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Previdência: Impasse sobre inclusão de estados e municípios deve atrasar votação da reforma

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Impasse sobre os estados deve atrasar votação da reforma

Partidos do centrão pressionam por retirada de medidas para estados e devem atrasar votação

MANOEL VENTURA, GERALDA DOCA, GUSTAVO MAIA E BRUNO GÓES – O GLOBO

BRASÍLIA- Insatisfeitos com o relatório da reforma da Previdência, líderes de partidos do centrão trabalham para atrasar a tramitação da proposta. Os parlamentares querem retirar qualquer referência a estados e municípios do texto antes que ele seja votado na Comissão Especial que analisa o tema.

O pano de fundo dessa pressão é que os deputados não querem arcar com o ônus de mudar regras para a aposentadoria de servidores dos governos regionais às vésperas de um ano eleitoral. Isso, na avaliação dos parlamentares, seria uma ajuda aos governadores que, em vários locais, são adversários políticos dos deputados.

O deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), relator da proposta, apresentou ontem uma complementação no seu voto com alterações na reforma. Entre as medidas que irritaram os deputados está a permissão de cobrança de uma contribuição previdenciária adicional de servidores estaduais para cobrir rombos nos sistemas de aposentadorias locais. Embora essa ação tenha de passar pelas assembleias nos estados, os deputados são contra. Na primeira versão do seu relatório, Moreira havia retirado essa possibilidade.

Outro ponto de insatisfação está na menção no texto a policiais militares e bombeiros. O relatório afirma que enquanto não for editada lei específica, aplicam-se a estes profissionais as regras de aposentadoria e pensão por morte dos militares das Forças Armadas. Como ainda não se sabe o que acontecerá no projeto de lei que trata das mudanças nas regras de aposentadoria dos militares, os parlamentares preferem que PMs e bombeiros fiquem fora da reforma.

Além disso, o centrão cobra a liberação de verbas que foram prometidas pelo Palácio do Planalto para obras nos estados e que ainda não viraram realidade. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, comprometeu-se a autorizar R$ 10 milhões para cada deputado antes da votação na comissão e mais R$ 10 milhões para o texto passar no plenário.

IMPOSTO PARA EXPORTADOR

O dia de ontem foi marcado por negociações e pedidos de novas alterações no texto, como a volta de estados e municípios para a reforma e mudanças nas regras para policiais federais, entre outros profissionais de segurança, uma demanda que tem apoio do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

Entre medidas de corte de gastos e aumento de receitas, a economia esperada com o novo texto é de R$ 1,071 trilhão em dez anos. A sessão foi encerrada, porém, sem o presidente do colegiado, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), marcar a data da votação.

— Teremos reunião às 11h dos coordenadores e, a partir daí, apresentamos o calendário — disse Ramos.

— Para votar, tem que ter voto. Não dá para votar sem ter a segurança da garantia de votos.

O líder do PL, deputado Wellington Roberto (PB), descartou a votação do relatório da reforma nesta semana. Segundo ele, o relator terá de fazer adendos ao parecer para corrigir pontos que não foram acordados com líderes.

Deputados ouvidos pelo GLOBO relatam que há pressão dos líderes do PL, PP e Solidariedade para que as verbas extraorçamentárias sejam pagas antes da votação, e não apenas empenhadas.

— Quem quiser segurar a reforma agora por conta de emendas está trabalhando contra o Brasil — disse o líder do Podemos, José Nelto (GO).

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse esperar que o PSL não sugira alterações no texto. Desde segunda-feira, a legenda negocia uma forma de abrandar a aposentadoria de policiais federais.

— Há um acordo de alguns partidos para que, na comissão, não se apresentem destaques. Os partidos esperam também que o PSL não apresente destaque para que a gente possa ter uma votação mais tranquila na comissão — disse Maia.

Segundo uma fonte a par das discussões, como o ministro da Economia, Paulo Guedes, não se manifestou publicamente a respeito do pleito do PSL, os partidos do centrão vão apoiar o pedido da bancada da bala para flexibilizar as regras para profissionais da área de segurança.

Perguntado sobre o assunto, Bolsonaro disse que “todo mundo vai ter a sua cota de sacrifício”. Ele ainda chamou de natural o que classificou como lobby: — Estamos tratando do assunto, é natural o lobby, mas todo mundo vai ter a sua cota de sacrifício, como as Forças Armadas tiveram.

Será possível alcançar uma economia de pouco mais de R$ 1 trilhão com a nova versão da reforma por causa de novas medidas para aumentar a arrecadação e outras para cortar despesas. Moreira estabeleceu o fim da isenção dada atualmente às contribuições previdenciárias dos produtores rurais que exportam. Isso possibilitará um aumento de arrecadação de R$ 83,9 bilhões em dez anos.

Além disso, ele espera obter uma economia de R$ 33 bilhões com uma medida para prevenir fraudes no Benefício de Prestação Continuada (BPC) — pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.

O relator da reforma recuou na ideia de destinar recursos do PIS/Pasep, que hoje são usados pelo BNDES, para reduzir o rombo da Previdência Social. A medida, que estava prevista na primeira versão do relatório de Moreira, gerou críticas na equipe econômica e no Congresso. A proposta original, enviada pelo governo, em fevereiro, previa que o impacto seria de R$ 1,236 trilhão em uma década.

O relator confirmou ontem regras mais brandas para a aposentadoria de professoras. Ele propôs que estas tenham direito à integralidade (último salário da carreira) e paridade (mesmo reajuste salarial dos ativos) aos 57 anos de idade. Antes, a idade para esse benefício era 60 anos.

Moreira disse que está aberto ao diálogo e que até o início da votação poderá fazer novos ajustes no seu parecer. Ele afirmou, contudo, que a reforma não é para ampliar gastos e benefícios, mas para ajudar a reequilibrar as contas da Previdência.(Colaborou Natália Portinari)

OS PRINCIPAIS PONTOS DO PARECER REVISTO

1- Estados e municípios fora da proposta

O texto deixa claro que nada muda para servidores estaduais e municipais enquanto assembleias e câmaras de vereadores não aprovarem leis para seus regimes próprios.

2- Cota extra para servidores

Permite que governadores e prefeitos criem contribuições previdenciárias extraordinárias para servidores, com o objetivo de solucionar o déficit nos sistemas de aposentadorias locais.

