No JN, Alessandro Vieira acusa Bolsonaro de atrapalhar vacinação com informações falsas

‘É preciso que o Judiciário e o próprio Congresso se posicione, porque um presidente da República não pode ser tratado como uma criança irresponsável’, cobra o senador (Foto: Reprodução/TV Globo)

O líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE), comentou no Jornal Nacional (veja aqui e abaixo) a decisão do Facebook de tirar do ar o vídeo em que o presidente Jair Bolsonaro relaciona informação falsa e absurda entre a vacina contra a Covid-19 e a Aids.

Ele considerou que o presidente cometeu um crime flagrante de informação falsa e pediu que a CPI da Pandeima apoie a inclusão da declaração no presidente no Inquérito das Fake News do STF (Supremo Tribunal Federal).

“É gravíssimo o presidente da República, por qualquer forma, tentar atrapalhar o processo de vacinação dos brasileiros. Bolsonaro faz isso há muito tempo. A última delas é um absurdo, um atentado, tentar atribuir à vacinação a possibilidade de adquirir alguma doença como a Aids. É preciso que o Judiciário e o próprio Congresso se posicione, porque um presidente da República não pode ser tratado como uma criança irresponsável”, cobra Alessandro Vieira.

Facebook e YouTube tiram do ar live em que Bolsonaro faz relação falsa entre vacinas contra Covid e Aids

O YouTube suspendeu o canal do presidente por uma semana. Essa nova iniciativa de Bolsonaro de desacreditar vacinas e desestimular a vacinação deixou incrédulas as comunidades médica e científica, e provocou críticas também no meio político.

Jornal Nacional – TV Globo

O Facebook tirou do ar na noite de domingo (24) o vídeo em que o presidente Jair Bolsonaro fez uma relação completamente falsa e absurda entre a vacina contra a Covid e a Aids. E nesta segunda-feira (25), no fim da tarde, também o YouTube decidiu suspender por uma semana o canal do presidente. Desde que foi publicada, essa nova iniciativa de Bolsonaro de desacreditar vacinas e desestimular a vacinação deixou incrédulas as comunidades médica e científica, e provocou críticas veementes também no meio político.

A declaração foi na live semanal, quinta-feira passada (21). O presidente Jair Bolsonaro disse que relatórios oficiais do Reino Unido teriam sugerido que pessoas totalmente vacinadas contra a Covid estariam desenvolvendo a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, a Aids, muito mais rápido do que o previsto. Ele não deu detalhes sobre a associação entre a Aids e a vacina, que não tem nenhum respaldo científico.

Políticos e a comunidade científica reagiram imediatamente.

Em nota, o comitê de HIV/Aids, da Sociedade Brasileira de Infectologia, declarou que não se conhece nenhuma relação entre qualquer vacina contra a Covid e o desenvolvimento de Síndrome de Imunodeficiência Adquirida; reforçou que pessoas com HIV/Aids devem ser completamente vacinadas contra a Covid; e repudiou toda notícia falsa que faça menção a essa associação.

O Unaids, ligado à ONU, também repudiou as declarações. Disse que as vacinas são a forma mais eficaz de controle da pandemia; assegurou que não há evidência de associação entre a imunização contra Covid e ter mais risco para adoecer em decorrência da Aids; e que as formas de transmissão do HIV são bem conhecidas e a vacina não é uma forma de transmissão possível.

O serviço de checagem do g1 constatou: “É fake que relatórios do governo do Reino Unido sugerem que vacinados contra Covid têm desenvolvido Aids”.

A mensagem falsa foi publicada por um site conspiracionista inglês que já publicou outras notícias sem fundamento sobre a vacina.

Procurado pelo g1, o Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido afirmou que o site propaga fake news e teorias da conspiração e disse que a história não é verdadeira.

Zahraa Vindhani, oficial de comunicação da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido, também afirma que “as vacinas contra a Covid não causam Aids”. “A Aids é causada pelo HIV”, enfatizou.

