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O País tem pressa na aprovação da Reforma da Previdência, diz Alex Manente

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O deputado Alex Manente (Cidadania-SP), em debate na Comissão Especial da Reforma da Previdência, nesta quarta-feira (03), pediu rapidez na aprovação do parecer das mudanças nas aposentadorias do brasileiros. Para ele, o Brasil precisa da reforma para sair da crise econômica.

“É necessário avançarmos nessa matéria para responder à expectativa da sociedade. Esta Casa precisa cumprir com seu papel aprovando essa reforma. O País tem pressa”, advertiu o parlamentar, ao votar contra o requerimento de retirada de pauta apresentado pela oposição.

A alegação para o pedido de retirada foi que os parlamentares desconheciam o conteúdo da nova complementação de voto que seria apresentada pelo relator, deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP).

“Com certeza, serão apresentados vários destaques a essa nova complementação de voto. Nessa etapa, todas correções no texto poderão ser feitas. Esse requerimento de retirada de pauta é inoportuno”, rebateu o parlamentar.

O deputado do Cidadania votou contra a todos requerimentos que visavam postergar a apreciação do parecer na Comissão especial.

Mudanças no BPC

Na terceira versão do parecer, Samuel Moreira alterou alguns pontos. Um dos mais polêmicos é o que proíbe estados e municípios de criar cobranças extras aos servidores para cobrir seus rombos previdenciários. Alguns deputados queriam que todas as menções a estados e municípios fossem retiradas do parecer. A proibição, no entanto, foi mantida.

Na alteração no BPC (Benefício de Prestação Continuada), Moreira permite que mudanças nos critérios de vulnerabilidade social sejam feitas por lei. Dessa forma,  não será mais necessário uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), cuja aprovação exige, no mínimo, 308 votos, em cada turno de votação.  para alterar as regras.

Movimentos sociais do Cidadania repudiam ataques contra Tayana Dantas

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Os movimentos sociais do Cidadania – Mulheres, Diversidade, Juventude e Igualdade – divulgaram nota de repúdio (veja abaixo) contra os ataques de conteúdo misógino, homofóbico e machista nas redes sociais sofridos por Tayana Dantas, filiada ao partido e pré-candidata a prefeita de Vila Velha (ES).

NOTA DE REPÚDIO AOS ATAQUES CONTRA UMA DE NÓS

A Secretaria das Mulheres, a Diversidade, a Juventude e a Igualdade, movimentos sociais do Cidadania, vêm a público, indignados, repudiar os ataques sofridos pela filiada Tayana Dantas, que desde domingo, 30, logo após assinar sua filiação no Cidadania-ES e se lançar pré-candidata à prefeitura de Vila Velha, tem convivido com ataques nas mídias sociais e em portais de notícias com forte conteúdo misógino, homofóbico e machista.

Somos um partido que tem muitos anos de luta na defesa de uma política limpa e ética, do respeito a mulheres, com firmeza de propósitos contra qualquer tipo de discriminação e preconceito, prova disso é nossa recente grande vitória pela criminalização da homofobia no STF. E contra táticas típicas do modo mais rasteiro de fazer campanha.

Tayana Dantas nasceu na capital Vitória, é formada em Artes Cênicas, pós-graduada em Administração, mestranda em Segurança Pública, trabalhou em grandes empresas. É fundadora do Movimento Vila Nova, que conta com mais de 100 voluntários, que visa analisar o cenário de Vila Velha e trazer as propostas de mudança com os melhores especialistas; hoje é gestora de uma das melhores universidades do país, a Universidade Vila Velha.

Tayana Dantas tem toda nossa solidariedade!

Secretaria Nacional de Mulheres do Cidadania (M23)
Coordenação Nacional da Diversidade do Cidadania (D23)
Juventude Nacional do Cidadania (J23)
Coordenação Nacional do Igualdade do Cidadania (I23)

CCJ aprova criação do Colégio de Líderes do Senado proposta por Eliziane Gama

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A CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) do Senado aprovou, nesta quarta-feira (3), substitutivo ao Projeto de Resolução do Senado (PRS 26/2019), que cria o Colégio de Líderes do Senado Federal, a exemplo do que já existe na Câmara dos Deputados. O texto segue para análise da Cdir (Comissão Diretora).

A autora, senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), defende a atualização do Risf (Regimento Interno do Senado Federal) por entender que o texto “está acometido de muitas previsões que já não são condizentes com as melhores e mais modernas práticas democráticas”.

“Uma das lacunas que nos parece mais expressiva é a ausência de um colegiado de líderes de partidos políticos e blocos parlamentares atuantes na Casa, com um perfil que reconheça a tal órgão competências e prerrogativas adequadas à relevância desses senadores e senadoras, diluindo tanto quanto possível, poderes que, hoje, são excessivamente confluentes a órgãos por vezes não tão representativos”, pontuou Eliziane na justificação do projeto.

O relator da proposta, senador Lasier Martins (Podemos-RS), considerou a iniciativa oportuna.

“A formalização da existência e do funcionamento do Colégio de Líderes significa um importante passo à frente para a democratização e para a descentralização da estrutura de funcionamento do Senado Federal, indo também ao encontro das reivindicações da sociedade e da opinião pública por conferir maior transparência e maior publicidade”, defendeu,

Decisões

Pelo texto, as decisões do Colégio de Líderes, se não houver consenso, serão tomadas por maioria absoluta, ponderando-se os votos dos líderes de partidos políticos e blocos parlamentares com o número de integrantes das bancadas.

O colegiado poderá provocar o presidente do Senado para transformar sessões públicas em secretas e para a criação de comissão para a representação externa do Senado. A pauta da Ordem do Dia deverá ser elaborada pelo presidente do Senado, podendo ser modificada pelo Colégio de Líderes com a inclusão ou retirada de matérias. Eles também deverão ser ouvidos antes da convocação de sessões extraordinárias.

O Colégio de Líderes também poderá propor a transformação das sessões deliberativas em sessões de debates temáticos para discussões e deliberações de assuntos relevantes de interesse nacional previamente fixados, inclusive com possibilidade de realização de Ordem do Dia temática. Hoje, quem pode propor isso é o presidente do Senado, um terço dos senadores ou líderes que representem esse número. A proposta precisa ser aprovada pelo Plenário.

Mudanças

Originalmente, a proposta estabelecia a composição do Colégio de Líderes pelas lideranças dos partidos políticos, dos blocos parlamentares, do governo e por uma representante da bancada feminina. O texto alternativo apresentado por Lasier inseriu nesse rol o presidente do Senado e designou a Procuradora Especial da Mulher como a representante da bancada feminina, sugestão do senador Angelo Coronel (PSD-BA).

