no Congresso, desde quando presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o ex-presidente Collor de Mello e resultou na sua renúncia à Presidência da República para evitar o próprio impeachment. Governista, defende o presidente Jair Bolsonaro com bom humor e fina ironia. Um de seus argumentos favoritos, quando alguém cita declarações polêmicas do presidente e seus ministros, é comparar o começo do atual governo com o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Foi muito pior, a confusão era tanta que tinha até ministro defendendo a fabricação de uma bomba atômica!”

É uma alusão ao então ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, que defendeu a retomada do projeto nuclear com objetivos militares, que teve péssima repercussão internacional. Esse argumento já não pode ser utilizado por Benito, porque o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e filho do presidente da República, defendeu que o Brasil tenha armas nucleares, para ser levado “mais a sério”. Eminência parda da política externa brasileira, Eduardo Bolsonaro acompanhou o pai no encontro com o presidente norte-americano, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington.

Eduardo soltou o disparate durante palestra para alunos do curso superior de defesa da Escola Superior de Guerra, em reunião da comissão que preside na Câmara. Ele defendeu o rompimento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, assinado pelo Brasil em 1998: “A gente sabe que se o Brasil quiser atropelar essa convenção, tem uma série de sanções. É um tema muito complicado, mas eu acredito que um dia possa voltar ao debate aqui”. A Constituição brasileira, no seu artigo 21, determina que toda atividade nuclear em território brasileiro seja realizada apenas para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional.

Eleito por São Paulo com 1,8 milhão de votos, Eduardo Bolsonaro é o parlamentar com mais influência na política externa brasileira, foi um dos padrinhos na nomeação do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo. A visão do filho não é desconectada das ideias do presidente Bolsonaro, que se declara um “armamentista”. A expressão não se refere apenas à liberação da posse de armas, expressa uma concepção de projeção de poder, que ainda pode dar muitas dores de cabeça para o Brasil na sua política externa.

Na visão de Eduardo, bombas nucleares garantem a paz, como se não fosse possível, no caso brasileiro, defendê-la como se fez até agora, desmilitarizando o Atlântico Sul e evitando a nuclearização da América Latina. É simples e direto o seu raciocínio: “Tem um colega do Paquistão aqui, não tem? Como é que é a relação do Paquistão com a Índia se só um dos lados tivesse uma bomba nuclear? Será que seria da mesma maneira que é hoje? Óbvio que não. Quando um desenvolveu a bomba nuclear, o outro desenvolveu no dia seguinte. E ali está selada ao menos minimamente uma espécie de paz. Eu sou entusiasta dessa visão”, explicou aos alunos da ESG.

Programa nuclear

O Brasil sonhou com a bomba atômica durante o regime militar. As consequências foram mais negativas do que positivas para o país. O presidente Costa e Silva chegou a defender a condução de pesquisa, mineração e construção de artefatos nucleares numa reunião do Conselho de Segurança Nacional: “Não vamos chamar de bomba, vamos chamar de artefatos que possam explodir”, disse. A ambição do governo era adquirir todas as fases do ciclo nuclear por meio de cooperação internacional.

Chefiada por Paulo Nogueira Batista, um diplomata de carreira, a recém-criada Nuclebras, na década de 1970, foi encarregada de implementar o programa nuclear. Após a Índia testar uma bomba nuclear em 1974, no entanto, os EUA suspenderam a cooperação nuclear com o Brasil, que passou a privilegiar as negociações com a França e com a Alemanha Ocidental para transferência de tecnologia. A partir daí, passou a sofrer fortes pressões de EUA, Reino Unido, Canadá, França e da antiga União Soviética, que somente cessaram quando o Brasil e a Alemanha Ocidental assinaram um acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica que assegura a natureza pacífica do programa nuclear brasileiro.

Coube ao então presidente Collor de Mello pôr uma pá de cal no projeto, ao lacrar os poços localizados na base aérea da Serra do Cachimbo, no Pará, em setembro de 1990. As atividades nucleares foram reduzidas ao programa de desenvolvimento de um submarino nuclear e à construção de duas usinas nucleares adicionais em Angra dos Reis (RJ). O Livro Branco de Defesa Nacional, divulgado em 2012 e publicado pelo Ministério da Defesa, reafirma que a América Latina é uma Zona Livre de Armas Nucleares e que o Brasil defende o desarmamento nuclear. Também afirma que o submarino de propulsão nuclear contribuiria para a proteção de rotas comerciais, a manutenção da livre navegação, a proteção de recursos naturais e a promoção do desenvolvimento tecnológico no país. (Correio Braziliense – 17/05/2019)

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (17/05/2019)

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MANCHETES

O Globo

Tensão política e economia fraca levam dólar a R$ 4
MP investiga parentes de ex-mulher de Bolsonaro
Após 17 dias no cargo, presidente do Inep é demitido
Aéreas criaram fundo de caixa 2, diz dono da Gol
Bicheiros são condenados em 2ª instância
Dispensa de temporários é a maior em 7 anos
UFRJ acha no Rio vírus ‘primo’ do chicungunha
Trump manda suspender a chinesa Huawei

O Estado de S. Paulo

‘Venham para cima de mim. Não vão me pegar’, diz Bolsonaro
TRF nega recurso e juiz manda prender Dirceu
Histórias de quem está na fila do desemprego
Queiroz fez saques de R$ 661 mil em 18 meses, aponta Coaf
Cientista brasileira cria ‘caneta’ que decreta células cancerosas