3- Regime mais brando para professora

As professoras teriam direito à integralidade (último salário da carreira) e paridade (mesmo reajuste salarial dos ativos) aos 57 anos de idade. O tempo de contribuição foi mantido em 25 anos.

4- Repasse do PIS/Pasep

Foi retirada do texto a transferência de recursos do PIS/Pasep para o Regime Geral da Previdência Social (RGPS). Com isso, esse dinheiro continuará sendo destinado ao BNDES.

5- Cálculo da aposentadoria

O relatório reforça que o cálculo da aposentadoria será feito com base na média de todas as contribuições recolhidas pelo trabalhador e não mais sobre as 80% maiores, como ocorre hoje.

6- Para PMs e bombeiros, regra das Forças Armadas

Enquanto não for editada a lei, aplicam-se aos policiais militares e bombeiros as regras de transferência para inatividade e pensão por morte dos militares das Forças Armadas.

PEC da proteção de dados pessoais traz segurança jurídica, diz Eliziane Gama

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O Senado aprovou nesta terça-feira (2), em dois turnos, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que inclui a proteção de dados pessoais disponíveis em meios digitais na lista das garantias individuais da Constituição Federal. A PEC 17/2019 foi aprovada com 65 votos favoráveis em primeiro turno e 62 favoráveis em segundo turno. Não houve votos contrários nem abstenções. O texto segue agora para votação na Câmara dos Deputados.

Para a líder do Cidadania na Casa, senadora Eliziane Gama (MA), a PEC traz segurança jurídica e é um direito que não poderá mais ser retirado do texto constitucional.

A proposta, do senador Eduardo Gomes (MDB-TO), foi relatada pela senadora Simone Tebet (MDB-MS). O autor disse que a proteção de dados pessoais é uma continuação da proteção da intimidade. Ele e os demais senadores apoiadores da medida buscam assegurar a privacidade desses dados em âmbito constitucional, de modo a resguardar a inviolabilidade das informações dos cidadãos que circulam na internet.

Segundo a relatora, a PEC deixa claro que é competência da União legislar sobre a proteção de dados pessoais.

“Constitucionalizar a questão significa o Estado dizer que reconhece a importância do tema, classificando esse direito à proteção de dados como fundamental. Ou seja, o Estado, a sociedade, o cidadão, podem ter direito, como regra geral, ao conhecimento do outro, desde que haja realmente necessidade. Do contrário, é preciso preservar ao máximo a intimidade e a privacidade dos dados”, explicou.

Para a senadora, o empenho para aprovar a PEC demonstra o compromisso do Brasil em relação à proteção de dados pessoais, “aproximando nosso país das melhores legislações internacionais sobre o tema”.

Simone afirmou que a doutrina e a jurisprudência já reconhecem que o direito à privacidade vai além da proteção à vida íntima do indivíduo. E citou algumas normas infraconstitucionais — a exemplo do Marco Civil da Internet (Lei 12.965, de 2014), da sua regulamentação (Decreto 8.771, de 2016) e da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709, de 2018) — como avanços que precisariam ser consolidados por essa mudança constitucional.

“Não basta mais termos normas infraconstitucionais, precisamos agora constitucionalizar esse direito”, disse a senadora.

O aprimoramento da legislação e de práticas corporativas no mercado cada vez mais tecnológico e competitivo já ocorre nos Estados Unidos e na União Europeia. Em 2018, a Regulação Geral de Proteção de Dados entrou em vigor nos países da União Europeia, impulsionada pelo escândalo da Cambridge Analytica, empresa que trabalhou para as campanhas do presidente norte-americano Donald Trump e do Brexit, beneficiando-se do vazamento de dados de milhões de usuários do Facebook.

O senador Esperidião Amim (PP-SC) afirmou que estava votando favorável à PEC, porém “com saudade da época em que podíamos ter dados pessoais protegidos”.

O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) também elogiou o texto e afirmou que o direito à proteção de dados integra a quarta geração de direitos humanos fundamentais. O senador Marcio Bittar (MDB-AC) acrescentou que a mudança vai fortalecer o princípio da inviolabilidade dos dados pessoais.

Por sua vez, a senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) disse que o tema tem extrema relevância social.

“Hoje o Congresso Nacional vota uma matéria pertinente para que a gente tenha a garantia de preservação dos nossos dados pessoais”, afirmou.

Também elogiaram a proposta os senadores Roberto Rocha (PSDB-MA) e Rodrigo Cunha (PSDB-AL). (Com informações da Agência Senado)

Coluna do Estadão cita relatório de Alessandro Vieira sobre projeto de armas

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COLUNA DO ESTADÃO – O ESTADO DE S. PAULO

Afunilando

Relator do projeto sobre armas apresentado pela bancada do PSL, o senador Alessandro Vieira [Cidadania-SE] vai reduzir de 10 mil para 2 mil unidades os lotes de munições.

Quase insolúvel

Com isso, pretende facilitar a investigação de crimes com armas de fogo. No caso Marielle Franco, por exemplo, a polícia identificou o lote, mas, como tinha 200 mil unidades, não conseguiu rastrear quem comprou.

Contra o relógio

Vieira quer apresentar seu relatório no dia 10 na CCJ.

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (03/07/2019)

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MANCHETES

O Globo

Impasse sobre os estados deve atrasar votação da reforma
Moro reclama de revanchismo e defende Lava-Jato
Empresa que vai construir autódromo é alvo da CVM
Caso Marielle: polícia tem nova testemunha
China condena protestos em Hong Kong: ‘desafio’
EUA querem acordo com Mercosul, diz chanceler
Cristine Lagarde: Executiva vai para a presidência do Banco Central Europeu

O Estado de S. Paulo

Novo texto da Previdência prevê R$ 1 tri de economia
Audiência de Moro na Câmara termina em tumulto
Juiz nega mérito de ação que censurou ‘Estado’
Em SP, uso de carro pelos mais pobres sobe 82%
Arma do caso Marielle pode estar no mar
Fogo em submarino russo deixa 14 mortos
Noruega atrela fundo a ação antidesmate
França diz não estar pronta para acordo

Folha de S. Paulo

Estados e municípios ficam de fora de novo texto da Previdência
Blindado na Câmara, Moro ironiza oposição
Acordo com UE exige reformas, diz secretário
Pedidos de asilo de brasileiros nos EUA aumentam
França afirma não estar pronta para ratificar pacto
Mulheres vão comandar banco e ‘presidência’ da União Europeia