O PRS 26/2019 também concedia apenas direito a voz ao líder do governo e aos líderes partidários integrantes de blocos parlamentares no novo colegiado. Lasier manteve essa restrição ao líder do governo e a estendeu à procuradora especial da Mulher, mas permitiu voz e poder de votação ao líder de partido político membro de bloco parlamentar.

Quebra de decoro

Diversos dispositivos do Risf foram alterados pelo PRS 26/2019 para que o Colégio de Líderes passasse a opinar em várias situações do cotidiano legislativo e parlamentar. A princípio, a proposta concedia ao colegiado o poder de provocar manifestação da Mesa Diretora quanto à prática de ato de algum senador incompatível com o decoro parlamentar ou com a compostura pessoal nas dependências da Casa. No entanto, essa permissão foi eliminada pelo relator.

“Entendemos não ser próprio do Colégio de Líderes a decisão de representar contra determinado senador por quebra de decoro parlamentar. Em caso de violação da Constituição e do Regimento Interno por parte de parlamentar, existem outros meios para que o ato seja apreciado e julgado, conforme o caso. Ademais, poderão representar contra senador diretamente no Conselho de Ética, caso o fato enseje perda de mandato, a Mesa ou partido político com representação no Congresso Nacional”, afirmou Lasier no parecer.

Calendário especial

Lasier, em seu texto alternativo, estabeleceu competência exclusiva ao Colégio de Líderes para apresentar requerimento de calendário especial regulando a análise e votação de Propostas de Emenda à Constituição (PECs). O relator observou que, atualmente, esse calendário é utilizado informalmente para dar tramitação mais célere às propostas de alteração constitucional.

“Tal requerimento se faz necessário quando o Plenário pretende conferir às PECs o rito sumário, suprimindo etapas, interstícios e prazos regimentais. Ocorre que tal requerimento não é previsto regimentalmente, sendo utilizado apenas quando há acordo de lideranças na tramitação dessas matérias”, explicou Lasier.

Também foi definido dia e horário da reunião do novo colegiado: terças-feiras, às 14h30. Admitiu ainda sua convocação extraordinária por líderes que representem a maioria absoluta dos membros da Casa ou pelo presidente do Senado. (Agência Senado)

Jornal Nacional destaca mudanças no pacote anticrime relatado por Marcos do Val

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Pacote anticrime de Sergio Moro é apresentado na CCJ do Senado

Projeto tem três relatores, com pareceres divididos por temas. Texto mantém vários pontos do projeto original.

Jornal Nacional – O Globo

No Senado, começou a tramitar nesta quarta (3) o pacote anticrime do ministro Sergio Moro. A apresentação na Comissão de Constituição e Justiça, que seria só na semana que vem, foi antecipada para esta quarta. O texto mantém vários pontos do projeto original.

No Senado, o pacote tem três relatores, com pareceres divididos por temas.

O relator, senador Marcos do Val (Cidadania-ES), fez mudanças em relação ao texto do ministro da Justiça, Sergio Moro. Uma delas foi em relação à legítima defesa: o termo “violenta emoção” foi retirado dos critérios para a legítima defesa.

“Tiramos a questão sobre fortes emoções, porque isso dava uma margem perigosa de a pessoa se embasar nisso para poder justificar a sua ação sobre a sua esposa, sobre seus filhos”, disse.

Marcos do Val manteve outras propostas do mesmo jeito que foram enviadas por Moro, como:

Aumentar a punição para o comércio ilegal de armas;

Punir grupos que atuam como milícias;

sequestro de bens de integrantes de organizações criminosas;

E o plea bargain, uma espécie de acordo, uma confissão por parte do acusado em troca de pena menor.

O relatório do senador Marcio Bittar, do MDB, que trata de caixa 2, também foi lido na Comissão de Constituição e Justiça.

A pena é de dois a cinco anos de prisão para quem doar e para quem receber; e determina que, se o dinheiro tiver origem em atividade criminosa ou se algum agente público atuar para viabilizar o caixa 2, a pena pode aumentar de um a dois terços.

Na Câmara, o pacote anticrime é analisado por um grupo de trabalho. A etapa seguinte é o projeto ser analisado em uma comissão especial, que ainda tem que ser criada.

O deputado Capitão Augusto, do PL, apresentou nesta quarta (3) o relatório que, além do pacote de Moro, inclui propostas do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

O parecer prevê:

A prisão após condenação em segunda instância;

Legítima defesa para agentes públicos, com liberação da prisão em flagrante caso comprovado que o agente agiu para se defender;

Mudanças na lei para aumentar a punição ao comércio ilegal de armas;

Aumento da pena máxima de prisão no país de 30 para 40 anos.

O que for aprovado na Câmara também terá que passar pelo Senado e vice e versa. O pacote que vai prevalecer é o que for aprovado primeiro nas duas casas. Mas esse desfecho vai ficar para depois do recesso parlamentar.

Fundo Amazônia: Alemanha retém doação de R$ 151 milhões

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Alemanha retém doação de R$ 151 milhões para Fundo Amazônia

Estadão Conteúdo

O governo da Alemanha decidiu reter uma nova doação de 35 milhões de euros, o equivalente a mais de R$ 151 milhões para o Fundo Amazônia. O país já repassou R$ 193 milhões para o programa.

A decisão de segurar o novo aporte, conforme apurou o jornal O Estado de S. Paulo, está relacionada às incertezas que rondam o futuro do programa. A doação será retida enquanto o governo Bolsonaro não anunciar, claramente, o que pretende fazer com o principal programa de combate ao desmatamento do País.

Na tarde desta quarta-feira, 03, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, esteve reunido com embaixador da Alemanha, Georg Witschel, e o embaixador da Noruega, Nils Martin Gunneng. Na conversa, que durou 45 minutos, trataram de temas gerais do fundo.

Salles se comprometeu a entregar, no dia 15 de julho, uma minuta de decreto com os detalhes do que pretende alterar na gestão do fundo. Assuntos como o uso dos recursos do fundo para bancar indenizações fundiárias na Amazônia, que hoje é proibida pelo programa, ficaram de fora da conversa.

A reportagem apurou que o encontro teve um clima amigável. Os países sinalizaram o interesse de continuar a colaborar com o programa, mas não assumiram nenhum compromisso e vão aguardar o que, na prática, o governo pretende fazer.

A Noruega, que já colocou R$ 3,186 bilhões no programa brasileiro, que é administrado pelo BNDES, responde por 94% do montante de R$ 3,396 bilhões recebidos. Os noruegueses também sinalizam interesse de continuar no programa, mas declararam que isso ocorrerá “desde que esses ajustes contribuam para reduzir o desmatamento e promover o desenvolvimento sustentável na região amazônica.”

Durante viagem ao G-20, o presidente Jair Bolsonaro reagiu a declarações dos governos da Alemanha e França sobre questões de desmatamento na Amazônia, o que causou mal-estar e lançou dúvidas sobre a continuidade do programa.