No domingo (24) à noite, o Facebook tirou do ar o vídeo com a live do presidente. O conteúdo também não está mais disponível no Instagram. O porta-voz do Facebook disse que “as políticas da plataforma não permitem alegações de que as vacinas de Covid matam ou causam danos graves às pessoas”.

Nesta segunda-feira (25), no fim da tarde, foi a vez do YouTube também remover a live de Bolsonaro por violar as diretrizes do canal sobre desinformação médica em relação á Covid. A medida também impede novas publicações e transmissões ao vivo por uma semana.

Parlamentares do PSOL e do PDT entraram com uma ação no Supremo Tribunal Federal pedindo que Bolsonaro seja investigado pela divulgação da informação falsa. No documento, eles afirmam que a declaração, além de um ato criminoso, e um absoluto desrespeito com o país e com as famílias que estão em luto.

O senador Alessandro Vieira, do Cidadania, considera que o presidente cometeu um crime flagrante de informação falsa e pediu que a CPI da Covid apoie a inclusão da declaração no presidente no inquérito das fake news.

“É gravíssimo o presidente da República, por qualquer forma, tentar atrapalhar o processo de vacinação dos brasileiros. Bolsonaro faz isso há muito tempo. A última delas é um absurdo, um atentado, tentar atribuir à vacinação a possibilidade de adquirir alguma doença como a Aids. É preciso que o Judiciário e o próprio Congresso se posicione, porque um presidente da República não pode ser tratado como uma criança irresponsável”, disse.

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros, disse que vai incluir o caso no relatório final, que será votado nesta terça-feira (26).

“Essa declaração do presidente da República só agrava a sua circunstância na investigação da CPI. Nós estamos fazendo esse registro no relatório ainda em tempo e estamos encaminhando uma cautelar ao STF pedindo o definitivo banimento dele das redes sociais”, afirmou.

Em entrevista à GloboNews, o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues, da Rede, reiterou que é necessário banir Bolsonaro das redes sociais, como já aconteceu com o ex-presidente americano Donald Trump,

“Faremos dois pedidos. O primeiro deles, para que o senhor presidente da República se retrate em uma mesma live, nos mesmos canais das redes sociais, pela mentira que propagou, sob pena de receber uma alta multa diária. Esta será a primeira requisição. A segunda: que o senhor ministro Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito das fake news, avalie a possibilidade da suspensão por tempo determinado ou indeterminado do senhor Jair Bolsonaro de todas as redes sociais ou até complementarmente a possibilidade de banimento”, disse.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, do Progressistas, disse que espera acelerar, na Câmara, a votação de uma legislação de combate às fake news. Ele foi questionado sobre a decisão do Facebook de tirar a declaração de Bolsonaro do ar.

“Se ele não tiver nenhuma base científica para isso, justamente vai pagar pela sua declaração. Espero que não tenha mesmo”, afirmou.

Além da área política, médicos e infectologistas criticaram a declaração de Bolsonaro. Eles ressaltaram a importância e a segurança da vacinação contra a Covid.

“É inequívoco o benefício das vacinas no que diz respeito à prevenção de mortes, no que diz respeito à prevenção de hospitalizações, e é também inequívoco o papel que as vacinas tiveram nesse momento epidemiológico que a gente vive. O Brasil nunca, vamos dizer nesse passado recente, teve taxas tão controladas de mortes e hospitalizações como temos nesse momento. E um dos principais pilares que permitiu que vivenciássemos esse momento é exatamente o avançar da vacinação. Então, o que entendemos que é importante é compartilhar conhecimento e compartilhar informação correta. Fake news e informações mentirosas só prejudicam um cenário que já é dramático para a nossa população”, ressaltou o infectologista Marco Aurélio Sáfadi.

O Jornal Nacional procurou o Palácio do Planalto para comentar as decisões do Facebook e do YouTube, mas não teve resposta.

Na noite desta segunda, o ministro Luís Roberto Barroso, relator da ação do PSOL e do PDT no Supremo, enviou para a Procuradoria-Geral da República o pedido de investigação contra Bolsonaro.

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