No Brazil Forum UK 2022, Eliziane Gama defende democracia e ampliação da participação da mulher na política

‘Não podemos mais permitir a continuidade do retrocesso que estamos vivenciando hoje no Brasil’, disse a senadora em evento de estudantes de Oxford (Fotos: Reprodução/Brazil Forum UK 2022)

A líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA), disse neste domingo (26), ao participar do Brasil Forum UK 2022 (veja aqui o vídeo), no Reino Unido, que os principais desafios para 2023 são a ampliação da participação da mulher brasileira na política e a defesa da democracia contra os retrocessos promovidos pelo atual governo.

“Vejo que dentre os vários desafios para 2023 está um que é a maior participação das mulheres da política, porque o Brasil hoje é um dos piores países do mundo no que se refere a representação feminina na política. Nas Américas, o País só perde para o Haiti. Apesar de ser a maioria da população, a participação da mulher no Brasil se dá apenas entre 13% e 14%. Precisamos e devemos melhorar a participação das mulheres para melhorar também a qualidade da política”, disse a parlamentar, representante do Congresso Nacional no evento.

O Brazil Forum UK é uma iniciativa desenvolvida por estudantes brasileiros no Reino Unido, ligados à London School of Economics and Political Science e à Universidade de Oxford. O objetivo, de acordo com os organizadores, é o debate dos principais desafios da política na atual conjuntura, a reconstrução do País e a garantia da democracia brasileira.

Eliziane Gama participou do painel ‘Amanhã vai ser maior? Os novos desafios da política brasileira de 2023’, com a professora Rosana Pinheiro-Machado, do Departamento de Ciência Política e Sociais da Universidade de Bath; a deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ); e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ).

Ao iniciar sua apresentação, a parlamentar disse esperar que a pergunta do painel – ‘Amanhã vai ser maior?’ – seja na verdade uma afirmação em função de que o Brasil precisa ‘de um amanhã maior do que está vivenciando’ na atualidade.

Mulheres na política e orçamento

Líder da Bancada Feminina do Senado, Eliziane Gama disse que ampliação da participação das brasileiras na vida pública vai melhorar a qualidade da política. Segundo ela, para vencer essa barreira será necessário a redução da violência de gênero, com um ‘orçamento consequente’ para a execução de políticas públicas femininas.

“Em 2020, a Casa da Mulher Brasileira tinha uma previsão orçamentária de R$ 28 milhões, mas só recebeu R$ 1 milhão. A distância do que é projetado e do que é executado é muito grande. Toda política de combate a violência contra mulher foi reduzida, de R$ 70 milhões para R$ 40 milhões [nos últimos quatro anos]. Melhorar a participação da mulher na política é melhorar a representatividade”, defendeu.

A senadora fez um balanço do avanço dos projetos para garantir a presença das mulheres nos ‘órgãos de comando e liderança’ do Parlamento brasileiro.

“Evoluímos muito no Congresso Nacional com a garantia de assento cativo no colégio de líderes [no Senado e Câmara]. Esse olhar para dentro das decisões de comando [do Parlamento] é essencial para ampliar a representação das mulheres e aí sim, nós teremos, não há dúvida nenhuma, um dia maior do que o dia de hoje”, disse.

Terceira via

Sobre as chances da candidata da terceira via para a presidência da República representada pela senadora Simone Tebe (MDB-MS), Eliziane Gama considerou que o ‘processo é dinâmico’ e chamou a atenção para o contexto pré-eleitoral ‘incentivado pela política do ódio’.

“Há uma clara polarização [do processo eleitoral], então, não será simples para gente que faz a defesa da terceira via furar esse bloqueio para chegar no segundo turno”, disse, ao citar a desistência da pré-candidatura do ex-governador João Doria e classificar Tebet de ‘extremamente qualificada e competente’.

“Sou otimista, sou brasileira e acredito que a gente possa chegar ao segundo turno [com a candidatura da terceira via]. Muito embora tenha a plena convicção de que o desafio é muito grande e das barreiras que nós teremos que suplantar para de fato chegamos ao segundo turno das eleições”, analisou.

Eliziane Gama ponderou, no entanto, que o processo eleitoral de 2022 não pode ser uma barreira para a ‘unidade em torno do fortalecimento da democracia’.

“Não podemos mais permitir a continuidade do retrocesso que estamos vivenciando hoje no Brasil. Então, nós temos hoje várias candidaturas e precisamos pactuar, no segundo turno, a unidade. E se [a candidatura da terceira via] chegar ao segundo turno, ganhar a eleição”, disse.

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