Folha de S. Paulo

Verba livre de universidade retrocede a nível pré-2009
Coaf aponta operações suspeitas de ministro do Turismo
‘Não vão me pegar’, diz presidente sobre sigilo
Dólar fecha acima de R$ 4 pela 1ª vez desde outubro
Esquerda posta mais sobre ensino e puxa o centro
Tribunal ordena que José Dirceu se entregue à polícia até esta tarde
Macron recebe o líder indígena Raoni e oferece apoio ao Xingu
Venezuela e OMC isolam Brasil dentro dos Brics

Valor Econômico

Relator exige contribuição patronal para capitalização
Departamento de Moro vai apurar dados sobre Flavio
MP diz quando sócio responde por dívidas da empresa
Tabata Amaral – “Eu dou um tilt na esquerda”
Investimento federal cai a 0,35% do PIB
Sinal vermelho para guerra dos EUA com o Irã
A frenética transformação na forma de pagar

EDITORIAIS

O Globo

Não se governa por meio de confrontos

Agressões de Bolsonaro e do ministro da Educação ao meio universitário são um equívoco

Eleito, Jair Bolsonaro demonstrou dificuldade em descer do palanque. Não foi o primeiro presidente a viver a experiência. Mas, daqueles que não conseguiram desencarnar logo do papel de candidato, Bolsonaro tem sido singular.

Fala sobre temas sensíveis sem conhecê-los, não mede palavras e, já com cinco meses de mandato, faz questão de atropelar a chamada liturgia do cargo — um comportamento autodestrutivo muito eficaz para criar mais problemas ao seu governo do que a própria oposição.

Nos últimos dias, com a ajuda do novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, o presidente se excedeu. Weintraub começou em grande estilo uma escalada de ataques de fundo ideológico à Universidade, ao anunciar um “corte de 30%” nas verbas das federais Fluminense (UFF), da Bahia (UF-BA) e de Brasília (UnB), sob a justificativa de que elas permitiam “balbúrdia” e “bagunça” nos campi.

Uma provocação infantil. A trapalhada foi ainda maior, porque se tratava de um contingenciamento, fase anterior ao corte, que seria inviável, porque a maior parte das despesas das universidades, algo como 80%, é protegida por lei (aposentadorias, pensões e salários). O índice de bloqueio de verbas incide sobre os gastos chamados de discricionários, aqueles que o administrador público pode gerenciar. É a menor parcela das despesas.

O contingenciamento é parte do protocolo cumprido pelo governos na gestão fiscal, quando há perspectivas de queda de receita, como agora. Nenhuma novidade. Mas o encaminhamento inicial dado ao assunto pelo ministro serviu de centelha para uma mobilização que não se vê desde as passeatas contra Dilma Rousseff, em 2015.

Abrindo, ainda, espaço para que corporações do serviço público, incluindo o ensino superior, que são privilegiadas pela atual Previdência, aderissem às concentrações e passeatas marcadas para quarta, com palavras de ordem contra a reforma do sistema. Grande ironia, pois é este regime previdenciário que draga recurso da Educação, entre outros serviços públicos essenciais.

De Dallas, nos Estados Unidos, Bolsonaro contribuiu para o momento de tensão ao chamar os manifestantes de “idiotas inúteis”. Se o objetivo do governo era ressuscitar a oposição, movimento perfeito. Mais esta atuação de Bolsonaro, que se soma à capacidade dos filhos de semearem problemas para o governo — sem se preocupar coma atmosfera política prejudicial à aprovação da reforma da Previdência, de que depende o próprio futuro do presidente —, indica que pode haver método nesta maneira de agir.

Parece não se tratar apenas de uma fase de adaptação do candidato ao cargo que conquistou pelo voto. Casos como este das universidades, o da atuação de milícias digitais contra supostos adversários de Bolsonaro, além de outros exemplos, apontam para um perigoso estilo de governar pelo confronto, em meio a bate-bocas e xingamentos. Por óbvio, não dará certo na democracia. Não é possível governar assim.

O Globo

Mudança no orçamento amplia o ônus e o bônus do Poder Legislativo

Fim das amarras orçamentárias, uma guinada liberal, aumenta o peso dos políticos na governança

O governo anuncia que pretende mandar à votação, depois da reforma da Previdência, uma Proposta de Emenda Constitucional para eliminar todo tipo de obrigação, indexação, vinculação e centralização das despesas e receitas nos orçamentos da União, estados e municípios.

A reforma previdenciária é questão matemática, pendente de resolução desde os anos 90. Representa a imposição de um mínimo de racionalidade às contas nacionais. Esse segundo movimento, porém, teria outra dimensão política, além de um óbvio caráter complementar.

Nas palavras do ministro da Economia, Paulo Guedes, se trata de uma completa transferência ao Poder Legislativo da responsabilidade na definição das receitas e despesas nos orçamentos “de todos os entes federativos” — como explicou em debate no Rio, na semana passada.

O governo vê nessa proposta de mudança na Constituição a moldagem de um novo pacto federativo, sob as premissas da descentralização de poder, de recursos e de deveres nas áreas federal, estadual e municipal.

Se confirmada, mudaria a lógica da gestão pública brasileira, com reforço à independência e harmonia dos poderes. Congresso, Assembleias estaduais e Câmaras municipais passariam a ter voz ativa, de fato, na elaboração e na fiscalização dos orçamentos — tarefa típica do Legislativo na moderna democracia. E, claro, se responsabilizariam diante dos eleitores pelas escolhas feitas no limite da real disponibilidade de recursos.