Acordos comerciais entre a União Europeia e o Mercosul, no entanto, passaram a ser vistos como uma nova plataforma para negociações e exigências sobre acordos ambientais.

As intenções do governo de mudar as regras do fundo sem um acordo prévio dos dois países foi mal recebida por seus representantes. O Brasil tem independência para escolher os programas que serão apoiados pelos recursos.

Essas iniciativas, porém, são monitoradas pelos doadores, assim como as taxas de desmatamento do País. O compromisso é que o Brasil apresente um desmatamento anual inferior à taxa de 8.143 km² por ano na região, para ter acesso aos recursos. Se superar essa marca, fica impedido de utilizá-los.

A gestão do Fundo Amazônia virou foco de uma crise, depois que Ricardo Salles declarou ter encontrado “fragilidades na governança e implementação” dos projetos do fundo em contratações feitas pelo BNDES. Paralelamente, o banco público, que administra os recursos, afastou a chefe do Departamento de Meio Ambiente, Daniela Baccas. Inconformado com a decisão, Gabriel Visconti, chefe de Daniela e responsável pela gestão pública e socioambiental do BNDES, pediu para deixar o cargo.

As embaixadas da Alemanha e Noruega saíram em defesa da gestão do programa e declararam que estavam satisfeitas com os resultados do trabalho e que nunca encontraram nenhum tipo de problema de gestão. Ricardo Salles ainda não apresentou nenhuma evidência de irregularidades cometidas no uso dos recursos.

Luiz Carlos Azedo: Primeiro os teus!

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NAS ENTRELINHAS – CORREIO BRAZILIENSE

A expressão “Mateus, primeiro os teus” tem origem bíblica, mas é uma derivação popular, segundo o mestre Luís Câmara Cascudo, muito citada por causa da rima. Não tem muito a ver com o texto original dos conselhos de Jesus ao discípulo, que era cobrador de impostos em Cafarnaum, na Judeia. Pelo fato de ser judeu e servir aos romanos, Mateus sofria muita hostilidade. A passagem da Bíblia é a seguinte: “Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás ver com clareza para tirar o cisco do olho de teu irmão”.

A citação vem ao caso por causa da interferência do presidente Jair Bolsonaro na apresentação do relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) sobre a reforma da Previdência, lido ontem na comissão especial da Câmara. Na manhã de ontem, o presidente da República despachou o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para uma reunião na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com objetivo de incluir na reforma certas “percepções” sobre as reivindicações de policiais civis e militares e outros segmentos da área de segurança pública.

Bolsonaro não suportou as pressões de sua própria base eleitoral, depois de ser chamado de traidor por policiais que se manifestaram na Esplanada dos Ministérios na terça-feira e, principalmente, ter recebido vaias de torcedores no Mineirão, ao testar mais uma vez a popularidade num jogo da Seleção Brasileira. Foi o bastante para o presidente da República sugerir mudanças no texto que seria apresentado pelo relator, cujo verdadeiro teor, porém, não foi revelado pelo porta-voz da Presidência, general Rego Barros, na coletiva na qual explicou a posição do governo, ou melhor, “percepções”, no final da tarde, no Palácio do Planalto.

O governo também aproveitou a reunião de líderes para negociar a liberação de emendas parlamentares, demanda dos deputados para votar a reforma. Por mais que se diga que não, é uma espécie de toma lá dá cá: o governo libera verbas para as bancadas e Bolsonaro negocia mudanças no relatório de Samuel Moreira para evitar que sua base se volte contra o governo. A terceira versão do relatório deve excluir qualquer medida que possa atingir estados e municípios, como a que permitiria o aumento da contribuição previdenciária de servidores pelos governadores e prefeitos.

Com isso, a aprovação do relatório da Previdência antes do recesso subiu no telhado. Hoje, haverá nova tentativa de concluir a aprovação do texto na comissão especial. Será preciso muito esforço dos líderes da Casa e do próprio governo para que isso ocorra. Voltando ao texto bíblico, como no dito popular, Bolsonaro quer proteger sua base eleitoral na área de segurança pública, que pleiteia tratamento privilegiado, como tiveram os militares das Forças Armadas.

A analogia com a versão original vale para os deputados, porque o cisco no olho é a inclusão do aumento das contribuições previdenciárias de estados e municípios na reforma, como queriam os governadores. Os deputados federais querem dividir a conta da reforma da Previdência com governadores, deputados estaduais, prefeitos e vereadores. Não querem queimar o filme com servidores estaduais e municipais, que poderiam dar o troco nas próximas eleições, votando contra a reeleição dos deputados federais que aprovassem a reforma e elegendo deputados estaduais e prefeitos para as vagas na Câmara. Citam, como exemplo, o que aconteceu em relação à reforma trabalhista nas eleições passadas.

Convocação

A Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados ontem decidiu convocar o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para dar esclarecimentos sobre a política de preços de óleo diesel e o Cartão Caminhoneiro, criado em maio passado para estabilizar o preço do combustível por períodos de 30 dias. Assim como o pessoal da área de segurança, os caminhoneiros fazem parte da base mais aguerrida de Bolsonaro.

Em outras comissões, mais cinco ministros foram convidados a comparecer à Câmara, o que não representa um gesto de hostilidade, como a convocação: Tereza Cristina (Agricultura); Luiz Henrique Mandetta (Saúde); Augusto Heleno (Segurança Institucional); Fernando Azevedo (Defesa); e Abraham Weintraub (Educação).

Tereza Cristina e Mandetta foram convidados para falar na Comissão de Defesa do Consumidor sobre a liberação de 42 novos agrotóxicos neste ano. A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional convidou os generais Augusto Heleno e Fernando Azevedo e Silva para prestar esclarecimentos sobre a apreensão de 39 quilos de cocaína em um avião presidencial da Força Aérea Brasileira (FAB), na semana passada. Abraham Weintraub vai à Comissão de Trabalho, de Administração e de Serviço Público supostamente por ferir o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. (Correio Braziliense – 04/07/2019)

Empreiteiro delator de Lula, Léo Pinheiro diz que não sofreu coação da PF e MPF

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Nunca sofri coação, afirma empresário delator de Lula

Em carta à Folha, ex-executivo reafirma acusações após divulgação de diálogos que indicam dúvidas da Lava Jato na negociação de seu acordo

Mônica Bergamo – Folha de S. Paulo

O empreiteiro Léo Pinheiro, ex-executivo da construtora OAS, decidiu quebrar o silêncio à imprensa pela primeira vez desde que foi preso. Em carta enviada com exclusividade à Folha, a testemunha-chave para a condenação do ex-presidente Lula no caso do tríplex de Guarujá (SP) reafirma as acusações que fez contra o petista, diz que todas foram endossadas por provas e rechaça a possibilidade de ter adaptado suas declarações para que seu acordo de delação premiada fosse aceito pela Lava Jato.

