Simone Tebet diz que segundo turno com Lula e Bolsonaro ‘é o pior dos mundos para o Brasil’

Em sabatina do Estadão/FAAP, candidata afirmou que, se for eleita, irá promover um ‘revogaço’ dos decretos de armas editados por Bolsonaro (Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo)

Durante sabatina promovida pelo Estadão/FAAP (veja abaixo), nesta segunda-feira (19), a candidata a presidente da coligação Brasil para Todos (MDB, Cidadania, PSDB e Podemos), Simone Tebet (MDB), disse que polarização entre o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o ‘pior dos mundos para o Brasil’.

“Eu me recuso a desistir desse Brasil que eu sonho diante de um cenário que, pra mim, nenhum dos dois [Bolsonaro e Lula]serve. Estou diante de um processo eleitoral em que me recuso a aceitar que nesta eleição, que é mais importante do Brasil desde a redemocratização, nós tenhamos que optar pelo menos pior”, disse, ao criticar o voto útil defendido pelas campanhas dos dois candidatos.

“O segundo turno entre o ex-presidente Lula e o atual presidente, se isso acontecer, é o pior dos mundos para o Brasil. O Brasil não vai ter paz”, completou.

No evento, Simone Tebet afirmou que irá promover um ‘revogaço’ dos decretos de armas editados por Bolsonaro caso seja eleita, abordou temas como educação, segurança pública e responsabilidade fiscal. Ela reforçou compromissos assumidos na campanha, como a ‘Poupança Jovem’, com a qual se compromete a transferir R$ 5 mil para as famílias manterem os estudantes no Ensino Médio, e, criticando o orçamento secreto, prometeu ‘transparência absoluta’ em seu eventual governo.

Simone Tebet: ‘2º turno com Lula e Bolsonaro é o pior dos mundos para o Brasil. Não vai ter paz’

Candidata à Presidência pelo MDB, senadora diz que, caso cenário se confirme, polarização pode se estender até dezembro de 2026 durante sabatina promovida pelo ‘Estadão’

Redação – O Estado de S. Paulo

A candidata à Presidência da República Simone Tebet (MDB) afirmou na manhã desta segunda, 19, durante sabatina promovida pelo Estadão em parceria com a FAAP em São Paulo, que a atual polarização entre o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o “pior dos mundos para o Brasil”. Ela também criticou bastante o governo federal e afirmou que, se eleita, irá promover um “revogaço” dos decretos armamentistas editados por Bolsonaro e trabalhar para aprovar, nos seis primeiros meses do governo, uma reforma tributária.

Durante o evento, a candidata do MDB abordou temas como educação, segurança pública e responsabilidade fiscal. Ela reforçou promessas conhecidas de sua campanha, como a “Poupança Jovem”, com a qual se compromete a transferir R$ 5 mil para as famílias manterem os estudantes no Ensino Médio, e, criticando o orçamento secreto, prometeu “transparência absoluta” em seu eventual governo.

Segundo a senadora, se as pesquisas de intenção de voto forem confirmadas pelos eleitores, o cenário de polarização se estenderá até dezembro de 2026, impedindo que se alcance a paz no País. “Não tem carta na manga, não tem fórmula mágica. A fórmula mágica é o próprio processo eleitoral. (…) A fórmula mágica é vivermos numa democracia e não abrir mão dela. A única coisa que eu tenho a oferecer para o Brasil é o meu amor incondicional pelo povo brasileiro e a coragem de fazer o que é certo. O segundo turno entre o ex-presidente Lula e o atual presidente, se isso acontecer, é o pior dos mundos para o Brasil. O Brasil não vai ter paz”, afirmou.

Simone reconheceu que sua tarefa não é fácil. Com uma média de 5% nas pesquisas de intenção de voto, ela afirmou que já viu candidatos com esse patamar de votos ganhar as eleições. “Eu me recuso a desistir desse Brasil que eu sonho diante de um cenário que, pra mim, nenhum dos dois (Bolsonaro e Lula) serve. Estou diante de um processo eleitoral em que me recuso a aceitar que nesta eleição, que é mais importante do Brasil desde a redemocratização, nós tenhamos que optar pelo menos pior.”

Ao comentar que sua candidatura reúne duas mulheres – a vice na chapa é a senadora Mara Gabrilli (PSDB) -, Simone ressaltou que seu nome é o menos rejeitado entre todos os presidenciáveis. “Como mulher, sabemos que as mulheres hoje são as mais propensas a não votarem nem em Lula nem em Bolsonaro.”