Numa hipotética situação de escassez de dinheiro, seria dos parlamentares a decisão sobre aumentar ou congelar salários de servidores, investir ou cortar despesas em saúde, educação e segurança pública.

“Em vez de o Congresso ficar pressionado o Executivo, por exemplo, pela liberação de emendas parlamentares orçamentárias de R$ 5 milhões, não seria melhor assumir o Orçamento da União com R$ 1,5 trilhão?” — argumenta o ministro.

O bônus, no caso, estaria no aumento do poder do Legislativo. O ônus de cada parlamentar estará na obrigatoriedade da transparência das escolhas, com permanente prestação de contas à sociedade e submissão dos resultados ao julgamento nas urnas a cada quatro anos. Em síntese, o Congresso assumiria a tarefa de fazer o orçamento, ao Governo caberia executá-lo.

Há que se aguardar a PEC anunciada para melhor avaliação, e saber se o ambiente estará favorável a essa nova iniciativa reformista. Ela pode induzir o Estado a uma guinada liberal, com a descentralização da gestão dos recursos públicos.

O Estado de S. Paulo

Hostilidade como método

Jair Bolsonaro tem agido cada vez mais como líder de facção, e não como presidente da República. Invocando sempre a necessidade de satisfazer seus eleitores, malgrado o fato de que foi eleito para governar para todos, Bolsonaro tem contribuído para transformar debates importantes em briga de rua. É a reedição do ominoso “nós” contra “eles” que tanto mal fez ao País durante os desastrosos anos do lulopetismo.

Nesse ambiente crispado, temas cruciais para o futuro, como a reforma da Previdência, ou mesmo questões mais imediatas, como a necessidade de contingenciamento orçamentário, são desvirtuados pelo alarido dos radicais, o que nada tem a ver com um saudável debate democrático. E o presidente, que deveria, pelo cargo que ocupa, ser o condutor político desse debate, parece mais empenhado em hostilizar todos os que não lhe prestam obsequiosa vassalagem – e isso inclui não apenas seus adversários naturais, mas também, por absurdo, aqueles que desejam colaborar com o governo. Com isso, Bolsonaro isola-se, num momento em que o País precisa de liderança e inteligência política para construir as soluções para a gravíssima crise ora em curso.

São cada vez mais preocupantes os sinais de que o presidente não tem os votos necessários para aprovar no Congresso nem mesmo projetos de lei banais. As derrotas na Câmara se sucedem em quantidade inusitada para um presidente que teve 57,8 milhões de votos, elegeu-se como a grande estrela de uma formidável onda de renovação da política e deveria estar gozando a tradicional lua de mel com o Congresso e com os eleitores, reservada a todo governante em início de mandato. Ao contrário, Bolsonaro viu despencar sua popularidade em um par de meses, resultado da paralisia de seu governo ante a aceleração da crise econômica, traduzida pelo aumento do desemprego e pela perspectiva cada vez mais concreta de uma nova recessão.

Cresce a sensação – a esta altura quase uma certeza – de que o presidente não sabe o que fazer para reverter o quadro. Pior: as palavras e os atos do presidente e de alguns de seus ministros, quase sempre destinados apenas a excitar a militância bolsonarista nas redes sociais, contribuem para dificultar ainda mais qualquer entendimento político em torno de soluções viáveis para o País. “São uns idiotas úteis”, disse o presidente ao se referir aos manifestantes que foram às ruas na quarta-feira para protestar contra o contingenciamento de verbas na área de educação. No mesmo dia, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, destratou deputados que o haviam convocado para uma sabatina na Câmara, preferindo a pesporrência ao diálogo.

Tudo isso pode ter feito a alegria da seita bolsonarista no Twitter, mas o fato é que o governo começa a encarar nas ruas, precocemente, as mesmas dificuldades que já enfrenta há algum tempo no Congresso – situação que, como mostra a história recente do País, ninguém sabe como começa, mas todos sabem como termina. A prudência recomenda, portanto, que Bolsonaro reveja urgentemente seu método de governo. O problema é que o presidente não tem demonstrado a necessária sensatez para a difícil missão que as urnas lhe conferiram. Ao contrário: sempre que pode, Bolsonaro acentua sua antipatia pelos parlamentares, tratando as adversidades da vida política – que ele agrava ao invés de amenizar – como sabotagem a seu governo. E ontem ele dobrou a aposta: disse que não vai ceder “a pressão nenhuma” em nome da “tal governabilidade”, mesmo que isso lhe custe o cargo.

“É isso que querem? Um presidente vaselina para agradar todo mundo? Não vai (sic) ser eu. O que vai acontecer comigo? O povo que decida, pô, o Parlamento decida, eu vou fazer minha parte. Eu não vou sucumbir”, desafiou. É nesse clima de antagonismo que o governo pretende encaminhar a reforma da Previdência e outras mudanças importantes para o País – e a desculpa bolsonarista para um eventual fracasso em qualquer dessas etapas cairá na conta daquilo que o presidente e seus seguidores chamam de “velha política”. Diante disso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse ontem que o Congresso vai “fazer a reforma da Previdência, com o governo ajudando ou atrapalhando”. Seria melhor se, pelo menos, não atrapalhasse.

