Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (10/06/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Inflação tem a maior alta para maio em 25 anos
Bolsonaro atuou por empresas em ligação com premiê da Índia
Pai de auditor do TCU foi colega de Bolsonaro
Vacina é ‘experimental’, diz o presidente
MPF denuncia Filipe Martins por gesto racista no Senado
‘Minha filha foi recebida a tiros’
Mulher é morta em bar de Copacabana
Em diplomacia da vacina, Biden compra 500 milhões de doses para doar a países
OMS inclui velhice em lista de doenças, e especialista criticam
‘João Gilberto eterno’ nos dois lados do mundo
Compra leva Gol a liderar os slots em Congonhas
Castillo se diz vencedor no Peru, mas Keiko vai recorrer
Fernández: ‘Brasileiros saíram da selva’

O Estado de S. Paulo

Voto impresso tem maioria para passar em comissão na Câmara
Analistas veem inflação disseminada e duradoura
STJ reativa condenações por massacre do Carandiru
TCU afasta autor de relatório citado por Bolsonaro
Casos de covid em SP crescem 35% em uma semana
Uma usina termossolar. No meio do deserto
Partidos desistem de ações contra ‘tratoraço’
Fernández diz que brasileiro veio da selva e se desculpa

Folha de S. Paulo

Brasileiros vieram da selva, diz presidente da Argentina
De Eduardo Bolsonaro ao PT, frase é vista como racista e bajuladora
STF restabelece condenações por massacre do Carandiru
IPCA sobe 0,83%, maior alta em maio em 25 anos
Negra, Kathlen foi vítima da violência que temia no Rio
Loja é criticada por usar funcionária morta em ação de marketing
SP antecipa calendário de vacinação em 15 dias
Anvisa autoriza testes clínicos da Butanvac
Enchente provoca estragos em cidades de Santa Catarina
Alto-Comando do Exército apoia ‘PEC do Pazuello’
Em GO, Bolsonaro desinforma sobre vacina e óbitos
TCU afasta auditor e pede investigação da PF
Dez capitais têm lotação acima de 90% nas UTIs
Castillo se declara vencedor, mas Peru adia validação

Valor Econômico

Com pressões disseminadas, IPCA supera 8% em 12 meses
Eletrobras deve obter R$ 25 bi, afirma Limp
Credores se opõem a sócias da Samarco
Abertura dos portos
Os setores da economia que mais sofrem
UE prevê criar taxa de carbono para importações
G-7 planeja doar 1 bilhão de vacinas
Conselhos se abrem aos jovens
Farmacêuticas preparam mais ofertas de ações

EDITORIAIS

O Globo

A rede de mentiras e desinformação no Palácio do Planalto

Enquanto esteve no ar, o “Bolsonaronews” veiculou elegias à cloroquina e alvejou os principais opositores do presidente

Para informações que incomodam, todo governo quer impor sigilo. Não é outro o motivo que levou o Exército a decretar cem anos de segredo ao processo administrativo aberto contra o ex-ministro e general da ativa Eduardo Pazuello, por ter participado de manifestação política ao lado do presidente Jair Bolsonaro. O mesmo prazo secular foi imposto pelo Palácio do Planalto em instâncias prosaicas, como a carteira de vacinação de Bolsonaro, ou bem mais relevantes, caso da identidade dos servidores que acessam perfis oficiais nas redes sociais.

Foi decisiva, para entender a comunicação digital do Planalto, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que levantou o sigilo sobre o inquérito que apura a participação de políticos em atos antidemocráticos. Moraes destampou um bueiro que já exala um odor nada agradável, que todas as evidências revelam emanar do Planalto. O relatório produzido pela Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito ainda deverá ser esmiuçado, mas o que já se descobriu é suficiente para comprovar o envolvimento de expoentes do bolsonarismo em episódios para lá de suspeitos.

Os policiais partiram da análise técnica do Digital Forensic Research Lab (DFRLab), vinculado ao americano Atlantic Council, que documentou o uso das redes sociais bolsonaristas para disseminar desinformação. De acordo com reportagem do GLOBO, o assessor presidencial Tercio Arnaud Tomaz é apontado pela PF como chefe do “gabinete do ódio”, que comandava a publicação de conteúdos fraudulentos sobre a Covid-19 e desferia ataques a políticos rivais e ex-aliados de Bolsonaro. Tomaz operava, de dentro do Planalto e até do condomínio onde mora a família Bolsonaro, um perfil com 492 mil seguidores no Facebook e mais de 11 mil no Instagram, com um nome autoexplicativo: “Bolsonaronews”.

