“Em vez de oxigênio, o governo [federal] enviou cloroquina e deixou centenas morrerem asfixiados. Mortes que precisam de Justiça”, cobrou a senadora (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
A líder do bloco parlamentar Senado Independente, Eliziane Gama (Cidadania-MA), afirmou que governo do Amazonas e o Ministério da Saúde foram cúmplices na desastrosa gestão da crise da pandemia de Covid-19 no estado, e classificou de ‘angústia revoltante’ a declaração do ex-secretário de Sáude estadual, Marcellus Campêlo, à CPI da Pandemia, nesta terça-feira (15), de que só faltou oxigênio dois dias no Amazonas no auge da crise sanitária no início do ano.
“O senhor faz a gente trazer uma certa angústia revoltante. Sinceramente, é revoltante ouvir do senhor que não tinha, que só faltou oxigênio em dois dias no Amazonas. Isso é criminoso, é terrível, é inaceitável, é desumano. É lamentável o que estamos ouvindo nesta comissão”, reagiu a senadora após a insistência de Campêlo que só faltou oxigênio nos dias 14 e 15 de janeiro em Manaus.
“Temos as imagens, não subestime a CPI, é revoltante”, concluiu a parlamentar.
Eliziane Gama rebateu Campêlo lembrando que do dia 6 ao dia 20 de janeiro morreram 2.349 pessoas no Amazonas e disse que nem o fato do governo do Amazonas ser aliado do governo federal foi suficiente para salvar vidas.
“Em vez de oxigênio, o governo enviou cloroquina e deixou centenas morrerem asfixiados. Mortes que precisam de Justiça”, disse a senadora.
O alinhamento entre dois governos, para a parlamentar, teve como resultado o lançamento do TrateCov, o envio de 120 mil comprimidos de cloroquina ao estado, a falta de oxigênio, a rejeição da ajuda dos Estados Unidos para o transporte de oxigênio e a falta de comunicação sobre o colapso de saúde no Amazonas.
“O senhor não pediu oxigênio mas pediu cloroquina?”, questionou Eliziane Gama.
“Estávamos com estoque zerado do medicamento, que também é usado para lupus e malária [contra as quais o remédio tem eficácia]”, disse Campêlo.
Em questão de ordem após sua intervenção, a senadora Eliziane Gama mostrou um documento de 4 de janeiro de 2021, divulgado pela revista Crusoé, em que o governo do Amazonas solicita 60 mil comprimidos por mês de hidroxicloroquina para enfrentamento à Covid-19, contrariando a declaração do ex-secretário da Saúde de Manaus.