Valor Econômico

BNDES acelera a venda de ativos do governo federal
Crise reduz o ritmo de investimento em pesquisa
Europa sob nova direção
Braskem contesta laudo que levou a bloqueio de R$ 3,7 bi
MP da Liberdade Econômica vai reduzir as obrigações no eSocial
Condenações por difamar ex-empregados

EDITORIAIS

O Globo

Mercosul-UE exerce pressão sobre Bolsonaro

Acordo desafia o presidente a rever a intenção de desmontar o sistema de proteção ao meio ambiente

O teste do choque com a realidade é sempre pedagógico, desmascara qualquer discurso irreal. A vociferação do presidente Bolsonaro, na campanha e depois de eleito, contra a preservação do meio ambiente enfrentou contestações quando o ex-capitão foi alertado por representantes do agronegócio, o segmento mais dinâmico da economia brasileira, que relaxar na preservação significa causar prejuízos sérios às exportações de alimentos, em que o Brasil é um dos líderes mundiais. Cresceu muito e tende a se fortalecer ainda mais o poder político dos movimentos preservacionistas, em função da crescente consciência de que não haverá futuro se acordos como o de Paris, para ajudar na mitigação do aquecimento global, não forem cumpridos.

E o Acordo de Paris foi alvo de Bolsonaro. As reações à ameaça de retirar o país do tratado devem ter aconselhado o ex-capitão a recuar. O fechamento do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), condicionado à manutenção do país no entendimento multilateral sobre o clima, funciona agora como forte pressão para que o Planalto se curve à necessidade da preservação do meio ambiente. Precisa ser reconhecido o pragmatismo do governo Bolsonaro, que, na prática, engaveta o antipreservacionismo, em nome de um tratado de comércio capaz de alavancar o crescimento da região.

Mais do que isso, promoverá a expansão interconectando as economias locais a cadeias globais de produção, necessário para o Brasil, por exemplo, modernizar a indústria e diversificar a pauta de exportações, muito dependente de produtos primários. Agora, o governo precisa demonstrar a seriedade do compromisso assumido. Não pode passar despercebido que o desmatamento na Amazônia cresceu em junho 60% em relação ao mesmo mês do ano passado. O Planalto precisa mostrar serviço, deixando claro, poucos dias após o anúncio da aliança comercial Mercosul-UE, que o governo mudou de rumo na questão do meio ambiente.

A destruição em junho de 762,3 quilômetros quadrados de floresta equivale ao desmatamento de uma área duas vezes maior que a da cidade de Belo Horizonte. Nos primeiros seis meses de 2019, motosserras e equivalentes varreram o espaço ocupado por uma cidade de São Paulo e meia. É lógico relacionar o avanço do desflorestamento ao estímulo dado pela simples chegada do governo Bolsonaro. Agora, ele terá de dar meia-volta. Não poderá, por exemplo, executar o desmonte do sistema de monitoramento e fiscalização, em especial da Amazônia. Para dar um primeiro aceno aos parceiros europeus e ao mundo, já deveria, por exemplo, recuar na ideia de rever o Fundo Amazônia, sustentado pela Noruega e Alemanha e gerenciado pelo BNDES, para financiar projetos de preservação da região. No aspecto ambiental, o governo Bolsonaro terá de começar de novo.

O Globo

Mudanças de Crivella na equipe ignoram eficiência administrativa

Prefeito cria secretarias para acomodar aliados que o ajudaram a barrar impeachment na Câmara

Durante a disputa para a prefeitura do Rio, o então candidato Marcelo Crivella (PRB) prometeu cortar à metade o número de secretarias existentes no governo de Eduardo Paes (MDB). De fato, quando assumiu o cargo, em 1º de janeiro de 2017, a quantidade de pastas caiu de 24 para 12. Posteriormente, com a extinção da de Relações Institucionais, a conta fechou em 11. Mas a promessa não resistiu ao terceiro ano de mandato. Depois de um toma lá dá cá para escapar do processo de impeachment, Crivella, rasgando bandeiras de campanha, decidiu ampliar o Secretariado para acomodar novos aliados que lhe deram sobrevida no Palácio da Cidade.

Foram criadas as secretarias de Pessoas com Deficiência e de Envelhecimento Saudável. Somadas a outras que já haviam sido retomadas, o número chega a 16. Como mostrou reportagem do GLOBO publicada ontem, as duas novas pastas somam 84 cargos comissionados e têm uma folha salarial de R$ 268 mil mensais, sem contar gratificações, vales-transporte e tíquetes-alimentação. Medidas que soam como contrassenso num governo que alega não ter recursos para suprir necessidades básicas dos cariocas — basta ver, por exemplo, a situação de hospitais e postos de saúde e da própria conservação do Rio.

Mas a questão é um pouco mais grave, à medida que mostra que não há qualquer compromisso do prefeito com a eficiência administrativa. Não apenas por criar secretarias faltando um ano e meio para terminar o governo. Mas porque as mudanças, evidentemente, não têm a ver com critérios técnicos, mas com a troca de favores políticos para barrar o processo de impeachment aberto na Câmara. É assim que a nova Secretaria de Envelhecimento Saudável, dada ao vereador tucano Felipe Michel — que após rever a posição disse ser “um soldado” de Crivella —, terá sob seu guarda-chuva a Fundação Parques e Jardins e o licenciamento de eventos públicos, como shows na orla.

Um desrespeito com os idosos e um equívoco do ponto de vista de gestão. Da mesma forma, a Secretaria de Pessoas com Deficiência, entregue a Marcos Sam, ex-chefe de gabinete do senador Romário (Podemos), cuidará de ciência e tecnologia. Não surpreende que, do Secretariado que assumiu em janeiro de 2017, reste apenas um, o titular da Ordem Pública, Paulo Amendola. A equipe fica à mercê das negociações políticas. Crivella disse, na posse dos novos secretários, que “há tempo para discutir impeachment e há tempo para formar uma frente de governo para salvar a cidade”. O problema é que sua administração, sofrível, fica ainda mais desarticulada — se é que havia alguma articulação — a partir de agora. E quem pagará mesmo a conta é a população.

O Estado de S. Paulo

Quem precisa de oposição?

