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Eliane Cantanhêde: Lava Máfia

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Depois de anos de estranhamento, Brasil e Itália retomam as relações a todo vapor, principalmente no combate ao crime organizado, e comemoraram ontem o sucesso da operação da Polícia Federal que prendeu em São Paulo dois importantes líderes mafiosos, Nicola e Patrick Assisi, pai e filho, os “fantasmas da Calábria”.

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, comemoraram a operação impecável, o desfecho e a sinalização para brasileiros e para o mundo: “O Brasil não deve ser refúgio para criminosos”, declarou Moro. “O Brasil não é paraíso de mafioso”, disse Valeixo, sem precisar lembrar dos filmes estrangeiros em que o bandido, de camisa florida, foge, feliz, para o Brasil.

Moro e Valeixo se reuniram com o procurador Antimáfia e Antiterrorismo da Itália, Federico Cafiero, que gravou vídeo recheado de elogios à PF brasileira. Bem… o fato de ser bem às vésperas da votação da reforma da Previdência no plenário da Câmara deve ser mera coincidência. Policiais da PF, da PRF, da Polícia Legislativa e da Polícia Civil pressionam o Congresso por uma aposentadoria camarada, equiparada à dos militares.

Sob pressão, por conta dos diálogos com procuradores divulgados pelo site The Intercept Brasil, Moro estava todo saltitante ontem (na medida em que o contido Moro consegue ser saltitante), talvez por, enfim, inverter a pauta. Segundo ele, Nicola Assisi é “um dos maiores traficantes de cocaína do mundo” e a operação da PF foi impecável, merece todos os elogios.

Valeixo endossa: “Foram meses de trabalho, de levantamento, apuração, checagem”, contou, particularmente satisfeito porque seus agentes conseguiram driblar o sofisticado sistema de segurança dos dois mafiosos, surpreendê- los e prendê-los sem que tivessem tempo de correr para o esconderijo do apartamento. E sem troca de tiros, mortos e feridos.

Os alvos ocupavam três apartamentos duplex, com câmeras de monitoramento de última geração, e mantinham em casa um velho hábito de mafiosos na Itália: um cômodo com paredes reforçadas, antirruído e dissimuladas atrás de armários. Tinham, também, em torno de R$ 1 milhão, em dólares, euros e reais; 4 kg de cocaína pura e armas. Mas nada disso foi suficiente para escaparem da PF, que atuou em conjunto com a inteligência italiana.

Ao mover mundos e fundos para manter o terrorista Cesare Battisti no Brasil, contra a opinião de juristas e de pareceres do Ministério da Justiça e do Itamaraty, os governos do PT geraram irritação não apenas no governo e nas instituições italianas, mas também da própria opinião pública do país, sempre tão simpática ao Brasil e aos brasileiros. Os ventos mudaram, Battisti foi cumprir pena no país dele e os acordos e ações de cooperação deslancharam.

Vale dizer que, sem uma ampla e intensa rede de cooperação mundo afora, a PF e o Ministério Público jamais teriam conseguido ir tão longe na Lava Jato, rastreando contas, depósitos, desvios. Foi graças à troca de informações com EUA e países da Europa, da Ásia, do Caribe e da América do Sul que a operação reconstituiu, por exemplo, todo o complexo e tortuoso caminho dos reais, dólares e euros da Odebrecht.

Quanto mais globalizado o mundo, mais difícil fica para doleiros e mafiosos. Nicola Assisi, foragido desde 2014, passou por Portugal e Argentina antes de se instalar no Brasil. Sua extradição já está assinada. A Itália e o combate ao crime transnacional agradecem.

Sob o olhar preocupado das nações democráticas, pelas manifestações sobre meio ambiente, armas, radares, trabalho infantil, o Brasil ganha enfim boas manchetes na Itália. Não passou a mão na cabeça de criminoso, nem foi só para inglês ver. (O Estado de S. Paulo – 09/07/2019)

Plenário da Câmara começa a discutir reforma da Previdência nesta terça-feira

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O plenário da Câmara dos Deputados começa nesta terça-feira (9) a discussão da proposta de reforma da Previdência (PEC 6/2019). Aprovada na madrugada de sexta-feira (5) na Comissão Especial, após 16 horas de debates, o texto precisa do voto favorável de pelo menos 308 deputados em dois turnos de votação para ir à análise do Senado.

Com a aprovação na comissão, as negociações para votação no plenário se intensificaram. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem recebido líderes partidários, após um fim de semana de conversas na residência oficial da Presidência da Casa. Nesta terça, às 9h, será realizada uma reunião do colégio de líderes.

Otimista com a aprovação da matéria, Rodrigo Maia afirmou que a elaboração do texto que será analisado a partir de hoje se deve à capacidade de diálogo e ao equilíbrio do Congresso.

“Vamos viver uma semana decisiva. O grande desafio nosso é a votação no plenário. Temos que mobilizar um número enorme de parlamentares, deputados, deputadas, para um tema que é fundamental e decisivo, mas a gente sabe que foi uma construção”, disse Maia em um podcast publicado em suas redes sociais.

No domingo (7), após encontro com Rodrigo Maia, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também demonstrou otimismo com a possibilidade de aprovação da PEC. Na análise do ministro, a proposta deve receber cerca de 330 votos favoráveis.

“Temos um cálculo realista ao redor de 330, com pé bem no chã, caminhamos para ter algo em torno de 330 e pode ser até mais do que isso. É uma margem que a gente acredita ser possível”, afirmou.

Tramitação

Para acelerar o processo de tramitação da reforma, é possível que os deputados aprovem um requerimento para quebrar esse interstício. “Dependendo de quando começa o processo de discussão, talvez não seja necessário [a quebra]. Se for necessário, os partidos da maioria e o partido do governo têm votos para quebrar [o interstício] e vamos trabalhar para ter votos para a aprovação da emenda”, disse Rodrigo Maia.

Entre o primeiro e o segundo turno de votação também é necessário um interstício, de cinco sessões. Segundo Maia, caso haja “vitória contundente” no primeiro turno há “mais respaldo político para uma quebra [do interstício] do primeiro para o segundo [turno]”.

Se validado pelos deputados, o texto segue para análise do Senado, onde também deve ser apreciado em dois turnos e depende da aprovação de, pelo menos, 49 senadores.

