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Alessandro Vieira: A renovação não virá dos velhos caciques

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Coragem de Tabata e Rigoni serve de exemplo

A renovação política de que o Brasil precisa é de práticas, e não de pessoas. É difícil abandonar velhos hábitos. Não elegemos presidentes. Elegemos mitos, que concentram a imunidade dos santos ou todos os pecados dos demônios, dependendo de quando e a quem se pergunta. Construir uma política madura, menos simplista e de centro —fiel à vontade daqueles que representamos— pressupõe rupturas.

Precisamos do exemplo de coragem de Felipe Rigoni e Tabata Amaral, colegas congressistas do Movimento Acredito, para indicar o caminho.

A votação da reforma da Previdência evidenciou o embate entre o novo e o velho que presenciamos diariamente no Congresso. De um lado, a política pelo exemplo, pelas novas práticas e pela convicção. Do outro, caciques tradicionais, fiéis a velhos hábitos, dos quais Ciro Gomes é a melhor caricatura. Ele representa o personalismo de quem já rodou por quase uma dezena de partidos e a polarização simplista do “nós contra eles”, travestido de ideologia.

É na hora de grandes decisões, daquelas que têm consequência para o futuro do país e custo eleitoral, que as diferenças entre o novo e o velho se tornam inconciliáveis.

O Acredito sempre foi a favor da reforma, tendo o combate a privilégios e a responsabilidade fiscal como valores. Tanto o PDT quanto o PSB assinaram carta com o movimento se comprometendo a “respeitar as autonomias política e de funcionamento do Acredito e de seus representantes”. Justamente para que o movimento, que é suprapartidário, garantisse a liberdade dos integrantes.

No nosso sistema político, em que reinam dirigentes partidários, a carta pública não tem valor jurídico. E parece tampouco terem valor os compromissos políticos dos dirigentes Carlos Lupi e Carlos Siqueira, que ameaçam Tabata e Rigoni de expulsão.

A reforma aprovada não é a ideal. É a possível. Mas ela combate desigualdades, quebra privilégios e é um passo concreto rumo à sustentabilidade fiscal. Alíquotas progressivas, idade mínima que afeta principalmente os mais ricos, regras iguais para sistemas público e privado. Há razão em quem grita contra isenções para ruralistas, contra a separação da reforma dos militares e contra os privilégios para algumas categorias. Porém esses erros não anulam os avanços.

Liderar é dar às pessoas protagonismo sobre seus destinos, e não ameaçar ou ofender quem pensa diferente, em exercício de arrogância dos donos da razão e do poder.

A liderança virtuosa busca devolver o poder e a responsabilidade de escolha. Isso significa lutar por um Brasil com igualdade de oportunidades, mas também devolver a deputados federais a responsabilidade de votar por convicção, e não por conveniência partidária.

Quando ninguém ousava, Tabata foi a única voz do PDT a anunciar que votaria a favor da reforma. Mas o partido teve oito votos a favor da reforma. Rigoni também assumiu essa posição no PSB, sendo acompanhado por dez congressistas. Essas são as práticas de uma política baseada em estudo e respeito à divergência. Essa é a renovação de que o Brasil precisa. (Folha de S. Paulo – 17/07/2019)

Alessandro Vieira, senador da República (Cidadania-SE) e ex-delegado-geral da Polícia Civil de Sergipe (2016-2017)

Luiz Carlos Azedo: Freio na Lava-Jato

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NAS ENTRELINHAS – CORREIO BRAZILIENSE

Como diria o falecido Barão de Itararé, o humorista gaúcho Apparício Torelly, há mais coisas entre o céu e a terra do que os aviões de carreira, no caso, a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, que acolheu pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, e suspendeu temporariamente todas as investigações em curso no país, que tenham como base dados sigilosos compartilhados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e pela Receita Federal, sem autorização prévia da Justiça.

Toffoli matou mais do que dois coelhos com uma só cajadada: pôs sob sua guarda a investigação sobre o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), do qual passará a ser o juiz natural no STF, mesmo depois de deixar a presidência da Corte; indiretamente, sustou o julgamento do pedido de prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador quando deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e amigo do clã Bolsonaro, que estava em vias de ter a prisão decretada pela Justiça fluminense; e ainda deu um freio de arrumação geral em todas as investigações da Operação Lava-Jato, que está na berlinda depois da divulgação das conversas entre o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e os promotores da força-tarefa de Curitiba, entre os quais Deltan Dallagnol.

O julgamento sobre o compartilhamento de informações entre os órgãos de fiscalização e controle está marcado para 21 de novembro. Toffoli ressalvou que a decisão não atinge as ações penais e investigações “nos quais os dados compartilhados pelos órgãos administrativos de fiscalização e controle, que foram além da identificação dos titulares das operações bancárias e dos montantes globais, ocorreram com a devida supervisão do Poder Judiciário e com a sua prévia autorização”. Entendeu, porém, que era possível aplicar a “repercussão geral” ao processo de Flávio Bolsonaro, ou seja, a regra vale para todos os processos em andamento no país.

O “freio de arrumação” na Operação Lava-Jato, expressão usada pelos motoristas de ônibus para a freada brusca com objetivo de forçar os passageiros a se acomodarem mais à frente no veículo, foi quase explícito: “Não convém, por conseguinte, manter a atuação cíclica da máquina judiciária no tocante a tais demandas que veiculam matéria semelhante, até que a Corte se pronuncie em definitivo sobre a questão, que, registro, já tem data definida para o seu julgamento pelo plenário no calendário, a dizer, 21/11/19.”