“Afirmo categoricamente que nunca mudei ou criei versão, e nunca fui ameaçado ou pressionado pela Polícia Federal ou Ministério Público Federal”, afirma.

“A minha opção pela colaboração premiada se deu em meados de 2016, quando estava em liberdade e não preso pela Operação Lava Jato. Assim, não optei pela delação por pressão das autoridades, mas sim como uma forma de passar a limpo erros”, completa o ex-executivo da OAS. Pinheiro diz ainda que seu “compromisso com a verdade é irrestrito e total”.

Por isso, a elucidação de “fatos ilícitos que eu pratiquei ou que tenha tomado conhecimento é sempre respaldada com provas suficientes e firmes dos acontecimentos. Trata-se de um caminho sem volta”. “Não sou mentiroso nem vítima de coação alguma”, afirma. “A credibilidade do meu relato deve ser avaliada no contexto de testemunhos e documentos.”

O ex-presidente da OAS decidiu enviar a carta depois de reportagem da Folha, no último domingo (30), produzida a partir de análise de mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil, ter mostrado que o empreiteiro foi tratado com desconfiança pelos procuradores da Lava Jato durante quase todo o tempo em que se dispôs a colaborar com as investigações.

As mensagens indicam que Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, só passou a ser considerado merecedor de crédito após mudar diversas vezes sua versão sobre o apartamento de Guarujá que a empresa afirmou ter reformado para o líder petista.

As negociações entre os advogados dele e o Ministério Público Federal foram abertas em fevereiro de 2016.

As investigações sobre as relações de Lula com empreiteiras já tinham avançado, e os procuradores dispunham de muitas informações sobre as reformas no apartamento e as obras que a OAS e a Odebrecht tinham executado no sítio que ele frequentava em Atibaia (SP).

Pinheiro já tinha sido condenado por Moro por pagamento de propina a dirigentes da Petrobras. Ele recorria em liberdade, mas temia ser preso se a apelação fosse rejeitada pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4a Região), onde os processos de Curitiba são revistos.

As mensagens enviadas por uma fonte anônima ao Intercept e analisadas pela Folha e pelo site mostram a irritação dos procuradores na primeira fase da negociação da delação, que até hoje não foi homologada pela Justiça.

Em abril de 2016, por exemplo, um deles, Januário Paludo, chegou a dizer: “Tem que prender Leo Pinheiro. Eles [OAS] falam pouco”.

Em junho de 2016, dois meses depois desse diálogo, a Folha publicou que as tratativas do empreiteiro com o Ministério Público Federal tinham travado. Pinheiro descreveria as reformas do tríplex e do sítio de Atibaia apenas como uma forma de agradar Lula, sem contrapartidas. Os procuradores considerariam a narrativa pouco crível.

Pinheiro então teria mudado duas vezes a sua versão. Até que, em 2017, em depoimento ao juiz Sergio Moro, ele disse que o apartamento de Guarujá era de Lula. E afirmou que os custos das reformas feitas nele pela OAS, e também no sítio de Atibaia, eram descontados da propina devida ao PT por contratos da OAS fechados com a Petrobras.

A defesa de Lula, presente na audiência, reagiu questionando se o ex-executivo estava negociando acordo de delação premiada e se poderia receber algum benefício pelo fato de incriminar o ex-presidente.

Os advogados sustentam, desde então, que Léo “nunca havia incriminado Lula, foi pressionado e repentinamente alterou sua posição anterior em troca de benefícios negociados com procuradores de Curitiba, obtendo a redução substancial de sua pena”.

No caso do tríplex, Léo obteve progressão para o regime semiaberto após o cumprimento de 2 anos e 6 meses no regime fechado.

Na carta enviada à Folha, o empreiteiro diz que nunca contou versão diferente sobre o apartamento. Acrescenta: “A primeira vez que fui ouvido por uma autoridade sobre o caso denominado como tríplex foi no dia 20 de abril de 2017, perante o juiz federal Sergio Moro”. Antes disso, havia permanecido em silêncio sobre o tema.

O material “que comprova a minha fala”, escreve Léo, “foi todo apreendido pela Operação Lava Jato na minha residência, na sede da empresa OAS, na residência do ex-presidente Lula, na sede do Instituto Lula”.

“Não há como eu, Léo Pinheiro, ter apresentado versões distintas já que o material probatório é bem anterior à decretação da minha prisão”, completa o delator.

“O apartamento nunca tinha sido colocado à venda porque o ex-presidente Lula era seu real proprietário”, diz, relembrando o que afirmou a Moro no depoimento. Já as modificações no imóvel teriam sido executadas seguindo as orientações do petista e de seus familiares. “Preciso dizer que as reformas não foram um presente”, reafirma.

Da prisão, Pinheiro repete as acusações que fez a Lula nos processos judiciais, detalha as visitas ao tríplex e ao sítio feitas em companhia do ex-presidente e reafirma, no final, que os relatos ao Poder Judiciário foram feitos “de maneira espontânea e voluntária, sem qualquer beneficio prévio pactuado, onde, inclusive , abri mão de meu direito constitucional ao silêncio”.

“As provas que estão presentes no processo são bem claras e contundentes”, afirma o ex-empreiteiro.

Marcos do Val entrega parecer do projeto anticrime na CCJ do Senado

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O senador Marcos do Val (Cidadania-ES) entregou nesta quarta-feira (3) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado seu parecer conclusivo sobre o projeto de lei (PL 1864/2019) do pacote anticrime.

Do Val relatou um dos três projetos do pacote apresentado pela líder do Cidadania na Casa, senadora Eliziane Gama (MA) A ele coube o projeto que propõe alterações nos códigos Penal e de Processo Penal.

“O pacote anticrime tá ficando muito focado no combate ao crime organizado, combate à corrupção e incentivo à pessoa delatar. Mas não significa que ela é integrante do esquema de corrupção. [Se] ela simplesmente percebeu, vai denunciar”, disse o senador.

O projeto que tramita no Senado é semelhante ao apresentado pelo governo à Câmara em fevereiro. Eliziane Gama (Cidadania-MA) esteve presente junto com Marcos do Val na entrega do parecer.

Votação

Segundo Marcos do Val, o relatório será lido na CCJ do Senado na próxima semana. A votação do texto em plenário, no entanto, só deverá ocorrer após o recesso legislativo. Ocorrendo a aprovação no Senado, o projeto vai para a Câmara, onde já existe um pacote igual, entregue pelo governo.

