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Cidadania lança pré-candidatura de Danielle Garcia para a prefeitura de Aracaju

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O Cidadania de Sergipe lançou, nesta segunda-feira (3), a pré-candidatura da delegada da polícia civil do estado, Danielle Garcia, para a disputa da prefeitura da capital sergipana, Aracaju. A degelada lidera pesquisa de intenção de voto para o cargo em primeiro e segundo turno segundo pesquisa do Instituto Certa Consultoria.

Em entrevista ao portal do Cidadania, Danielle Garcia destacou que o clamor popular pelo seu nome para a disputa do executivo municipal se deve ao trabalho desenvolvido, junto ao senador do Cidadania, e também delegado do estado, Alessandro Vieira, no combata à corrupção que evidenciou diversos esquemas no estado. Entre eles, licitações públicas fraudulentas com empresas de coleta de lixo e fraudes de verbas indenizatórias por parte de deputados estaduais.

“Uma história que vêm lá de trás quando eu e Alessandro trabalhávamos juntos no combate a corrupção. Tivemos um embate ferrenho [contra a corrupção] durante nove anos. Em 2017 chegamos em grandes investigações. Contrato de lixo superfaturado na capital. Fraude dos deputados estaduais com verbas indenizatórias. Tudo isso incomodou muita gente a ponto do governador pedir a nossa cabeça. Caiu eu, Alessandro e o secretário estadual de justiça. Com isso, Alessandro ganhou a eleição para o Senado e eu não sabia se entrava na política. Fui assediada por todos os partidos, mas não achei que ali era o momento”, disse.

Sérgio Moro

Devido ao seu trabalho no combate à corrupção e a perseguição política sofrida posteriormente em seu estado fez com que fosse convidada pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, para trabalhar em Brasília.

“O ministro [Sérgio Moro] me convidou para trabalhar aqui no Ministério. Ele, na ocasião, procurou delegados que combateram a corrupção e foram perseguidos. Ele me convidou para trabalhar aqui em Brasília. Aceitei e já estou há oito meses na cidade”, destacou.

Convite

Danielle Garcia afirmou que sua decisão para ingressar na disputa eleitoral se deu após o senador Alessandro Vieira ingressar no então PPS, hoje Cidadania, e organizar o partido no estado com quadros políticos sérios e comprometidos com o estado.

“Durante esse período em Brasília sempre mantive contato com o Alessandro [Vieira]. Na época achava que não poderia me misturar com qualquer partido. Dai, com o Alessandro [Vieira] vindo e organizando o Cidadania com pessoas sérias que me senti a vontade e fiz a filiação. Desde então sondamos a sociedade com pesquisas e desde as primeiras meu nome aparece muito bem. Meu nome é o único que aparece com potencial de confrontar o atual prefeito. Devido a isso, nós decidimos que o meu nome seria colocado como pré-candidata pela prefeitura da capital”, ressaltou.

Combate a corrupção


A delegada, ao ser questionada sobre o motivo de disputar o pleito, afirmou que pretende, caso eleita, trabalhar pela lisura dos gastos públicos e eficiência da máquina pública.

“Ir para o Executivo é com o objetivo de impedir a instalação da corrupção. Serei delegada prefeita? Não, a minha função será outra. Mas é inevitável que, como delegada, não queira saber de todas as coisas que ocorrem na prefeitura. E eu já sei quais são os problemas. É sentar na cadeira da prefeitura e entender por que a licitação dos transportes públicos não sai. Temos um dos piores serviços do País e uma das maiores tarifas. Numa capital tão pequena. É o plano diretor que não si. IPTU caro. Problemas em contratos superfaturados. Eu tenho muito a contribuir por conhecimento de causa”, adiantou.

Eventual gestão

Danielle afirmou que, caso eleita, terá muito o que fazer já que a capital sergipana sofre problemas de diversas ordens.