Economia

Pelo texto aprovado na comissão especial, o impacto fiscal corresponderá a R$ 1,074 trilhão no período de 10 anos. A estimativa inclui a redução de despesas de R$ 933,9 bilhões e o aumento de receitas (por meio de alta de tributos e fim de isenções) de R$ 137,4 bilhões. A proposta original, enviada pelo governo em fevereiro, previa uma economia de R$ 1,236 trilhão em uma década, mas não incluía elevação de receitas. (Com informações da Agência Brasil)

Luiz Carlos Azedo: Corrida contra o recesso

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NAS ENTRELINHAS – CORREIO BRAZILIENSE

Tem razão o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ): a aprovação da reforma da Previdência será uma construção do Congresso. Aprovada pela comissão especial, a proposta de iniciativa do ministro da Economia, Paulo Guedes, foi mitigada pelos parlamentares, para formar uma maioria que vai garantir um montante de economia para os cofres do governo em torno dos R$ 900 bilhões. Em alguns momentos, porém, o governo atrapalhou mais do que ajudou, como na semana passada, quando o presidente Jair Bolsonaro quis fazer duas emendas ao substitutivo do deputado Samuel Moreira (PDSDB-SP) para beneficiar setores de sua base eleitoral.

“Acho que a construção desse texto se deve à capacidade de diálogo, ao equilíbrio do Parlamento brasileiro. Todos participaram. Aqueles que defendem a proposta e aqueles que não defendem a proposta. Então, é importante que a gente entre nesta semana com essa clareza, que a construção do texto foi uma construção parlamentar”, disse Maia, a propósito das discussões realizadas até agora. O presidente da Câmara fez várias reuniões para tentar garantir a aprovação da reforma em primeira votação ainda nesta semana, concluindo-a na próxima, se não conseguir votar tudo até sexta-feira. É uma corrida contra o tempo, ou melhor, contra o recesso parlamentar. Não aprovar a reforma sinalizaria dificuldades políticas que podem até aumentar no segundo semestre.

Maia estima que a proposta da comissão especial tenha maioria em plenário. Para aprovar uma emenda à Constituição, são necessários os votos de 308 dos 513 deputados (3/5 da Câmara) em dois turnos de votação. As turbulências são previsíveis, a oposição espera ter até 150 votos contra a reforma e fará tudo para obstruir a votação; Bolsonaro provavelmente orientará aliados para aprovar as emendas que favorecem o pessoal da segurança pública, cujos representantes eleitos hoje têm certo protagonismo na Câmara, a começar pelo líder do governo, deputado major Vitor Hugo. Mas isso é pedra cantada, porque se formou um certo alinhamento de astros entre o mercado financeiro e parte da opinião pública a favor da reforma, que pode resultar em 340 votos em plenário a favor do projeto.

Ao que tudo indica, o governo jogou a toalha quanto à inclusão de estados e municípios na nova Previdência, proposta rejeitada pelo relator e pela comissão especial. A líder do governo no Congresso Nacional, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), passou recibo. Segundo ela, “não é grande” a chance de inclusão de servidores estaduais e municipais na reforma da Previdência durante discussão e votação no plenário da Câmara. A estratégia do governo é voltar à carga no Senado, supostamente mais suscetível a aceitar a emenda, porque os senadores, eleitos pelo voto majoritário, tem preocupações eleitorais diferentes dos deputados federais, que temem a concorrência de deputados estaduais e prefeitos nas suas bases eleitorais em 2022. Hasselmann trava uma batalha particular na bancada do PSL, que é muito corporativista, para que não sejam apresentadas emendas ao texto.

Popularidade

Pesquisa DataFolha divulgada ontem ajuda a entender a vaia dos torcedores ao presidente Jair Bolsonaro no domingo, durante a final da Copa América, em pleno Maracanã, mesmo acompanhado do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Alguém já disse que a torcida no Maracanã vaia até minuto de silêncio, mas isso é apenas uma forma de contemporização. A avaliação do governo Bolsonaro (PSL) não mudou muito de abril para junho: ótimo/bom: 33%; regular: 31%; ruim/péssimo: 33%; Não sabe/não respondeu: 2%. Na margem de erro, a variação registrou alta de 1% na avaliação positiva, mas subiu 3% na negativa: Em abril, quando foi realizada a pesquisa anterior, os índices foram: Ótimo/bom: 32%; Regular: 33%; Ruim/péssimo: 30%; Não sabe/não respondeu: 4%.Após seis meses de mandato, a expectativa de sucesso do governo variou negativamente: 51% esperam que Bolsonaro faça um governo ótimo ou bom; 21%, regular; e 24%, péssimo. Antes da posse, 65% esperavam que Bolsonaro fizesse um governo ótimo ou bom, contra 17% de regular e 12%, ruim ou péssimo. A pesquisa foi realizada nos dias 4 e 5 de julho com 2.086 entrevistados com mais de 16 anos, em 130 cidades do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos. O nível de confiança da pesquisa é de 95%.

Trocando em miúdos, a estratégia de radicalização política de Bolsonaro, ao estabelecer a Lava-Jato como divisor de águas da opinião pública em relação ao seu governo, estancou a queda de sua avaliação nas pesquisas. A Lava-Jato continua sendo uma linha de força da vida política nacional, bem como o antipetismo. Bolsonaro sabe disso e se instalou nessas duas trincheiras.

De certa forma, com isso, também evitou maiores desgastes com a reforma da Previdência, que foi assumida pelo Congresso. Todas as vezes que apoiou ostensivamente a reforma, o presidente da República criou uma polêmica com a oposição que deslocava o debate desse eixo. A vaia no Maracanã veio da parcela da sociedade que considera seu governo ruim e péssimo. (Correio Braziliense – 09/07/2019)

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (09/07/2019)

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MANCHETES

O Globo

Governo acelera liberação de emendas para aprovar reforma
Governo alivia obrigações fiscais de igrejas
TCM aprova contas de Crivella, apesar de rombo recorde
Cadastro Positivo – Lei entra em vigor hoje incompleta
Conselho cobra explicação sobre consultas on-line

O Estado de S. Paulo

Governo tenta controlar PSL para não esvaziar reforma
Bancada da bala ganha força em SP
Cade condena 11 empresas por cartel do metrô
PF prende suspeitos de integrar máfia italiana
Hong Kong admite: lei de extradição fracassou

Folha de S. Paulo

Datafolha vê apoio maior à reforma da Previdência
Cade condena 11 empresas por cartel no metrô de SP
Herdeiro da OAS passa mal em depoimento para a Lava Jato
Carro, e não a patinete, é vilão, diz especialista
Entenda o conflito que deu origem ao feriado de 9 de Julho em SP
Europa acusa voluntários em resgate de tráfico de pessoas
Remédio de R$ 8,5 mi para bebê de três meses mobiliza Portugal