Enquanto esteve no ar, o “Bolsonaronews” veiculou elegias à cloroquina e alvejou os principais opositores de Bolsonaro: o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ex-ministros Sergio Moro e Henrique Mandetta, o ex-governador Wilson Witzel e o deputado Rodrigo Maia (RJ), ainda presidente da Câmara. Partiram de órgãos públicos, segundo a polícia, acessos a páginas de desinformação operadas por assessores do senador Flávio Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Noutro trecho, o relatório vincula a um assessor da deputada federal bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF) o acampamento de ativistas radicais que organizaram a manifestação de mascarados que marcharam contra o Supremo carregando tochas no ano passado. Também associa um funcionário do Ministério dos Direitos Humanos ao aluguel de equipamentos usados num protesto diante do Quartel- General do Exército em favor de um golpe militar.

Apesar de todas essas evidências, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao STF o arquivamento do caso, sob a alegação esdrúxula de que a PF desviou o foco da investigação e não comprovou o envolvimento de parlamentares. A atitude de Aras não tem o menor cabimento. As provas exigem, de alguém digno do cargo, no mínimo um pedido de aprofundamento das investigações. A despeito da complacência de Aras, Moraes faria bem em levar o inquérito até o fim para desvendar a origem da rede de mentiras e desinformação que tomou conta dos escalões mais altos da República.

O Estado de S. Paulo

Risco de estouro da inflação

Chegou-se em maio a um recorde nada festivo, especialmente num país com mais de 14 milhões de desempregados

Garantir comida, moradia e demais condições básicas de sobrevivência é uma tarefa cada vez mais complicada para os brasileiros, com a disparada dos preços. A inflação de maio, 0,83%, foi a maior para o mês em 25 anos. Chegou-se a um recorde nada festivo, especialmente num país com mais de 14 milhões de desempregados. Muitas famílias têm dependido de ajuda para comer e o número de subnutridos volta a aumentar, num tenebroso retrocesso histórico. O quadro piora seguidamente. Já chegou a 8,06%, em 12 meses, a alta acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em abril havia chegado a 6,76%.

Nem os mais otimistas levam em conta, em suas previsões, a meta oficial de inflação, de 3,75%. O foco, agora, está num ponto bem mais alto, no limite de tolerância, de 5,25%, fixado para 2021. O estouro desse limite já é tido como quase certo. No mercado, a mediana das projeções já cravou 5,44% como resultado final deste ano.

Com mais de 8% em 12 meses, parece bem menos fantasmagórica a inflação de 2015, quando o IPCA subiu 10,67%. Foi uma das últimas façanhas do governo da presidente Dilma Rousseff. O Brasil saberá, dentro de dias, depois da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), se os diretores do Banco Central (BC) terão sangue-frio para manter a “normalização parcial” da taxa básica de juros. “Normalização parcial” foi a qualificação oficial dos últimos dois aumentos, cada um de 0,75 ponto porcentual. Mantido o padrão, a taxa será elevada para 4,25%.

O sangue-frio foi demonstrado, até a última reunião, com a tentativa de atender a dois objetivos: reagir à inflação crescente com um leve aperto monetário e, ao mesmo tempo, manter juros muito moderados para estimular a atividade. Economistas muito respeitados no mercado e na academia têm criticado a “normalização parcial”, sugerindo ações mais fortes para contenção da alta de preços. Isso permitirá, segundo argumentam, um avanço mais seguro, logo adiante, na reativação dos negócios.

O novo surto inflacionário é um fenômeno global. A inflação recuou quando a atividade foi derrubada pela crise pandêmica e retornou em seguida, mais forte, quando a economia reagiu. O Banco Mundial dá destaque a esse novo surto na edição de junho de suas Perspectivas Econômicas Globais. Segundo o relatório, a inflação média nos países emergentes e em desenvolvimento chegou a 3,5% em 2020 e a projeção para 2021 aponta 4,5%. Na maior parte dos países, o resultado anual ficará na meta ou na vizinhança.

