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Acordo com UE pode entrar em vigor no Brasil antes do aval de todo o Mercosul

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Acordo com UE entrará em vigor com trâmite rápido

ELIANE OLIVEIRA E DANIEL GULLINO – O GLOBO

BRASÍLIA – O processo de abertura comercial previsto no acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE) não depende da aprovação de todos os parlamentos do bloco sul-americano para ser iniciado. O tratado passará a valer em cada país na medida em que for ratificado, individualmente, pelos legislativos dos sócios do Mercosul. Além disso, para evitar danos às indústrias e aos produtores agrícolas locais de ambas as partes, será possível a aplicação de salvaguardas bilaterais quando houver surto de importações de produtos que passarem a ser negociados sem tarifas ou barreiras entre os dois blocos.

Os detalhes fazem parte das últimas negociações para o texto final do acordo, anunciado na última sexta-feira. No primeiro caso, o mecanismo está “quase 100%” acertado com a UE, segundo fontes do governo brasileiro. Funcionaria da seguinte forma: se o Congresso brasileiro aprovar o acordo primeiro, este passará a valer no Brasil sem que seja necessário esperar pelo sinal verde dos congressistas de Paraguai, Argentina e Uruguai. Do lado europeu, basta o parlamento do bloco econômico dar o aval para que as regras passem a vigorar.

Essa flexibilidade, no entanto, só se aplica à parte econômica do acordo, que abrange a redução de tarifas, a eliminação de barreiras fitossanitárias e técnicas, a abertura de serviços, a solução de contenciosos, entre outros. As regras entrarão em vigor provisoriamente, assim que o Parlamento Europeu ratificar o tratado e os congressos do Mercosul forem aprovando o texto. Porém, para valer definitivamente, o acordo precisará do aval dos 28 parlamentos nacionais europeus.

MAIA PROMETE AGILIDADE

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro afirmou esperar que o Congresso brasileiro seja um dos primeiros a aprovar o acordo. Ao desembarcar em Brasília depois de participar de reunião do G-20 no Japão, ele disse que a expectativa é que o entendimento entre em vigor em dois ou três anos: — Missão cumprida. Atingimos todos os objetivos. N o meio do evento, houve a concretização (do acordo) do Mercosul. As informações que tenho são as melhores possíveis. Entra em vigor daqui a uns dois anos ou três, depende dos parlamentos. Vamos ver se o nosso aqui… Talvez seja um dos primeiros a aprovar. Espero.

Bolsonaro ainda defendeu a expansão das vendas de carne brasileira — um dos setores mais sensíveis ao acordo — e brincou dizendo que ofereceu um churrasco para autoridades japonesas porque o que comeu lá, com carne australiana, era “genérico”.

Se depender dos parlamentares, não haverá dificuldade para uma tramitação rápida e a aprovação do acordo, disse ao GLOBO ontem o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ): — Claro que, quando (o acordo) chegar à Câmara, vamos trabalhar para agilizar e criar um instrumento para andar mais rápido.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), também acredita na rápida aprovação do tratado de livre comércio. Trad afirmou que irá ao Parlamento do Mercosul, que tem sede no Uruguai, na segunda quinzena de julho, para defender essa celeridade junto aos demais sócios do bloco.

SALVAGUARDAS ESPECÍFICAS

A previsão de salvaguardas no acordo final foi um pedido do Brasil. Hoje, pelas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), quando há um surto de importações de determinado produto, o país prejudicado que comprovar danos à indústria local tem direito a aplicar sobretaxas ou limitar o ingresso do produto importado por meio de cota. Mas a restrição tem que ser adotada para todos os mercados fornecedores, sem distinção.

A adoção desse mecanismo no acordo entre o Mercosul e a União Europeia, destacaram técnicos que participaram das negociações, abre um precedente importante. A salvaguarda poderá ser aplicada apenas contra a outra parte do acordo comercial e não de forma generalizada.

Ou seja: se houver, por exemplo, um aumento expressivo de importação de autopeças da UE para o Brasil por causa do acesso facilitado ao Mercosul proporcionado pelo acordo, o país poderá limitar o ingresso de produtos apenas do bloco europeu. O mesmo poderá ser feito pelos europeus, que só concordaram com a medida se fossem incluídos os produtos agrícolas.(Colaborou Bruno Góes)

Movimentos promovem atos em 26 estados e no DF em apoio a Moro e à Lava Jato

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Movimentos como o Nas Ruas, Vem Pra Rua e o MBL (Brasil Livre) realizaram neste domingo (30) em várias cidades brasileiras manifestações de apoio à aprovação de mudanças nas regras para aposentadoria e do chamado pacote anticrime.

Os atos também serviram de defesa à Operação Lava Jato, com a qual o MPF (Ministério Público Federal) e a Polícia Federal investigam um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo políticos e empresários, e ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

Segundo os organizadores, os atos foram convocados em mais de 200 municípios e ocorreram em 26 estados e no Distrito Federal.

Rio de Janeiro

A manifestação pró-ministro Sergio Moro e em apoio às medidas econômicas do governo federal, convocada por vários movimentos da sociedade civil, levou milhares de pessoas à praia de Copacabana, zona sul da capital fluminense. Bandeiras gigantes nas cores verde e amarelo cobriram várias ruas de Copacabana a partir das 10h.

Os manifestantes se estenderam do Posto 5, na altura da Rua Sá Ferreira, até a Rua Barão de Ipanema, portando bandeiras do Brasil, faixas e cartazes onde se liam frases como “Nova Previdência Já”, “Para a Frente Brasil”, “Apoiamos as instituições íntegras” e “Se parar a Lava Jato, o Brasil Morre”.

Sete carros de som animavam as pessoas com convidados especiais e palavras de ordem.

Policiais militares acompanhavam de perto a manifestação para garantir a segurança dos participantes do evento.

Brasília

Na capital federal, os manifestantes se reuniram na Esplanada dos Ministérios. Com faixas, cartazes e discursos de apoio à Operação Lava Jato e ao ministro Sergio Moro, eles pediam o fortalecimento das ações de combate à corrupção e a aprovação do pacote anticrime – projeto que o governo federal enviou ao Congresso Nacional com proposta de mudanças em várias leis, visando a combater o crime organizado, a corrupção e os crimes violentos.

Os primeiros participantes começaram a chegar ao local de concentração, em frente ao Museu da República, por volta das 10h. Sob sol forte e acompanhado por quatro carros de som, o grupo aumentou à medida que marchava em direção ao Congresso Nacional. O público começou a dispersar-se pouco depois das 13h. A Polícia Militar não calculou o número de participantes.

Parlamentares como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara, Felipe Francischini (PSL-PR), e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Augusto Heleno, participaram do evento, discursando para o público.

São Paulo

Convocado pelos movimentos MBL e Vem Pra Rua, o ato foi realizado na avenida Paulista, em São Paulo, em defesa da Operação Lava Jato, da reforma da Previdência e do pacote anticrime do ministro Sergio Moro.

Quatro carros de som concentraram-se em três quarteirões da avenida. Um deles, com faixas “Direita São Paulo”, defendia a flexibilização na legislação para que cada cidadão possa ter sua arma de fogo.

Um carro de som do MBL exibia uma faixa em apoio à Lava Jato. O movimento Nas Ruas inflou um boneco gigante com a imagem de Moro ao lado de um carro de som.

Manifestantes de todas as idades, vestidos de verde e amarelo, com bandeiras do Brasil, cartazes e faixas em defesa de Moro, se misturaram a quem passava pela avenida.

Houve confusão entre participantes. Segundo o MBL, membros do movimento Direita São Paulo chegaram em frente ao caminhão do movimento, agredindo ativistas no meio de famílias e crianças, e foram detidos pela polícia.