“Temos muito que fazer por lá. Temos aquela questão básica que é a saúde, educação e mobilidade urbana que atualmente estão caóticos. A ideia é fazer uma gestão mais transparente com a participação popular. O turismo, por exemplo, é ruim. Um turismo péssimo com uma cidade linda e cheia de potenciais. Por que não podemos explorar isso? Gerar renda. Precisamos de uma cidade onde o aparelho municipal funcione. São tantas coisas boas que podemos fazer”, defendeu.

Contudo, para ela, o principal problema enfrentado pelo município é o desperdício de recursos públicos.

“O principal problema é o desperdício de recursos públicos. Se equacionarmos valores poderemos fazer muitas coisas. Se tivermos contratos enxutos. Gastar bem os recursos. Revisar todos os contratos para sobra algo e dai sim investir onde precisa. Recursos que já vem carimbados, como a saúde, observar onde estão os principais gargalos e aplicar de forma eficaz”, disse.

O Cidadania

Danielle Garcia destacou que a escolha pelo Cidadania não foi aleatória e afirmou que o partido é conciso e conciliador.

“Estou feliz com a escolha do partido. Primeiro porque não foi uma escolha aleatória. Eu tinha que estar em um partido de centro. Mais conciliador. Extremos são ruins. Não me sentiria confortável em participar de um partido de extrema esquerda ou direita. Não combina com a minha personalidade. O Cidadania é interessante. Bem organizado em âmbito nacional e estadual. Eu preciso estar confortável para encarar isso [a eleição] e por esse motivo o Cidadania”, afirmou.

Jesus Alves é o pré-candidato do Cidadania pela prefeitura de Manaus

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O presidente municipal de Manaus do Cidadania, Jesus Alves, é o pré-candidato do partido para a disputada da prefeitura da capital amazonense. Segundo o dirigente, a sociedade brasileira busca por soluções para os seus problemas e uma alternativa a polarização política vivenciada pelo País.

Jesus Alves destacou a habitação como um dos principais problemas enfrentados por Manaus. Além disso, ele citou a necessidade de buscar novas alternativas econômicas para minimizar a dependência financeira da Zona Franca de Manaus.

Ele disse ainda que, caso eleito, fará uma gestão compartilhada colocando a população do município no centro das decisões. Para ele, o Cidadania tem muito a contribuir no processo administrativo.

Confira a entrevista.

Entrevista

Por que disputar a Prefeitura de Manaus?

Manaus tem alguns problemas sérios e que não são tratados. Vivemos em momentos de polaridades. Nós acreditamos que o pensamento do Cidadania e o seus posicionamentos vêm de encontro ao desejo daquilo que a população busca neste momento. Traçar metas e apresentar projetos, com a cara e o jeito de administrar do Cidadania, são fundamentais em qualquer cidade de nosso País. Por essa razão e por decisão da militância e do partido, participaremos das eleições de 2020.

Em sua opinião, quais são os principais problemas da cidade?

Nós temos um problema severo na habitação e esse problema na cidade faz com que se aloje, no entorno de Manaus, um bolsão de pobreza. Com isso aparecem situações como e o tráfico que gera violência acima dos níveis habituais. Sem falar do problema de emprego e renda em nosso Estado. Estamos à mercê da Zona Franca de Manaus e a todo instante sofremos ameaças de cerceamento de investimentos. Precisamos buscar soluções efetivas para resolver esse problema.

Caso eleito, como será pautada a sua gestão?

Trabalhamos como partido, Cidadania, com um modelo mais compartilhado de ideias. Tá na hora da população fazer parte desse processo. Trazer a população a tornando um dos agentes que possam definir e decidir os rumos que precisamos percorrer.

Como o Cidadania poderá contribuir na sua gestão?

A Contribuição do Cidadania são as suas plataformas. O pensamento coletivo que esta sendo cunhado a muitas gerações trazem maturidade politica para o nosso País ajudando na construção de uma maturidade política que efetivamente ajudará nesse processo administrativo.

Perfil

Jesus Alves é empresário, consultor de desenvolvimento regional, professor de formação egresso de universidade pública. É um entusiasta na busca de alternativas econômicas e novos modelos geradores de emprego e renda. A sua atuação é feita diretamente com grande parte das prefeituras do estado do Amazonas.