O Estado de S. Paulo

Disputa por gratificações

Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou, na primeira quinzena de março, que crimes de corrupção e lavagem de dinheiro ligados à formação de caixa 2 tramitem nas diferentes instâncias da Justiça Eleitoral, a magistratura federal e a magistratura estadual estão travando uma acirrada disputa pela prerrogativa de julgar esses delitos. Parte significativa dos processos decorre das investigações da Operação Lava Jato. Do modo como está estruturada, a Justiça Eleitoral – uma corte que atua basicamente nos períodos eleitorais, a cada dois anos – é formada na primeira e segunda instâncias por magistrados dos Tribunais de Justiça.

Segundo o Código Eleitoral, apesar de a Justiça Eleitoral ser um segmento especializado da Justiça da União, os juízes eleitorais de primeiro grau são recrutados entre os juízes estaduais. Há dois meses, contudo, sob a justificativa de que a Justiça Eleitoral não tem a experiência para julgar crimes comuns conexos a delitos eleitorais, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) vem pleiteando que seus filiados possam ocupar cargos na primeira instância dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs). “A Justiça Eleitoral precisa criar uma estrutura para julgar crimes que tradicionalmente não são julgados por ela. Quando falamos de macrocriminalidade, de lavagem de dinheiro e de organizações criminosas, é necessário fazer essa reflexão”, diz o presidente da entidade, Fernando Marcelo Mendes.

Além disso, segundo a entidade, a Constituição – que está acima do Código Eleitoral, na hierarquia das leis – não prevê que a função eleitoral seja exclusiva dos juízes estaduais. A convocação de juízes federais pela Justiça Eleitoral também vem sendo defendida pela procuradora- geral da República, Raquel Dodge. A pretensão da Ajufe, contudo, sofre forte resistência por parte da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que reúne representantes dos Tribunais de Justiça dos 26 Estados e do Distrito Federal. Seus dirigentes alegam que, por estar presente em quase todas as cidades de cada Estado, os Tribunais de Justiça têm juízes suficientes para preencher todas as vagas dos TREs.

Também afirmam que eles têm a formação técnico-jurídica necessária para julgar crimes de corrupção, de lavagem de dinheiro e de formação de caixa 2. Apesar de todos os juízes serem competentes, nos crimes comuns conexos a delitos eleitorais, “é a Justiça Estadual que atua na Justiça Eleitoral”, diz o presidente da AMB, Jayme Martins. A entidade lembra que a questão foi levada há mais de sete anos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que rejeitou as pretensões da Ajufe e de outras quatro associações vinculadas a juízes federais. Essa disputa corporativa, que estava restrita apenas aos meios forenses e às associações de magistrados, ganhou visibilidade nacional durante uma audiência pública promovida pelo TSE e presidida pelo ministro Og Fernandes, que também atua no Superior Tribunal de Justiça.

O objetivo do evento era recolher sugestões para que a Justiça Eleitoral possa colocar em prática a decisão do Supremo. O que prevaleceu nessa audiência foi o embate entre juízes estaduais e federais, e por um motivo muito mais prosaico do que institucional: quando um magistrado estadual assume funções na primeira instância da Justiça Eleitoral, ele continua recebendo seus vencimentos e ainda passar a ter direito a uma gratificação, hoje no valor de R$ 5.390,26. Portanto, a disputa entre juízes estaduais e juízes federais – que já estão entre as mais bem remuneradas corporações da administração pública – não é somente por protagonismo na vida política.

É, igualmente, por motivos pecuniários. Neste momento em que o País enfrenta uma severa crise fiscal e em que o combate à corrupção é aplaudido pela população, custa acreditar que os juízes estaduais e os juízes federais estejam brigando para assumir a função de juízes eleitorais com o olho em mais gratificações pecuniárias do que na depuração moral da vida política.

O Estado de S. Paulo

Alerta ao próximo presidente

Má notícia para quem assumir a Presidência em 2023: só em 2026 sobrará algum dinheiro, depois de pagas as contas de operação do governo, segundo novas projeções da Instituição Fiscal Independente (IFI), vinculada ao Senado e especializada em contas públicas. Até lá, a economia em marcha lenta continuará limitando severamente a arrecadação, mas os gastos obrigatórios seguirão pressionando o Tesouro Nacional. Aquela pequena sobra fiscal, equivalente a R$ 27 bilhões de hoje, deverá ser usada para o pagamento de juros.

Pela projeção anterior, datada de outubro, já em 2023 poderia haver superávit primário, isto é, alguma folga antes da conta de juros. O pequeno saldo primário agora estimado para a segunda metade do próximo governo será obtido com muito aperto de gastos, num cenário de crescimento econômico ainda baixo, mas com ajuda de uma reforma da Previdência aprovada já em 2019. Pelas contas da IFI, a reforma proporcionará, no Regime Geral da Previdência Social, cerca de 80% dos efeitos previstos pelo governo para os dez anos seguintes.

Se alguém já pensa em disputar a eleição presidencial de 2022, deve levar em conta, por prudência, o novo relatório da IFI sobre a evolução das contas públicas nos próximos anos. Mesmo com a reforma das aposentadorias e a redução da incerteza econômica, ninguém deve apostar numa alteração radical das condições de governo. Para começar, o crescimento ainda vagaroso deverá continuar afetando a arrecadação. As novas projeções da IFI para o Produto Interno Bruto (PIB) apontam expansão de 1,8% em 2019 e 2,2% em 2020 (2,3% e 2,4% no cenário anterior). O ritmo deve aumentar para 2,3% em 2021 e recuar para 2,1% em 2022. Em todo o período a inflação ficará pouco acima ou abaixo de 4% ao ano.