A negociação com vista à aprovação da reforma da Previdência, naturalmente difícil, tornou-se ainda mais complicada em razão de exigências feitas pelos próprios governistas, em especial pelo PSL, o partido do presidente Jair Bolsonaro. Deputados do PSL assumiram de vez o papel de porta-vozes dos interesses corporativos dos policiais na discussão sobre a reforma. Parte da bancada ameaça rejeitar a mudança no sistema de aposentadorias caso não sejam atendidas as exigências dessa categoria profissional. Para esses parlamentares, pouco importa que o governo, a quem supostamente apoiam, considera esse projeto sua maior prioridade. Não está em questão aqui a justiça das reivindicações desta ou daquela categoria profissional; numa democracia, todos têm o direito de apresentar suas demandas, e sempre haverá argumentos para defender esta ou aquela exceção.

No entanto, o governo, que deve trabalhar para todos, e não apenas para aqueles que dizem apoiá-lo, precisa esforçar-se para que a reforma da Previdência seja a mais abrangente possível, sem permitir que objetivos privados se sobreponham aos interesses do conjunto da sociedade. Assim, em situação normal, caberia em primeiro lugar ao partido do próprio presidente da República o exemplo de empenho na aprovação da reforma. É dessa base que deveria partir a sinalização mais firme de apoio à intenção do governo de sanear a Previdência – e esse saneamento só será possível se todos os beneficiados forem submetidos às mesmas regras, acabando com privilégios que contribuem decisivamente para o insustentável déficit do sistema. No entanto, o PSL nunca agiu como base do governo.

Nanico até pouco tempo atrás, o partido, graças à sua ligação com Jair Bolsonaro, multiplicou por 50 sua presença na Câmara na eleição do ano passado, transformando- se de uma hora para outra na segunda maior bancada da Casa, mas seus deputados não parecem ter o menor respeito pelas decisões da cúpula partidária, tampouco pelas demandas do próprio governo. Ao contrário, vários de seus deputados deixam claro que seu único propósito na Câmara é defender as corporações que julgam representar, em especial a dos profissionais de segurança pública. Para muitos desses políticos, o gesto com as mãos a sinalizar uma arma, que consagrou Bolsonaro na campanha eleitoral, era o cartão de visitas sindical dos policiais.

A ameaça de deputados governistas de sabotar a reforma da Previdência caso esta não seja desidratada para atender a suas reivindicações classistas é consequência direta da desarticulação do governo no Congresso. Como se sabe, Bolsonaro não só se ausentou deliberadamente das negociações em favor da reforma, por considerá- las sinônimo de corrupção, como deixou de orientar a frágil base governista sobre como atuar neste momento crucial para o País. Não se pode condenar quem veja nessa atitude do presidente a mensagem de que, no plenário, será cada um por si. Assim, parece que a decisão do PSL de fechar questão em favor da reforma da Previdência, tomada em março passado, tornou-se letra morta.

Na ocasião, o líder da bancada na Câmara, Delegado Waldir (GO), disse que o partido do presidente Bolsonaro estava “dando o exemplo” ao obrigar todos os seus 54 parlamentares a aprovarem a reforma, sob risco de expulsão em caso de rebeldia. Agora, o discurso já mudou. “Apesar de o PSL ter fechado questão, podemos reabrir a discussão e liberar a bancada na votação no plenário”, informou o deputado Alexandre Frota (SP). Assim, à medida que a reforma da Previdência avança no Congresso, vai ficando cada vez mais claro que o maior obstáculo à sua aprovação nos melhores termos possíveis não está na oposição, que não soma nem 150 votos, e sim nos partidos supostamente governistas.

Nada surpreendente, se lembrarmos que o próprio presidente Bolsonaro pautou toda a sua carreira parlamentar como adversário ferrenho da reforma que ele ora defende e como porta-voz muitas vezes virulento de interesses corporativos que ora a atravancam. É em razão desse passado não tão distante – aliás tão próximo que nem passado é – que a conversão de Bolsonaro e dos bolsonaristas ao credo reformista, que alguns dizem ser liberal, soa tão inverossímil.

O Estado de S. Paulo

A indústria emperrada

O precário estado de saúde da economia brasileira foi mais uma vez confirmado pelo novo recuo da produção industrial em maio. Nesse mês, o quinto do governo Bolsonaro, o volume produzido foi 0,2% menor que o de abril e 1,4% inferior ao de dezembro. A continuada fraqueza da indústria combina com o desemprego muito alto, num país com 13 milhões de pessoas, ou 12,5% da força de trabalho, em busca de ocupação. Os números do consumo familiar em maio serão divulgados na próxima semana. Em abril, o comércio varejista vendeu 0,6% menos que em março, depois de dois meses de estabilidade em nível muito baixo. Os dados do mês seguinte dificilmente devem ter sido muito melhores, a julgar pelo número de pessoas desocupadas, subempregadas e desalentadas, cerca de 25 milhões.

Em maio, 18 dos 26 segmentos pesquisados produziram menos que em abril. O cenário da indústria geral continua feio quando as comparações envolvem períodos mais longos. O volume acumulado de janeiro a maio foi 0,7% menor que o total de janeiro a maio do ano passado. O acumulado em 12 meses ficou estável, isto é, com variação zero, no confronto com os 12 meses anteriores. Há um dado positivo, no entanto, quando a base de comparação é maio de 2018. Nesse caso, há uma variação positiva de 7,1%. Mas a base é um mês fortemente afetado pela paralisação do transporte rodoviário, mais conhecida como greve dos caminhoneiros. O balanço da atividade industrial em maio também confirma o diagnóstico do Banco Central (BC): a recuperação econômica iniciada em 2017 e mantida ainda em boa parte de 2018 foi interrompida.

A interrupção se manteve depois do desastroso primeiro trimestre deste ano, quando o Produto Interno Bruto (PIB) foi 0,2% inferior ao dos três meses finais, já muito fracos, de 2018. A trava na recuperação seria menos preocupante, talvez, se a economia houvesse recuado menos durante a recessão de 2015-2016, ou, no caso da indústria, no longo período iniciado já antes da recessão. Só na fase recessiva, no entanto, o PIB diminuiu cerca de 7%, e nem essa rampa foi escalada de volta pela economia brasileira a partir de 2017. Números muito ruins aparecem quando se comparam os dados do trimestre móvel encerrado em maio deste ano com alguns períodos de pico da atividade industrial. No caso da indústria geral, a produção do último trimestre móvel ficou 17,5% abaixo do pico da série histórica, encerrado em maio de 2011.