A ideia da tramitação, no Senado, de um projeto já existente na Câmara é dar celeridade às discussões e votações do projeto pelo Senado, enquanto os deputados priorizam a reforma da Previdência. O senador explicou que a apresentação dos projetos no Senado foram feitos com conhecimento do governo.

“Foi acordada essa duplicação do projeto, digamos assim. Como a Câmara já está demandada com o projeto da Previdência, nós então propusemos ao presidente [do Senado] Davi Alcolumbre e também ao [presidente da Câmara] Rodrigo Maia para que tramitasse por aqui o projeto anticrime. É um trabalho em conjunto, e não um querendo competir com o outro”.

Caixa 2

Os outros dois projetos do pacote são relatados por Marcio Bittar (MDB-AC) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG). O primeiro tipifica o crime de caixa 2 e o segundo determina que o julgamento de crimes comuns relacionados às eleições seja feito pela Justiça comum, inclusive o de caixa 2. (Com informações da Agência Brasil)

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (04/07/2019)

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MANCHETES

O Globo

Relator cede a ‘lobbies’ para destravar votação da reforma
Enem se tornará 100% digital até 2026, diz MEC
Estatal venderá até 33,75% das ações da BR
Bolsonaro quer reunir Trump e países alinhados
Patinetes: condutor precisa ter idade mínima de 18 anos
Caixa d’água de 30 metros, novo alvo de ladrões no Rio

O Estado de S. Paulo

Bolsonaro tenta ajudar policiais na reforma e proposta é recusada
‘Pacto’ entre os Poderes acaba após 5 semanas
Acordo com bloco europeu será teste para montadoras
MEC planeja Enem totalmente digital em 2026
PF investiga militar da FAB preso com droga
EUA e México buscam criança brasileira em rio
Alemanha suspende verba para Amazônia

Folha de S. Paulo

Nunca sofri coação, afirma empresário delator de Lula
Presidente diz que não é preciso pacto formal de Poderes
Alívio na Previdência de policiais gera atrito
Ministro diz que Fundo Amazônia pode acabar
CPI vai investigar uso de fake news na última eleição
Governo planeja Enem totalmente digital em 2026
Licença-paternidade maior diminiu uso de remédios por mães
Ministro diz que Fundo Amazônia pode acabar
Criança brasileira sumiu na fronteira de México e EUA, afirma mãe
Irã pressiona europeus ao dizer que vai superar limite de urânio
Trump de desafia Suprema Corte com pergunta de cidadania no Censo

Valor Econômico

Divergência sobre policiais atrasa votação da reforma
Banco sobe juro mesmo com tributo menor
Oferta de ações privatizará BR Distribuidora
Frio valoriza o café, mas não anima comércio
Vinho e leite terão ajuda para disputa com Europa

EDITORIAIS

O Globo

Casos do ‘laranjal’ e de Queiroz têm de ser resolvidos

Bolsonaro se elegeu com a promessa de combater a corrupção e não pode fingir que nada acontece a seu lado

Assim que denúncias e evidências de corrupção chegaram a seu território, o governo Bolsonaro, apesar de ter assumido com a acertada bandeira do combate ao roubo do dinheiro público, tem se comportado como vários outros: protela punições, não afasta suspeitos cercados de evidências, e usa o surrado argumento de que nada está provado. Esquece-se de que o melhor é afastar a autoridade em questão, até que as investigações cheguem ao fim. O bom exemplo foi dado ainda pelo presidente Itamar Franco, ao destituir o chefe da Casa Civil, seu amigo Henrique Hargreaves, até que se esclarecessem denúncias feitas contra ele na CPI do Orçamento.

Esclarecidas, Hargreaves reassumiu. O governo de Jair Bolsonaro, que na campanha acenou com uma “nova política”, se comporta no figurino dos velhos costumes na vida pública, por desconsiderar as evidências do envolvimento do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, no golpe do uso da cota de gênero nas eleições. A manobra é lançar candidaturas dentro da cota das mulheres, apenas com a finalidade de desviar dinheiro público do financiamento de campanha. Como descobriu a “Folha de S.Paulo”, candidatas do PSL, partido do presidente, receberam cifras razoáveis para tentar se eleger, e obtiveram votações muito baixas, embora tenham justificado na Justiça Eleitoral gastos em campanha. Ficou evidente, depois, que essas despesas eram uma forma de transferir recursos do fundo eleitoral para bolsos privados.

Um dos polos desses esquemas funcionou em Minas, onde Marcelo Álvaro Antônio conseguiu se reeleger deputado federal e ganhar o cargo de ministro. Em torno dele transcorreram várias histórias dessas candidatas laranjas. Há pouco, a Polícia Federal, que investiga o golpe, indiciou três assessores de Álvaro Antônio e quatro candidatas mineiras que participaram deste esquema de roubo do dinheiro público, por meio de “laranjais” de candidatas. O presidente, no entanto, mantém o ministro — não segue o exemplo de Itamar —, apenas exige que a PF investigue os demais partidos. Deve mesmo, mas isso não serve para encobrir os malfeitos no PSL.

Na proximidade de Bolsonaro, ainda se desenrola o caso ocorrido no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho do presidente, em que parte dos salários de assessores do deputado era devolvida para fins obscuros. E no centro dessa história, encontra-se o ex-PM Fabrício Queiroz, provável operador deste esquema da “rachadinha” no gabinete do deputado, mas que está desaparecido. O governo Bolsonaro tem méritos ao criar a pasta da Justiça e da Segurança Pública, entregue a Moro, para enfrentar a corrupção e a criminalidade organizada de forma geral, num trabalho coordenado com toda a Federação. Mas não pode fingir que nada acontece ao seu redor.

O Globo

Cúpula militar da Venezuela se expõe na conivência com a tortura

Comissão de Direitos Humanos da ONU é impedida de verificar condições de presos políticos

Representantes da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas que estiveram em Caracas foram impedidos de verificar as condições dos presos políticos da cleptocracia venezuelana. Sara Nuero Escobar e Carlos de La Torre, integrantes da equipe da comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, não conseguiram cumprir o roteiro de visitas aos porões do regime ditatorial liderado por Nicolás Maduro. Principalmente, as celas da Direção Geral de Contrainteligência Militar, onde permanecem mais de 160 militares considerados dissidentes — parte dos 630 presos políticos identificados por organizações humanitárias. Na última sexta-feira, um dos militares aprisionados no porão da Contrainteligência Militar foi conduzido a um tribunal.

O capitão de corveta Rafael Acosta Arévalo chegou em cadeira de rodas, incapaz de falar e com aparentes sinais de tortura. Ele havia sido sequestrado uma semana antes, sob acusação de “conspiração” contra Maduro. Incomunicável, chegou a ser dado como desaparecido por familiares. Ao ver o capitão agonizante na cadeira de rodas, o juiz não teve alternativa: de imediato, mandou interná-lo. Horas depois, na madrugada de sábado, Arévalo morreu. “Apesar das várias solicitações, nem a família e nem o advogado tiveram acesso ao corpo”, confirmou a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas.