Outras capitais

Em Porto Alegre, a manifestação foi realizada sob forte chuva por volta as 15h30 na Avenida Goethe, ao lado do Parque Moinhos de Vento, na Região Central de Porto Alegre. Convocado pelo MBL, o ato tinha pautas a favor da reforma da Previdência, do pacote anticrime e também em apoio ao ministro Sergio Moro e à Operação Lava Jato.

Em Curitiba, o ato foi realizado na Boca Maldita, no centro da cidade. Os manifestantes vestidos de camisas verde-amarelas se reuniram em torno de um carro de som por volta das 15h.

No Recife, os atos começaram às 14h, no bairro de Boa Viagem, zona sul da capital pernambucana. Os atos foram realizados em apoio a Moro e à Lava Jato. Acompanhados por dois trios elétricos, os manifestantes cantaram o hino nacional e carregavam bandeiras do Brasil. (Agência Brasil)

Política Democrática online lança novo projeto gráfico e destaca análise sobre reforma da Previdência

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Com design mais moderno e interativo, revista da FAP busca melhoria da qualidade de conteúdo oferecido ao público de graça

Comprometida com a melhoria da qualidade de seu trabalho disponibilizado ao público gratuitamente, a FAP (Fundação Astrojildo Pereira) lançou a oitava edição da revista Política Democrática online (veja aqui). Neste mês, a publicação estreia o seu novo projeto gráfico – mais moderno e interativo com o propósito de valorizar o design de imagens e textos –, destacando entrevista com o economista Marcos Lisboa, do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa). Para ele a proposta da reforma da Previdência é importante para estancar a sangria, mas, conforme avalia, não gerará economia nem alívio fiscal.

Com design mais arrojado e harmônico, o novo projeto gráfico da Política Democrática online representa um marco da evolução da sua qualidade em todos os formatos de conteúdo. Visualmente, o leitor já perceberá nítida diferença no uso de cores e outros elementos gráficos que poderão tornar a leitura mais leve e equilibrada. De acordo com a direção da FAP, a revista continuará oferecendo conteúdo e altíssima qualidade ao público, principalmente com análises do contexto político brasileiro e em defesa de garantia de direitos, além de uma grande reportagem especial sobre assunto atual, relevante e de interesse público.

Na entrevista, que é destaque desta edição, o economista e presidente do Insper analisa que, na situação conjuntural e estrutural em que a economia brasileira se encontra hoje, o crescimento potencial cairá para algo em torno de 1%. No entanto, ele não se considera o “pessimista de plantão” e diz que que “alguns setores viveram um otimismo que desconsiderava a falta de uma agenda organizada”.

Minha Casa, Minha Vida

Os dez anos de lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, é tema da reportagem especial desta edição. Com o título “Sonho da casa própria transforma vida de famílias endividadas em pesadelo”, a reportagem detalha como os brasileiros que recorreram ao financiamento da moradia têm de encontrar alternativas em meio à crise econômica que assola o País.

Desde o seu lançamento, o Minha Casa, Minha Vida serviu como base de financiamento de R$ 263,6 bilhões até maio deste ano, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento Regional. Apenas no ano passado, o valor financiado foi de R$ 39,2 bilhões, o que equivale a 15% do total da série histórica. A pasta passou a controlar neste ano a divulgação de dados sobre o programa com financiamentos da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil e não repassou informações sobre inadimplentes, segundo a reportagem.

Governo Bolsonaro

Já o editorial, que leva o título “A estratégia do desmonte e as trincheiras da resistência”, aponta que a agenda governamental mostrou duas faces diferentes, em cinco meses do governo do presidente Jair Bolsonaro.

“Há, de um lado, uma agenda econômica, com suas reformas, que padece, até agora, da incompetência política do governo. De outro lado, uma agenda retrógrada que tem por objetivo declarado o retorno a um passado não muito distante, nos campos do meio ambiente, da mobilidade urbana, dos costumes, além da sustentação e fortalecimento das hierarquias de gênero, classe e raça”, diz um trecho.

A edição também contempla uma charge do ilustrador JCaesar e outros oito artigos sobre meio ambiente e agronegócio, diplomacia mundial, literatura. Dirigida por André Amado e editada por Paulo Jacinto, a revista também tem, em seu conselho editorial, os seguintes nomes: Alberto Aggio, Caetano Araújo, Francisco Almeida, Luiz Sérgio Henriques e Maria Alice Resende de Carvalho. (Assessoria FAP/Cleomar Almeida)

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (01/07/2019)

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MANCHETES

O Globo

Mais de 80 cidades têm atos em apoio à Lava-Jato
Acordo com UE entrará em vigor com trâmite rápido
Anvisa acelera liberação de agrotóxicos no país
Em 25 operações no Rio, R$ 1,7 bi apreendido
Chacina deixa quatro mortos na Baixada
Passo histórico na Coreia do Norte

O Estado de S. Paulo

Atos em favor de Moro fazem críticas ao STF e ao Congresso
Governo institui ponto eletrônico de servidor
Ex-presidente da Funai ataca ruralistas
Presidente da Caixa defende ação social
Crescem no País as escolas internacionais
Um passo para a história

Folha de S. Paulo

Bolsonaro contraria mote de campanha e pratica ‘toma lá dá cá’
Atos a favor da Lava Jato miram STF e Congresso
Discurso raivoso predomina na avenida Paulista
Juro baixo afeta o planejamento de investidores
Preço do gás natural para a indústria é o mais alto desde 2012
Trump é o 1º a pisar na Coreia do Norte

Valor Econômico

Susep facilita comparação entre planos de previdência
Bancos centrais já preparam moedas digitais
CVM investiga investimento ‘clandestino’ e ‘pirâmides’
20 anos de lições
Acordo UE-Mercosul já causa polêmicas
Toffoli atuou para atenuar crise política
Maioria das cidades criou vagas formais
Janot cria seu escritório de advocacia
Construtoras perdem 85% da receita

EDITORIAIS

O Globo

Falta apurar quem comandou desastre no crédito externo

De 2003 a 2015, governos Lula e Dilma usaram BNDES para emprestar dinheiro a países “amigos

Há 60 meses a Operação Lava-Jato expõe o sistema de subornos construído por cartéis privados em parceria com agentes públicos para fraudar contratos com o governo, empresas como Petrobras, Eletrobras, Caixa, BNDES, BB e os seus fundos de pensão.

No entanto, até agora quase nada se conhece sobre o processo de decisões no Palácio do Planalto e nos ministérios que alavancou a concessão de créditos a governos estrangeiros por razões essencialmente políticas — em condições extraordinárias e com garantias do Tesouro brasileiro.

É uma lacuna ainda aberta nas investigações sobre os danos ao setor público causados pela influência político-partidária em contratos feitos na última década e meia.

É preciso apurar os motivos e os resultados efetivos da política de subsídios a negócios investigados por corrupção na América Latina e na África. De 2003 a 2015, os governos Lula e Dilma usaram o BNDES para emprestar dinheiro a países “amigos”, como Venezuela, Cuba, Angola e Moçambique. Multiplicaram-se por dez os desembolsos anuais do banco, sempre com garantia do Tesouro. Somente para esses quatro países foram US$ 12,5 bilhões no período. Comparado ao movimento de empréstimos do BNDES nessa etapa (mais de 3% do Produto Interno Bruto), pode-se argumentar que tal volume de crédito é relativamente reduzido.

As implicações dessas operações, porém, são graves: para cada US$ 1 bilhão desembolsado aos “amigos” na América Latina e na África, tem-se cerca de US$ 400 milhões em inadimplência — debitada no Tesouro, a conta é paga pelos brasileiros.