Vida alheia

Houve reação dos procuradores. O coordenador da força-tarefa da Lava-Jato no Rio, Eduardo El Hage, disse que a decisão de Toffoli “suspenderá praticamente todas as investigações” de lavagem de dinheiro no Brasil. Segundo ele, ao exigir decisão judicial para utilização dos relatórios do Coaf, Toffoli “ignora o macrossistema mundial de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento ao terrorismo e aumenta o já combalido grau de congestionamento do Judiciário brasileiro”. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), comemorou: “Ninguém pode estar chafurdando a vida alheia sem ter autorização judicial. Acho que é uma baliza importante que é dada pelo STF, que vale para o caso específico do Flávio, e para todas as outras investigações”, opinou Bezerra.

O caso Flávio Bolsonaro já vinha sendo empurrado com a barriga no Supremo. Em janeiro, o ministro Luiz Fux, vice-presidente do Supremo, mandara suspender provisoriamente, durante o período em que estava à frente do recesso judiciário, o procedimento investigatório instaurado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro para apurar movimentações financeiras de Fabrício Queiroz consideradas “atípicas” pelo Coaf. Na ocasião, Fux atendeu pedido da defesa de Flávio Bolsonaro. Entretanto, Fux enviou o caso ao relator do processo no STF, ministro Marco Aurélio Mello, que negou o pedido ao retornar das férias.

No fim de 2018, relatório do Coaf apontou operações bancárias suspeitas de 74 servidores e ex-servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O conselho identificou uma movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz e também 48 depósitos na conta de Flávio Bolsonaro, em um mês, no total de R$ 96 mil, de acordo com o Coaf. Os depósitos, concentrados no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Assembleia Legislativa do Rio, foram feitos sempre no mesmo valor: R$ 2 mil. Fabrício é suspeito de ser laranja de uma caixinha no gabinete do então deputado estadual. (Correio Braziliense – 17/07/2019)

Dias Toffoli trava investigação sobre Flávio Bolsonaro no caso Queiroz

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Decisão de Toffoli suspende investigação sobre Flávio

Ministro suspende investigações com uso de dados bancários sem autorização da Justiça

LEANDRO PRAZERES E ANDRÉ DE SOUZA – O GLOBO

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, determinou ontem a suspensão de todos os processos judiciais nos quais dados bancários detalhados de investigados tenham sido compartilhados por órgãos de controle sem autorização prévia do Poder Judiciário. A decisão foi dada em resposta a um pedido do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e, segundo sua defesa, vai beneficiá-lo em investigações que tramitam contra ele na Justiçado Rio.

A decisão foi recebida com críticas de procuradores que apuram casos de crimes financeiros. Eles alegam que ela pode ter impacto na maior parte das investigações de lavagem de dinheiro em andamento no país.

Além de paralisar processos judiciais, Toffoli mandou suspender inquéritos e procedimentos de investigação criminais (PICs) em tramitação tanto no Ministério Público Federal quanto nos ministérios públicos nos estados e no Distrito Federal. O presidente do STF classificou como “temerária” a atuação do MP em casos envolvendo o compartilhamento de informações fiscais sem a supervisão da Justiça.

RELATÓRIO DO COAF

A decisão de Toffoli se deu em torno de uma das principais controvérsias da investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) contra Flávio Bolsonaro. Ele é investigado em um inquérito que apura o suposto desvio de dinheiro em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

A investigação começou a partir de um relatório do Conselho de Administração de Atividades Financeiras (Coaf) anexado à Operação Furna da Onça, que apurava corrupção na Alerj. O Coaf identificou movimentações suspeitas de parlamentares e assessores da Casa. Entre elas, transações que somavam R$ 1,2 milhão nas contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar de Flávio.

A defesa do filho do presidente Bolsonaro argumenta que o Coaf quebrou seu sigilo bancário e fiscal sem autorização da Justiça e compartilhou essas informações com o MP-RJ, o que seria ilegal.

O documento enviado pelo Coaf ao MP-RJ que originou a apuração sobre Flávio é um Relatório de Inteligência Financeira (RIF), que contém apenas as transações que despertaram suspeitas. Ele é diferente de uma quebra de sigilo bancário, em que constam todas as operações.

Com a tese de quebra de sigilo, a defesa de Flávio Bolsonaro pegou uma “carona” em um recurso que já estava tramitando no STF desde 2017 sobre o mesmo assunto, com o julgamento previsto para 21 de novembro deste ano.

O recurso, movido pelo Ministério Público Federal contra uma decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), com sede em São Paulo, que anulou uma ação penal por causado compartilhamento de dados pela Receita Federal com o Ministério Público.

O recurso foi escolhido pelo STF para ter a chamada repercussão geral, o que significa que a decisão sobre este caso específico terá um efeito cascata sobre todos os processos semelhantes em tramitação.

DEFESA COMEMORA

Embora tenha partido de um pedido de Flávio, há polêmica sobre o efeito da decisão no caso do senador. Em sua decisão, Toffoli classificou os dados bancários e fiscais em dois grupos. No primeiro, estão informações mais genéricas contendo apenas montantes globais movimentados mensalmente e a titularidade das contas bancárias. No outro, estão dados detalhados sobre a movimentação financeira de investigados incluindo informações que permitiriam aos investigadores detectar a “origem ou natureza” de gastos.