O chefe desse serviço secreto militar é o general Iván Hernández Dala, conhecido pelas relações íntimas com o ditador Maduro. A morte do capitão torturado num dos porões militares de Caracas confirma a fragilização da liderança do ministro do Exército, Vladimir Padrino, até há pouco principal avalista de Maduro no poder. Arévalo é nome novo numa lista ampla de vítimas. Antes dele, por exemplo, agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) haviam torturado e assassinado o vereador Fernando Albán.

Toda a cadeia de comando militar venezuelana se expõe em cumplicidade nessa repressão homicida. Notável, também, é o silêncio conivente das organizações políticas latino-americanas que se habituaram a extrair benefícios eleitorais da luta por direitos humanos. No Brasil, por exemplo, sobressai a omissão de partidos como PT, PCdoB e PSOL, entre outros. Torturas e assassinatos contrariam os princípios básicos da civilidade e da democracia. Como dizia o falecido Ulysses Guimarães, líder da Constituinte, ditaduras só devem inspirar “ódio e nojo”.

O Estado de S. Paulo

A boa batalha

Há batalhas que merecem ser travadas não apenas pelo objeto da disputa, mas também pela reafirmação de valores caros a seus contendores. Foi imbuído deste espírito que O Estado de S. Paulo decidiu prosseguir com a ação cível movida contra o jornal pelo empresário Fernando Sarney mesmo quando o autor optou pela desistência de seu pleito censório, em 18 de dezembro de 2009. Este jornal desde sempre quis ver a causa julgada em seu mérito, pois, além de lutar pelo direito de informar, o Estado luta pela liberdade e pelo direito da sociedade de ser informada. O esforço e a firmeza de propósito foram recompensados.

O juiz Atalá Correia, da 12.ª Vara Cível de Brasília, julgou improcedente a ação que impedia o jornal de publicar informações sobre a Operação Boi Barrica. A ação da Polícia Federal (PF) apurou o envolvimento de Fernando Sarney, filho do então presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), em um esquema de contratação de parentes e afilhados políticos do ex-presidente da República por meio de atos secretos do Senado. Uma liminar concedida pelo desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) – que à época mantinha notórias relações sociais com a família Sarney –, acolheu recurso interposto por Fernando Sarney contra a decisão de primeira instância que havia negado a censura prévia ao jornal.

Desde então, o que se viu foi uma longa e tortuosa batalha jurídica até que, em outubro do ano passado, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), cassasse a decisão liminar do TJDFT e remetesse o processo de volta à primeira instância do Distrito Federal para que o mérito da causa fosse julgado.

“Trata-se (a decisão do juiz Atalá Correia) de um elogio à virtude da paciência de quem é réu e de seus advogados. O óbvio demorou a ser reconhecido, mas a sentença é um precedente valioso para a defesa da liberdade de informação”, disse o advogado do Grupo Estado, Manuel Alceu Affonso Ferreira. De fato, seria muito melhor que a decisão que reafirma a liberdade de informação consagrada pela Lei Maior tivesse chegado há mais tempo. A censura ao Estado durou inacreditáveis 3.327 dias. Um só dia já seria tempo insuportavelmente longo para que um órgão de imprensa fosse impedido de informar.

Na sentença, o juiz Atalá Correia escreveu que “não houve (por parte do jornal) divulgação de conversas estritamente particulares do autor, relacionadas à sua vida íntima e desconexas do interesse público”. Tudo o que este jornal publicou e pretendia publicar era, portanto, de interesse público. O juiz Correia afirmou ainda não ver no caso qualquer “situação excepcional” que ensejasse restrições à liberdade de informação. A decisão da 12.ª Vara Cível de Brasília está em linha com o entendimento firmado pelo STF em 2009, segundo o qual “a plena liberdade de imprensa é categoria jurídica proibitiva de qualquer tipo de censura prévia”.

Quase uma década para que a liberdade de informação que a Constituição protege fosse reconhecida pelo Judiciário é tempo longo demais. Se algo bom pode ser tirado do episódio é o fato de a decisão chegar num momento em que a imprensa livre está sob ataque, no Brasil e em outros países. A decisão, neste sentido, é um bálsamo para os amantes da liberdade.

Não têm sido raras as investidas para calar veículos de imprensa, como esta de que o Estado foi vítima. Por mais ou menos tempo, a sociedade tem deixado de ser informada a contento sobre questões de seu interesse por força da ação de pessoas ou organizações que preferem a falsa segurança das sombras para fazer valer os seus interesses, em geral contrários aos da Nação. Aqui e ali, vicejam tentativas de impor censura e desqualificar órgãos de imprensa sempre que estes publicam aquilo que se quer manter escondido.

O Estado irá se insurgir, por meio dos instrumentos que as leis e a Constituição oferecem, contra toda e qualquer agressão à liberdade de imprensa. Assim tem sido há 144 anos, sem jamais vergar diante dos arroubos dos liberticidas.

O Estado de S. Paulo

A bendita herança cambial

Segurança nas contas externas é um dos componentes mais benditos da herança recebida pelo atual governo – embora o presidente Jair Bolsonaro e sua equipe raramente reconheçam qualquer feito positivo das administrações anteriores. A importância desse legado fica mais clara quando se comparam as condições de financiamento do Brasil com as da maior parte dos países emergentes.

O contraste é realçado em estudo recém-divulgado pelo Instituto de Finanças Internacionais, uma associação formada por cerca de 500 das maiores instituições do sistema financeiro global. Os déficits em conta corrente devem ser em geral moderados neste ano, entre os países emergentes, segundo o relatório, mas o texto contém uma advertência: “Continuamos cautelosos quanto a riscos externos, porque a amortização da dívida permanece considerável”.

O Brasil tem uma longa e penosa experiência de crises nas contas externas. Várias dessas crises desembocaram em suspensão de pagamentos a credores estrangeiros, negociação de ajuda com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e complicado reescalonamento dos compromissos externos. A maior parte dos brasileiros atualmente em idade ativa ignora experiências desse tipo e seus dissabores. O risco de uma nova crise dessa natureza é hoje muito baixo no Brasil, apesar das condições precárias das finanças públicas e da enorme dívida bruta do governo geral, equivalente a quase 80% do Produto Interno Bruto (PIB).

Um déficit em conta corrente normalmente reflete um desequilíbrio entre a poupança interna e o investimento. O desajuste pode estar no setor público ou no setor privado, ou mais em um do que no outro. A conta corrente (ou o conjunto das transações correntes) reúne o comércio de bens ou mercadorias (como soja, tecidos, minérios e aviões), as transações com serviços (como fretes e seguros) e as contas de rendas (como lucros, dividendos, juros e remessas unilaterais de migrantes).