Luiz Gonzaga Belluzzo: A “construção” de uma escola de pensamento econômico

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“Wilson Cano, saudades do amigo e companheiro de muitas batalhas”

Corria o Ano de 1966. Nos tempos e contratempos da ditadura civil-militar, o então Secretário de Educação do Município de São Paulo, Fausto Castilho, cuidou de convocar para terras paulistanas o Curso de Desenvolvimento Econômico da Cepal/Ilpes. Era um intensivão, aulas o dia inteiro, uma prova atrás da outra. Wilson deu aula de projetos. Quando o curso terminou o Antônio Barros de Castro, magnífico professor, disse para o Wilson Cano: “você vai para a Cepal”. Wilson tomou, então, uma decisão temerária: me convidou para substituí-lo na Universidade Católica.

Em 1967 surgiu o convite do reitor Zeferino Vaz, através do Fausto Castilho. Estávamos convocados a criar o departamento de Planejamento Econômico da Universidade Estadual de Campinas.

O Zeferino tinha um espírito muito criativo e inovador. Embarcamos na aventura, João Manuel Cardoso de Mello, Fausto Castilho, Ferdinando Figueiredo Lucas Gamboa, Osmar Marchese, Éolo Pagnani, nosso Wilson Cano e o criado que ora vos fala.. Fundamos o Departamento de Economia e Planejamento Econômico, o DEPE. Depois tornou-se DEPES – Planejamento Econômico e Social, na UNICAMP. O Zeferino teve a coragem de entregar isso a garotos de idade entre 24 e os 30 anos de Wilson, fora os 40 ou quase do decano Ferdinando Figueiredo.

Chegaram depois, já nos anos 70, Conceição, Lessa, Castro, Luciano Coutinho, Braga, Liana, Alonso, Paulo Baltar, Jorge Miglioli, Sérgio Silva. Um pouco mais tarde, o grande amigo dos amigos, Frederico Mazzuchelli.

Juntos tivemos a ventura de assistir ao desenvolvimento intelectual e físico da UNICAMP. Acompanhamos todo o crescimento da UNICAMP e a transformação da universidade no que é hoje. Tivemos a ventura de ver nascer, crescer, se desenvolver, se diferenciar. Eu falo nós porque fomos nós mesmos. Eu não gosto de falar na primeira pessoa porque não é o caso e nem a verdade.

Homenagear meu amigo exige examinar e celebrar a obra coletiva que ajudou a construir.

O trabalho intelectual desenvolvido no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, pelos professores fundadores do DEPES, sempre foi coletivo. As teses foram discutidas coletivamente, tanto as de doutoramento como as de livre-docência. Havia um ambiente de debate muito intenso dentro do instituto, e as teses foram todas feitas em torno desses dois temas: o desenvolvimento do capitalismo contemporâneo e a situação da economia brasileira nesse processo. Nenhuma das pesquisas, na verdade, escapou desse marco. Entre elas estava o livro de Wilson que considero um exemplo impecável do pensamento cepalino-unicampista: “Raizes da Concentração Industrial em São Paulo”. Sua obra é vasta e sua visão esteve sempre concentrada nas questões que incomodam os pensadores dedicados à investigação da trajetória brasileira nos marcos dos movimentos do capitalismo global. Wilson, sem dúvida, é, sim, um dos principais arquitetos do “pensamento da Unicamp”. Certamente ele concordaria que precisamos ser mais modestos. O que temos é uma linha de investigação que singularizou, ao longo da história, o Instituto de Economia. Essa linha, digamos, mais influenciada pelo paradigma da economia política, da história econômica e social, nos levou ao debate público.

Na verdade, até hoje, os vários núcleos do Instituto de Economia continuam desenvolvendo essas linhas de pesquisa. Nossa abordagem é – e sempre foi – histórico-teórica, um esforço de revisão deve ser permanente. Não cristalizamos uma matriz teórica definitivamente, a não ser a orientação geral de que a economia é uma ciência histórica, social e moral. Portanto, a teoria está sempre sujeita aos efeitos e às influências da mudança nas condições em que ocorre a vida econômica. Rejeitamos essa idéia de que nós temos uma matriz teórica imutável, a partir da qual possam ser explicadas todas as transformações que ocorrem no capitalismo e na sociedade contemporânea.