Falta um difícil trajeto para o mero retorno a um patamar alcançado no primeiro ano do mandato inicial da presidente Dilma Rousseff. No caso dos bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos, móveis e carros, a diferença entre o último trimestre examinado e o mais alto da série, terminado em junho de 2013, é de 25,6%. A queda acelerou- se a partir dos meses finais de 2014 e o fundo foi atingido no começo de 2016. A partir daí houve recuperação, interrompida já em 2018. O maior tombo ocorreu na produção de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos. No trimestre findo em maio deste ano o volume fabricado ficou 32,9% abaixo do registrado na fase do recorde, terminada em setembro de 2013. É preciso levar em conta essa queda considerável, antes de avaliar os números do período de recuperação.

A produção de bens de capital cresceu 0,5% em maio. No ano, foi 1,9% maior que a de janeiro a maio do ano passado. Em 12 meses, acumulou expansão de 4,2%, mas, apesar desses dados positivos, o quadro ainda é muito ruim. A trajetória a partir de 2013 mostra um enorme recuo na ampliação e na renovação do parque produtivo. Sem a reversão desses dados, a capacidade de produção e de crescimento continuará muito limitada. Isso equivalerá a um poderoso freio imposto à economia, a seu poder de competição internacional e à sua capacidade criadora de empregos decentes. O investimento verificado nos últimos dois anos só pode ter sido para a reposição inadiável de bens de produção. Será preciso muito mais para dinamizar o País.

O Estado de S. Paulo

Bolsonaro e o meio ambiente

Apenas poucos dias após a conclusão das negociações havidas nos últimos 20 anos para a assinatura do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, a porta-voz do governo francês, Sibeth Ndiaye, afirmou que seu país “não está pronto” para ratificá-lo. “Não posso dizer que hoje vamos ratificar (o acordo com) o Mercosul. A França, no momento, não está pronta. Vamos observar com atenção e, com base nestes detalhes, vamos decidir”, disse Ndiaye em entrevista ao canal de notícias BFM. A declaração do Palácio do Eliseu, que aparentemente contrasta com a postura simpática ao acordo manifestada pelo presidente Emmanuel Macron durante a cúpula do G-20, não surpreende quem acompanhou o desenrolar das últimas rodadas de negociação. A França foi um dos países mais relutantes ao tratado de livre comércio com o Mercosul. O governo francês sempre temeu as reações do influente setor agropecuário daquele país à entrada dos produtos sul-americanos na Europa, em especial dos produtos brasileiros. Os agricultores franceses são bastante dependentes de subsídios.

Os “detalhes” a serem observados antes da ratificação do acordo com o Mercosul pelo parlamento francês, aos quais Sibeth Ndiaye fez menção, estão relacionados com a adoção de medidas de proteção do meio ambiente, primordialmente pelo Brasil. O governo da França – mas não apenas ele na União Europeia – usa e abusa de uma conveniente mistura entre genuína preocupação universal com a preservação ambiental e interesses políticos e econômicos bastante localizados. Não poucas vezes a cartada da proteção do meio ambiente foi lançada como um subterfúgio para a defesa de medidas protecionistas. Decerto o endurecimento da posição da França e essa névoa de incerteza que a porta-voz do presidente Macron lançou sobre o futuro do acordo com os sul-americanos soam como um dos Noturnos de Chopin aos ouvidos de seu público interno.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, com propriedade, notou que “nada do que está no acordo é surpresa para os Estados- membros da União Europeia”, indicando que, de fato, o governo francês fala aos seus. Ademais, nenhum país signatário está “pronto” para ratificar o mais ambicioso acordo de livre comércio já negociado. Seus termos ainda devem passar por debates mais ou menos ruidosos em cada um dos Parlamentos antes de começar a produzir os efeitos benfazejos que dele se espera. Se, por um lado, é sabido que o governo francês lança mão da agenda de proteção do meio ambiente para, em alguns casos, escamotear medidas protecionistas, por outro, o governo de Jair Bolsonaro tem sido pródigo em lhe oferecer munição de grosso calibre.

O presidente brasileiro pode ter as crenças que quiser em relação ao meio ambiente. Certamente as tem. Na cúpula do G-20, na semana passada, Bolsonaro chegou a falar em uma tal “psicose ambientalista” para ilustrar o que, em sua visão, seria um excesso de preocupação com as questões relativas ao clima e à proteção ambiental. Mas passa da hora de Jair Bolsonaro tratar dessas questões como o chefe de Estado e de governo que é, tendo em primeira conta o interesse nacional, não as suas opiniões particulares. Em seis meses de governo, o presidente Bolsonaro ameaçou retirar o Brasil do Acordo de Paris, mexeu com a complexa questão da demarcação das terras indígenas e desqualificou estudos científicos sobre mudanças climáticas, atribuindo- as a um “conluio globalista”, seja lá o que isso signifique.

No cerne da visão que Bolsonaro tem do meio ambiente e da adoção de medidas para sua proteção está o profundo receio do presidente de que esteja em andamento um processo de violação da soberania nacional por agentes estrangeiros. É louvável que o presidente esteja tão preocupado com a defesa dos interesses do País. Se é um sentimento genuíno, e nada sugere que não seja, que Jair Bolsonaro trate do meio ambiente com mais seriedade, não por convicção pessoal, mas em favor dos interesses nacionais.

Folha de S. Paulo

Aposta liberal

Secretário de Fazenda aponta outras reformas, além da previdenciária, para reativar economia; esgotamento do setor público restringe alternativas

Crises internas e embates ideológicos à parte, um dos fenômenos mais marcantes dos primeiros seis meses do governo Jair Bolsonaro (PSL) é, sem dúvida, o contraste entre o otimismo da Bolsa de Valores e a prostração da economia real.

Enquanto os preços das ações mais negociadas bateram recordes nominais, a produção e a renda do país ficaram estagnadas em patamares já deprimidos — e em flerte com uma recaída recessiva.

Entre grandes empresários e investidores nota-se ampla aprovação à agenda liberal e aos quadros da equipe econômica de Brasília, além de prognósticos favoráveis quanto à urgente reforma da Previdência. Entretanto essa boa impressão não se traduz em investimentos e contratações.

Como resultado, as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto neste 2019 estão em queda contínua e hoje rondam o ,85%, abaixo até da taxa pífia de 1,1% verificada nos dois anos anteriores.

À falta de um entendimento mais completo, uma hipótese usual para explicar o mau desempenho é a cautela do setor produtivo — que estaria a aguardar um desfecho mais palpável da mudança no sistema de aposentadorias ou, quem sabe, sinais mais convincentes de estabilidade no cenário político.