Um pequeno déficit em conta corrente pode ser benéfico para o crescimento. A poupança externa usada para cobrir o buraco permite um investimento maior do que seria possível só com recursos internos. Quando o buraco se converte em rombo e o recurso estrangeiro escasseia, um aperto de cinto é indispensável para evitar o risco da insolvência externa. O desastre é muitas vezes acelerado pela fuga de capitais.

Com algumas variações, o quadro se repete na maior parte do mundo: o desajuste interno entre poupança e investimento desemboca no déficit em conta corrente, com resultados positivos, quando o financiamento é fácil, ou negativos, se surgir aperto cambial. No caso da Turquia, o desajuste, segundo o relatório, tem origem principalmente no setor privado. Na Argentina, o rombo externo é consequência do desarranjo das contas públicas. É o caso dos “déficits gêmeos”, expressão usada correntemente por economistas. África do Sul e Colômbia enquadram- se nesse caso, ou estão muito perto disso.

Brasil e Índia aparecem no estudo em situação muito especial. Nos dois países, os grandes déficits das contas públicas são financiados basicamente com recursos internos. Não se refletem no balanço externo, porque o setor privado canaliza internamente recursos para cobrir os déficits governamentais. No Brasil, o governo geral (União, Estados e municípios) devia em maio R$ 5,48 trilhões, ou 78,7% do PIB. Apenas 13,3% desse total eram devidos a credores externos.

Nos 12 meses até maio, o déficit brasileiro em transações correntes ficou em US$ 13,92 bilhões (0,75% do PIB) e foi financiado com folga por investimentos diretos estrangeiros de US$ 96,57 bilhões. Reservas cambiais de US$ 380 bilhões também têm sido um importante fator de segurança. Mas esse quadro tem dependido também do superávit no comércio de mercadorias. Esse resultado tem declinado, por fatores internos e externos, e o governo deveria ficar atento às condições do comércio. A folga cambial é preciosa enquanto se cuida de reformas e ajustes das finanças públicas.

O Estado de S. Paulo

Um espetáculo deprimente

Durante inacreditáveis sete horas, o ministro da Justiça, Sergio Moro, e deputados da oposição protagonizaram na terça-feira um espetáculo deprimente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. A preocupação dos parlamentares que se acotovelaram para participar da sessão não era inquirir o ministro sobre seu trabalho numa área tão importante para o País; tampouco Sergio Moro estava ali para esclarecer alguma coisa acerca de seus projetos para a segurança pública e a promoção da Justiça.

Ao longo da sabatina, os únicos temas a inspirar os discursos foram a situação do demiurgo petista Lula da Silva, preso por corrupção e lavagem de dinheiro, e a lisura da Operação Lava Jato, da qual o ministro Moro participou na condição de juiz. Ou seja, nada do que pudesse nem remotamente justificar tamanha mobilização de energia por parte do Executivo e do Legislativo, especialmente no momento em que temas muito mais importantes, como a reforma da Previdência e a recuperação econômica do País, demandam plena atenção dos parlamentares e do governo.

Se não interessa ao País, mergulhado em profunda crise, o absurdo embate na CCJ da Câmara teve grande serventia para pelo menos dois grupos políticos. O primeiro é a oposição, particularmente o PT. Sem votos para impedir a aprovação das reformas, das quais sempre foram adversários, os petistas apelaram para a estratégia da confusão, na qual são especialistas, pois assim acreditam que recuperarão o protagonismo perdido nas urnas. Sem sutileza, o PT vincula o encarceramento do sr. Lula da Silva a uma espécie de complô das “elites” para impedir sua volta à Presidência, eleger Jair Bolsonaro e destruir os “direitos dos trabalhadores”, entre os quais as aposentadorias.

Na semana passada, o PT informou que “a campanha contra a reforma da Previdência se integra à Jornada Lula Livre, que se readequou para também combater as desastrosas medidas que Jair vem aplicando desde janeiro”. Ou seja, os petistas querem fazer acreditar que não há diferença entre a discussão sobre a prisão de Lula e “a reforma da Previdência de Bolsonaro”, como eles descrevem a proposta ora em tramitação, pois tudo faria parte de uma grande armação contra o povo. Assim, nada melhor para o PT do que confrontar Moro, o primeiro juiz a condenar Lula à prisão.

Tendo aceitado o cargo de ministro do governo de Jair Bolsonaro, Sergio Moro de certa forma deu aos petistas o elemento que eles buscavam para dar substância às suas teorias da conspiração. Afinal, simbolicamente incorporou a Lava Jato, algoz de muitos petistas, ao governo cujo presidente se elegeu com um discurso ferozmente antipetista. A prudência deu lugar à ambição política, e Sergio Moro deveria ser capaz de presumir as consequências de suas escolhas. Do mesmo modo, Sergio Moro foi imprudente ao permanecer no cargo de ministro mesmo depois que vieram a público diálogos nos quais ele, quando juiz, parece dar orientações aos procuradores da Lava Jato, o que constitui comportamento impróprio.

Ao permanecer ministro, Moro parece confiar que os ataques que sofreu e ainda sofrerá, especialmente dos petistas, podem ser convertidos em lucro político. Afinal, o sentimento antipetista no País ainda é muito forte, e ser atacado pelo PT, segundo essa lógica, seria prova de honestidade. Assim, além do PT, o outro grupo político que ganha com o confronto visto na CCJ da Câmara é o dos bolsonaristas, ansiosos para consolidar a ideia de que o País vai mal não como consequência do amadorismo do governo, mas porque os petistas e seus tentáculos no Estado e nas instituições não permitem que avance.

Enquanto petistas e bolsonaristas criam batalhas imaginárias em torno de maquinações subterrâneas e tramas fantásticas, os brasileiros que vivem no mundo real – aquele com 13 milhões de desempregados e perspectiva de crescimento econômico inferior a 1% neste ano – vivem as consequências práticas da irresponsabilidade de oposicionistas e governistas, tão bem retratada naquele vergonhoso bate-boca transmitido ao vivo para todo o Brasil.

Folha de S. Paulo

Real, 25

Moeda completa um quarto de século em meio a outra década perdida; como antes, superação da crise depende de aprendizado e acerto político

Com alguma licença aritmética, não é descabido considerar que só no Plano Real, levado a cabo em julho de 1994, chegou ao fim a década perdida dos anos 1980.

Acabava ali, afinal, um longo período não apenas de baixo crescimento da renda nacional, mas de completa desorganização da economia — desrespeito recorrente a contratos privados e ao Orçamento público, taxas de câmbio oficiais e paralelas, calote da dívida externa e, claro, hiperinflação.