Valor Econômico

Empreiteiras da Lava-Jato poderão disputar licitações
Perdão no Fies deve atrair mais médicos
Ministério da Economia vai tentar elevar as receitas
Relatório da CVM acusa Joesley por ‘insider trading’
Portugal avança, mas terá novo desafio
Susep autoriza IRB a pulverizar seu capital

EDITORIAIS

O Globo

Plenário realça o problema do lobby das corporações

PMs e bombeiros inativos custam mais que os ativos; eis por que a reforma tem de abranger estados

O início da tramitação da reforma da Previdência na Câmara para a primeira de duas votações em plenário recoloca o problema da atuação no Congresso dos grupos defensores de segmentos privilegiados na aposentadoria, basicamente servidores públicos. Se na Comissão Especial estavam em jogo 49 votos, agora o desafio é obter o apoio de no mínimo 308 deputados, de um total de 513, ou seja, 60% do plenário. O espaço para lobbies é muito mais amplo, mas que também pode ser considerado um empecilho para os lobistas. A ver. Mas deve-se considerar que entre eles, por incrível que pareça, está o próprio presidente Bolsonaro, que se frustrou por não conseguir, na Comissão Especial, privilegiar policiais federais e rodoviários federais, da área de segurança, sua base eleitoral.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como agendado, fez reuniões ontem em Brasília com líderes de partidos aliados ao governo, como parte da preparação para se tentar, ainda nesta semana, votar o projeto da reforma no primeiro turno e talvez também no segundo. Se isso for possível, a meta ambiciosa de se vencer a etapa da Câmara antes do início do recesso de meio de ano, quinta da semana que vem, pode ser factível. Melhor que seja. Nas conversas de ontem de que Maia participou foi defendido que a base evite apresentar destaques, para não atrasar o processo de votação.

É preciso combinar com Bolsonaro, que, derrotado na Comissão Especial, disse acreditar que no plenário será possível corrigir “equívocos”. Por exemplo, fazer mudanças no projeto para que policiais federais, já beneficiados, recebam privilégios em relação a outras categorias de servidores: não querem ter de se aposentar com 55 anos, nem cumprir o pedágio estipulado. O presidente costurou acordo para suavizar o limite de idade para 52 anos, no caso das mulheres, e 53 nos dos homens. Mas a categoria não aceita o pedágio. Têm razão os que alertam o Planalto para não criar exceções, pois assim será impossível resistir a outras pressões para afrouxamentos. Caso dos professores. E ainda continua à frente do Congresso o grave problema de a reforma se limitar à União e não ser estendida ao resto da Federação.

Na edição de ontem, O GLOBO apresentou dados sobre o peso dos gastos com a aposentadoria de PMs e bombeiros que evidenciam a gravidade de o ajuste não abranger estados e municípios. Alguns deles: em 14 das 27 unidades da Federação, gasta-se mais com PMs e bombeiros inativos e pensões do que com os ainda em serviço. No Rio de Janeiro, 54% da folha da área são de aposentados e pensionistas. Em São Paulo, 59%; no Rio Grande do Sul, 71%. É claro que algo precisa ser feito, porque a situação só tende a se agravar. Se nada ocorrer, não demorará para governadores e prefeitos pedirem socorro ao Tesouro Nacional. Mais uma vez.

O Globo

Falta de controle sobre munição alimenta violência no país

Apenas cinco estados da Federação têm sistemas eletrônicos de monitoramento do material

O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018, ainda mantém lacunas, como, por exemplo, a identificação do mandante e a motivação do crime. Mas, entre as certezas reveladas pelas investigações, está o fato de que parte da munição usada pelos bandidos pertencia a um lote desviado da Polícia Federal, ou seja, material comprado pelo Estado e, portanto, financiado pelo contribuinte. Trata-se de um exemplo perverso do que pode representar a falta de controle sobre munições. Existem outros. E, embora esse desleixo seja fator importante no agravamento da violência, a questão costuma ser negligenciada no dia a dia das corporações.

Como mostrou reportagem do GLOBO publicada ontem, entre as 27 unidades da Federação, apenas cinco (18%) têm algum tipo de sistema eletrônico para monitorar o destino das munições das polícias Civil e Militar. O que significa que, na grande maioria dos estados, esse acompanhamento é feito de forma quase rudimentar. A falta de cuidado é corroborada por um inquérito do Ministério Público Federal (MPF). O documento, a que o jornal teve acesso, traça um quadro preocupante da situação. As polícias militares de dez estados admitiram não ter qualquer controle eletrônico de suas munições. Nas civis, o monitoramento é ainda mais precário: apenas duas unidades da Federação — Espírito Santo e Mato Grosso — revelaram ter algum rastreamento eletrônico das munições.

Às vezes, as disparidades estão entre polícias de um mesmo estado. Em Santa Catarina, a PM dispõe de um sistema de gerenciamento de armas, munições e equipamentos que permite o controle de estoque e a checagem da munição entregue a cada um dos agentes. Já a Civil faz o acompanhamento do material ainda por meio de formulários físicos. É justamente a falta de controle que permite que material comprado com dinheiro público para equipar desmanteladas forças policiais acabe, por vias tortas, nas mãos de bandidos, para tirar a vida de inocentes, como aconteceu no caso Marielle.

O procurador da República Antonio Edílio Magalhães Teixeira, responsável pelo inquérito do MPF, considera inadmissível que não haja uma fiscalização maior da munição comprada em grandes quantidades pelo poder público. Um monitoramento inadequado sobre munições, como acontece hoje, favorece a ocorrência de desvios, alimentando assim a trágica cadeia do crime. Para resolver o problema na ponta, será necessário cuidar melhor da origem.

O Estado de S. Paulo

Solidariedade no frio

O drama da população que vive ao relento nas ruas de São Paulo aumenta no inverno. O frio é a causa provável de ao menos cinco mortes no Estado desde o fim de semana. Na madrugada de domingo foi registrada a temperatura mais baixa do ano, 6,5°C, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Na capital paulista, a média registrada pelos termômetros foi de 5°C, a mais baixa em três anos. Os mortos, todos moradores de rua, foram encontrados em Santo André, em Assis e na capital, em Itaquera, na zona leste, e na Barra Funda, na zona oeste.

A adversidade climática desta época do ano lança luz sobre o trabalho de acolhimento realizado pela Prefeitura de São Paulo, a solidariedade dos paulistanos e a complexidade da situação dos moradores de rua, muitos dos quais se recusam a ir para os abrigos públicos pelas mais variadas razões.