Essa política não apenas se provou insustentável como, também, abalou a imagem do BNDES, vítima da falta de zelo com a própria independência institucional: aceitou passivamente ordens para dar créditos de US$ 5,7 bilhões a governantes da Venezuela, de Cuba, Angola e Moçambique, e acabou enredado em investigações policiais, devassas dos órgãos de controle e sucessivas comissões parlamentares de inquérito —há uma nova na Câmara.

O foco no BNDES lança luz sobre alguns negócios, mas mantém na escuridão o processo de decisões e os responsáveis por essa política de favores no período entre 2003 e 2015.

Um exemplo é o socorro de US$ 4,9 bilhões a Cuba, equivalente a 10% do PIB do país na época. Foi aprovado em fevereiro de 2010 pelo conselho de ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex), organismo da Casa Civil da Presidência.

Outro caso é o da chancela ao crédito para a obra de um porto no Caribe com lastro (parcial) na venda de charutos cubanos. Não houve estudos prévios de viabilidade ou justificativa jurídica, comprovou o TCU, e sobram evidências de manipulação dos critérios bancários.

Falta apurar, esclarecer e responsabilizar toda a cadeia de comando desse desastre bilionário.

O Globo

Desafio do governo do Panamá é limpar o seu sistema financeiro

País recebeu sanção e foi colocado na lista dos que não cooperam com prevenção à lavagem de dinheiro

O Panamá foi punido pelo Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (Gafi/FATF).

Pouco conhecida, e muito eficaz, essa organização intergovernamental formula políticas de cooperação na prevenção e repressão à corrupção, lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e no confisco dos lucros de atividades criminosas.

Na semana passada o grupo decidiu sancionar o Panamá, transferindo-o para a lista de países relutantes na prevenção à lavagem de capitais.

Concebido no início do século passado pelo maior banqueiro de Wall Street, J.P. Morgan, que atuou como tesoureiro do país na primeira década de sua independência, o Panamá mantém um sistema financeiro pu-jante, mas percebido como o último grande reduto latino para ocultação de lucros de origem duvidosa. Escândalos se sucedem, como o da banca de advocacia Mossack Fonseca, célebre nos “Panama Papers”, e o do propinoduto da Odebrecht.

Os “Panama Papers” mostraram como aliados do presidente russo Vladimir Putin, o presidente chinês Xi Jinping, o líder ucraniano Petro Poroshenko e o ex-premiê britânico David Cameron, usavam offshores panamenhas para driblar o fisco.

A Odebrecht foi além. Manteve um grupo de “laranjas” locais para lavar recursos obtidos em obras no país, como também usou o Panamá como uma espécie de canal para trânsito de parte do dinheiro que distribuía como suborno a políticos de 13 países, inclusive do Brasil.

As mais recentes revelações sobre os pagamentos ilegais da Odebrecht mostram, por exemplo, que a empreiteira brasileira pagou mais de US$ 18 milhões em propinas a políticos panamenhos para conseguir contratos de construção de linhas do metrô da Cidade do Panamá. Em outro caso, usou o sistema financeiro do país para ocultar a distribuição de mais de US$ 34 milhões a representantes do governo da Venezuela para obter contratos de uma linha (n° 5) do metrô de Caracas.

Sanções do Gafi/FATF deixam o país classificado como “não cooperante”, exposto à desconfiança de todo o sistema financeiro internacional. O Panamá agora tem um ano para se ajustar, ou corre o risco de passar da “lista cinza” à outra, onde se destacam nações como Etiópia, Iraque e Síria.

Como o setor bancário e de seguros é o motor da economia panamenha, o governo de Laurentino Cortizo tem na limpeza de imagem do sistema financeiro o seu principal e mais imediato desafio político.

O Estado de S. Paulo

As razões das críticas

Este jornal, como reiterado no editorial A serventia da imprensa, publicado ontem, não renunciará jamais a seu papel de crítico de governos que se desviam dos princípios da boa administração e desrespeitam as instituições democráticas. Para o Estado, não há argumento que justifique qualquer complacência com chefes de governo cujas decisões agridam o bom senso – sem falar das leis – e causem prejuízos ao País. Não se espere, portanto, que o Estado venha a contrariar seu histórico compromisso com os valores liberais, republicanos e democráticos e, em nome de sabe-se lá quais imperativos ideológicos e moralistas, condescenda com governos que afrontem tudo o que é mais caro a uma sociedade que se pretende civilizada.

A crítica pública será necessária sempre que um presidente demonstrar descaso pelos preceitos republicanos, por mais comezinhos que sejam, ainda que se alegue ser este o preço a pagar para impedir o “mal maior” – seja o “petismo”, o “comunismo” ou outro fantasma qualquer.

Quando um governo comete agressões sistemáticas à Constituição, que o presidente da República jura respeitar quando toma posse, deve-se deixar claro que se trata de uma atitude inaceitável. A qualidade da democracia sofre considerável degradação quando um presidente, por exemplo, se julga no direito de editar medidas provisórias e decretos que desrespeitam de maneira cristalina diversos dispositivos constitucionais. Ademais, tal atitude inconsequente tende a causar natural reação dos demais Poderes, com vista a restabelecer a normalidade institucional ferida pelo voluntarismo presidencial, e isso consome precioso tempo e esforço de autoridades que deveriam estar totalmente dedicadas a resolver os gravíssimos problemas nacionais.

Essa mobilização inútil de energias indica ominoso pouco-caso com as instituições. Tal quadro agrava-se quando se alega articular supostos pactos entre os Poderes, mas, na verdade, o que de fato se pretende é submeter as instituições às veleidades de um grupo. Não é assim que a democracia representativa funciona.

Também não se pode silenciar diante da tentativa sistemática de desmoralizar a política e o Congresso, pilares da democracia representativa, com o indisfarçável intuito de governar por decreto, dispensando-se a negociação democrática. É certo que os políticos colaboraram para a deterioração da imagem de sua atividade, depois que vários deles, muitos em posição de destaque, entregaram-se à mais desbragada corrupção nos últimos anos. Mas nada disso justifica a presunção de que basta estar do “lado certo” – isto é, o do Executivo, suposto campeão da pureza de propósitos contra os vilões corruptos – para que sua vontade seja convertida em lei.

Além disso, não se pode fechar os olhos quando a necessária impessoalidade no exercício do poder, demanda de qualquer democracia digna do nome, perde espaço para as relações familiares e de amizade, tornando as decisões emanadas desse núcleo tão imprevisíveis como desastradas. Esses obscuros critérios de governança acabam por permitir que o governo seja tomado por tipos exóticos e aduladores ansiosos para dar sentido a decisões destrambelhadas e desimportantes, tomadas ao sabor de conveniências inalcançáveis para os cidadãos.

Enquanto isso, a tramitação de reformas cruciais, como a da Previdência – que poderia estar mais adiantada se o governo tivesse aproveitado o projeto que estava em tramitação –, ressente- se da ausência de um norte político, em meio a questiúnculas ideológicas. Não fosse sua resistência a tudo o que lhe antecedeu, o atual governo também poderia ter aproveitado projetos deixados pela gestão anterior para estimular a retomada do crescimento. Não o fez porque está mais empenhado em fazer tábula rasa do passado – e assim fazer-se notar por suas virtudes messiânicas.

Isso resulta da percepção equivocada de que a maioria do eleitorado queria uma liderança que livrasse o País do “comunismo”, luta exótica em nome da qual parece valer tudo. Na verdade, os eleitores manifestaram nas urnas um sonoro protesto contra a politicagem que condenou muitos brasileiros à miséria e o País ao atraso crônico, de modo que resta ao governo trabalhar para reverter esse quadro, em vez de agravá-lo com bravatas, confusões e ilegalidades. Disso, afinal, depende a estabilidade do País.