Para o ministro, todas as investigações e ações que tenham usado dados financeiros e fiscais detalhados fornecidos por órgãos de controle sem autorização prévia da Justiça devem ser suspensos. Os que usaram apenas dados genéricos podem continuar tramitando.

O advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, comemorou a decisão de Toffoli, mas afirma que ela não impede o andamento de investigações contra crimes do colarinho branco.

“Todas elas poderão continuar em trâmite. Obriga-se apenas que, preventivamente, as autoridades de persecução penal façam cumprir a Constituição da República, solicitando a quebra do sigilo bancário ao Poder Judiciário”, disse um trecho da nota.

Na Folha, Alessandro Vieira critica decisão do STF que susta processos de lavagem

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PAINEL – FOLHA DE S. PAULO

Tiroteio

É um escândalo. Não é razoável tomar uma decisão que vai impactar centenas de processos de corrupção em pleno recesso

Do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), sobre Dias Toffoli ter suspendido ações que usem informações obtidas sem aval da Justiça.

Veja aqui a coluna completa

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (17/07/2019)

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MANCHETES

O Globo

Decisão de Toffoli suspende investigação sobre Flávio
BNDES vai se desfazer de carteira de R$ 106 bi
Indicação de Eduardo divide votos no Senado
Polícia prende 14 suspeitos da milícia da Muzema
Reajuste de tabela do IR pode ser menor para distribuir renda
Castells: notícias falsas e ataques à Educação levam a totalitarismo
Com margem estreita, alemã chega a líder da UE
Alvo da ‘Lava-Jato peruana’, ex-presidente é preso nos EUA
Moção de repúdio a Trump é aprovada na Câmara dos EUA

O Estado de S. Paulo

Governo deve liberar saque de até 35% de contas ativas do FGTS
Planalto vai enviar ao Congresso projeto para privatizar Eletrobrás
Decisão do STF sobre Flávio susta processos de lavagem
Piracicaba, o ‘Vale Agro’
MP da Liberdade terá sequência
Universidade pública, verba privada
Ministério vai comprar remédios suspensos
Polícia fecha fábrica de Ferraris falsas

Folha de S. Paulo

Toffoli suspende inquéritos e favorece filho de Bolsonaro
Dodge recebe Deltan para declarar apoio à Lava Jato
Proposta de novo tributo já sofre resistência do Congresso
Corregedoria do Ministério Público investiga palestras
Proposta de novo tributo já sofre resistência do Congresso
Senado terá projeto de imposto único de Flávio Bolsonaro
Chefe do BNDES quer vender R$ 100 bi em participações
Facebook e Google serão vistos como veículos de mídia
Trump é alvo de pedido formal de impeachment

Valor Econômico

Governo vai liberar R$ 63 bi do FGTS e PIS
Vale enfrenta ação na B3 por Brumadinho
Reforma anima empresariado
MG quer rediscutir exploração de nióbio
STJ reduz juro e correção nas recuperações

EDITORIAIS

O Globo

A inadequada estrutura partidária

Se há uma polarização no país entre direita e esquerda, existem nuances em função da variedade de opções que se encontram no tabuleiro político. Trata-se de um conflito circunstancial, porque a tendência da sociedade é o centro. E toda vez que a conjuntura leva a extremos, como agora, dissidências surgem de lado a lado.

Desta vez à esquerda, ainda plasmada pela visão nacional-populista e estatizante do lulopetismo. Mas também há liberais que discordam do bolsonarismo, e são muitos, pelo que se constatou nas eleições de outubro. Por serem antipetistas, deram a vitória ao ex-capitão. A aprovação de Bolsonaro mergulhou nas primeiras semanas de governo pelo distanciamento deste grupo.

Há regras de fidelidade partidária, mas nem sempre elas estão adequadas ao momento. E mesmo que a legislação ainda seja muito permissiva à pulverização partidária, o grande número de legendas com representatividade no Congresso, mais de duas dezenas (devido a uma cláusula de barreira ainda pouco efetiva), não é capaz de abranger a diversidade de posições de parlamentares sobre temas-chave. Como a reforma da Previdência, diante da qual, nos partidos de esquerda PDT e PSB, mesmo com o fechamento de questão contra o projeto, foi impossível manter unidas as respectivas bancadas.

No PSB, 11 dos 32 deputados (34%) e, no PDT, oito dos 27 (30%), parcelas substanciais, não seguiram a determinação das cúpulas partidárias. Pode-se dizer que assim quis a maioria do partido. Então, não há espaço nas legendas para votos de consciência.

E a reforma previdenciária tem uma lógica tão sólida, que um mínimo de honestidade intelectual deveria levar o político a pensar sem preconceitos sobre o problema. Mas é pedir demais.

A reação da cartolagem partidária contra os dissidentes do PDT e PSB denuncia que camisas de força ideológica e a estreiteza no entendimento da realidade brasileira não concedem espaço para jovens políticos com nova abordagem dos problemas do país.

É por isso que Tabata Amaral, jovem deputada pelo PDT de São Paulo, e outros vêm de movimentos surgidos à margem dos partidos tradicionais, onde falta oxigênio para a renovação. A deputada, por exemplo, foi fundadora do grupo Acredito e atuou no RenovaBR.