Sobre um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, a senadora preferiu não se posicionar. “A nossa candidatura não é só eleitoral, é uma candidatura política, de posicionamento. Eu estou aqui, eu sou um soldado a favor da democracia e das liberdades públicas. Estamos aqui para abrir caminhos, para construir pontes”, disse, sem mencionar para que lado caminhará no segundo turno, caso fique de fora mesmo dele.

Armas

“Vou fazer um grande revogaço dos decretos do presidente da República (sobre armas)”, disse a candidata ao ser questionada sobre o aumento significativo de brasileiros armados com permissão e incentivo do presidente Jair Bolsonaro. Segundo ela, armas compradas por supostos colecionadores e participantes de clubes de tiro estão indo parar na mão de bandidos.

Na área rural, no entanto, a senadora deu a entender que não impediria a posse. “A legislação está de bom tamanho. Eu ajudei, inclusive, a aprovar nesse sentido, especialmente pensando na mulher. Eu sou do campo e conheço a realidade. Às vezes, as mulheres ficam sozinhas nas sedes (de fazendas), enquanto eles (homens) vão cumprir missão no campo, e ficam muito à mercê. Já existe essa lei que permite que a mulher possa ter a posse de arma dentro do território dessa fazenda, porque o homem já tinha o facão a arma e a mulher ficava à mercê.”

Simone Tebet também afirmou que deseja recriar o Ministério Nacional da Segurança Pública. ” É necessário que a gente faça segurança pública numa ampla coordenação. Estados brasileiros não dão conta sozinhos de combater o crime organizado e diminuir a violência no Brasil. Por uma única razão, a violência e o crime não são estaduais, mas nacional e, muitas vezes, internacional.”

Orçamento secreto

A senadora afirmou que, se eleita, dará transparência absoluta ao Orçamento da União. “Nós vamos escancarar o que o Estadão foi o primeiro a publicar, através de uma equipe maravilhosa de jornalistas, o que ainda será considerado um dos maiores escândalos de corrupção da história do País, o orçamento secreto.” Simone ainda fez uma denúncia: sem dar detalhes nem valores, a senador afirmou que recebeu oferta de repasse do orçamento secreto para desistir de ser candidata à presidência do Senado.

Ao responder sobre temas econômicos e seu plano de governo para manter os auxílios e ao mesmo tempo cumprir suas promessas de elevar o crédito, por exemplo, Simone criticou o governo Bolsonaro, “É um governo que não planeja nada, não sabe onde quer chegar, nunca soube e, por isso, nunca apresentou políticas públicas sérias. Diante desse cenário, nós temos que primeiro focar na macroeconomia brasileira. A solução está na eleição de uma candidatura de centro que, com moderação, equilíbrio e diálogo, é capaz de dialogar com todas as frentes”, disse.

A candidata também se comprometeu a aprovar uma reforma tributária, classificada por ela como a ‘vacina econômica’, nos primeiros seis meses de governo. “Temos que obviamente fazer as reformas, enxugando de um lado, e do outro, abrir o crédito”, completou.

Segundo Simone, o Brasil não vai crescer só com orçamento público. “Não tem dinheiro público para tudo, mas tem na iniciativa privada. Os investimentos privados nacionais e internacionais não investem no Brasil porque não tem segurança jurídica, não tem previsibilidade, não tem responsabilidade. A macroeconomia brasileira fica sujeita a crises artificiais geradas pela política no Brasil.”

E completou: “Sou liberal na economia, mas me recuso a aceitar que existe uma única fórmula mágica. O fiscalismo sem alma de um lado ou estatizar tudo de outro.”

Ensino público

Ao iniciar o segundo bloco da sabatina respondendo a perguntas de representantes da sociedade civil, a senadora afirmou que sua agenda tem dois grandes objetivos: de um lado dar o pão a quem tem fome, por meio da manutenção do Auxílio Brasil; e, de outro, abrir uma porta de saída a médio prazo para que a pessoa possa sair da dependência do programa.

Nesse sentido de oferecer oportunidade às pessoas, Simone destacou sua intenção de pagar para que jovens estudem e completem o Ensino Médio. “Vamos pagar para os jovens estudarem, não tem condicionante. Vamos depositar todos os anos no Fundamental até o último ano do Ensino Médio. A única condição é que ele termine o Ensino Médio.”

Calendário

Na última sexta-feira, 16, a sabatina receberia o presidente Jair Bolsonaro (PL), mas o candidato à reeleição recusou o convite para o evento. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também informou que não comparecerá à sua entrevista, marcada para 20 de setembro. Debates propositivos substituem a presença dos candidatos.

O próximo presidenciável a ser recebido pela iniciativa do Estadão/FAAP é Ciro Gomes, na quarta-feira, 21.

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