O Estado de S. Paulo

Perspectivas para aposentadoria

Em todo o mundo os sistemas previdenciários enfrentam o problema da longevidade da população. A esse respeito, o Fórum Econômico Mundial vem publicando uma série de estudos. O primeiro explorou os sistemas vigentes e mensurou a sua defasagem ante as mudanças demográficas. O segundo definiu três princípios para o progresso rumo a uma maior inclusão e segurança social: expandir a cobertura a mais indivíduos; utilizar a tecnologia para otimizar a rentabilidade dos fundos de pensão; e estruturar os sistemas previdenciários para prover incentivos que atraiam mais participação. O terceiro estudo, recém-publicado, foca em recomendações para gestores públicos e privados e seus investidores e beneficiários.

O Fórum tomou por amostragem oito países que têm alguns dos maiores mercados de poupança ou estão entre os mais populosos – EUA, China, Índia, Grã-Bretanha, Canadá, Austrália, Japão e Holanda. Em 2015, o desequilíbrio atuarial nos planos de pensão destes países somados estava na casa dos US$ 70 trilhões. Estima- se que em 2050 chegará a US$ 400 trilhões. Além dessa lacuna crescente, os planos de benefício definido, com base no Estado ou no empregador, estão sob pressão em todo o mundo. Cada vez mais pesa sobre cada indivíduo a responsabilidade de planejar a sua aposentadoria. Por conseguinte, tornam-se cada dia mais proeminentes os planos de contribuição definida, ou seja, aqueles nos quais as contribuições do empregado e do empregador são predeterminadas, mas o benefício a ser pago é variável.

Nos planos de contribuição definida os trabalhadores escolhem entre diversas estratégias ou fundos (em geral disponibilizados pelo empregador). Isso implica um equilíbrio entre ativos de risco e ativos defensivos. “Nós apoiamos a ideia”, diz o Fórum, “de assumir mais investimentos de risco mais cedo, quando a capacidade de ganho pode ser desenvolvida mais flexivelmente e o potencial impacto das oscilações do mercado pode ser mitigado com o tempo.” Com efeito, nos países ocidentais, como EUA, Grã-Bretanha, Holanda e Canadá, as carteiras dos beneficiários entre os 40 e 50 anos são, em média, mais expostas a ações de risco, na ordem de 80% a 90%.

Mas, além do período de acumulação, um plano de aposentadoria deve levar em conta o período de “desacumulação”, quando o indivíduo começa a usar o dinheiro de suas economias. Há, nesse campo, um “trilema” entre a renda, a expectativa de vida e a estratégia de investimento. A projeção da renda envolve a distinção entre as despesas essenciais e as despesas extras. Além disso, é preciso sopesar as possibilidades de uma vida curta e uma vida longa. Ante essas variáveis, a estratégia de investimento deve calcular os riscos envolvidos.

Isso levou o Fórum a estabelecer uma tríade para nortear os planos de aposentadoria: adequação, flexibilidade e sustentabilidade. “Uma aposentadoria bem-sucedida provê uma pessoa com adequação (a satisfação das necessidades do aposentado), sustentabilidade (quando o risco de viver além das suas economias é baixo) e flexibilidade (que permite aos indivíduos responder aos eventos da vida).” Os riscos mais iminentes – choques financeiros, inflação e sobretudo longevidade – podem ser mitigados por meio de produtos financeiros como seguros ou fundos de renda fixa.

No caso do Brasil, que atravessa um momento crítico de reformas, é importante ter claro que o sistema tradicional de seguridade social é uma conquista fundamental e, se ajustado, será uma base sólida para os indivíduos construírem sua aposentadoria. Mas a análise global deixa claro que, na melhor das hipóteses, o sistema será só isso: uma base sólida. O restante da arquitetura financeira que abrigará a velhice de cada um será cada vez mais uma construção de sua responsabilidade, erguida através das ofertas do mercado. Evidências e experiências concretas, como as levantadas pelo Fórum, são extremamente valiosas, tanto para os que estão encarregados de regular este mercado quanto para aqueles empenhados em abastecê-lo.

O Estado de S. Paulo

A qualidade do debate político

Os norte-americanos estão profundamente insatisfeitos com a qualidade do debate político no seu país, revela o Pew Research Center. Para muitos deles as próprias conversas sobre política tornaram-se experiências estressantes a ponto de preferirem evitá-las. Ainda que a pesquisa se refira especificamente aos Estados Unidos, ela traça um panorama de deterioração do debate político não muito distante do que se observa em outros países, entre eles, o Brasil.

Para a grande maioria dos entrevistados (85%), o tom e o conteúdo do debate político nos Estados Unidos tornaram-se mais negativos nos últimos anos. Apenas 3% consideram que o debate se tornou mais positivo. Para a maioria dos americanos (55%), Donald Trump contribuiu para essa piora do debate político no seu país. Apenas 24% dos entrevistados afirmaram que Trump melhorou o debate político e 20% disseram que ele teve pouca influência.

A pesquisa avaliou também os sentimentos despertados pelos comentários de Donald Trump: 76% afirmaram ficar preocupados; 70%, confusos; 69%, envergonhados; 67%, exaustos; e 54%, entretidos. Apenas 7% disseram que se sentiam felizes com os comentários do presidente e 10%, esperançosos. Diante desses números, a impressão é de que Donald Trump faz tais comentários precisamente para gerar esse tipo de reação.

O levantamento também mediu a percepção sobre as conversas cotidianas sobre política e outros assuntos sensíveis. Em geral, os entrevistados relataram que esses diálogos são frequentemente tensos e difíceis. Metade das pessoas afirmou que falar sobre política com quem tem opinião diferente é “estressante e frustrante”. Diante disso, os entrevistados relataram que preferem falar sobre clima, esportes e até mesmo religião com as pessoas que não conhecem muito bem a conversar sobre política.

Segundo o Pew Research Center, as pessoas que hoje em dia estão propensas a falar de política e a se envolver com política são aquelas que se sentem à vontade com conflitos interpessoais, inclusive para discutir com outras pessoas. É uma situação preocupante. A política passa a ser encarada como um tema especialmente sensível, que deve ficar restrito a um determinado tipo de pessoas. Numa democracia, deveria ocorrer precisamente o oposto – que ninguém se sentisse excluído ou incomodado para falar de política.

Outro dado, que pode ajudar a explicar os conflitos que surgem de conversas sobre política, é que as pessoas são mais exigentes com quem pensa diferente do que com quem pensa como elas. Majoritariamente, tanto democratas como republicanos disseram que os políticos eleitos devem tratar seus oponentes com respeito. Mas os números mudam sensivelmente quando se referem ao partido que não é o seu. Para 78% dos democratas, os políticos republicanos devem tratar os outros com respeito, mas apenas 47% disseram que as lideranças democratas devem tratar os republicanos com respeito. Fenômeno similar ocorreu entre os republicanos: 75% disseram que os democratas devem respeitar os oponentes, mas apenas 49% disseram que os políticos republicanos devem tratar os democratas com respeito.

Os resultados da enquete devem servir de alerta. A política tem sempre um caráter de antagonismo, mas esse natural enfrentamento não deve impedir o respeito e o diálogo. Recentemente, pesquisa do Instituto Ipsos revelou que um terço dos brasileiros (32%) considera que não vale a pena conversar com quem tem visão política diferente da sua. A diversidade de opiniões políticas é um importante ativo para a sociedade, sendo, assim, uma característica a ser cultivada, e não tolhida.