Uma estória talvez ajude a compreender a aventura coletiva. Em 1973, organizamos na Universidade o seminário Desenvolvimento e Progresso Técnico. Convidamos vários professores do exterior – Paolo Sylos Labini, Josef Steindl, Vladimier Brus, Edward Nell. Na sessão de encerramento, os estrangeiros foram para a mesa. Ficamos sentados nas primeiras fileiras: Antonio Barros de Castro, João Manuel Cardoso Mello, Ferdinando, Wilson Cano e eu. Na mesa, Zeferino cochichou algo para o Labini. Labini começou a rir e não sabíamos por quê. Encerrado o seminário, o convidei para jantar em São Paulo na Baiuca. Perguntei por que era tão divertido o que havia dito o reitor. Labini me contou às gargalhadas: “Está vendo aqueles ali? São todos comunistas, mas são bons”.

Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo é economista e professor brasileiro da Universidade Estadual de Campinas e da Faculdades de Campinas

Paula Belmonte quer ação do Procon para coibir preços abusivos de gás de cozinha

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A deputada Paula Belmonte (Cidadania/DF) pediu ao Procon maior fiscalização na venda clandestina de botijões de gás. Em ofício ao diretor-geral do órgão, Marcelo de Souza do Nascimento, a parlamentar ressaltou que “nessa hora difícil por que passa a sociedade brasileira, encontramos pessoas que buscam se locupletar com o sofrimento dos outros, por mais anômalo e atípico que seja o momento”. O produto, disse a deputada, estaria sendo vendido pelos revendedores sem licença por preços abusivos.

Paula Belmonte lembrou que a ANP (Agência Nacional de Petróleo) garantiu que não há escassez de gás de cozinha. A agência negou também que haja risco de que isso possa acontecer. A parlamentar quer que o Procon reforce as medidas de fiscalização “no combate a esse nefasto mercado criminoso de gás de cozinha, insumo básico para que as famílias brasileiras possam se alimentar”.

Com votos do Cidadania, Câmara vota por apoio às micro e pequenas empresas

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O deputado Rubens Bueno (Cidadania/PR) encaminhou voto favorável do partido ao projeto que cria o programa de apoio às micro e pequenas empresas, aprovado na noite desta quarta-feira (22) pelo plenário, que vai disponibilizar a esses segmentos R$ 15,9 bilhões. A matéria veio do Senado. O líder Arnaldo Jardim (SP) salientou a importância dessa democratização do crédito, com foco na ajuda à recuperação da atividade econômica e na preservação dos empregos.

Bueno lembrou que o Sebrae aponta a existência de dez milhões de micro e pequenas empresas no país, que têm atualmente 32 milhões de empregados. “Esses números dão uma ideia da grandeza do trabalho que a Câmara conclui na noite de hoje”, disse. O texto base foi aprovado pelos líderes, por meio de videoconferência. A apreciação continuou, para votar os destaques.

Arnaldo Jardim salientou a importância do socorro financeiro aos empreendedores e observou que está assegurado no texto chancelado pelos deputados a preservação dos empregos enquanto durarem os empréstimos.

O parlamentar elogiou as alterações feitas pela relatora, deputada Joyce Hasselman (PSL-SP), que propiciaram, por exemplo, a ampliação dos gestores dos recursos também para o BNDES e destacou o papel das cooperativas de crédito. Jardim se colocou a favor também de que as empresas que tenham dívidas parceladas na Receita Federal recebam moratória de seis meses.

O parlamentar ressaltou ainda a importância da taxa Selic variável para micro e pequenos empresários e da ampliação do fundo garantidor. “Destacamos a vedação para que esses recursos possam ser usados para pagamento de lucros e dividendos”. A Câmara, ao estabelecer essa restrição, explicou Arnaldo Jardim, “mantém sua preocupação de manter travas, controles, como fizemos quando aprovamos o socorro aos estados”. O líder foi firme ao rechaçar renúncias e diferimentos fiscais.