Houve um forte movimento de regeneração no Congresso. Na Câmara, 47,3%, quase tanto quanto na eleição da Constituinte de 1987, convocada para restabelecer as instituições democráticas. No Senado, 85% das 54 vagas disputadas (46) são ocupadas por novos nomes.

Nem todo estreante no Legislativo ajudará no saneamento da política, mas os números são significativos. A aspiração por novos padrões no exercício da política esbarra em velhas estruturas, como a partidária. Mas este caminho precisa ser sem volta.

O Globo

Mudanças no trânsito vão na contramão da opinião pública

Pesquisa mostra que maioria desaprova retirada de radares e afrouxamento de punições

Ao retirar radares de rodovias federais e propor polêmicas mudanças no Código de Trânsito Brasileiro, o governo de Jair Bolsonaro segue no contrafluxo da opinião pública.

Como mostra pesquisa Datafolha divulgada segunda-feira, 67% dos entrevistados reprovam a redução dos pardais, e apenas 30% apoiam a medida. Mesmo entre eleitores de Bolsonaro, a iniciativa não é bem-vista: 58% são contra e 40% a favor.

Em abril, após ordem de Bolsonaro, o Ministério da Infraestrutura suspendeu a instalação de cerca de 8 mil radares em rodovias federais não concedidas. Para o presidente, a grande maioria dos equipamentos tem como único intuito “o retorno financeiro ao Estado”. A decisão estapafúrdia recebeu críticas até mesmo de dentro do governo. O próprio Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) considera que a presença dos pardais contribuiu para reduzir em 25% o número de mortes entre 2010 —quando o programa foi implantado — e 2016.

Depois de idas e vindas, o Ministério da Infraestrutura anunciou, na segunda-feira, um acordo com o Ministério Público Federal para instalar mil radares em 2,2 mil pontos nas vias federais. De qualquer forma, o número representa menos de um terço do previsto.

Também a proposta do governo de dobrar, de 20 para 40, o limite de pontos que levam à cassação da Carteira Nacional de Habilitação não parece ter muito respaldo na população. Segundo a pesquisa, 56% se dizem contra, e 41% se mostram favoráveis. O apoio ao alívio nas punições só é maior entre os eleitores de Bolsonaro (52% a 45%).

O sistema de pontuação na carteira é uma das novidades do Código de Trânsito Brasileiro, sancionado em 1997. Toda vez que a somadas infrações (leves, médias, graves ou gravíssimas) atinge 20 pontos, o motorista tem o direito de dirigir suspenso e precisa cumprir uma série de exigências para recuperá-lo. A medida surgiu com o objetivo de reduzir o número de acidentes.

Outro ponto polêmico proposto pelo governo, o fim da multa para motoristas que transportam crianças sem cadeirinha também é majoritariamente rejeitado, de acordo com a pesquisa: 68% afirmaram ser contra, e 30% a favor. Pelo projeto enviado ao Congresso, a ideia é trocar a multa por uma advertência por escrito. É sabido que o uso de cadeirinhas reduz em até 60% o número de mortes de crianças e adolescentes em acidentes, segundo a OMS.

Afrouxar a fiscalização e a punição a motoristas imprudentes num país que ainda registra cerca de 35 mil mortes no trânsito a cada ano pode agradar a um ou outro nicho eleitoral. Mas, pelo visto, desagrada a uma maioria, que convive em sua rotina com as chagas de um trânsito selvagem. Andar na contramão é sempre um risco.

O Estado de S. Paulo

Respeito ao sigilo bancário

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, determinou a suspensão da tramitação de todos os processos judiciais em andamento no território nacional que versem sobre o compartilhamento, sem autorização judicial e para fins penais, de dados fiscais e bancários de contribuintes. Trata-se de uma medida elementar de respeito ao Direito. Protegidos sob sigilo, os dados bancários e fiscais não podem ser compartilhados com o Ministério Público sem autorização judicial.

Também foram suspensos, pela decisão do presidente do STF, os inquéritos e os procedimentos de investigação criminal conduzidos pelos Ministérios Públicos Federal e Estaduais que foram instaurados sem a supervisão do Poder Judiciário e nos quais houve compartilhamento, sem autorização judicial, de dados da Receita, do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e do Banco Central.

A decisão foi proferida num Recurso Extraordinário, com repercussão geral reconhecida, que avalia a constitucionalidade do compartilhamento de dados da Receita, do Coaf e do Banco Central com o Ministério Público. No caso, o Tribunal Regional Federal da 3.a Região declarou nula uma ação penal sob o fundamento de que a prova apresentada pelo Ministério Público baseava-se exclusivamente em informações sigilosas da Receita Federal, compartilhadas com o Ministério Público sem a devida autorização da Justiça.

Não deixa de ser estranho que a Corte Constitucional tenha de ser acionada para dizer o óbvio. Num Estado Democrático de Direito, a quebra de sigilo bancário e fiscal para fins de investigação criminal ou instrução processual penal depende de prévia autorização judicial. No entanto, deve-se reconhecer que, nos tempos atuais, até o mais cristalino direito necessita ser lembrado e protegido. Com pequenas e não tão pequenas concessões ao longo do tempo, o que era límpido se torna, aos olhos de alguns, nebuloso.