O cenário brasileiro é obviamente mais preocupante. A alta de preços tem sido bem superior à média observada naquele grande grupo de países e, além disso, as projeções são bem piores. Alguns fatores têm sido observados em toda a parte: alta das cotações de alimentos e de minérios e desvalorização das moedas em relação ao dólar.

Mas quem segue o dia a dia do Brasil percebe logo algumas diferenças. A alta geral de preços tem sido maior e as projeções são piores, assim como o impacto do câmbio. Desde o ano passado, o real tem sido uma das duas ou três moedas mais desvalorizadas diante do dólar. Além disso, a instabilidade cambial tem claramente refletido as incertezas diante do quadro fiscal e reações negativas a palavras e decisões do presidente da República. A posição do câmbio seria muito diferente se estivesse associada apenas ao comércio exterior, à evolução do balanço de pagamentos, ao estoque de reservas e à excelente condição de solvência externa.

O IPCA subiu 3,22% em cinco meses. Atingirá rapidamente a meta anual de 3,75% e ficará muito difícil evitar o estouro do limite superior. O Copom terá de resolver se um aperto mais forte será justificável como forma de cumprir sua missão central, a defesa do poder de compra da moeda. Se um aumento maior de juros frear o crescimento, o desemprego, já muito alto, será ainda mais duradouro. Se a inflação continuar intensa, os desempregados e os pobres, de modo geral, serão os mais prejudicados. É permitido jogar cara ou coroa em reunião do Copom?

Folha de S. Paulo

Inquérito sem fim

Disputas e falta de objetividade ameaçam investigação sobre atos golpistas

Disputas e falta de objetividade ameaçam investigação sobre atos golpistasSão decepcionantes os resultados alcançados até agora pelo inquérito aberto para investigar os atos antidemocráticos organizados por seguidores do presidente Jair Bolsonaro em abril do ano passado.

Após mais de um ano desde que o mandatário foi à porta do quartel-general do Exército inflamar a turba golpista, que pedia o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, as apurações parecem longe de um desfecho.

Surgiram evidências de que aliados do presidente estiveram entre os articuladores e os financiadores das manifestações —e ainda apoiaram os tresloucados que pouco depois usaram fogos de artifício para tentar intimidar o STF.

Acumularam-se também indícios de envolvimento de nomes da cozinha do Palácio do Planalto com a ampla rede de militantes bolsonaristas que usa a internet para espalhar desinformação, difamar autoridades e fomentar descrédito nas instituições democráticas.

Dezenas de pessoas, incluindo 11 deputados federais, foram alvo de buscas e interrogatórios. Várias foram presas em caráter preventivo, e algumas até hoje estão submetidas a restrições para não atrapalhar as investigações.

Apesar de tudo isso, a Polícia Federal se diz incapaz de oferecer um retrato conclusivo sobre as ligações desses grupos com o círculo do presidente e pede mais tempo para desvendar os laços que unem os provocadores e as fontes de recursos que os sustentam.

A Procuradoria-Geral da República, que requisitou a abertura do inquérito no ano passado, quer encerrar as investigações sobre os congressistas envolvidos e transferir o restante do caso para instâncias inferiores da Justiça.

Na segunda-feira (7), com o levantamento do sigilo dos autos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF, foi possível constatar também que as autoridades desperdiçam tempo batendo cabeça em vez de cooperar.

A Procuradoria acusa a PF de atirar a esmo, abandonando linhas de investigação prioritárias para perseguir outras hipóteses sem chegar a lugar nenhum —mas levou ela mesmo cinco meses para examinar o material colhido pela polícia e chegar a esse diagnóstico.

Dado o alinhamento do procurador-geral, Augusto Aras, com os interesses de Bolsonaro, que deve renovar seu mandato em breve, é de se imaginar se a Procuradoria quer mesmo investigar alguma coisa ou trabalha apenas para desacreditar o trabalho da PF.

Caberá ao ministro Alexandre de Moraes decidir o futuro do inquérito. Se cumpre reconhecer que resposta das instituições serviu para conter o surto autoritário do ano passado, resta identificar e punir os eventuais responsáveis.