As despesas da Previdência serão contidas, mas outros gastos obrigatórios continuarão pressionando o governo central. Ainda será preciso apertar a execução orçamentária, comprimindo o investimento público e outras despesas classificadas como discricionárias. Mas nem todas as despesas desta categoria são de fato comprimíveis sem prejuízo para o funcionamento do governo. Nestas condições, há um risco elevado, segundo a IFI, de ruptura do teto constitucional de gastos em 2022, último ano do atual mandato presidencial. Por emenda constitucional aprovada no governo do presidente Michel Temer, o aumento da despesa pública é limitado, em cada ano, pela inflação do exercício anterior.

A solução para evitar a ruptura é acionar um gatilho para conter certos gastos, congelando, por exemplo, a folha de pessoal e, é claro, as contratações. O uso do gatilho pode envolver problemas políticos, complicar a administração e tornar mais difícil a recuperação de uma economia já muito fraca. Pelas novas estimativas, o déficit primário deverá ficar em R$ 139 bilhões neste ano. Esta era a meta original, mas houve esperança, durante um período, de um resultado melhor que o de 2018, quando o saldo negativo ficou em R$ 120 bilhões. Sem o aperto já iniciado, o buraco poderia chegar a R$ 169 bilhões. Pelo cenário básico, o resultado primário será ligeiramente positivo em 2026 e chegará a 1,1% do PIB em 2030.

Pelo otimista, o saldo ficará azul em 2024 e baterá em 2,2% do PIB em 2030. Pelo pessimista, nesse último ano a proporção será de apenas 0,7%. Para investidores e financiadores, um dado crucial é a evolução da dívida bruta do governo geral, formado pelas administrações central, dos Estados e dos municípios. As estimativas anteriores apontavam um máximo de 82,7% em 2023, com declínio a partir daí. As novas projeções indicam elevação até 85,5% em 2025. No cenário pessimista, a proporção de 100% do PIB será atingida em 2026 (antes, em 2030). O governo deveria dar atenção especial, desde já, ao cenário pessimista, para programar as medidas de estímulo ao crescimento, de fortalecimento econômico e de reforço fiscal. Nada disso será alcançado sem uma articulação política muito melhor que a atual, e com uma gestão muito mais harmônica.

Folha de S. Paulo

Idiotia inútil

Manifestantes que foram às ruas na quarta de fato têm motivos para temer o impacto de Bolsonaro e seu ânimo revanchista sobre a educação nacional

O obscurantismo agressivo do governo Jair Bolsonaro (PSL) converteu o crucial debate sobre o financiamento do ensino superior público, já tardio no país, emum confronto de bandeiras ideológicas.

Apenas no quinto mês de seu mandato, o presidente viu ruas das capitais e de grandes cidades se encherem na quarta-feira (15) de manifestantes em defesa da educação e contra o corte de recursos das universidades promovidos por sua administração — cujo desgaste precoce ficou ainda mais evidente.

Protestos populares se tornaram comuns na paisagem brasileira a partir das jornadas de 2013, e seu impacto avassalador sobre a política não se limita à contribuição decisiva para o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Agora alvo dos atos, Bolsonaro optou, a seu estilo, por acirrar os ânimos.

Milhares que foram às ruas seriam, em suas palavras, “idiotas úteis” que estariam sendo “usados como massa de manobra”, além de incapazes de efetuar uma simples conta de multiplicação.

Não se duvide das deficiências do aprendizado nacional, tampouco do oportunismo de forças oposicionistas que aproveitaram o momento inclusive para atacar a reforma da Previdência Social. Entretanto as manifestações se pautaram por uma causa pertinente — o governo que mal começou representa, sim, ameaça à educação.

Para mencionar apenas a motivação original dos protestos de quarta, o bloqueio de verbas para o ensino superior foi apresentado, numa entrevista infame do ministro Abraham Weintraub, como uma represália a universidades que estariam promovendo “balbúrdia”, citando três delas como exemplo.

Tratava-se de mera bravata, pelo visto, dado que logo se anunciou um contingenciamento linear, para todos os estabelecimentos federais. Mas o ministro escancarava ali tanto despreparo como intenções persecutórias, o que não se desfaria depois com analogias pueris entre recursos e bombons.

Fato é que o colapso orçamentário do governo fatalmente atingiria as universidades federais, que passaram por um vigoroso e temerário processo de expansão a partir do final da década passada.

A redução de 30% do repasse do Tesouro Nacional para custeio e investimentos é sem dúvida dramática para as instituições. Mesmo que se consiga atenuar o arrocho neste ano, as perspectivas futuras nada têm de promissoras — o que vale para todo o setor público.

A agenda de ajustes passa por temas espinhosos como o regime previdenciário dos servidores, a cobrança de mensalidades e a profissionalização da governança dos estabelecimentos, hoje sujeitos a excessiva politização. O governo Bolsonaro, infelizmente, ainda não se mostrou à altura de discussões bem mais básicas nessa seara.

Folha de S. Paulo

Cortina de fumaça

Políticas implementadas com determinação por sucessivos governos permitiram reduzir de forma significativa o consumo de cigarros no Brasil nos últimos anos.

A indústria foi proibida de fazer publicidade e se viu obrigada a veicular mensagens de alerta sobre os riscos oferecidos por seus produtos à saúde, a exemplo do que fazem os países mais avançados.

Fumar se tornou um hábito mais caro, como aumento progressivo dos impostos cobrados sobre o cigarro e afixação de preços mínimos para inibir o consumo do veneno.

A eficácia dessas políticas, que contribuíram para salvar vidas e aliviar pressões sofridas pelo sistema de saúde pública, é comprovada pelas estatísticas mais recentes.

Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram uma queda da taxa de fumantes na população adulta de 15% para 10% desde o início da década.

Diante de resultados tão positivos, causou estranheza a decisão do ministro da Justiça, Sergio Moro, de promover estudos sobre a conveniência de diminuir a tributação dos cigarros fabricados no país.

Anunciada em março, a iniciativa tem como objetivo declarado o combate ao contrabando de produtos fabricados no Paraguai, origem de 4 de cada 10 maços vendidos no mercado brasileiro.

Mas a simpatia que Moro tem demonstrado pelos pontos de vista da indústria alimenta o temor de que o debate abra caminho para reverter as políticas que tornaram o Brasil uma referência nessa área.

O cigarro paraguaio tem apelo para o consumidor porque é muito mais barato do que o brasileiro. Um maço contrabandeado custa R$ 3 em média, menos da metade do que se paga pelo item nacional.

Isso ocorre por causa da diferença entre os regimes tributários dos dois países. As fábricas paraguaias recolhem 18% em impostos, enquanto suas concorrentes brasileiras são taxadas em 71%, na média.

Reduzir a tributação no Brasil, como a indústria nacional deseja, ajudaria a baratear os produtos e permitiria enfrentar os concorrentes instalados no país vizinho.

Moro já se disse inclinado a apoiar a ideia se ela não levar a um aumento do consumo global de cigarros, mas a prioridade do governo deveria ser sua redução — e não uma acomodação que só serviria para beneficiar os fabricantes.

Não há dúvida de que o comércio ilegal deve ser combatido pelas autoridades com rigor e persistência, mas o pior que o governo pode fazer é permitir que a discussão do problema sirva como biombo para a defesa da indústria, em detrimento do interesse público.

Projeto do deputado Da Vitória amplia direito dos consumidores por atendimento

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O deputado federal Da Vitória (Cidadania-ES) apresentou ao plenário da Câmara projeto que dá direito aos consumidores de falar diretamente com atendente, além dos meios robotizados ou automatizados que são oferecidos pelos fornecedores ou prestadores de serviço.

Na proposta (PL 2348/2019), o parlamentar sugere que os serviços de atendimento devem disponibilizar o acesso direto a atendentes por meio de um só clique.
O projeto veda o uso do comando de voz, uma vez que muitos dos cidadãos não conseguem “ser atendidos” por sistemas desse tipo.

“O cidadão tem o direito de contatar diretamente seus fornecedores na busca de informações e soluções em suas compras e contratações”, reforçou Da Vitória na justificativa do projeto.

O deputado do Cidadania avalia que, dessa forma, a iniciativa de sua autoria estará contribuindo para um maior equilíbrio das relações de consumo, bem como para o aperfeiçoamento do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990).

A pedido de Carmen Zanotto, secretário do MS vem à Câmara para falar sobre mudança na portaria do Spinraza

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A Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Câmara aprovou nesta quarta-feira (15) requerimento, de autoria da deputada federa Carmen Zanotto (Cidadania-SC), convidando o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, para falar sobre os ajustes técnicos que o ministério está realizando para incorporar todos os tipos de Atrofia Muscular Espinhal (AME) na portaria que disponibilizou a distribuição do medicamento Spinraza no SUS (Sistema Único de Saúde).

A Portaria 24/2019 que foi assinada, no mês passado, pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em cerimônia no plenário do Senado Federal, disponibilizou o Spinraza apenas para os portadores da AME Tipo 1, ou seja, para aqueles pacientes com diagnóstico genético confirmado que não estejam em ventilação mecânica invasiva.

A AME é uma doença genética degenerativa que afeta os movimentos.

Com atuação destacada no Parlamento em defesa das pessoas portadoras das doenças raras, Carmen Zanotto disse que mantém a expectativa de que Denizar Vianna possa detalhar na audiência os estudos técnicos que estão sendo realizados para ampliar a distribuição do medicação para o tratamento das AME Tipo 2 (início dos sintomas entre 7 e 18 meses de vida) e Tipo 3 (início dos sintomas antes dos 3 anos de vida e 12 incompletos).

“Mesmo que a disponibilização desse medicamento pelo SUS seja nas modalidades de pesquisa clínica e no compartilhamento de riscos, estamos dando um passo importante para dar melhores condições aos pacientes que clamam por tratamento digno da parte do poder público”, afirmou Carmen Zanotto, que preside a Frente Parlamentar Mista da Saúde.

Governo Bolsonaro desrespeita a universidade brasileira, afirma Roberto Freire

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‘Desrespeito do governo Bolsonaro com a universidade brasileira’, diz Roberto Freire no Ceará

Márcio Dornelles – Diário do Nordeste

Presidente nacional do Cidadania esteve no estado [do Ceará] nesta quarta-feira (15) e criticou a decisão do Ministério da Educação de cortar recursos. O dirigente também fez projeções sobre as eleições de 2020

O presidente nacional do partido Cidadania, ex-PPS, Roberto Freire, em visita ao Ceará nesta quarta-feira (15), criticou o anúncio do Governo Federal de cortar recursos da Educação. [Ex]Deputado federal por São Paulo, Freire disse que o Planalto não respeita a universidade.

“O mais significativo de tudo isso não é o contingenciamento ou o corte de verba, é o desrespeito que esse governo Bolsonaro tem com a universidade brasileira, com a inteligência desse país. O país está reagindo, a manifestação de hoje (15) é um exemplo, contra o ataque à universidade brasileira”, disse.