A relativização do sigilo promovida pelo Ministério Público remete a um caso já julgado pelo STF. Em 2016, o Supremo entendeu, por maioria de votos, que era constitucional a permissão, dada pela Lei Complementar 105/2001, para que a Receita Federal recebesse, sem prévia autorização judicial, dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos. O entendimento majoritário foi de que essa autorização legal não representava quebra de sigilo. Seria tão somente uma transferência do sigilo da órbita bancária para a fiscal, e os dados permaneceriam protegidos contra o acesso de terceiros. Uma vez que a Receita continuaria com o dever de preservar o sigilo, não haveria ofensa às garantias constitucionais de proteção da privacidade.

Ainda que seja questionável, a interpretação do Supremo Tribunal Federal de modo algum permitiu o acesso direto do Ministério Público a dados sigilosos para fins penais. Vale lembrar que o Supremo, ao fixar as garantias dessa comunicação de dados com o Fisco, indicou a necessidade de “prévia notificação do contribuinte quanto a instauração do processo e a todos os demais atos”.

Além disso, a própria Lei Complementar 105/2001 estabeleceu que eventuais informações dos bancos ao Fisco “restringir-se-ão a informes relacionados com a identificação dos titulares das operações e os montantes globais mensalmente movimentados, vedada a inserção de qualquer elemento que permita identificar a sua origem ou a natureza dos gastos a partir deles efetuados”. Não poderia ser diferente, pois a lei veio regulamentar – e não abolir – o sigilo das operações financeiras.

É grave que o Ministério Público, instituição responsável pela defesa da ordem jurídica, opte por percorrer caminhos que violam o sigilo bancário e fiscal. As investigações devem ser feitas dentro da lei, que prevê modos de acessar dados financeiros e fiscais, sempre mediante autorização judicial. O sigilo bancário e fiscal é uma garantia constitucional, que deve valer para todos, sem exceções.

O Estado de S. Paulo

Alerta para os endividados

Atolado em dívidas, o governo brasileiro tem motivo especial de preocupação diante do risco nada desprezível de um novo choque financeiro internacional. O novo alerta sobre os perigos do endividamento crescente – um fenômeno global -acaba de ser lançado pelo Instituto de Finanças Internacionais (IFI), formado por cerca de 500 das maiores instituições do mundo e baseado em Washington. Depois de um leve recuo no ano passado, a dívida global voltou a aumentar no primeiro trimestre e superou US$ 246 trilhões, cerca de 320% do produto bruto mundial, proporção ligeiramente maior que a de um ano antes. No mesmo intervalo, o endividamento geral no Brasil passou de 186,2% para 195,5% do Produto Interno Bruto (PIB), inflado principalmente pelo desarranjo das contas públicas.

O alerta emitido pelo IFI é semelhante àqueles divulgados várias vezes, nos últimos anos, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas há algo mais que repetição. Os sinais de alarme vêm-se tornando mais preocupantes, porque os desajustes financeiros são crescentes. A política de juros baixos e crédito fácil nas maiores economias tem encorajado o endividamento e facilitado a valorização de ativos. Além disso, o aumento das dívidas de curto prazo em alguns países torna suas empresas – e também os governos, em alguns casos – mais vulneráveis a qualquer piora do quadro global.

No Brasil, em um ano a dívida do governo geral passou de 84,6% para 87,6% do PIB. Além de muito elevado, o endividamento público ainda aumenta seguidamente porque falta dinheiro ao setor público até para o pagamento parcial dos juros. Esse dinheiro faltará enquanto persistir o déficit primário. Superávit primário, a sobra necessária para pagar pelo menos parte dos juros, só voltará a ocorrer em 2022 ou 2023, segundo projeções correntes.

Com a reforma da Previdência, as despesas com aposentadorias e pensões poderão crescer mais lentamente. Mas, para frear a expansão da dívida, será preciso conter também outros gastos e, se possível, arrecadar mais. Maior arrecadação dependerá, no entanto, de maior atividade econômica. Neste momento, as estimativas apontam para uma expansão econômica de cerca de 0,8% neste ano e de 2,2% no próximo. Governo e setor privado coincidem nas projeções.

Entre os países emergentes, o débito geral passou de 212,4% para 216,4% do PIB entre o primeiro trimestre do ano passado e igual período deste ano, atingindo US$ 69 trilhões. A dívida governamental aumentou em média de 48,5% para 50,5% do PIB. Diferenças, é claro, desaparecem na média. Em Cingapura, por exemplo, o governo devia no primeiro trimestre 112,6% do PIB. Na maioria, a proporção raramente superava 50%. Na China, chegou a 51%. Na América Latina, atingiu 67,4%, ainda bem abaixo da proporção brasileira.

No mundo rico, o endividamento público recuou lentamente, passando de 109,2% para 109,1% do PIB entre os primeiros trimestres de 2018 e de 2019. Nos Estados Unidos, cresceu de 101% para 101,2%. Mas nos países desenvolvidos a dívida oficial é financiada facilmente e, às vezes, a juros até negativos. As condições são muito menos favoráveis entre os países emergentes, especialmente quando seus fundamentos econômicos são precários. Uma evolução positiva para esses países, incluído o Brasil, tem sido a redução de suas dívidas em moeda estrangeira. Argentina, África do Sul e Turquia estão fora desse padrão.

O setor empresarial brasileiro tem posição razoavelmente confortável, com dívida equivalente, no primeiro trimestre, a 41,6% do PIB, proporção bem menor que a observada em vários outros países emergentes. O espaço para endividamento será maior quando houver menor concorrência do governo na busca de recursos.