Para que o pluralismo seja realidade, o ambiente público deve estimular o diálogo aberto entre todos os cidadãos, das mais variadas correntes e opiniões. É urgente reverter essa tendência de restringir o debate de ideias políticas a círculos fechados e homogêneos. Não há democracia quando falar de política se torna um tabu.

Folha de S. Paulo

Enfim, um acordo

A partir do entendimento com a União Européia, Mercosul pode abandonar orientação protecionista; Bolsonaro colhe frutos do trabalho de antecessores

Depois de 20 anos de negociações, finalmente o Mercosul e a União Européia chegaram a um entendimento político para viabilizar o maior acordo de livre-comércio já obtido pelos dois blocos.

A área abrangida compreenderá 780 milhões de pessoas e 25% do Produto Interno Bruto mundial, com uma corrente de comércio de bens e serviços de aproximadamente US$ 138 bilhões. Alongo prazo serão eliminadas cerca de 91% das tarifas de lado a lado.

O acordo tem grande dimensão histórica. Tanto pelo longo tempo de gestação, que abrangeu quatro governos brasileiros, quanto por seu significado no contexto mundial atual de recrudescimento de pressões protecionistas.

Não parece exagero considerar que o Mercosul deu um passo decisivo para sua reorientação.

Tem agora sua melhor chance para se converter de mero espaço protecionista — uma união aduaneira que na prática dificultava acordos bilaterais — em plataforma de integração com o restante do mundo, com ganhos de produtividade e acesso a novos mercados.

O governo Jair Bolsonaro (PSL), que em declarações passadas desdenhou do bloco sul-americano, colhe agora os frutos de um penoso trabalho de antecessores — em particular, da gestão econômica liberal de Michel Temer (MDB).

Além da redução de tarifas, que no caso do Mercosul será significativa para bens industriais, sobretudo automóveis e peças, o acordo envolve um amplo conjunto de temas de natureza regulatória, compras governamentais, barreiras técnicas, propriedade intelectual e padrões sanitários.

Preveem-se um período de transição razoavelmente longo e salvaguardas de lado alado, de modo a regular importações e evitar mudanças abruptas que ameacem o equilíbrio econômico e social.

As tarifas incidentes sobre automóveis, por exemplo, cairão dos atuais 35% para zero em 15 anos, com sete anos de carência. Enquanto isso, haverá uma cota de importação de 50 mil carros.

O mesmo padrão se adota no caso da agricultura, do lado europeu. Vendas de carne bovina ficarão limitadas a 99 mil toneladas por ano com tarifa preferencial de 7,5%, embora uma vasta lista de produtos deverá ter acesso livre.

Também foram superadas as suspeitas de falta de compromisso com a proteção ambiental do lado brasileiro, o que vinha travando o entendimento nos últimos momentos. Na prática, o que é bem-vindo, o país se comprometeu em cumprir as normas do Acordo de Paris, tema a constar do texto.

Em outro aspecto importante, torna-se ainda mais urgente para o Brasil realizar reformas internas que possam alavancar a produtividade — caso do redesenho do sistema tributário.

A aplicação do acordo não é imediata. Haverá um período de revisão legal e ratificação pelos respectivos Legislativos, o que pode ainda trazer ruídos e atrasos. Mas o compromisso político está firmado e tudo sugere o início de uma nova fase de dinamismo para o comércio exterior brasileiro em seu segundo maior mercado.

Folha de S. Paulo

Alerta do sarampo

São Paulo contabilizava, até 18 de junho, 32 casos de sarampo, depois de cerca de quatro anos sem casos da grave doença na cidade.

O reaparecimento da enfermidade tem feito com que a prefeitura realize ações de bloqueio, quando são vacinadas pessoas nas áreas freqüentadas por pessoa que teve a doença. Está em curso também uma campanha de vacinação contra a doença na capital paulista.

Não é só a situação do sarampo que preocupa no país. Reportagem desta Folha mostrou que, das 8 principais vacinas recomendadas a bebês, 7 apresentam cobertura abaixo da meta, que vai de 90% a 95% do público-alvo.

Pouco se sabe sobre as razões para tal queda nos índices. Entre as teorias aventadas estão as dificuldades dos pais em levar os filhos aos postos de saúde no horário comercial; o próprio sucesso na erradicação das doenças, que leva a menor preocupação das famílias; até a influência de fake news sobre os falsos perigos das inoculações.

Sem informações sobre as causas do fenômeno, pouco poderá o governo fazer para melhorar o percentual de crianças e adultos com as vacinas em dia. Urge, pois, realizar pesquisas quantitativas e qualitativas com usuários do Sistema Único de Saúde sobre o tema.

Mas parece claro que há amplo espaço para melhorar a comunicação da parte do governo e da comunidade médica e científica sobre os benefícios da imunização.

No passado, havia menos vacinação, mas as campanhas eram amplamente divulgadas na TV, nos bairros e nos postos de saúde.

Hoje, multiplicou-se a complexidade do esquema vacinai: até os 2 anos de idade de uma criança, os pais terão que levá-la ao posto nada menos que nove vezes para tomar 12 vacinas diferentes. Sem orientação cuidadosa de um pediatra, o risco de erro ou atraso é grande.

Nos dias atuais muitos preferem se informar sobre os cuidados com as crianças por meio de vídeos na internet e grupos em redes sociais. Cabe ao governo e às entidades médicas estudar estratégias para fazer chegar também a esses meios informação clara sobre os perigos das doenças transmissíveis e sobre as benesses das vacinas.

Para a gestão Bolsonaro (PSL) em particular, não parece tarefa difícil.

Mulheres do Cidadania celebram acordo de cooperação com a juventude do partido

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No encerramento do 1º Encontro de Mulheres Jovens do Cidadania neste domingo (30), em Brasília, o núcleo de Mulheres M23 celebrou um acordo de cooperação (veja aqui) com o coletivo de juventude J23 por dois anos. O termo foi assinado pelas dirigentes Juliet Matos, secretária nacional do M23 e Indaiá Pacheco, da J23.

Raquel Dias (esq.), secretária do M23

Segundo Raquel Dias, organizadora do evento, integrante do M23 e do Igualdade 23, o acordo faz parte da estratégia de ação da Secretaria Nacional de Mulheres para o empoderamento feminino.

A dirigente disse que o desafio do acordo é dar voz às mulheres por meio de candidaturas femininas na eleição municipal de 2020, e fazer com que as participantes do encontro conquistem mais mulheres para a luta contra o preconceito e a consolidação de direitos.

“Queremos fazer valer o acordo para que de fato ele saia do papel e nos ajude a reforçar enquanto grupo social”, disse Raquel, ao agradecer a presença de representantes de mulheres jovens do partido de 15 estados no encontro.

Experiência Parlamentar

Integrantes do M23 durante o encontro

A deputada estadual do partido em Sergipe, Kitty Lima, e as vereadoras Jéssica Serra (Terra Roxa-PR) e Loreny Caetano Roberto (Taubaté-SP) falaram no encontro de suas experiências na política da atividade parlamentar. Elas relataram as participantes do encontro, em uma roda de conversar, suas experiências com a campanha eleitoral e as dificuldades partidárias e legais  para o exercício do mandato: preconceito, discriminação e machismo.

A secretária do M23, Tereza Vitale, disse que o núcleo está atento a questão do machismo nas instâncias partidárias e que o combate a essa prática dever ser enfrentadas por todas as mulheres do partido. “Nossa luta [contra o machismo] se dá no coletivo: uma fortalecerá a outra”, afirmou.

Redes e fake news

A última roda de conversa do evento foi sobre redes sociais e fake news, com o coordenador de Comunicação do Cidadania, Lairson Giesel, e a secretária do M23, Juliet Matos.  