Não é que a moeda lançada há 25 anos tenha a marca da plena estabilidade. De lá para cá, os preços subiram a uma média próxima de 7,5% anuais, acumulando mais de 500%. Entretanto essa era a taxa verificada ao longo de apenas cinco meses anteriores ao real.

O presente aniversário se dá em momento dramático — o país vai completando outro decênio perdido em expansão do Produto Interno Bruto per capita. Persiste na sociedade e na política pública, todavia, o valor da solidez monetária.

A ele se associa um acidentado processo de normalização da economia, que inclui de práticas orçamentárias mais transparentes ao realismo na fixação de tarifas públicas; de cotações do dólar livremente negociadas em mercado à autonomia de órgãos reguladores.

Retrocessos nesses propósitos produziram profunda recessão e custaram o mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Sob Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a relutância em abdicar do controle do câmbio obrigou o Brasil a recorrer ao socorro do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para além dos erros de percurso, restam distorções mais amplas. Somente há pouco, por exemplo, o país deixou o vexatório posto de líder mundial em taxas de juros reais estabelecidas pelo Banco Central; já o custo do crédito bancário ainda constitui anomalia global.

Temos o segundo maior déficit orçamentário do G20, atrás somente da Arábia Saudita, e a maior dívida pública entre os principais emergentes. Como proporção do PIB, nosso comércio exterior só supera o do Sudão.

As taxas nacionais de desigualdade social e criminalidade, ademais, só se comparam às de alguns poucos latino-americanos e africanos.

O Plano Real, que abriu caminho para a superação de algumas das mazelas mais escandalosas, resultou de aprendizado técnico e entendimento político. Ambos continuam imprescindíveis para o enfrentamento da crise atual.

Folha de S. Paulo

Remédio na conta

Autorizada por decreto presidencial e resolução da Anvisa em 2006, a venda de remédios de forma fracionada visa permitir que os consumidores paguem apenas pelo número de doses receitadas pelo médico, de modo a terminar seu tratamento sem que haja sobras.

Treze anos depois, porém, brasileiros ainda são obrigados a comprar medicamentos em embalagens com quantidades determinadas pelos fabricantes.

O hábito forçado de manter restos de tais substâncias em casa deveria ser motivo de preocupação da sociedade — em particular, devido às intoxicações de crianças e adolescentes. Dados publicados pela Sociedade Brasileira de Pediatria em 2018 apontaram uma média diária de 37 casos do tipo.

Comprimidos na gaveta também são um incentivo à automedicação, com os riscos de efeitos adversos e produtos vencidos ou armazenados de forma inadequada.

Quem descarta os remédios fora do prazo de validade ainda tem o trabalho de buscar locais adequados. Jogados no lixo ou no vaso sanitário, os artigos podem contaminar o ambiente e a água.

Mas o principal benefício da venda fracionada é mesmo a proteção aos consumidores, muitos dos quais destinam boa parte de sua renda aos gastos com saúde.

A indústria farmacêutica e as drogarias se opõem à medida — que certamente reduziria vendas. Alegam perigos como os de subdosagem (quando o paciente, sem recursos, compra menos que o necessário para seu tratamento) e de menores rastreabilidade e segurança os produtos.

Problemas existem, mas são contornáveis. A aplicação errada — que independe do fracionamento, aliás — deve ser mitigada com orientação por parte dos médicos e farmacêuticos. Existem ainda recursos tecnológicos como mensagens no celular que lembram o paciente da medicação, modelo usado por alguns laboratórios.

Já a segurança e rastreabilidade podem ser garantidas com a exigência de procedimentos rigorosos na manipulação e embalagem, como de resto acontece em todos os países onde há venda fracionada.

Os argumentos contrários parecem pálidos, portanto, diante da economia potencial para os consumidores e da perspectiva de fim dos transtornos causados por milhões de pílulas guardadas em residências de todo o país.

Executiva Nacional do Cidadania debate governo Bolsonaro e aprova logotipo do partido

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A Executiva Nacional do Cidadania aprovou na reunião desta terça-feira (3), em Brasília, o novo logotipo do partido que está em fase de ajuste e será apresentado em breve. O encontro também aprovou o aplicativo que está sendo desenvolvido, a nova página oficial da legenda e duas moções.

A reunião também debateu a formulação do novo estatuto e o programa partidário, assim como a conjuntura política nacional, sobretudo a atuação da bancada do Cidadania na Câmara e no Senado, e importância das instituições democráticas brasileiras na manutenção das liberdades e o respeito à Constituição.

Na abertura do encontro, o presidente do Cidadania, Roberto Freire (SP), disse que Parlamento brasileiro tem sido fundamental na luta contra o autoritarismo do governo Bolsonaro.

“Vamos sobreviver a Bolsonaro”

“Hoje o Congresso [Nacional] é uma instituição que nos ajuda muito a imaginar que iremos sobreviver do ponto de vista das liberdades e de um governo tão desmantelado como esse, e sem compromisso com a democracia como tem se revelado Bolsonaro e seus seguidores. A conjuntura política está muito vinculada a essa compreensão e papel do Congresso Nacional”, disse.

Câmara dos Deputados

“Garantir salário mínimo”

O líder da bancada do Cidadania na Câmara, deputado federal Daniel Coelho (PE), falou sobre a atuação do partido na Casa e destacou o trabalho realizado na análise da Reforma da Previdência. O parlamentar disse que o partido vai continuar atuando em todo o processo de votação para garantir que nenhum brasileiro ganhe menos que um salário mínimo

Decreto de armas

“Derrubamos decreto das armas”

A líder da bancada no Senado, senadora Eliziane Gama (MA), ressaltou o trabalho desempenhado pelo partido para derrubar o decreto do presidente Bolsonaro que flexibiliza o porte e a posse de armas no País. 

O senador Alessandro Vieira (SE) disse que relatará um projeto que praticamente repete o teor dos decretos de armas editados por Bolsonaro.

Ele promete apresentar um texto mais “equilibrado”, que funcione como uma revisão do Estatuto do Desarmamento, para superar a discussão sobre armas.

Alessandro disse que vai ouvir todos os lados interessados em audiência pública e que vai analisar outros projetos sobre o tema já em tramitação na Câmara e no Senado.

O senador adiantou que seu objetivo é diminuir as possibilidades de acesso ao porte de arma e fortalecer a segurança pública.

“Priorizar a segurança pública”

Resoluções

A Comissão Executiva aprovou duas resoluções. A primeira que anulou (veja aqui), ad referendum do Diretório Nacional, a dissolução do Diretório Municipal de Salvador (BA) e restabelece o mandato da direção partidária na capital baiana. 

A segunda moção estabelece a criação de novo Diretório Estadual do partido no Acre, que deve ocorrer até o final de julho.