O governo geral, usado como referência, é formado por todos os níveis da administração. No Brasil, a maior dívida é a do governo central. Os números dos vários países são comparáveis porque o critério usado é o do FMI. O critério brasileiro exclui os papéis do Tesouro em poder do Banco Central.

O Estado de S. Paulo

Alerta para os endividados

Atolado em dívidas, o governo brasileiro tem motivo especial de preocupação diante do risco nada desprezível de um novo choque financeiro internacional. O novo alerta sobre os perigos do endividamento crescente – um fenômeno global -acaba de ser lançado pelo Instituto de Finanças Internacionais (IFI), formado por cerca de 500 das maiores instituições do mundo e baseado em Washington. Depois de um leve recuo no ano passado, a dívida global voltou a aumentar no primeiro trimestre e superou US$ 246 trilhões, cerca de 320% do produto bruto mundial, proporção ligeiramente maior que a de um ano antes. No mesmo intervalo, o endividamento geral no Brasil passou de 186,2% para 195,5% do Produto Interno Bruto (PIB), inflado principalmente pelo desarranjo das contas públicas.

O alerta emitido pelo IFI é semelhante àqueles divulgados várias vezes, nos últimos anos, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas há algo mais que repetição. Os sinais de alarme vêm-se tornando mais preocupantes, porque os desajustes financeiros são crescentes. A política de juros baixos e crédito fácil nas maiores economias tem encorajado o endividamento e facilitado a valorização de ativos. Além disso, o aumento das dívidas de curto prazo em alguns países torna suas empresas – e também os governos, em alguns casos – mais vulneráveis a qualquer piora do quadro global.

No Brasil, em um ano a dívida do governo geral passou de 84,6% para 87,6% do PIB. Além de muito elevado, o endividamento público ainda aumenta seguidamente porque falta dinheiro ao setor público até para o pagamento parcial dos juros. Esse dinheiro faltará enquanto persistir o déficit primário. Superávit primário, a sobra necessária para pagar pelo menos parte dos juros, só voltará a ocorrer em 2022 ou 2023, segundo projeções correntes.

Com a reforma da Previdência, as despesas com aposentadorias e pensões poderão crescer mais lentamente. Mas, para frear a expansão da dívida, será preciso conter também outros gastos e, se possível, arrecadar mais. Maior arrecadação dependerá, no entanto, de maior atividade econômica. Neste momento, as estimativas apontam para uma expansão econômica de cerca de 0,8% neste ano e de 2,2% no próximo. Governo e setor privado coincidem nas projeções.

Entre os países emergentes, o débito geral passou de 212,4% para 216,4% do PIB entre o primeiro trimestre do ano passado e igual período deste ano, atingindo US$ 69 trilhões. A dívida governamental aumentou em média de 48,5% para 50,5% do PIB. Diferenças, é claro, desaparecem na média. Em Cingapura, por exemplo, o governo devia no primeiro trimestre 112,6% do PIB. Na maioria, a proporção raramente superava 50%. Na China, chegou a 51%. Na América Latina, atingiu 67,4%, ainda bem abaixo da proporção brasileira.

No mundo rico, o endividamento público recuou lentamente, passando de 109,2% para 109,1% do PIB entre os primeiros trimestres de 2018 e de 2019. Nos Estados Unidos, cresceu de 101% para 101,2%. Mas nos países desenvolvidos a dívida oficial é financiada facilmente e, às vezes, a juros até negativos. As condições são muito menos favoráveis entre os países emergentes, especialmente quando seus fundamentos econômicos são precários. Uma evolução positiva para esses países, incluído o Brasil, tem sido a redução de suas dívidas em moeda estrangeira. Argentina, África do Sul e Turquia estão fora desse padrão.

O setor empresarial brasileiro tem posição razoavelmente confortável, com dívida equivalente, no primeiro trimestre, a 41,6% do PIB, proporção bem menor que a observada em vários outros países emergentes. O espaço para endividamento será maior quando houver menor concorrência do governo na busca de recursos.

O governo geral, usado como referência, é formado por todos os níveis da administração. No Brasil, a maior dívida é a do governo central. Os números dos vários países são comparáveis porque o critério usado é o do FMI. O critério brasileiro exclui os papéis do Tesouro em poder do Banco Central.

Folha de S. Paulo

O dilema dos infiéis

PSB e PDT, que optaram por uma oposição sectária à reforma da Previdência, terão prejuízos com qualquer decisão a respeito dos seus dissidentes

Os partidos que estudam a expulsão de parlamentares favoráveis à reforma da Previdência Social terão de escolher, na prática, entre perder relevância numérica e perder consistência programática.

O caso da deputada Tabata Amaral (PDT-SP), colunista da Folha, tornou-se o mais notório, mas está longe de ser o único. Dos 27 membros da bancada pedetista na Câmara, 8 votaram a favor da mudança no sistema de aposentadorias.

No PSB, outra legenda que determinou o voto contrário à proposta, 11 de seus 32 deputados já são alvo de processo interno pelo descumprimento da orientação.

Se optarem pela punição mais extrema aos infiéis, portanto, as duas siglas reduzirão em cerca de um terço suas já mirradas representações na Casa —juntas, elas têm hoje apenas 11,5% dos 513 deputados.