Desafios

Ao lado do presidente estadual do Cidadania, Alexandre Pereira, o dirigente esteve em Cascavel, na Região Metropolitana de Fortaleza, para a posse do novo prefeito, Tiago Ribeiro, após eleições suplementares. Para Freire, os partidos terão dificuldades em 2020.

“Será um grande desafio, porque nós vamos ter a primeira eleição sem coligação na proporcional. O partido precisa se preparar para isso, até mesmo porque em 2022 vamos ter que superar a cláusula de barreira”, justificou.

Eleições no Ceará

Alexandre Pereira, que atualmente é secretário de Turismo de Fortaleza, na gestão do prefeito Roberto Cláudio (PDT), afirma que a intenção da Executiva Nacional é ter candidato para disputar todas as capitais. “Vamos discutir com calma. Agora estou com muita satisfação trabalhando com o prefeito Roberto Cláudio, mas no próximo ano é o momento certo de discutir essas possibilidades”, disse.

Pereira acredita que o partido pode lançar candidatura em, pelo menos, 20 municípios importantes do Ceará, quando citou Maracanaú, Maranguape e Cascavel na Grande Fortaleza, além de outras disputas no Cariri e Sertão Central.

Maria Cristina Fernandes: “Sem educação, basta o presidente”

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O título deste texto estava em cartazes de manifestantes em todo o país. Serviu de resposta instantânea à provocação do presidente da República que, de Dallas, comentou a paralisação: “A maioria ali é militante. Se você perguntar a fórmula da água, não sabe. São uns idiotas úteis que estão sendo usados de massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo das universidades federais”. O bolsonarismo conseguiu aquilo que nem o petismo havia sido capaz, unir sindicatos e estudantes na rua.

O protesto de ontem já estava marcado quando o ministro Abraham Weintraub veio a público anunciar o corte de um terço das verbas da educação. Seus organizadores reconhecem que não passaria de um ato contra a reforma da Previdência. Foi o anúncio do corte que o transformou em paralisação nacional pela defesa da educação em que os sindicatos trataram, espertamente, de recolher as bandeiras.

Presidente e ministro foram além. Somaram, à revolta de estudantes e sindicalistas, aquela dos parlamentares, ao ligarem os motores do “Ministério da Verdade”. Ao interpelar Weintraub no plenário da Câmara, o deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), mostrou para a Câmara fotos de jovens nus e rituais satânicos que, segundo afirmou, comprovavam a afirmação do ministro da Educação, ali presente, de que os campi universitários são redutos de balbúrdia.

As fotos são as mesmas disseminadas nas redes sociais a partir do fim de semana, quando o guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, deu a largada, com a postagem original em que acusava as universidades de gastar dinheiro público para patrocinar orgias.

A mobilização agigantada, em grande parte, por obra e graça do governo, derrotou a contrapropaganda do “Ministério da Verdade”, a máquina de falsificações à la ‘1984’, de George Orwell. As vendas do livro dispararam nos Estados Unidos quando o público da posse do presidente Donald Trump foi manipulado por sua assessoria em nome de uma verdade alternativa.

O ministro, que já disse ter ficado míope de tanto ler Orwell, demonstrou que aprendeu a lição do escritor inglês sobre a manipulação de informações pelo Estado para confundir a população. Substituiu o contingenciamento de 30% dos gastos discricionários por um de 3,5% do orçamento total, trucagem com bombons de resultado convergente e destinada a confundir os incautos para dar munição aos exércitos virtuais da mistificação.

Como é regido pela mesma cartilha do guru de Virgínia, o presidente da República, em encontro com líderes parlamentares no Palácio do Planalto, chegou a ligar para Weintraub e mandá-lo voltar atrás. Desmentido pelos ministros, o presidente foi confrontado pelo vice-líder de um partido de sua base que havia anunciado o recuo. “Se o governo não sustenta o que falou na frente de 12 parlamentares, não sou eu que vou passar por mentiroso perante a nação”, disse um indignado deputado Capitão Wagner (Pros-CE), policial militar e bolsonarista de primeira hora.

O governo valeu-se do insulto e da mentira para enfrentar seu primeiro grande protesto popular. Conseguiu, de uma só tacada, unir o Congresso à pauta das ruas. Os estudantes, que haviam sido chamados de drogados pelo ministro no Senado e de idiotas pelo presidente, ganharam a companhia de parlamentares desocupados. Ao se dizer bancário, Weintraub equiparou os parlamentares a vagabundos ao insinuar que não conheciam a ‘carteirinha azul’. Se o governo a que serve cumprir seu programa de governo e implantar a precarizada carteira verde e amarela, é bem possível que o documento que o ministro se orgulha de possuir, venha, de fato, a se tornar uma raridade.

O maior sinal de que a pauta das ruas contaminou o Congresso, no entanto, veio de Nova York, onde o presidente da Câmara, na véspera das manifestações, fez uma palestra para investidores. Considerado o grande avalista da reforma da Previdência, Maia assumiu, abertamente, o discurso de que sua aprovação não bastará para recolocar o país nos trilhos. Ao dizer claramente que o país terá que rever a PEC dos Gastos, alertou para o risco de um “colapso social muito rápido”.

Maia disse que se deu conta disso “há 30 ou 40 dias”. Ao longo desse período, as condições de vida da população não se deterioraram. O que se mostrou em frangalhos foi a capacidade de Bolsonaro governar, aumentando as cobranças sobre o presidente da Câmara.