De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), desde o dia 22 de maio, quando teve início o Plano de Contingência para Situação de Baixas Temperaturas, houve cerca de 470 mil acolhimentos em abrigos da Prefeitura de São Paulo, chamados de Centros de Acolhida. O número de acolhimentos não é o total de cidadãos abrigados, haja vista que uma mesma pessoa pode ser atendida em diferentes dias durante o programa, que vai até o dia 22 de setembro, e não há tamanho número de vagas disponíveis. De todo modo, trata-se de um contingente bem expressivo.

Na cidade de São Paulo há 148 Centros de Acolhida, com cerca de 18,5 mil vagas. Nesses locais, os cidadãos que respondem à abordagem noturna de agentes sociais da Prefeitura – entre 22h00 e 8h00 – recebem roupas limpas, kits de higiene pessoal, refeição, cobertores e lugar para pernoite, além de um espaço para guardar seus pertences. A ajuda humanitária aos cidadãos que vivem nas ruas da capital paulista não se esgota com a ação institucional da Prefeitura de São Paulo. São muitos os grupos de voluntários que todas as noites nesta época do ano vão para as ruas dar comida, cobertores e não raro suporte moral para os desalentados.

Um dos mais ativos desses grupos é o Anjos da Noite, que realiza o trabalho voluntário há 30 anos. São grupos que contam com pouco dinheiro, público ou privado, mas esbanjam solidariedade. “Dinheiro mesmo a gente arrecada pouco. Este mês foram só R$ 700”, disse ao Estado Kaká Ferreira, presidente da ONG. Muitos cidadãos ajudam com doações de alimentos, roupas e cobertores. Outros, com o próprio trabalho, preparando as refeições ou distribuindo- as aos moradores de rua. Ainda há os que prestam socorro ao notificar a Prefeitura de São Paulo – por meio do número 156 – para que agentes sociais abordem pessoas em situação de perigo de vida por conta do frio. Boa parte das abordagens, no entanto, não tem sucesso.

As baixíssimas temperaturas registradas no fim de semana não são causa suficiente para levar uma expressiva parcela dos moradores de rua para os Centros de Acolhida. Muitos recusam a oferta alegando má qualidade das instalações – há relatos de infestações de insetos nas camas dos abrigos –, falta de transporte para retorno aos locais de origem após o pernoite e furto de pertences pessoais. A Smads informou que a Prefeitura de São Paulo tem intensificado a fiscalização dos Centros de Acolhida, que são administrados por meio de convênios com organizações sociais. O secretário adjunto Marcelo Del Bosco disse ao Estado que irá apurar os relatos feitos por moradores de rua à reportagem.

De fato, os depoimentos dos moradores de rua devem ser recebidos com a devida cautela. Evidentemente, os abrigos públicos ainda não são hotéis de luxo, mas, ante a dureza das condições das ruas frias, podem servir como alento, ainda que temporário. Enfim, salvam vidas, apesar de, às vezes, serem precários. Lá, está-se protegido do frio, recebe-se comida, roupas e kits de higiene e estrutura para um banho quente. Não são poucos os cidadãos que estão adaptados ao modo de vida nas ruas e resistem em deixá-las, arriscando suas vidas. É dever da Prefeitura de São Paulo zelar pela boa condição dos abrigos. Sempre haverá, no entanto, quem prefira as ruas. Todos merecem a solidariedade dos paulistanos.

O Estado de S. Paulo

Águia também precisa decolar

O Brasil começará a sair do marasmo logo depois de aprovada a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, segundo fontes do Ministério da Economia. Perdido um semestre e agravado o quadro geral do emprego, a equipe econômica decidiu, segundo aquelas fontes, apressar os estímulos antes condicionados à aprovação final do projeto. Se isso se confirmar, 25 milhões de desempregados, subempregados e desalentados, além de milhões de médios, pequenos e microempresários, poderão, finalmente, vislumbrar tempos menos duros. Se os deputados votarem a reforma antes do recesso de julho, isso se deverá muito mais ao esforço de alguns parlamentares do que a articulações e negociações conduzidas pelo Executivo. Previdência e outras questões econômicas fundamentais, como reforma tributária e reativação dos negócios, sempre ocuparam espaço mínimo na agenda presidencial.
Medidas para reativar a economia tornam-se dia a dia mais urgentes, enquanto se deterioram as condições do comércio, da produção e do emprego. Economistas do setor financeiro e das principais consultorias acabam de baixar de 0,85% para 0,82% a mediana das projeções de crescimento econômico em 2019.

A pesquisa Focus, conduzida pelo Banco Central (BC), mostrou a redução desses números por 19 semanas consecutivas. Esse período corresponde a mais de quatro meses e meio, mais de dois terços do mandato cumprido pelo presidente Jair Bolsonaro. O ministro da Economia, Paulo Guedes, e sua equipe têm estudado medidas estruturais e de curto prazo para animar os negócios e dar durabilidade ao crescimento. Ações conjunturais foram quase menosprezadas até há pouco, como se o governo devesse dedicar-se exclusivamente, ou quase, a políticas de longo prazo. Mas o ministro e seus auxiliares têm exibido nova atitude. Além de ações estruturais, como a da reforma tributária, privatizações e a nova divisão de receitas entre União, Estados e municípios, a pauta passou a incluir medidas para estímulo rápido à demanda, especialmente ao consumo familiar.

A agenda para efeito imediato inclui, segundo se informou, liberação de recursos do PISPasep e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Faltam detalhes sobre essas medidas, mas o sentido é claro: passar dinheiro às famílias para dinamizar o consumo e, com isso, dar novo impulso à produção industrial. O aumento do emprego poderá, como tem sido normal, ocorrer com algum atraso, mas acabará ocorrendo.

O ministro Paulo Guedes e outras fontes do Ministério também têm mencionado redução dos juros e simplificação do crédito. É uma conversa estranha, porque parece uma invasão das competências do BC. O presidente do banco, Roberto Campos Neto, voltou a negar, em entrevista ao Estado, uma conexão mecânica entre a aprovação da Previdência e a política dos juros básicos. Mas confirmou seu empenho em tornar o crédito mais acessível e mais barato. Uma das medidas deve ser a criação de condições para o uso do imóvel quitado como garantia para obtenção de empréstimo.

Crédito mais simples e mais acessível será sem dúvida importante, mas falta saber se haverá grande procura de empréstimos enquanto a demanda permanecer muito baixa. De imediato, ações de estímulo ao consumo serão provavelmente muito mais úteis para reanimar a economia. Combinadas a reanimação, clareado o horizonte e aumentada a ocupação da capacidade produtiva, os empresários serão também estimulados a investir em máquinas, equipamentos e instalações.