O encolhimento teria impactos futuros, ademais, dado que implicaria menor acesso às verbas do fundo orçamentário destinado a financiar as campanhas eleitorais.

PSB, PDT e basicamente todas as outras forças tradicionais da política nacional sofrem os efeitos da crescente fragmentação do quadro partidário, cuja descrição mais eloqüente é a existência de nada menos de 26 agremiações representadas na Câmara —e ainda resta um deputado sem partido.

As maiores siglas, o emergente PSL de Jair Bolsonaro e o ainda resiliente PT, têm somente 54 parlamentares cada uma. Nada que se compare ao poder de fogo do famigerado centrão, um aglomerado de cerca de 200 deputados de legendas diversas e prática fisiológica.

Como comparação, Luiz Inácio Lula da Silva contava em2003, quando chegou ao poder, com o apoio de 90 deputados petistas —dos quais 3 acabariam expulsos por votarem contra a reforma previdenciária da época.

PSB e PDT, que se pretendem forças à esquerda, também se deparam com o risco de diluição, aos olhos dos eleitores, de seu papel no embate ideológico e programático. Sem coesão em tomo de temas fundamentais, afinal, partidos se convertem em meras combinações de letras, como tantas no país.

É de lamentar, no caso, que todas as siglas esquerdistas tenham optado por uma oposição sectária e demagógica à reforma da Previdência, cuja necessidade é atestada por seus próprios governadores.

Derivada de apego a velhos dogmas ou tática oportunista, tal posição não se mostra viável para quem almeja gerir um país de contas públicas destroçadas. Assim parecem ter entendido os dissidentes.

Folha de S. Paulo

Desalento ao relento

Já faz tempo que o inchaço da população de moradores de ma se impôs às conversas nas metrópoles brasileiras, por efeito do desemprego e da falta de perspectivas na quadra sombria que a economia atravessa. Com o inverno, a situação se agrava no Sudeste e no Sul, mas o poder público parece impotente diante da chaga social.

Não que exista solução fácil para o problema, reconheça-se. Vários fatores contribuem para que uma pessoa chegue a esse extremo de penúria, da incapacidade de achar trabalho à dependência química e aos conflitos familiares.

Viver e dormir na rua envolve estigmatização como mendigos, embora não poucos sejam trabalhadores. Marginalizados, é comum que desenvolvam atitude refratária a assistentes sociais das prefeituras, recusando remoção a albergues com regras e horários.

Nada entre tais empecilhos desobriga os municípios de enredar esforço mais consistente para amparar quem se acha ao relento. Para isso, mostra-se imperativo ter uma dimensão correta do problema, mas está longe de ser esse o caso.

Inexistem no país estatísticas padronizadas sobre moradores de rua. Cada prefeitura os conta se quiser, como quiser e quando quiser.

Na cidade de São Paulo, a maior e mais rica do país, levantamentos ocorrem a intervalos de quatro anos. O último, de 2015, indicou 15 mil pessoas vivendo desabrigadas.

Naquele ano, agentes municipais realizaram só mil abordagens a moradores de ma. Já em 2018 houve 105 mil abordagens. A progressão é evidente, mas as autoridades preferem atribuí-la a um alegado maior empenho da prefeitura.

Parece mais provável, contudo, que a população de ma esteja de fato crescendo, como percebem os munícipes. O Movimento Estadual de População em Situação de Rua estima que haja 32,6 mil no sereno.

E não é só São Paulo. Levantamento desta Folha, noticiado no domingo (14), constatou que a população de ma aumenta em várias capitais: no Rio j á havia mais de 14 mil antes que a prefeitura alterasse a metodologia de contagem; em Porto Alegre, estimam-se 4.000; em Curitiba, mais de 2.000.

Não basta, óbvio, identificar os despossuídos. O pior cenário seria a sociedade e seus representantes se acostumarem ao espetáculo de desamparo em cada esquina.

Projeto de Rubens Bueno exige detector de monóxido de carbono em residências

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O deputado federal Rubens Bueno (Cidadania-PR) apresentou nesta terça-feira (16) projeto (PL 4120/2019) que torna obrigatória a instalação de detectores de monóxido de carbono em imóveis residenciais que utilizem aparelhos aquecedores de água e calefatores a gás. A proposta tem o objetivo de evitar tragédias como a que ocorreu no último domingo quando uma família foi encontrada morta em seu apartamento na cidade de Santo André, em São Paulo. A morte do casal e de um filho de 3 anos e outro adolescente teria ocorrido por asfixia por monóxido de carbono do aquecedor da residência.

Pela proposta, a emissão de habite-se de novos imóveis residenciais estará condicionada a instalação do equipamento e as residências serão submetidas a vistorias periódicas pelos órgãos competentes para a verificação do cumprimento da lei. Uma regulamentação também sujeitará o infrator ao pagamento de multa, aplicada em dobro em caso de reincidência, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

No projeto, Rubens Bueno explica que esse tipo de acidente é comum em vários países em que se utiliza aquecimento a gás, incluindo o Brasil. “Dois meses antes do acidente em Santo André seis turistas brasileiros, quatro adultos e dois adolescentes, morreram em um apartamento no Chile, também, segundo informação das autoridades daquele país, asfixiados pela inalação de monóxido de carbono. Na Argentina são registradas 250 mortes e 2.000 casos de intoxicação pelo gás tóxico todos os anos”, ressalta o deputado, que apresentou o projeto após sugestão do eleitor Miécio Tezelli, do Município de Campo Mourão, no Paraná.