Em entrevista a esta Folha, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, previu um “ganho de expectativas gigantesco” coma aprovação da reforma previdenciária. A isso seriam somados os efeitos de outras medidas liberalizantes, da abertura do mercado de gás à redução da participação dos bancos públicos no setor de crédito.

Essa agenda, diga-se, está em curso desde 2016, na chegada de Michel Temer (MDB) ao Planalto, com feitos relevantes — como o teto para o gasto federal, a reforma trabalhista e a quebra do monopólio da Petrobras no pré-sal, além da redução expressiva da inflação e dos juros do Banco Central.

O governo Bolsonaro teve, até agora, o mérito de aproveitar iniciativas que encontrou em andamento, casos do projeto que busca ampliar o cadastro positivo e mesmo do acordo comercial entre o Mercosul e a União Européia.

A resposta da economia a esses avanços tem sido frustrante, decerto. Como mostraram trabalhos recentes da Fundação Getulio Vargas e do Bradesco, a taxa de investimento do país caiu, na recessão, ao menor nível das últimas décadas, de meros 15% do PIB — e pouco se alterou desde então.

Nada parece recomendar, porém, movimentos na direção oposta. Não se trata aqui de purismo liberal, mas do incontornável esgotamento dos meios para elevação do gasto público, dos incentivos tributários ou do crédito oficial. Neste cenário ainda pouco compreendido, ainda estão por serem corrigidos erros e excessos do passado.

Folha de S. Paulo

Trump na terra de Kim

Em um gesto abrupto, como é recorrente em sua política externa, o presidente Donald Trump relançou a negociação de um acordo nuclear com a Coreia do Norte.

Após o anúncio, Trump tornou-se o primeiro mandatário americano a pisar no solo do país asiático, governado por uma bizarra dinastia stalinista desde 1948.

O ato foi largamente simbólico e deve ser observado com a devida cautela. Se obviamente é salutar ver adversários de décadas armados com bombas atômicas encenando gestos de entendimento, cabe ressaltar que a dinâmica entre Trump e o ditador Kim jong-un não permite otimismo excessivo.

Esse foi o terceiro encontro entre os dois, que até ensaiaram um conflito militar em 2017 — quando Kim acelerou o seu programa de mísseis balísticos e demonstrou estar próximo de dispor de uma arma teoricamente capaz de levar uma bomba nuclear aos EUA.

Em 2018, Trump aquiesceu e elevou o déspota à qualidade de igual, em outro evento carimbado pelo epíteto de histórico. Fotos correram o mundo e promessas foram feitas. O efeito durou pouco.

Meses depois, em fevereiro deste ano, ambos os líderes discordaram sobre um acordo de desnuclearização da Península Coreana cujos termos nunca foram claros.
Agora, segundo reportou o jornal The New York Times, a ideia seria propor um congelamento do programa nuclear de Kim, sem mexer no arsenal existente de artefatos atômico da ditadura, estimado por especialistas entre 20 e 30 ogivas (ante 3.800 nos EUA).

O mais belicoso assessor de Trump, John Bolton, descartou o relato. Mas ele vem colecionando derrotas recentes, como na condução da hoje muito mais instável crise nuclear com o Irã.

Se a pretensão se confirmar, estaria configurada uma vitória e tanto para Kim, cuja ascendência sobre seu emaciado público interno depende de demonstrações de força. Não faltarão belicistas a apontar acordos do gênero para sustentar que qualquer regime, por aberrante que seja, pode se manter se tiver como recorrer à bomba.

Ao republicano restaria a propaganda de que conteve o jovem ditador, o que parece de bom tamanho para a largada da disputa pela reeleição em 2020.

Propostas de congelamento de arsenal não têm bom histórico. Em 1994, Bill Clinton ofertou o mesmo ao pai de Kim e obteve anos de engodo, que permitiram à ditadura pavimentar o caminho para seu primeiro teste nuclear, em 2006. Um novo acordo assim serviria melhor a Pyongyang do que à paz.

Na comissão da reforma da Previdência, Rubens Bueno protesta contra privilégios de juízes e promotores

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O deputado federal Rubens Bueno (Cidadania-PR) elogiou o presidente e o relator da Comissão Especial da Reforma da Previdência que, segundo ele, faz o Parlamento pensar no Brasil, enquanto muitos segmentos do país só estão preocupados “com o próprio umbigo”.

O parlamentar relatou a história contada pelo jornalista Lúcio Vaz no jornal “Gazeta do Povo”, que dá conta de casos de juízes que chegam a receber até R$ 8 milhões de salário com ações na Justiça.

“Quando se trata de juiz e promotor, o crime compensa, pois o juiz criminoso atualmente se aposenta compulsoriamente com proventos integrais”, disse o deputado.

O relator, deputado federal Samuel Moreira (PSDBSP), comentou que seu substitutivo da reforma da Previdência acaba com essa previsão. Rubens lembrou que o TCU (Tribunal de Contas da União) acabou de definir que juízes e advogados têm direito a aposentadoria, mesmo que não tenham contribuído para a Previdência.

“E quando vale para juiz, vale para promotor. Isso é um absurdo, uma vergonha para o país, onde aqueles que deveriam aplicar a lei e aqueles que têm o dever de fiscalizar a aplicação da lei são os primeiros a desobedece-la”, protestou.

Reforma da Previdência: Com voto do Cidadania, comissão derruba requerimento para postergar votação

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Com o voto do deputado federal Alex Manente (Cidadania-SP), a Comissão Especial da Câmara derrotou nesta terça-feira (2) um requerimento que poderia adiar a votação do parecer da Reforma à Previdência (PEC 06/2019) .

Por 32 votos contrários e 13 obstruções, os deputados rejeitaram um pedido da oposição para encerrar a sessão em que seria lido o voto complementar do deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP).

Ao defender a continuidade do curso normal de tramitação da matéria, Manente disse que a PEC 06 é uma necessidade para o País.

“De fato, fazer uma reforma da Previdência não é fácil, mas ela é necessária. Precisamos avançar e a PEC é fundamental para o reequilíbrio das contas públicas no país”, justificou o parlamentar.

Jogo duro contra devedores do INSS

Alex Manente informou que a Comissão Especial deve analisar nas próximas horas um destaque de sua autoria que veda a rolagem de dívidas dos grandes devedores da Previdência Social no Brasil.

“É grande a chance deste dispositivo ser aprovado, já que é um tema quase que consensual”, acrescentou o deputado.