Não vale a pena criar um voo de galinha, têm dito o ministro Paulo Guedes e outras fontes do Ministério da Economia. Mas também um voo de águia depende de um impulso inicial. As medidas de efeito imediato podem proporcionar esse impulso. O alcance do voo dependerá das medidas mais ambiciosas prometidas pelo governo. Se houver empenho e competência, e se o presidente Jair Bolsonaro controlar seus impulsos de criação de conflitos, a águia decolará e poderá voar por muitos anos.

Folha de S. Paulo

Dividido em três

Fatias praticamente idênticas do eleitorado têm Bolsonaro como bom, ruim e regular; presidente não deveria se dirigir apenas ao núcleo mais fiel

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) ouviu tanto vaias quanto aplausos no Maracanã, na conquista da Copa América p ela seleção brasileira neste domingo (7). A divisão da torcida reflete bem os sentimentos divergentes da população captados em nova pesquisa Datafolha.

Segue estável aprofunda polarização evidente na eleição atípica de 2018, em que a forte rejeição a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) beneficiou o eleito: um terço aprova Bolsonaro (33% de ótimo/bom), outro o deplora (33% de ruim/péssimo).

Há que assinalar, ainda, a terceira parte que o qualifica como regular (31%) ou escolhe dizer que não sabe (2%). São eleitores pendulares, que poderão bandear-se para uma margem ou outra do espectro de opiniões, desequilibrando-o.

Tradicionalmente, o fiel da balança tende a mover-se com os ventos da economia. Embora o presidente possa dar-se por satisfeito coma momentânea calmaria, carregada mais de expectativa que de resultados, seria prudente que divisasse as turbulências à vista.

O otimismo com a situação econômica segue em queda. Nenhum dos parâmetros sondados pelo Datafolha — desemprego, inflação, contas pessoais, situação do país e poder de compra — reagiu além da margem de erro.

O desemprego, que permanece na alta casa de 12%, se faz acompanhar da inflação entre os fatores mais preocupantes. Isso embora economistas não antevejam piora dos índices de preços, o que permite supor que a manifestação decorra de ansiedade com o futuro.

As energias políticas de Brasília têm se concentrado na reforma da Previdência, que não raro enfrenta obstáculos levantados pela própria Presidência em sua relação como Congresso.

Mesmo que o texto seja aprovado em breve, só uma fé cega pode levar a acreditar que produza efeitos imediatos no cotidiano.

Outro sinal de alerta para Bolsonaro parte dos jovens. Eles temem pelo futuro da educação, entregue a dois ministros treslouca-dos. A erosão do apoio ao presidente, aí, já faz com que o ensino apareça como terceiro maior problema do país, depois de segurança pública e saúde.

O tema foi mencionado de forma espontânea por 15% dos entrevistados. É seu maior índice obtido pelo Datafolha desde 1996.

O ocupante do Planalto parece acreditar que basta seguir jogando com a agressividade habitual para um contingente relativamente mais rico e mais velho, dentro ou fora do Maracanã, que forma o núcleo de sua popularidade.

Se tivesse algum pendor para a prudência, Bolsonaro atentaria para os 61% de brasileiros a avaliar que fez menos do que dele se esperava no período — e para o fato de carregar a pior avaliação de um presidente em primeiro mandato.

Folha de S. Paulo

Disparates amazônicos

Nos últimos dias, membros do primeiro escalão do governo de Jair Bolsonaro (PSL) se dedicaram a propagar teses disparatadas acerca da devastação florestal amazônica.

A primeira veio do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno. Em entrevista à BBC Brasil, o general da reserva questionou a fidedignidade dos índices de desmatamento, classificando-os de “manipulados”.

Se fossem somados os percentuais divulgados até hoje, afirmou, “a Amazônia já seria um deserto”.

Absurda em si, a declaração não apenas coloca em dúvida o trabalho do Inpe, órgão federal que há décadas mede as taxas oficiais de desmatamento, como acaba por minimizar um problema grave e que vem se intensificando.

Em maio e em junho, os índices de destruição florestal foram, respectivamente, 35% e 57% maiores que nos mesmos meses de 2018, segundo dados do instituto espacial.

Os desatinos prosseguiram com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que, a seu modo, também buscou subestimar a depredação amazônica. Para ele, contudo, o problema não reside em taxas de desmatamento exageradas, mas na incompreensão acerca do seu real significado.

“Busca-se o zero absoluto ou o zero relativo? O zero relativo nós já atingimos”, disse, referindo-se à área proporcional da Amazônia destruída no ano passado, 0,2%. A matemática estrambótica de Salles, no entanto, esconde que esse percentual aparentemente pequeno representa nada menos de 7.536 km2, área equivalente a cinco vezes a da cidade de São Paulo.

Não bastassem as estultices retóricas, o governo federal vem criando impasses na condução do Fundo Amazônia que põem em risco a continuidade desse mecanismo de financiamento do combate à devastação florestal.

Após reunirem-se com Salles, os embaixadores da Noruega e da Alemanha, países doadores de 99% dos recursos do fundo, afirmaram que a parceria, criada em 2008, pode vir a ser extinta.

Na origem dos desacordos, estão as reiteradas tentativas do governo de desvirtuar o instrumento, gerido pelo BNDES.

Caso um acordo não seja alcançado, o país perderá quase R$ 2 bilhões entre recursos não consumidos ou ainda sem destinação — e o maior prejudicado será o próprio Estado brasileiro, destinatário de 60% do R$ 1,8 bilhão já empenhado.

No atual panorama, a perda dessa verba dificilmente seria compensada no Orçamento. O resultado, não é difícil prever, será o enfraquecimento das políticas ambientais.

Alessandro Vieira apresenta relatório sobre armas nesta quarta-feira

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Relatório do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) ao chamado PL das Armas (PL 3.713/2019), a ser apresentado nesta quarta-feira (10) à CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania), mantém a posse de até seis armas de fogo por pessoa e libera porte para outras categorias.

O senador quer simplificar o processo e unificar os cadastros de armas. Por outro lado, ele aumenta a pena nos casos de porte ou posse ilegal e exige a marcação de todas as armas e munições.

Alessandro disponibilizou um site para receber sugestões: pldasarmas.com.br. Contrária à flexibilização do Estatuto do Desarmamento, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) defendeu mais investimentos na segurança pública em entrevista da Rádio Senado (ouça aqui). (Agência Senado)

Arnaldo Jardim: Brasil, recebe ou dá lições?

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Brasil participa do G20. Brasil e Mercosul fecham acordo com a EU (União Européia). Estes fatos nos colocaram no centro dos debates mundiais e o tema meio ambiente destacou-se na cúpula das 20 maiores potências econômicas do planeta.