“Essas tragédias poderiam ter sido evitadas se esses apartamentos dispusessem de um simples detector de monóxido de carbono. É com o objetivo de prevenir acidentes como esses que estamos apresentando o projeto que exige a instalação de um equipamento que é capaz de salvar milhares de vidas”, destaca Rubens Bueno.

O monóxido de carbono é produzido pela combustão incompleta do gás natural pela falta de oxigênio no ambiente. A exposição a uma concentração de 0,02 partes por milhão (ppm) de CO não causa efeitos nocivos à saúde. Acima desse nível começa a causar sintomas perceptíveis, como sonolência e dor de cabeça. A exposição a 1.400 ppm de CO é capaz de levar à morte. Os aparelhos a gás responsáveis pela maioria dos acidentes domésticos por inalação de monóxido de carbono são os aquecedores de água para banho, causadores de 87% dos acidentes, seguidos pelos calefatores (8%) e fogões (5%).

Alessandro Vieira tende a votar contra indicação de Eduardo Bolsonaro para embaixada em Washington

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“Basta lembrar a votação de figuras como o Tiririca”

O Antagonista

Uma eventual indicação de Eduardo Bolsonaro ao cargo de embaixador do Brasil em Washington deverá ser analisada pelo Senado.

Alessandro Vieira, do Cidadania de Sergipe, tende a votar contra. Ele disse a O Antagonista:

“Tenho dúvidas razoáveis sobre a legalidade da indicação. Acho que se trata de nepotismo. Mesmo superada essa questão, vamos precisar avaliar a capacidade técnica para que ele ocupe o cargo. O tamanho da votação [para deputado federal] não é argumento: basta lembrar a votação de figuras como o Tiririca.”

Precisamos confirmar fim de aposentadoria compulsória para juízes expulsos por corrupção, defende Rubens Bueno

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O deputado federal Rubens Bueno (Cidadania-PR) defendeu nesta terça-feira (16) a necessidade da Câmara e do Senado confirmarem o fim da aposentadoria compulsória, com salário integral e “penduricalhos”, como medida disciplinar para juízes expulsos da magistratura por estarem envolvidos em corrupção ou terem sido flagrados cometendo outras irregularidades. A proposta foi incluída na reforma da Previdência por sugestão do parlamentar.

Em discurso da tribuna da Câmara, o deputado citou reportagem da última semana a revista Piauí que mostra que 58 juízes expulsos da magistratura pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) receberam desde 2009 vencimentos de R$ 137,4 milhões, em valores corrigidos pela inflação. Eles foram investigados pelo CNJ por denúncias de irregularidades graves, como venda de sentenças para bicheiros e narcotraficantes, desvio de recursos públicos e estelionato.

Rubens: um verdadeiro absurdo

“Tenho subido nesta tribuna com certa frequência para defender o fim de privilégios de certos grupos do serviço público que custam milhões aos cofres do país. São benesses, auxílios e tratamentos diferenciados que não deveriam existir e, se existem, precisam acabar. O valor pago a esses 58 juízes expulsos pela prática de crimes daria para pagar 1.562 aposentados pelo Instituto Nacional de Seguridade Social, se tomarmos como base o benefício médio de R$ 1.415,00. Trata-se de um verdadeiro absurdo”, criticou o parlamentar.

Rubens Bueno disse esperar que o Congresso mantenha a medida e não sucumba a pressões da categoria. 

“Até porque a Associação dos Juízes Federais (Ajufe), por exemplo, já classificou a medida como inconstitucional e certamente deverá tentar derrubá-la no Supremo Tribunal Federal. É inadmissível que um grupo em particular defenda o próprio umbigo, seus interesses corporativos e lute pela manutenção dessa aberração em detrimento de toda a população. Estamos atentos e esperamos que a sociedade nos ajude a pressionar pelo fim de mais essa regalia que suga milhões dos cofres públicos do País”, reforçou o deputado.

Dos 58 magistrados punidos com aposentadoria compulsória a partir de 2009, 35 foram juízes de primeira instância, 22, desembargadores e um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O Tribunal de Justiça de Mato Grosso tem o maior número de magistrados expulsos, 11 no total, seguido pelo Tribunal de Justiça do Maranhão (6) e pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (4).

“Ou seja, são 58 magistrados que praticaram crimes e em vez de punição receberam um prêmio: Não precisam mais trabalhar e são aposentados com salário integral. Há casos de um juiz que recebeu mais de 5 milhões de reais”, relatou o parlamentar.

A proposta de Rubens Bueno foi acatada pelo relator da reforma da Previdência, deputado Samuel Moreira, e já foi aprovada em primeiro turno. Ela tem origem na PEC 163/2012, apresentada em conjunto com o ex-deputado federal Arnaldo Jordy (Cidadania-PA).

“Nossa emenda acaba com essa farra e extingue o privilégio da aposentadoria compulsória para magistrados envolvidos em corrupção. Atualmente, os juízes são vitalícios e só perdem os cargos e, consequentemente, as respectivas aposentadorias, por decisão judicial transitada em julgado, desde que seja por ação penal por crime comum ou de responsabilidade. Por sugestão nossa, o texto da PEC 163/2012 foi incorporado a reforma da Previdência e esperamos que a medida seja confirmada em segundo turno e também no Senado”, explicou o deputado.