Encontro foi encerrado neste domingo

Lairson abordou as mídias sociais e deu exemplos de como usá-las de forma responsável. Ele também defendeu que a tecnologia deve ser utilizada como ferramenta para combater a desinformação nas redes sociais. 

A fake news sobre os fatos de grande repercussão foi um dos temas abordados por Juliet. A dirigente chamou atenção para necessidade que se tem de prestar atenção aos grupos que propagam notícias falsas. Para ela, é preciso cada vez mais criar redes para denunciar fake news.  

Poesia

O encontro foi encerrado pelo Slam – DéF com a apresentação de poesias de temática feminina. No sábado (29), o grupo também se exibiu em um “batalha de poesias” entre as integrantes. 

Mulheres do Cidadania aprovam moção de solidariedade à deputada Talíria Petrone

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O 1º Encontro de Mulheres Jovens do Cidadania aprovou por unanimidade, neste domingo (30), em Brasília, moção de solidariedade à deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) pelo governo do Rio Janeiro ter negado escolta policial à parlamentar, vítima de ameaças de morte.

Em abril deste ano, a Polícia Federal obteve informações de conversas captadas na chamada “dark web”, segundo as quais um plano contra a vida da parlamentar estaria sendo elaborado desde 2018. Desde então, ela está sendo acompanhada por agentes da Polícia Legislativa em todos os lugares nos quais circula em Brasília.

“Repudiamos a inércia do Governo do estado do Rio de Janeiro, também manifestamos nosso sincero apoio e desejamos que as medidas cabíveis sejam tão logo tomadas pelo poder Executivo estadual”, diz a nota que segue abaixo.

MOÇÃO de SOLIDARIEDADE Nº 1 DO I ENCONTRO DE MULHERES JOVENS DO CIDADANIA 23 – DESENVOLVIDO ENTRE A SECRETARIA NACIONAL DE MULHERES DO CIDADANIA 23 (M23 – NACIONAL) E A JUVENTUDE DO CIDADANIA (J23 -NACIONAL)

Nós, MULHERES DO PARTIDO CIDADANIA, presentes no I ENCONTRO DE MULHERES JOVENS DO PARTIDO CIDADANIA manifestamos, a partir desta moção de solidariedade, nosso apoio a Deputada Federal TALÍRIA PETRONE do PSOL que diante da negligência do Governo Estadual do Estado do Rio de Janeiro vê-se impossibilitada de cumprir suas agendas políticas em virtude de ameaças de morte sofridas nos últimos meses, ameaças estas comprovadas e comunicadas pela Polícia Federal à parlamentar.

Para nós, Mulheres do partido Cidadania, o fortalecimento das instituições democráticas deve ser recepcionado enquanto um princípio republicado e portanto, nenhuma parlamentar pode ser ameaçada sem que haja uma premente resposta por parte das instituições democráticas, qual seja do poder Executivo, principalmente quando a resposta assegura a vida de uma congressista.

No início de 2019, dois ofícios foram enviados pela Câmara dos Deputados, o primeiro pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), em 23 de abril e que foi posteriormente negado pelo Governador Wilson Witzel (PSC). O segundo foi enviado pelo partido da Deputada Talíria Petrone, em 10 de maio de 2019, no entanto, até a presente data não há resposta.

Entendemos, portanto, que a negação da escolta policial da Deputada Federal Talíria Petrone por parte do Governo do Estado do Rio de Janeiro significa uma investida contra a democracia, repudiamos a inércia do Governo do estado do Rio de Janeiro, também manifestamos nosso sincero apoio e desejamos que as medidas cabíveis sejam tão logo tomadas pelo poder Executivo estadual.

Brasília, 30 de junho de 2019.

1º Encontro de Mulheres Jovens debate violência contra crianças e adolescentes e saúde da mulher

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A exploração sexual de crianças e adolescentes e a saúde da mulher foram temas de relatos e debates neste domingo (30) no segundo dia do 1º Encontro de Mulheres Jovens Cidadania, em Brasília (veja aqui). Os assuntos foram abordados pelo ex-deputado federal Arnaldo Jordy (Cidadania-PA) e pela especialista em saúde coletiva, Jane Neves, militante do partido.

Relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes) da Assembleia do Pará e presidente da CPI do Tráfico de Pessoas no Brasil da Câmara dos Deputados, Jordy abordou a questão legal no País para coibir e também prevenir esse tipo de crime.

Arnaldo Jordy

Ele falou sobre o atraso do Brasil na questão da legislação, das dificuldades da denúncia de quem abusa sexualmente de crianças e adolescentes, da “cultura de desvalorização das vítimas” e dos avanços conquistados com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Segundo Jordy, durante a CPI da Exploração Sexual de Criança e Adolescentes, encerrada em 2009, o número de notificações na época era de 600 mil casos, mas ele acredita em sub-notificações desse tipo de crime no País.

“O ECA melhorou a tipificação penal [deste tipo de abuso], mas a impunidade ainda é grande”, afirmou, ao destacar a importância dos Conselhos Tutelares para combater o crime.

Para avançar na luta contra o abuso sexual de crianças e adolescentes no País, Jordy considerou ser preciso “quebrar o ciclo da impunidade”, estruturar o Estado para o enfrentamento dessa violência e a prevenção.

“É necessário dar consciência à sociedade da complexidade do problema para que ele deixe de ser tabu”, disse ao sugerir que a questão da orientação sexual seja tratada nas escolas de forma equilibrada, sem excessos e de forma não erotizada.

Saúde da mulher

Jane Neves

“A mulher tem direito da viver livre de morte evitável [como a violência, o aborto, o tratamento degradante e a negligência médica]”, disse Jane Neves, ao reforçar que o acesso à saúde é um direito das mulheres brasileiras garantido na Constituição.

A especialista destacou a importância do pacto de direitos econômicos e sociais das mulheres presentes na Carta de Otawa e a criação do SUS (Sistema Único de Saúde).

“O SUS é nosso e defendido pela sociedade civil”, ressaltou Jane, ao lembrar do sanitarista Sérgio Arouca, que foi filiado ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) – sucessor do PPS e hoje Cidadania -, na construção do SUS, que mudou a forma do tratamento na saúde pública.

Para ela, a rede de atenção primária na saúde pública brasileira é fundamental “para que nenhuma mulher morra porque engravidou”.

Jane também falou as participantes do protagonismo e conscientização das mulheres, da questão do feminismo, da transição tecnológica e do envelhecimento da população.

1º Encontro de Mulheres Jovens: Formação política para o empoderamento feminino

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O 1º Encontro de Mulheres Jovens do Cidadania foi aberto neste sábado (29), em Brasília, com a participação de representantes femininas do partido de 15 estados. Promovido pelo núcleo de Mulheres do partido M23, o evento dá sequência a estratégia de formação política das militantes para o empoderamento feminino na luta contra à violência e à discriminação no Brasil.

A mesa de abertura do encontro contou com a participação do presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire; da deputada estadual do partido em Sergipe, Kitty Lima; das vereadoras Jéssica Serra (Terra Roxa-PR), presidente da Câmara Municipal; Loreny Caetano Roberto (Taubaté-SP), 2ª vice-presidente da Câmara; Juliet Matos, Secretária Nacional do M23; e de Indaiá Pacheco, do núcleo de Mulheres e da Juventude 23.

Ao fazer a saudação , Raquel Dias (Igualdade 23 e M23), uma das organizadoras do encontro, falou sobre a “política inclusiva” da Secretaria de Mulheres de dividir recursos do núcleo com as “facetas femininas” dos demais agrupamentos do partido, como o Juventude 23, Igualdade 23 e Diversidade 23.

Encontro de Mulheres Jovens em Brasília

“As mulheres do Igualdade estiveram aqui na semana passada [no 1º Encontro de Mulheres Negras], as mulheres da J23 estão presentes nesta mesa”, reforçou.