No encontro, a chanceler alemã, Angela Merkel, externou sua preocupação com nossa política ambiental, num recado direto ao presidente Jair Bolsonaro. A preocupação dela, e do mundo todo, é nobre, mas não pode avançar sobre a soberania brasileira ou ser uma manifestação de proselitismo e retórica, desprovida de análise científica realmente substantiva.

Não há razões para que nos determinem lições nesta área. O Brasil é o País que alimenta parte do mundo e tem cuidado de seus recursos naturais. A área destinada à preservação e proteção da vegetação nativa do Brasil corresponde a 66,3% do nosso território.

E este dado não está carregado paixões ou ideologias, é resultado de pesquisa da Embrapa Territorial e confirmado pela Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos. Não há no planeta, nenhum país com a dimensão territorial do Brasil que mais proteja sua vegetação nativa.

Somos reconhecidamente uma potência agrícola e também ambiental, quebramos recordes de produção e a cada nova safra mostramos a força de nossas exportações. Tudo isso ocupando somente 9% do nosso território com todas as lavouras e florestas plantadas.

A vegetação nativa preservada nos imóveis rurais privados, sem qualquer compensação econômica, ocupa 20,5% do território. A cobertura vegetal nas unidades de conservação representa 13,1%, enquanto nas terras indígenas corresponde a 13,8%. Terras devolutas e não cadastradas somam 18,9%.

Na União Europeia, onde a cobertura vegetal nativa ocupa parcela irrisória do território, 10 Estados-membros do bloco europeu, assim como os Estados Unidos e a China, continuam a emitir substâncias tóxicas bem acima do tolerável. De acordo com um relatório da Agência Europeia do Ambiente (AEA), o teto de emissão de poluentes é excedido pela Alemanha, Áustria, Bélgica, França, Irlanda, Luxemburgo, Dinamarca, Finlândia, Holanda e Espanha.

Desde 2010 está em vigor na União Europeia a diretiva NEC (National Emission Ceilings Directive), que define tetos nacionais de emissões para quatro substâncias tóxicas. Desde então, países tem feito um formidável esforço para mudar o perfil de sua matriz energética, merecendo nosso respeito, porém continuam superando os valores permitidos.

A UE estima que a poluição do ar custe cerca de 20 bilhões de euros por ano ao bloco em despesas com saúde, mas afirma que esse total pode ser reduzido se os Estados-membros respeitarem os limites estipulados para as emissões – uma lição de casa que o Brasil vem fazendo e que pode ser compartilhada com os europeus.

O governo brasileiro tem reiterado o compromisso de cumprir as metas acordadas na COP 21. As emissões brasileiras caíram porque nossa matriz energética é 44% renovável, tendo a cana-de-açúcar como segunda maior fonte de energia, com 17% da oferta de energia primária, abaixo apenas do petróleo e seus derivados.

Na área de combustíveis líquidos, o etanol, misturado com a gasolina na proporção de 27%, é utilizado puro pelos veículos flex, que representam mais de 80% da frota nacional. Além disso, o combustível substituiu 45,6% de toda a gasolina consumida no país, com uma economia de mais de 506 bilhões de dólares.

Em 2017, o total de emissões antrópicas associadas à matriz energética brasileira atingiu 435,8 milhões de toneladas de CO2 equivalente. As metas de descarbonização do RenovaBio devem levar, até 2029, a uma redução acumulada de emissão de 686 milhões de toneladas de CO2e, o que corresponde a mais de um ano de emissões totais da França.

No plano da produção agropecuária, fomos campeões na implantação do Plantio Direto, reduzindo a erosão do solo e aumentando o sequestro de carbono. Avançamos como ninguém na implantação da ILPF (Integração Lavoura – Pecuária – Floresta), e no programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), além de colhermos ótimos resultados na ampliação do uso da biotecnologia. E por aí vamos!

Este cenário de sustentabilidade ficará ainda mais inspirador aos europeus quando avançarmos em desafios como a efetiva implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), da qual sou autor, da implantação do programa Rota 2030 e do Programa de Regularização Ambiental (PRA), que, em conjunto, consolidarão entre nós a economia verde, de baixo carbono.

O Brasil sabe cuidar de seus recursos naturais e tem compromisso com a sustentabilidade.

Queremos aprender com todos e compartilhar desafios e sucessos! Receber e dar lições!

Arnaldo Jardim é deputado federal pelo Cidadania de São Paulo

Secretaria de Mulheres estende prazo para criação do M23 em estados e municípios

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A Secretaria de Mulheres do Cidadania divulgou comunicado (veja abaixo) estendendo o prazo de criação do M23 nos estados e municípios para o próximo dia 25 de julho. De acordo com a Secretaria, a mudança é necessária para a organização das inscrições visando a participação das integrantes do núcleo no Encontro Nacional do M23, marcado para dia 30 de agosto.

COMUNICADO DA SECRETARIA DE MULHERES DO CIDADANIA

Prezadas companheiras do Cidadania,

Estamos caminhando a passos largos em nossa organização, vários estados já criaram suas secretarias municipais e a Secretaria Estadual. Estamos fazendo um balanço para apresentá-las a vocês.

Nesta semana que passou fomos apresentar ao nosso presidente Roberto Freire o nosso trabalho, nossos resultados imediatos e nossa satisfação com as estratégias que colocamos em prática por todo o País com a adesão das lideranças estaduais.

Estamos à frente na organização partidária com a criação das M23 municipais, num lastro positivo com a entrada de muitas e muitas mulheres com grande disposição para militar e para oferecer seu nome como candidata.

Em virtude de uma estratégia global do Cidadania, decidimos pela realização dos congressos nacionais dos grupos de cooperação somente após esgotadas todas as articulações do partido, para que possamos conquistar o melhor alinhamento partidário possível.

Em substituição ao I Congresso Nacional de Mulheres do Cidadania, realizaremos o I Encontro Nacional de M23 Estaduais, no qual faremos um balanço geral das M23 municipais, discutiremos seu funcionamento, comunicação e estratégia eleitoral.

O prazo de construção de secretarias estaduais e municipais será estendido para 25 de julho de 2019, a fim de organizarmos todas as inscrições para a participação no Encontro Nacional da M23, no dia 30 de agosto. Em função deste adiamento do Congresso Nacional de Mulheres 23, a Resolução Orgânica 01/2019, datada em 22 de abril passado, também será reformulada. Entretanto, OS ESTADOS QUE JÁ TIVEREM REALIZADO SEU CONGRESSO OU FEITO CONVOCAÇÃO PARA REALIZÁ-LO, DE ACORDO COM A RESOLUÇÃO Nº 01/2019, TERÃO PRESERVADO O SEU DIREITO.