Ao lembrar 25 anos do Real, Rubens Bueno homenageia Itamar Franco

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Em discurso no plenário da Câmara nesta terça-feira (02), o deputado federal Rubens Bueno (Cidadania-PR) lembrou os 25 anos da implantação do Plano Real, destacou a revolução econômica que ele proporcionou ao País, e homenageou o ex-presidente Itamar Franco, que teve a coragem de colocar as medidas em prática.

“O último dia 1° de julho marcou os 25 anos da implantação da nova moeda, o Real. A lembrança desta data vem exatamente reafirmar a necessidade de resgatarmos um dos mais importantes legados que o governo do saudoso Presidente Itamar Franco nos deixou: a estabilidade econômica e a redução da desigualdade no Brasil”, disse o deputado.

Rubens Bueno ressaltou que foi o Plano Real que lançou as bases para todos os avanços econômicos de que o Brasil passou a desfrutar e viabilizou uma das mais significativas conquistas da nossa sociedade: a redução drástica na desigualdade da distribuição de renda e a inserção social de milhões de brasileiros.

Rubens: Itamar foi homem de coragem

“Quero aqui prestar minhas homenagens ao saudoso ex-presidente Itamar Franco, homem limpo e decente que fez a maior revolução econômica pós-Segunda Guerra no mundo, e que há oito anos nos deixou, quando exercia mandato de senador pelo nosso partido, então PPS e agora Cidadania. Um homem de coragem, um conciliador que tanta falta faz hoje em um Brasil marcado por divisões, por disputas extremistas que em nada ajudam a retirar o país da crise que vivemos. Que possamos olhar para o passado e aprender com as lições deixadas por aqueles que implantaram o Plano Real”, afirmou.

Fernando Henrique

O parlamentar destacou também a importância do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que como ministro da Fazenda do governo Itamar Franco e como presidente do Brasil por dois mandatos seguidos implantou as medidas necessárias para o sucesso do plano.

“Infelizmente, os governos capitaneados pelo PT não deram os passos seguintes e necessários para o avanço de nossa economia. De início, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva surfou com os resultados do plano. Mas, a partir do governo de Dilma Rousseff, com a falta de compromisso com novas ações para garantir o equilíbrio fiscal e políticas irresponsáveis com relação aos gastos públicos, nossa economia começou a afundar e mergulhamos em uma crise que persiste até hoje”, lamentou.

Inflação

Rubens Bueno destacou que foi o Plano Real que debelou um mal que por tanto tempo assombrou o país: a inflação. As novas gerações, graças ao Plano Real, já nasceram sob a égide de uma economia estável, e hoje desconhecem o drama que foi o aumento diário dos preços. A inflação acumulada, em 1993, era de 2.780 por cento.

“Por conta de tamanha distorção dos preços, não havia, naquela época, a mínima noção de valor real dos bens e serviços. Até o dia 1º de julho de 1994, quando o real começou a tornar-se realidade, o trabalhador brasileiro recebia o seu salário de manhã e, à tarde, corria ao supermercado para comprar carne, arroz, feijão e açúcar, sob pena de ver, em questão de horas, seu salário reduzido pelo nefasto imposto inflacionário. Eram tempos difíceis”, rememorou.

O deputado disse ainda que se hoje o Real é uma realidade que mudou a vida dos brasileiros e os rumos do país para melhor, houve quem apostou no fracasso do Plano, acusando o presidente Itamar Franco de beneficiar o seu então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, na corrida da sucessão presidencial.

“Nas palavras do então candidato a Presidente da República, Lula, o Plano Real era o estelionato eleitoral. Opinião compartilhada pelo seu vice, senador Aloizio Mercadante, que lá dizia que isso era para impedir a vitória de Lula. Felizmente, o ex-presidente Lula e o ministro Mercadante mostraram-se equivocados. E hoje o Brasil inteiro reconhece o sucesso que foi o Plano Real”, disse.

Executiva Nacional restabelece mandato do Diretório Municipal de Salvador

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A Comissão Executiva Nacional do Cidadania aprovou, nesta terça-feira (02), resolução (veja abaixo) que anula, ad referendum do Diretório Nacional, a dissolução do Diretório Municipal de Salvador (BA) e restabelece o mandato da direção partidária na capital baiana.

Resolução Orgânica nº 005/2019

Considerando a dissolução do Diretório Municipal de Salvador/BA, medida adotada pelo Diretório Estadual da Bahia, invocando como fundamento supostas irregularidades “na ótica contábil e fiscal”;

Considerando que o próprio Diretório Estadual da Bahia teve contas desaprovadas pela Justiça Eleitoral, situação que inclusive encontra-se atualmente impedindo o referido Diretório de receber repasses do Fundo Partidário;

Considerando o princípio da vedação do comportamento contraditório, que impõe coerência às partes, não podendo exigir de outros entes aquilo que não cumprem;

Considerando-se que o Estatuto possibilita até mesmo a intervenção ou dissolução de Diretório Estadual que intervir ou dissolver injustificadamente Diretórios Municipais (Art. 41, III), o que torna possível a adoção de medida menos drástica;

Considerando-se que o Estatuto prevê, em seu Art.43, § 1º, o recurso de ofício da dissolução ou intervenção ao Diretório Nacional;

Considerando-se que a situação em Salvador reclama uma solução urgente;

A Comissão Executiva Nacional, ad referendum do Diretório, RESOLVE:

Art. 1º – Anular a dissolução do Diretório Municipal de Salvador/BA, devendo ser restabelecido o mandato do Diretório dissolvido.

Art. 2º – Determinar ao Diretório Estadual da Bahia e ao Diretório Municipal de Salvador que solucionem as pendências contábeis junto à Justiça Eleitoral com a maior brevidade possível.

Art. 3º – Nomear uma comissão formada pelos dirigentes nacionais David Zaia, Wober Júnior e Regis Cavalcante para dirimir o aparente conflito entre os dirigentes do Estado da Bahia e do Município de Salvador, a fim de reconstruir a unidade partidária naquele Estado.

Art. 4º – Comunicar esta decisão à Justiça Eleitoral.

Brasília, 2 de julho de 2019.