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Mourão, o problema é Bolsonaro

Em artigo publicado nesta quarta-feira (3), intitulado “Opinião e princípios”, o vice-presidente Hamilton Mourão criminaliza as manifestações de rua contrárias ao governo Bolsonaro, ocorridas no fim de semana, chamando os participantes de baderneiros e delinquentes por danos causados a pessoas e ao patrimônio público e privado decorrentes dos confrontos.

O comportamento dos manifestantes, entretanto, não foi o alvo preferencial do artigo, que os categoriza como caso de polícia e não de política. No texto, o vice-presidente rechaça especialmente o comportamento de lideranças políticas e setores de imprensa que, segundo ele, estariam fazendo uso político das mobilizações para atingir o governo federal, dando a elas um verniz democrático e uma postura legítima a seus participantes, o que seria ainda mais grave, pelas responsabilidades institucionais que esses atores possuem.

Apesar de pregar na superfície a prática do diálogo e da tolerância, Mourão parece adotar uma leitura míope e unilateral dos acontecimentos sociais ao, por um lado, criticar os excessos de manifestações contra o governo e, por outro, se silenciar diante de atos antidemocráticos, pedindo intervenção militar, e de ataques a instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. Ele nada falou sobre manifestação na Avenida Paulista pró-governo que se utilizou de bandeira associada a um partido da extrema-direita da Ucrânia.

Nesse ponto, pesa uma grande incoerência em seu raciocínio: se ele acha que as manifestações no Brasil importaram, inadequadamente, o ódio racial dos protestos nos Estados Unidos pela morte de um desempregado negro vitima de ação policial covarde, por que não rechaçar a importação de ideias ultraconservadoras da extrema-direita internacional?

Dentro desse discurso de blindagem de instituições, também é difícil de entender por que não condenar as declarações autoritárias do presidente, reduzindo-as a exageros retóricos impensados?

O vice-presidente perdeu grande oportunidade de jogar luz sobre o debate do racismo estrutural asfixiado no Brasil durante séculos, minimizando sua existência, uma postura tão obscurantista e negacionista quanto os discursos terraplanistas de integrantes do seu governo.

Em um artigo denso como o de hoje, nenhuma linha foi dedicada à morte do jovem João Pedro, de 14 anos, dentre tantos outros, vítima de erro policial na Comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, no Rio.

Dessa forma, Mourão não abre portas para o diálogo, com parcela importante da população, ele as fecha, joga para debaixo do tapete nossos conflitos raciais, e não avança no esforço de pacificar o país, o que se espera de um estadista. Dando causa externa ao ódio racista, seu argumento apenas disfarça o problema, não o resolve.

Roberto Freire, ex-senador, ex-deputado federal, atual presidente nacional do Cidadania

Alberto Aggio: Em meio à pandemia, um espectro nos assola

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Ao contrário da filosofia por vezes alucinante de Slavoj Zizek, que passou a profetizar o “novo comunismo” como resultado da superação da pandemia e da tresloucada contestação de Ernesto Araujo que o tomou como dado de realidade a atestar a existência da ameaça comunista, não há nenhum espectro desse tipo a assombrar o mundo[1]. O que há é a realidade factual da pandemia a ditar: “decifra-me ou te devoro”.

O enfrentamento ao coronavírus implicou ouvir especialistas e procurar seguir suas orientações. Contra algo desconhecido, os cientistas de todo o mundo trabalham para produzir medicamentos mais eficazes e uma vacina duradoura. Mobilizaram-se recursos, organização e informações claras à população. Mas o alarme foi dado: somos nós, os humanos, que precisamos decifrar o mundo que inventamos. Essa peste não vem dos céus, vem da natureza, e fomos nós que a disseminamos. Não haverá o nascimento da “boa sociedade” a partir de ruinas. Não é razoável supor isso. A pandemia nos obriga a repensar a economia, a cultura, a política e até nossa “filosofia de vida”. Força-nos a repensar a necessidade de governança em plano mundial – Daniel Innerarity construiu uma bela imagem: Pandemocracia, seu mais recente livro[2].