Contamos com a compreensão e determinação de todas vocês, para que juntas, possamos levar a M23 para muitas cidades e também estados brasileiros.

Secretaria Nacional de Mulheres do Cidadania 23

Brasília, 06/07/2019

Eliseu Neto A romantização do trabalho Infantil

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Numa transmissão de Facebook, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que trabalhou enquanto criança em fazendas do interior de São Paulo:

“Olha só, trabalhando com nove, dez anos de idade na fazenda eu não fui prejudicado em nada. Quando um moleque de nove, dez anos vai trabalhar em algum lugar, tá cheio de gente aí ‘trabalho escravo, não sei o quê, trabalho infantil’. Agora, quando tá fumando um paralelepípedo de crack, ninguém fala nada”.

O presidente faz uma romantização cruel do trabalho infantil. Existe a cena pueril de crianças vendendo limonada, nos subúrbios americanos, para aprender a ter responsabilidade, lidar com dinheiro, economizar. Hábito menos comum no Brasil, mas feito por muitas ongs e institutos, como Jovem Aprendiz, Junior Achievement, CIEE, etc. Pequenas responsabilidades são muito saudáveis para uma criança.

É muito diferente de crianças vendendo balas na rua por fome no meio de fuligem, crime, drogas; ou em minas de carvão, campos de tabaco, ou condições insalubres.

Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, o Brasil teve, entre 2007 e 2018, 261 mortes e 43.777 acidentes de trabalho com crianças e adolescentes entre cinco e 17 anos. Até mesmo as crianças que trabalham, em tese, sob tutela, temos dados alarmantes. Dos mais de 43 mil casos de acidente de trabalho, cerca de 25 mil atingiram adolescentes com idade para trabalhar como jovem aprendiz dentro da legislação (a partir dos 14 anos) e foram vítimas em atividades que lhes eram proibidas por conta da insalubridade ou da periculosidade.

Assistir o presidente da República, numa fala leviana, ameaçando acabar com a legislação que tenta proteger nossas crianças, é no mínimo aterrador. Este é o presidente que acabou com ferramenta de combate a tortura, dizimou os conselhos de participação civil, retirou LGBT da pauta de direitos humanos, que declarou guerra contra as universidades e tenta cercear as escolhas de reitores. Bolsonaro luta contra o Congresso Nacional, tentando liberar as armas e afirma que crianças deveriam aprender a atirar. Não dá mais para achar que ele é apenas um bufão. Suas falas são balões de ensaio, para futuros desmandos, decretos, MPs autoritárias, que desafiam inclusive o equilíbrio dos três poderes.

O presidente ainda faz esdruxula comparação, entre trabalho infantil e consumo de drogas, tentando colocar parte da sociedade (a esquerda, ou comunistas, como costuma delirar) como tolerantes com o consumo de drogas na infância. No seu discurso, confunde propositalmente, uma defesa da legalização de drogas e compreensão do consumo como questão de saúde, com um suposto descaso com as crianças. Seu objetivo é claro, dividir e polarizar ainda mais a sociedade brasileira. Ninguém defende que crianças possam usar drogas, bebidas, e ninguém deveria defender que trabalhem ou usem armas.

O trabalho na infância, quando existir, deve ser junto com estudo, com o brincar, como uma referência da vida adulta, somente. Brincar é fundamental no desenvolvimento infantil.

Jogos infantis são importantes para construção do córtex infantil. A imaginação, liberdade, alegria, imitar o mundo adulto e aos poucos adquirir responsabilidade.

O ato de brincar da criança demonstra simbolicamente suas ansiedades e fantasias e tal ato equivale a expressões verbais do adulto, uma expressão simbólica de seus conflitos inconscientes. Portanto saudável e fundamental.

Para Winnicott, a atividade de brincar constitui um aspecto universal da natureza humana, ainda que existam pessoas que possam estar profundamente doentes e não conquistem essa capacidade, precisando, então, de tratamento (Winnicott, 1968i, p. 63).

Podemos elucubrar que muito da personalidade infantil, autoritária e pouco democrática deste presidente, seja oriunda de pouco tempo de brincadeira e estudo na infância, visto que ele mesmo admite que foi submetido à trabalho infantil (embora seu irmão negue isso em entrevistas e garanta que é mais uma das mentiras presidenciais). Mas para o inconsciente, mesmo a fantasia, tem peso e consequências.

Portanto, brincar de ser adulto, de trabalhar, de ter dinheiro, é excelente para uma criança. Mas a pressão de ganhar pela subsistência, as condições insalubres, o sofrimento psíquico, e o excesso de responsabilidade, são um misto de ignorância e crueldade de Jair Bolsonaro e seus seguidores. Precisamos sim de fortes leis contra o trabalho infantil, e pelo visto é premente educarmos a sociedade sobre os males desse drama, ainda comum no Brasil. Diferente da fantasia de ideologia de gênero, esse é um drama real e presente no Brasil.

Eliseu Neto
Coordenador Nacional do Diversidade 23

Cresce o desemprego entre os trabalhadores com ensino superior completo

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Reportagem do jornal “O Globo” (veja abaixo) com base na pesquisa da Pnad Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que no primeiro trimestre deste ano 1,4 milhão de brasileiros com ensino superior completo estavam sem trabalho, uma alta de de 13% em apenas um ano. Nos três primeiros meses de 2018, o número foi de 1,23 milhão.

Segundo o jornal, o “avanço da desocupação nesse segmento, geralmente mais protegido do desemprego que os menos escolarizados, contrasta com a queda de 1,8% no contingente total de desempregados no período”.

“O tipo de emprego que tem sido gerado, responsável por alguma melhora no índice geral, em sua maioria não requer tanta qualificação”, avalia Bruno Ottoni, pesquisador da consultoria iDados.

Na contramão, desemprego cresce entre trabalhadores com diploma

Desemprego avança 13% em um ano entre os mais qualificados

GABRIEL MARTINS E KAREN GARCIA* – O GLOBO

O engenheiro eletricista Filipe Carneiro, de 38 anos, trabalhou por dez anos como superintendente em uma companhia de navegação do setor de petróleo no Rio. Com a marcha lenta da economia, a empresa começou a cortar cargos de chefia em janeiro. Carneiro foi um dos dispensados. Ele e a mulher, a advogada Gisele Brandão, agora só contam com o salário dela para pagar as contas. Com uma filha de 2 anos e a segunda prestes a nascer, fizeram um corte profundo nas despesas.