Roberto Freire
Presidente Nacional

Paula Belmonte coordena frente pelo combate ao suicídio e à automutilação

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Com a presença de deputados, senadores e representantes dos ministérios da Saúde, Cidadania, Mulher, Família e Direitos humanos e de entidades da sociedade civil, foi lançada nesta terça-feira (02) na Câmara a Frente Parlamentar pela Prevenção e Combate à Automutilação e ao Suicídio. A deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) é coordenadora do novo organismo e defendeu a união dos poderes da República e da sociedade civil para um enfrentamento eficaz do problema.

O Brasil é o oitavo país do mundo em incidência de morte autoprovocada. No planeta, ocorre um suicídio a cada 45 minutos, um número que vem crescendo aproximadamente 24% na faixa etária de 19 a 24 anos. Segundo os especialistas, 90% dos casos de suicídio poderiam ter sido evitados. É nesse índice que reside a maior esperança da frente para não deixar que mais vidas sejam perdidas.

Paula Belmonte admite que é difícil falar sobre esse assunto, mas lembra que, quando foi pedir adesão à frente, todos os parlamentares contatados contaram que conheciam algum caso de automutilação ou de suicídio.

“Atrás de um jovem que comete automutilação ou suicídio, está uma família. E não são apenas jovens. A incidência de idosos, em Brasília, que se jogam dos edifícios é significativa”, disse a parlamentar.

Segundo ela, não se pode deixar de trazer a criança, o jovem e o idoso que enfrentam sofrimento psicológico para a convivência da família diariamente, para serem ouvidos e reconhecidos. Para Belmonte, “é preciso buscar os princípios e valores cristãos, porque a sociedade está adoecendo de várias maneiras. Precisamos fazer uma reflexão muito profunda sobre o que estamos deixando acontecer com nossa sociedade”.

Paula Belmonte contou que faz um trabalho com indígenas e que pôde constatar que entre eles também ocorre suicídio entre crianças e jovens. No Distrito Federal, de acordo com a deputada, o número de suicídios é elevado.

“O número de casos de automutilação também é muito alto. Em uma das escolas que visitei ocorreram 130 casos (de automutilação) envolvendo meninas”, relatou. 

Em geral, segundo a parlamentar, a maioria das crianças e jovens que se ferem procura usar camisetas de manga longa para esconder as cicatrizes, e muitas meninas chegam a machucar a própria genitália.

Prefeitura de Vitória (ES) lança programa de proteção e prevenção a emergências

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A Prefeitura de Vitória (ES) lançou, nesta segunda-feira (01), o programa Proteção e Prevenção a Emergências e instituiu anualmente uma semana específica voltada para o tema. Trata-se de mais uma etapa do Comitê de Gestão Integrada de Segurança contra Incêndios, criado pela prefeitura da capital capixaba em fevereiro, que tem como objetivo intensificar as ações de segurança em todos os equipamentos públicos da administração municipal.

“Nossa responsabilidade em proteção e prevenção é absoluta. Os países desenvolvidos têm essa consciência que é preciso investir em políticas públicas que acelerem esse tipo de cultura. A necessidade de criação desse comitê surgiu quando tivemos de resolver a situação dos alvarás dos prédios da administração e, dessa crise, fizemos uma ‘limonada’. Mas precisamos trabalhar muito ainda. Nós temos 50 mil crianças na rede municipal, todas com menos de 14 anos, e o trabalho de vocês nesse comitê é um trabalho de anjo da guarda. Quero fazer um apelo para que continuemos firmes nesse programa e que tenhamos todos os alvarás das escolas até o final do ano”, disse o prefeito Luciano Rezende, do Cidadania.

O programa começou nas escolas municipais. Realizado pela Defesa Civil em parceria com o Corpo de Bombeiros e a Seme (Secretaria Municipal de Educação), ele leva para o espaço escolar a cultura da prevenção, com capacitações, palestras e simulados contra incêndio.

Outra meta do programa é conseguir, até o final de 2019, os alvarás do Corpo de Bombeiros para as 103 escolas municipais (entre Centros Municipais de Educação Infantil e Escolas Municipais de Ensino Fundamental). Desde a criação do comitê, 18 escolas receberam o alvará e, até a próxima semana, mais 10 terão seus certificados.

Proteção

O coordenador da Defesa Civil de Vitória, Jonathan Jantorno, que também coordena o programa, destaca as ações inovadoras.

“Junto com a secretária de Educação, Adriana Sperandio, e o tenente-coronel Paiva, comandante do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros, nós começamos a desenvolver o que poderia ser feito, primeiramente, nas escolas, sobre ações de combate e prevenção a incêndios. Esse programa vai seguir para todas as secretarias municipais. Iniciamos na Educação e depois será implantado na Assistência Social e na Saúde, pois essas secretarias possuem prédios com maior número de pessoas e atendimentos diários. O programa vem para ajustar a série de procedimentos necessários para obtenção do alvará do Corpo de Bombeiros e ter edificações ainda mais seguras”, enfatizou Jonathan.

“Esse programa para nós é um marco na Prefeitura de Vitória. Estamos trabalhando um processo de formação continuada dos profissionais das unidades escolares, extensivo a pais e comunidade em geral, e a gente vai caminhando na direção de desenvolver a cultura da prevenção no espaço escolar. Iniciando essa atividade pelas escolas, a possibilidade que a gente tem de levar esse novo hábito para o ambiente familiar é muito grande e, assim, a gente caminha nessa direção de ter uma cidade pioneira no desenvolvimento de ações voltadas à prevenção, à segurança e à proteção”, disse a secretária de Educação, Adriana Sperandio.

Inovação

Comandante do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros e parceiro da Prefeitura de Vitória no programa Proteção e Prevenção a Emergências, o tenente-coronel Paiva diz que esta é a realização de um sonho.

“É a concretização de um sonho de tudo que a gente vem trabalhando para realizar um programa concreto com as escolas, e implantar essa cultura de prevenção não tem preço. É um projeto que tem tudo para ser implantado em todo o Estado e, digo mais, até mesmo ganhar projeção nacional. A obtenção dos alvarás é importante e estamos caminhando para que todas as escolas tenham. Mas o que é preciso é mudar essa cultura e trabalhar a situação antes de um incêndio acontecer, capacitando a comunidade escolar para situações extremas. As crianças levarão isso para suas famílias”.

O comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Cerqueira, também enfatizou o pioneirismo do programa. “O Corpo de Bombeiros parabeniza a Prefeitura de Vitória pela iniciativa desse programa inovador, que mostra como é importante o poder público se aliar à corporação para tratar desses assuntos de prevenção”. (Prefeitura da Vitória)