E o recado que o deputado achou por bem dizer ali, nas entrelinhas, foi o seguinte: se a bucha de canhão vai cair no meu colo, vocês vão ter que ter paciência mas vamos ter que gastar, senão não dou conta de segurar o Congresso. Foi respaldado pelo mestre de cerimônias do evento, o ex-ministro, hoje diretor do BTG, Nelson Jobim: “A impaciência é uma face da estupidez e o mercado é impaciente”.

A fala de Maia se encaixa num roteiro em que o Congresso, pela bateção de cabeça das alas do governo, tende, cada vez mais, a ser preponderante. Para exercer essa liderança, o presidente da Câmara avisou à sua plateia que não dá para a pauta liberal levar todas – “Na democracia não existem vitórias absolutas”, resumiu. Foi uma maneira elegante de dizer: para conduzir a boiada, preciso de pasto.

A queda de braço entre as ruas e o governo é por gasto. A Câmara, ao obrigar o ministro a comparecer ontem, sinalizou de que lado está. Seu presidente, na véspera, avisara à sua plateia o rumo a ser tomado. A hostilidade contra Weintraub não partiu apenas da oposição. A quase totalidade dos parlamentares do Centrão que o interpelaram foram no mesmo rumo.

Um dos subprodutos das manifestações de junho de 2013 foi a proposição, pelo governo, do instituto da delação premiada que, anos depois, acabaria por derrubá-lo. Desta vez, a hostilidade do Executivo aos manifestantes empurra o Congresso a se aproximar dos manifestantes. Mas a meta não é derrubar o governo, como insinuou o pai do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). O Congresso quer se valer das ruas para dar as cartas no governo. Depois de ontem, como sugere Carlos Bolsonaro, o governo será desafiado a sair da internet e colocar seus exércitos, agora armados, na rua. (Valor Econômico – 16/05/2019)

Maria Cristina Fernandes é jornalista do Valor. Escreve às quintas-feiras – E-mail: mcristina.fernandes@valor.com.br

William Waack: O pelotão de Bolsonaro

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Não há como o presidente Jair Bolsonaro se queixar de que não sabia. O sistema de governo brasileiro obriga um campeão de votos diretos (ele) a lidar com um Legislativo de baixa representatividade (o sistema de voto proporcional brasileiro garante a desproporção), fracionado entre dezenas de partidos políticos – alguns parecidos a quadrilhas – mas cheio de prerrogativas. Que fazem do presidente da Câmara dos Deputados uma espécie de primeiro ministro, até com pauta própria, enquanto o chefe do Executivo legisla por medida provisória.

Nesse “natural” embate não há, até aqui, a menor novidade. Nem mesmo no fato de o campeão de votos dar sinais contraditórios sobre como pretende enfrentar esse dado básico da natureza do sistema de governo. Que confunde mesmo. Por vezes, Bolsonaro acena com gestos políticos que são inerentes à necessidade de se entender com as forças dentro do Legislativo (eventualmente cedendo à pressão fisiológica por cargos). Por outras, despreza a prática da articulação política – a começar pela condução da própria bancada –, qualificando-a como porcaria com a qual não quer se sujar.

Na prática, não está fazendo nem um nem outro. E vai sendo implacavelmente encurralado por prazos de tempo sobre os quais não tem controle. Arrisca-se a ver perdida a reestruturação administrativa por conta de votação de MP mal conduzida na Câmara. Arrisca-se a ver a crise fiscal esmagar ainda mais o espaço para o Orçamento, enquanto já vai atrasado na aprovação de alguma reforma na Previdência. Arrisca-se a entregar de bandeja a adversários políticos uma narrativa política de impacto, como o contingenciamento das verbas da Educação.

No conjunto da obra, está sendo desmoralizado – ajudou a enfraquecer o nome mais popular, o de Sérgio Moro, ao já nomeá-lo para o STF, e vai vendo o mundo legislativo e jurídico fazendo o mesmo gesto de atirar, só que, desta vez, é contra seu predileto decreto de flexibilização do porte de armas. Chega a ser perverso constatar, nesse contexto, que o “fundo do poço” ao qual se referiu o ministro da Economia ao falar da situação fiscal não está convencendo deputados a aprovar o que o governo quer, mas, sim, está dando a ideia a eles de que o governo não sabe o que fazer.

Não há dúvidas sobre a espúria motivação de nutrido grupo de parlamentares (a famosa área bandalha da Câmara) ao bloquear a reforma administrativa ou impor sucessivas derrotas ao governo. Ocorre que grande parte da relevância que esse chamado Centrão assumiu nas últimas quatro semanas é sobretudo o resultado de um vácuo político a partir da “base” de sustentação de Bolsonaro na Câmara. A constatação tem sido reiterada pelos próprios parlamentares governistas, não é “papo da mídia”.

Aos apoiadores, o presidente e seus filhos têm repetido que “não há jeito”, que uma maioria imbatível no Congresso se comporta “contra o Brasil”, que a área política “não se deixa moralizar” e que ele está sendo encurralado por parlamentares bandidos e mídia podre e adversa a: a) ceder ao fisiologismo e bandalha, acabando na cadeia. Ou: b) a cometer um crime fiscal e ser “impichado”. Se abraçada até as últimas consequências, essa percepção que Bolsonaro aparentemente tem das causas das dificuldades em realizar os projetos que considera mais valiosos, e de aprovar reformas que admite serem necessárias, o levará a agir de forma contundente. Aí resta saber quem e quantos estarão no pelotão que irá atrás do capitão. (O Estado de S. Paulo – 16/05/2019)