Segundo ela, a estratégia da Secretaria de Mulheres é transformar sua “plataforma geral em plataforma inclusiva”.

“[É ]ouvir as especifidades das mulheres e permitir que as políticas públicas defendidas por nós, mulheres do Cidadania, sejam de inclusão de todas faces e desafios do que é ser mulher nesse País”, disse, ao explicar que ao final do encontro será celebrado um acordo de cooperação entre J23 e M23.

Roberto Freire lembrou que a vitória e conquista de qualquer movimento só acontecem quando ganham a sociedade. “Enquanto ele ficar só entre nós, ele se perde”, provocou, lembrando que o partido (PPS-PCB) foi o primeiro a discutir o aborto.

Mulheres do Parlamento

Deputada estadual Kitty Lima

A secretária nacional do M23, Tereza Vitale, destacou a importância da presença das mulheres no Parlamento. Ela disse que o encontro dá continuidade a formação política do grupo feminino do partido para a conquista de direitos e busca de espaços na política para o empoderamento das mulheres.

Após a abertura, as mulheres participaram de dinâmica de grupo e assistiram ao vídeo “Agradeça a uma feminista”. A programação do dia foi encerrada pelo grupo Slam – DéF, de Brasília, com uma “batalha de poesias”. O Slam – DéF também se apresentou no início dos trabalhos com poesias de temática feminina.

Participam do encontro representantes do Cidadania do Pará, Paraná, Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, São Paulo, Sergipe, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Distrito Federal.

Saúde e redes sociais

O 1º Encontro de Mulheres Jovens prossegue neste domingo (29) com relato do ex-deputado federal Arnaldo Jordy (Cidadania-PA) sobre os resultados da CPI do Tráfico de Pessoas no Brasil, roda de conversa sobre a saúde da mulher e o uso das mídias sociais com responsabilidade.

Alberto Aggio: O espectro do iliberalismo

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Eleitores não buscam a derruição da democracia liberal-representativa, mas alternativas a ela

Há uma dificuldade notável em caracterizar a chamada “onda conservadora” ou de “extrema-direita” que varre o mundo. Em alguns países ela se instalou como novo regime político, em muitos como governo e ainda em outros como movimento político de proeminente expressão. Viktor Orbán, um dos seus principais representantes, chamou seu regime de “democracia iliberal”, ao estabelecer controle quase absoluto sobre as instituições do Estado húngaro. Conceito polêmico, muitos dizem que o adjetivo “iliberal” não combina com democracia. Mas não seria despropositado assumi-lo para pensar esse tipo de política.

A agenda iliberal é basicamente reacionária ante as instituições da democracia representativa, com questionamentos aos institutos de controle do Estado Democrático, desqualificação dos partidos políticos e deslegitimação dos atores políticos, sociais e culturais, em confrontação com o pluralismo político. Na disputa política, busca se sustentar a partir da construção mítica de um líder, carismático ou não, como o “verdadeiro” representante da Nação, enquanto os outros atores políticos são tratados como “inimigos do povo”. Essa visão se expande para o plano internacional, no qual grupos e organizações autônomas em diversos setores, mesmo instituições tradicionais como a ONU ou a Unesco, são tratados como representantes de interesses supostamente escusos e seus parceiros internos qualificados como “traidores”.

Trata-se de uma política deliberada, mas não se deve supor que seja um modelo que vai sendo aplicado país a país. O iliberalismo não nasceu de um movimento arquitetado intelectual ou politicamente, como fora no passado o que, em geral, se denomina de neoliberalismo. Reconhece-se quase consensualmente que se trata de uma ampla contestação à democracia e a todos os atores que dão e deram sustentação à sua consolidação e expansão no século 20, especialmente depois da Segunda Grande Guerra.

Conforme amplamente reconhecido, a perspectiva iliberal carrega alguns horizontes utópicos, mas não expressa um programa econômico claro e inovador em nível mundial. Nem afirma a proposição de uma “nova sociedade”, mesmo que faça retórica sobre isso, ilustrando seu discurso com algumas características do próprio liberalismo ou mesmo do neoliberalismo, como a preponderância integral do individuo como “pagador de impostos” e a ideia de uma “sociedade de mercado”.

Talvez o problema analítico mais visível a respeito da política iliberal esteja no fato de alguns dos seus intérpretes a considerarem populista, mobilizando um conceito com acentuada carga histórica, em especial na América Latina, que tem muito pouco que ver com o que se propõe realizar a perspectiva iliberal, notadamente em termos econômicos e sociais. Como no passado a polissemia do conceito de populismo acabou por dificultar uma equilibrada compreensão dos processos que se caracterizavam como populistas, bem como do próprio conceito, hoje, quase do mesmo modo, uma polissemia muito mais alargada vem afetando a visão dos analistas diante de fenômenos tão dispares como Viktor Orbán, na Hungria, Donald Trump, nos EUA, Tayyip Erdogan, na Turquia, Matteo Salvini, na Itália, ou Jair Bolsonaro, no Brasil. Mais do que isso, a admissão de que diante do sucesso do chamado “populismo de direita” a resposta mais efetiva seria apoiar um “populismo de esquerda” (Chantal Mouffe), o que acabaria jogando o tema democrático para fora de qualquer articulação política, subtraindo perspectivas para o futuro. Por esse caminho, ao contrário do que se deseja, o resultado seria embarcar na previsão de Steve Bannon, segundo a qual o “populismo é o futuro da política”.

O caso mais emblemático é certamente o da Hungria, onde o iliberalismo avançou celeremente e não é mais possível deixar de reconhecer que se instalou um regime antidemocrático e antiliberal. O mesmo parece acontecer na Polônia, na Rússia e na Turquia. Na Itália de Matteo Salvini, o iliberalismo se fixa na sua liderança, mas não se constituiu ainda num novo regime. O mesmo pode-se dizer do Brasil no governo de Jair Bolsonaro.

Contudo, pode-se afirmar que, ao contrário dos exemplos acima sumariados, o iliberalismo não tem como prosperar nos EUA, e sabemos qual a razão: a força e a solidez das instituições democráticas do Estado liberal-representativo, bem como a cultura política aberta que marca a sociedade norte-americana. E isso a despeito de os iliberais considerarem Trump a maior liderança mundial dessa corrente política.

Apesar das ameaças da extrema-direita iliberal na Europa, as forças políticas da democracia, nas quais se incluem a direita democrática, a esquerda social-democrática e o centro liberal-democrático, além dos Verdes, se batem contra ela política e eleitoralmente. Estão aí a resiliência da autoproclamada “geringonça”, em Portugal; o fenômeno Macron, na França, mesmo que tenha sido derrotado na recente eleição para o Parlamento europeu; o crescimento dos Verdes, na Alemanha; e as vitórias do PSOE na Espanha e da social-democracia na Finlândia e na Dinamarca, todos resistindo ao avanço da extrema-direita. A recente eleição ao Parlamento europeu mostrou a resistência do projeto democrático da União Europeia contra o iliberalismo da extrema-direita. Assim como a vitória do PD italiano no norte da Itália, retomando cidades históricas da famosa zona rossa.