A situação do engenheiro, cuja profissão era das mais demandadas antes da crise, reflete a realidade de 1,4 milhão de brasileiros com ensino superior completo sem trabalho contabilizados no primeiro trimestre deste ano pela pesquisa Pnad Contínua, do IBGE. Isso representa alta de 13% em apenas um ano. Nos três primeiros meses de 2018, o número foi de 1,23 milhão.

RENDA EM QUEDA

O avanço da desocupação nesse segmento, geralmente mais protegido do desemprego que os menos escolarizados, contrasta com a queda de 1,8% no contingente total de desempregados no período.

— O tipo de emprego que tem sido gerado, responsável por alguma melhora no índice geral, em sua maioria não requer tanta qualificação — avalia Bruno Ottoni, pesquisador da consultoria iDados.

Além do maior desemprego, a renda média dos profissionais com ensino superior caiu 0,9% em um ano, de R$ 5.710 para R$ 5.654. Já a média do trabalhador em geral subiu 1,5% entre os primeiros trimestres de 2018 e 2019, de R$ 2.478 para R$ 2.516.

— Nossa renda caiu pela metade. Já tínhamos quitado o apartamento, o que ajudou, mas reduzimos muito o uso do cartão de crédito, cortamos viagens de férias e, como minha mulher está grávida, saímos muito menos — conta Carneiro, que tem pós-graduação em Meio Ambiente.

Depois de se formar, em 2008, ele não teve dificuldade para encontrar trabalho e subir na empresa. Agora, há seis meses procurando uma vaga, está disposto a aceitar cargo e salário inferiores aos que tinha. Mas não tem sido fácil.

— Há um mês, uma empresa me ligou. Perguntaram-me último salário. Falei, e não me retornaram mais.

Maria Andreia Lameiras, pesquisadora do Ipea, explica que os menos escolarizados sofrem mais com o desemprego, mas o andar de cima é afetado com mais força agora por causa da lenta recuperação econômica desde 2014: — Além de profunda, a crise é longa. Em momentos de dificuldade, as empresas primeiro cortam os funcionários com menos produtividade e salários mais baixos, preservando os mais qualificados, que receberam maior investimento em treinamento. Por conta da duração da crise, as empresas são obrigadas a dispensá-los.

Formado em Letras, com duas pós-graduações e fluente em quatro idiomas, o professor Ben Feitosa, de 37 anos, está há um ano sem emprego fixo. A escola de línguas em que trabalhava fechou, e ele passou a dar aulas particulares para ter alguma renda. Na informalidade, sente falta de previsibilidade e benefícios:
—Já mandei currículo para várias escolas, mas quando veem minha experiência, acham que sou um profissional caro. Na verdade, já aceitei valores abaixo do mercado só para ter a segurança de um salário todo mês — conta o professor, que tem 16 anos de magistério.

Um dos fatores para o aumento do desemprego entre os graduados é o maior acesso dos brasileiros à universidade, o que não tem sido acompanhado pela geração de postos de trabalho. Em um ano, a força de trabalho com ensino superior aumentou 8%, chegando a 20,3 milhões de pessoas em março. São cerca de 1,5 milhão de novos profissionais. Não há vagas para todos.

DECEPÇÃO APÓS FORMATURA

Ana Paula Mendes, de 26 anos, é uma das que ficaram de fora. Ela escolheu cursar Ciências Contábeis porque sempre ouviu que não faltava emprego na área, mas durante a graduação não conseguiu sequer um estágio. Desde a formatura, na segunda metade de 2018, enfrenta dificuldades nos processos seletivos, que pedem experiência. E, com o contingente de profissionais que perderam emprego, não está difícil para os recrutadores encontrarem.

— O mercado de trabalho é tão diferente do que imaginei no início da faculdade que já cheguei a me arrepender de ter feito o curso. Hoje, tenho que escolher as seleções. Depois de seis meses procurando, ir a todas fica caro por causado transporte e da alimentação fora de casa — diz Ana Paula.

Maria Andreia Lameiras, do Ipea, diz que o aumento da escolarização do brasileiro é positivo para a economia, mas a falta de oportunidades adequadas à formação dos universitários impede o país de se beneficiar dos ganhos de produtividade que a qualificação profissional produz.

— Com programas de incentivo, como Fies e ProUni, mais pessoas entraram na universidade. No entanto, esse contingente tem chegado ao mercado em um momento de fragilidade da economia — diz Andreia.

— Quem acaba aceitando vagas com menos exigências ou fica fora do mercado por muito tempo pode ficar desatualizado, sem acompanhar mudanças em sua área.

João Saboia, professor emérito de Economia da UFRJ, atribui a falta de vagas à baixa confiança dos empresários para investir e contratar: — A reforma da Previdência contribui para a retomada da economia, mas não é o único problema. Outras reformas precisam andar. É preciso melhorar o clima político do país, que tem contribuído para reduzir a confiança. Com isso, o Brasil deve crescer, e veremos recuperação mais efetiva do mercado de trabalho. (*Estagiária, sob a supervisão de Alexandre Rodrigues – O Globo 07/07/2019)

Mercado reduz pela 19º vez consecutiva projeção de crescimento da economia

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O mercado financeiro continua pessimista com o andamento da economia brasileira e reduziu, pela 19º vez consecutiva, a estimativa de crescimento, de 0,85% para 0,82% neste ano. Os dados foram divulgados, nesta segunda-feira (8), pelo BC (Banco Central) por meio do Boletim Focus.

De acordo com o levantamento, as instituições financeiras preveem para 2020 crescimento de 2,20%, Já para 2021 e 2022 a estimativa permaneceu em 2,50%.

Inflação

A estimativa de inflação, calculada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), foi mantida em 3,80% para 2019. A meta de inflação para o ano, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), é de 4,25% com tolerância de 1,5 pontos para cima ou para baixo.

Para 2020, a projeção da inflação é de 3,91%. A meta para o próximo ano é de 4%. Ao analisar 2021 e 2022, o mercado aposta em 3,75% enquanto que o centro da meta oficial é 3,75% e 3,5% respectivamente.

Juros

Ao analisar a taxa básica de juros, a Selic, as instituições financeiras esperam que ela fique em 5,50% em 2019 e para o fim de 2020 em 6%. Já no fim de 2021 e 2022, a aposta é que a taxa fique em 7,5%.

Dólar

Ainda segundo o relatório, a expectativa para o câmbio no fim de 2019 é que o dólar fique em R$ 3,80. Projeção semelhante ao da semana passada. Para o próximo ano, é que a moeda estrangeira também fique em R$ 3,80. (Com informações do Banco Central e agência de notícias)