Valor Econômico

Abertura enfrenta obstáculos poderosos no Mercosul

A proposta de negociações individuais com países fora do bloco significaria o fim da união aduaneira

Em três décadas de existência, o Mercosul esteve diversas vezes à beira da ruptura, que nunca se consumou. O capítulo de tensões atual, que envolve dois presidentes politicamente inconciliáveis, como raramente foram no bloco – Jair Bolsonaro e Alberto Fernández -, deve ter o mesmo fim. A proposta do governo brasileiro, de cortar a Tarifa Externa Comum em duas rodadas de 10%, agora e no fim do ano, desagradou Fernández, que contrapropôs um corte de percentual semelhante apenas sobre bens intermediários. Brasil e Uruguai querem negociar acordos em separado com terceiros países, o que não é do agrado nem dos argentinos nem do Paraguai.

O candidato e depois presidente Alberto Fernández atravessou a fronteira política para defender o ex-presidente Lula, então na prisão. O presidente Bolsonaro declarou em plena campanha eleitoral argentina que torcia pela vitória do rival Mauricio Macri à “esquerdalha de Cristina Kirchner”.

O duelo prossegue. O ministro da Economia, Paulo Guedes, que pressiona pela aceitação das propostas brasileiras, disse que “o Mercosul nos aprisionou”, o que para ele é um erro que precisa de urgente correção. O embaixador argentino Daniel Scioli procurou os ex-presidentes Fernando Henrique, Lula e José Sarney buscando defesa das posições argentinas. Em mensagem pública, Lula e Fernando Henrique foram contra as propostas do governo brasileiro.

A iminência de rompimento do bloco tem mais chances de prosperar quando há uma sensação pervasiva de impasse e estagnação, como é o caso agora. No passado, as tensões foram amortecidas pela conciliação, sem que os problemas que as motivaram fossem resolvidos de fato. Os governos dos Kirchner, do qual o de Alberto Fernández é em boa medida uma continuação, foram fortemente protecionistas e criaram uma série de barreiras comerciais a produtos brasileiros, que auxiliaram o avanço da China no mercado vizinho.

O então presidente Lula, e depois a presidente Dilma Rousseff, foram condescendentes com essas violações do espírito do bloco, assim como com os desmandos autoritários dos governos venezuelanos, de Chávez a Maduro. O governo de Bolsonaro, direitista, não pretende apaziguar divergências e é estridente com Buenos Aires, o que tampouco resolve os problemas.

A realidade mostra que o Mercosul foi imensamente proveitoso aos quatro países, algo irrefutável nos primeiros anos do bloco, quando o comércio regional floresceu e a Argentina chegou a ser o segundo parceiro brasileiro no comércio global. A indústria automobilística, que puxou os volumes de comércio, se tornou integrada regionalmente, apesar da liberalização total de carros no bloco nunca ter prosperado.

A heterogeneidade dos países e a falta de interesses políticos e econômicos comuns deixaram no limbo as promessas do Tratado de Assunção, como o livre trânsito de mão de obra. As políticas econômicas jamais se aproximaram, com a Argentina flertando sucessivamente com o caos e o Brasil se frustrando com seus frequentes “voos de galinha”. A ascensão de Bolsonaro trouxe à tona a agenda da abertura da economia, essencial para o aumento da produtividade. Como ela não pode ser feita isoladamente, o Brasil agora quer cortar tarifas na TEC, cujas alíquotas médias estão entre as maiores do mundo. Com as duas reduções de 10%, a alíquota média cairia pouco mais de 2 pontos percentuais, de 11,7% para 9,5%.

A abertura é uma bandeira correta, mas o governo de Bolsonaro está mais acostumado a ultimatos do que a sérias negociações diplomáticas. Além disso, é digno de nota que a oposição que a abertura (modesta nos termos propostos) suscita no governo argentino é mais ou menos a mesma que desperta em industriais brasileiros. Grande parte dos empresários dos dois lados da fronteira reclamam de sérios empecilhos para uma concorrência justa com produtos estrangeiros -tributação, infraestrutura deficiente, má qualidade da mão de obra, insegurança jurídica etc. São obstáculos reais, mas eles reivindicam sua resolução a priori como condição para a abertura, motivo pelo qual ela nunca ocorreu.

A Argentina só aceitará corte de 10% em 75% das linhas tarifárias, referentes a bens intermediários. É possível algo além disso com negociações desprovidas de espírito belicoso. A proposta de negociações individuais com países fora do bloco significaria o fim da união aduaneira. Não será aceita e não há o mínimo entendimento político para que prospere.

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