Não se pode negar a crise da democracia liberal-representativa, mas os eleitores buscam alternativas, e não a sua derruição. Tampouco há espaço para a convocação de “rebeldes” para confrontar o iliberalismo. A alternativa passa por um “compromisso histórico” com a democracia dos contemporâneos, para usar uma expressão cara aos atores políticos que entenderam, em seu tempo e no seu país, que essa alternativa poderia, entre outras coisas, barrar a volta do fascismo. (O Estado de S. Paulo – 29/06/2019)

ALBERTO AGGIO, HISTORIADOR, É PROFESSOR TITULAR DA UNESP

Veja como foi a semana dos senadores do Cidadania

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Na semana em que o Senado aprovou as 10 medidas contra a corrupção com a polêmica da criminalização do abuso de autoridade cometido por magistrados e membros do Ministério Público introduzida no projeto (PLC 27/2017), os senadores do Cidadania participaram ativamente dos debates deste e de outros temas na Casa.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-ES) avaliou  durante a votação do projeto que é importante punir o abuso de autoridade, mas considerou inadequado inserir o texto no projeto sobre combate à corrupção.

Segundo ele, a inclusão da punição a juízes e procuradores é “matéria estranha” ao projeto das 10 medidas de combate à corrupção que é de iniciativa popular.

“Eu não sei se isso chegaria a configurar uma ilegalidade ou uma irregularidade de tramitação, mas é claramente um desvio da finalidade original do projeto”, afirmou Alessandro Vieira (veja aqui).

O plenário do Senado também aprovou, na quarta-feira (26), o projeto (PL 3.715/2019) que define toda a extensão do imóvel rural como residência ou domicílio – o que permite ao proprietário ou gerente de uma fazenda andar armado em toda a área da propriedade e não apenas na sede.

A matéria foi relatada por Alessandro Vieira na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Para ele, o projeto é conveniente e necessário, já que o morador rural, por viver em áreas remotas, não tem a mesma proteção ofertada pelo Estado aos que moram nos centros urbanos (veja aqui).

Violência domestica contra crianças

A Comissão de Direitos Humanos aprovou, na quinta-feira (27), projeto relatado por Alessandro Veira que altera o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para estender aos jovens vítimas de violência doméstica ou familiar garantias estabelecidas na Lei Maria da Penha às mulheres submetidas a tais situações (veja aqui).

O senador do Cidadania apresentou mudanças  no projeto que resultaram num texto substitutivo. De acordo com o parlamentar, alguns pontos do projeto já são de certa forma garantidos pelo ECA, como o afastamento do agressor da moradia comum e o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar por decisão judicial. A proposta, de autoria da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Maus-Tratos, seguirá agora para a CCJ.

Projetos

O senador Marcos do Val (Cidadania-SE) apresentou três projetos de lei esta semana para alterar o Código Penal e de Aeronáutica. Um dos projetos (PL 3675/2019) altera a Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986, que institui o Código Brasileiro de Aeronáutica, para tipificar o crime de transporte irregular de passageiros (veja aqui).

Como exemplo da necessidade de mudança na legislação, o senador citou o caso do  avião que matou o cantor Gabriel Diniz que não tinha autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para fazer serviço de táxi aéreo.

“Todos os anos no Brasil, muitos passageiros passam pela mesma situação. Sem saber, colocam suas vidas em risco em voos que não tem permissão da autoridade de aviação civil. Como não existe hoje no País legislação específica que tipifique essa infração como crime, o objetivo do projeto é punir quem pratica o serviço de transporte aéreo sem autorização legal. Não podemos permitir que vidas sejam colocadas em risco em voos não autorizados”, disse Do Val.

Para prever como causa de aumento de pena para o crime de roubo a utilização da vítima como escudo humano, o senador capixaba apresentou o PL 3676 (veja aqui), que altera o inciso do Código Penal.

Do Val diz que o criminoso que comete esse tipo de conduta coloca em risco grave a vida do cidadão e essa conduta hoje não é prevista em lei.

“A minha proposta é tipificar essa atuação na prática do crime de roubo, como causa de aumento de pena. Não podemos permitir que a vida de pessoas simples e trabalhadoras, que se encontravam no local do crime apenas para resolver problemas cotidianos de sua vida, seja colocada em risco. O bandido que agir dessa forma precisa ter a punição agravada”, defende na justificativa do projeto.

O PL 3677 (veja aqui) também altera o Código Penal para tipificar a conduta de induzir ou instigar alguém a praticar o crime de receptação. 

“Não podemos ser lenientes com essa prática, que prejudica a arrecadação de impostos, gera desemprego e concorrência desleal e, principalmente, alimenta o crime organizado”, disse Marcos do Val.

Decretos de armas

A líder do Cidadania, Eliziane Gama (MA), pediu estudos à Consultoria Legislativa do Senado Federal sobre os efeitos decorrentes de eventual sustação dos decretos presidenciais números 9.785 e 9.797, ambos de 2019, denominados decretos das armas. A sustação dos dispositivos por meio de decreto legislativo já foi aprovada pelo Senado e agora tramita na Câmara dos Deputados (veja aqui).

De acordo com a nota técnica dos consultores, o efeito da vigência de sustação se inicia tão logo o decreto legislativo seja promulgado pelo Congresso Nacional. Entretanto, a decisão não retroagiria no tempo e, em tese, todos os cidadãos que compraram armas durante a vigência da liberação presidencial teriam os seus direitos garantidos, particularmente nos campos penal e do processo penal, esse conceito jurídico é conhecido pela expressão latina ex-nunc.

Terras indígenas

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP),  anunciou na terça-feira (25) a devolução de parte da Medida Provisória 886/2019 que transferia para o Ministério da Agricultura a responsabilidade da demarcação de terras indígenas.

Segundo a senadora maranhense, que solicitou a devolução (veja aqui),  a matéria é inconstitucional, pois a MP 886 revertia decisão do Congresso Nacional, que subordinou a demarcação ao Ministério da Justiça ao aprovar a MP 870.

“O presidente Davi acertou em não permitir que a matéria fosse adiante já que o assunto havia sido discutido e rejeitado na MP 870”, comemorou Eliziane.

PEC da reedição de decretos

A líder do Cidadania anunciou na quarta-feira (26) que  vai apresentar PEC (Proposta de Emenda à Constituição) proibindo a reedição de decretos presidenciais sustados pelo Congresso Nacional.

A iniciativa, segundo ela, é necessária para evitar que o presidente da República continue a criar conflitos constitucionais rotineiros e desnecessários com o Congresso Nacional, como a edição reiterada de decretos. 

As reedições ao arrepio constitucional, de acordo com Eliziane, foram usadas recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro para liberar a posse e o porte de armas, gerando insegurança jurídica e exigindo pronunciamentos desgastantes tanto do Congresso quanto do STF (Supremo Tribunal Federal).

Decretos de armas

A Consultoria Legislativa do Senado informou que os novos decretos de armas editados pelo Executivo repetem os dispositivos do Decreto 9.785/2019, sustado pelo Senado na semana passada. A nota técnica (veja aqui) foi solicitada por Eliziane Gama (MA).

O estudo destaca a “insegurança jurídica e a confusão à compreensão que a edição de três decretos ao mesmo tempo, seguidos de um quarto decreto revogando um deles, provoca”.

“A consultoria do Senado aponta novas inconstitucionalidades nos decretos das armas. Mais uma ilegalidade do governo ao subverter o sentido do Estatuto do Desarmamento. Legislar é tarefa do Congresso. Ao parlamento cabe definir os limites do porte, posse e comércio de armas”, afirmou a senadora do Cidadania.

Economia criativa

Eliziane Gama (MA), destacou na quinta-feira (27), em plenário, a importância da lei de incentivo à cultura para a geração de emprego e renda e para a revelação de novos talentos (veja aqui)

A parlamentar chamou atenção do governo para a necessidade de investimento na chamada economia criativa, baseada na diversidade cultural e intelectual.

“Os dados apontam aí que nós temos R$ 150 bilhões de movimentação anual, através da economia criativa. A junção do poder público, utilizando essa criatividade, esse talento da nossa gente brasileira, é que nós vamos ter um País melhor, um Brasil melhor”, disse