Para senadora, com a quebra de sigilo fiscal e bancário dos acusados será possível chegar à “linha do dinheiro” dos recursos desviados pela corrupção (Foto: Reprodução/CNN)
Em entrevista à CNN (veja aqui), a líder do bloco parlamentar Senado Independente, Eliziane Gama disse que a CPI da Pandemia já conseguiu identificar, logo no início dos trabalhos da comissão, que o governo federal promoveu medidas negacionistas no enfretamento da pandemia de Covid-19. Agora, avalia a parlamentar, a CPI se aproxima de indícios de irregularidades na compra de vacinas, com a acusação de pedido de propina de servidores do Ministério da Saúde.
De acordo com ela, os senadores precisam “seguir o dinheiro” para identificar essas suspeitas de corrupção no governo federal. A parlamentar ressaltou ainda que a confirmação de irregularidades aparecerão após a quebra de sigilo de alguns investigados.
“A gente vai buscar essa linha, no meu entendimento, através de dois mecanismos: ouvindo o pessoal, mas também buscando documentos estabelecendo a quebra dos sigilos sobretudo fiscal e bancário”, disse Eliziane Gama.
A senadora comentou que a quebra dos sigilos telefônicos e telemáticos são importantes, mas com a quebra do sigilo fiscal e bancário será possível chegar à “linha do dinheiro” de recursos desviados pela corrupção.
Dominghetti tentou desvirtuar foco da CPI
Eliziane Gama disse também na entrevista à CNN que policial militar de Minas Gerais e representante da Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominghetti, foi “instrumentalizado” para chegar à Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia na quinta-feira (01) e desviar o foco dos trabalhos.
Segundo a parlamentar, o PM tentou desvirtuar o foco dos senadores presentes ao exibir um áudio do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). Na ocasião, Dominghetti afirmou que Miranda tratava, no áudio, da compra de vacinas. O parlamentar, no entanto, nega e reafirma que negociava a venda de luvas.
“Alguns colegas chegaram, inclusive, a ter o entendimento que ele [Dominghetti] teria sido plantado ali dentro da CPI. Eu não diria plantado, mas acho que ele foi instrumentalizado para chegar até a CPI com um áudio que foi exposto por ele e que ficou muito claro que foi uma montagem para tentar desfocar e desvirtuar o foco da CPI”, disse Eliziane Gama.
Para Eliziane, Dominghetti foi orientado pelo CEO da Davati, Cristiano Carvalho. Ainda na avaliação da senadora, a relação entre a empresa e o Ministério da Saúde é “tenebrosa”.
Embora tenha reconhecido uma tentativa de obstrução na CPI, a parlamentar ressaltou que os senadores vão buscar todos os instrumentos legais para evitar as tentativas de burlar as provas.
“A comissão, como o próprio nome já diz, é uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Nós temos, na verdade, poder de polícia. Estamos dentro de um processo de investigação e todos os instrumentos do ponto de vista legal estão à disposição da CPI”, afirmou. (Com informações da CNN)