O avanço da pandemia mostrou onde a política falhou e onde acertou. Lideranças previdentes agiram rápido e obtiveram êxitos. Lideranças obtusas, como Jair Bolsonaro, agiram sob interesses pessoal e eleitoral, e as consequências estão sendo desastrosas.

Fernando Gabeira observou que, diferente de outros países, nosso problema é termos “o vírus e Bolsonaro”. O presidente minimiza a epidemia, confronta governadores e prefeitos, ataca a mídia e insanamente perambula, sem máscara, por Brasília e cidades próximas, promovendo aglomerações e apoiando manifestações contra a democracia.

Pensou-se que o Brasil teria um gap de vantagem frente aos países onde o vírus emergiu mais cedo. Mas essa vantagem foi perdida a partir do momento em que Bolsonaro transformou a saúde num território de guerra. Isso inviabilizou que se estabelecesse uma estratégia séria e planejada de “isolamento social”.

Enquanto a pandemia avançou, Bolsonaro martelou pela “volta ao trabalho” e também propôs, na reunião ministerial de 22 de abril, um decreto para armar a população contra as restrições adotadas por governadores e prefeitos. Mais do que politizar o combate à pandemia, Bolsonaro avançou o sinal, sugerindo uma “rebelião armada” de “resultados imprevisíveis” e seguramente deletérios para a Nação.

O resultado da política de Bolsonaro em relação à pandemia não tardou e instalou a cizânia entre autoridades, acabando com a sinergia entre os entes federativos. A conexão informativa do Ministério da Saúde com a sociedade evaporou-se. A consequência veio no aumento do número de mortos e de contaminados – e o governo só não seguiu com a estratégia de sonegar informações porque a reação foi generalizada e a ameaça de impeachment seria real.

Sem Estado nem governo, indefesos, os brasileiros se socorrem nas informações da mídia e nos profissionais da saúde, vistos como verdadeiros heróis. Exauridas, as autoridades subnacionais, que continuam resistindo, empreendem, sob pressão de diversos setores, uma temerária flexibilização da quarentena em situação absolutamente desfavorável.

Entrar ou sair do confinamento foi, em vários países, uma determinação impingida pelo vírus e não uma opção irrefletida. O que esteve em jogo foi a vida das pessoas e o bem comum. Foram escolhas políticas a partir de orientações científicas, mas sem obediência cega, ressaltando a importância tanto da complexidade quanto da responsabilidade coletiva que tem a política em âmbito local, nacional e mundial.

Em Zizek e Araujo só há fantasmagorias advindas de uma visão mitológica do comunismo, no primeiro, e de um anticomunismo em roupagem antiglobalista, no segundo. O espectro que ameaça o país é outro. Isolá-lo e superá-lo demandará que nossa “intransigência democrática” caminhe ao lado do realismo e conte com muita articulação política. Mesmo sob ameaças reiteradas do bolsonarismo – com sugestões golpistas envolvendo as FFAA –, observam-se crescentes sinais de que os brasileiros começam a se mover para enfrentar essa insensatez que, entre nós, acompanha o vírus, na sua senda de exaurimento da democracia e da Nação. (Publicado em Política Democrática online, n. 20, junho de 2020, p. 30-32. – https://www.fundacaoastrojildo.com.br/revista-pd20/mobile/index.html)

[1] Cf. Žižek, Slavoj. Virus. Milão, Ponte Alle Grazie, 2020; o texto de Ernesto Araujo está em https://www.metapoliticabrasil.com/post/chegou-o-comunav%C3%ADrus

[2] Innerarity, Daniel. Pandemocracia – una filosofia de la crisis del coronavirus. Barcelona: Galaxia Gutemberg, 2020.

Da Vitória comemora sanção, mas pede pressa na liberação de auxílio emergencial para cultura

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Da Vitória comemora sanção, mas pede pressa na liberação de auxílio emergencial para cultura