Início Site Página 964

Prefeito Rafael Diniz lidera grupo de trabalho sobre contorno da BR-101 em Campos (RJ)

0

O prefeito de Campos dos Goytacazes (RJ), Rafael Diniz (Cidadania), participou nesta terça-feira (20), na representação Norte Fluminense da Firjan-NF (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), de reunião de trabalho para debater a construção do contorno da BR-101 entre os quilômetros 55 e 84 da rodovia. A proposta é tirar da área urbana de Campos, o tráfego pesado de veículos que cortam o município pela rodovia, umas das mais movimentadas do País. O encontro foi organizado pelo Cidennf (Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Norte e Noroeste Fluminense ).

Entre as autoridades e representantes de diferentes órgãos e entidades que acompanham o processo, estava o superintendente da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres ), Marcelo Alcides, vindo de Brasília especialmente para a reunião, e o gerente de Investimento da Arteris, controladora da concessionária Autopista Fluminense, Alisson Freire. O prefeito Rafael Diniz, que também é presidente do Cidennf, destacou a importância da reunião.

“É mais um relevante passo para a construção desse contorno, reivindicado há tantos anos. Tenho negociado pessoalmente em Brasília a celeridade desse processo e acreditamos que vamos conseguir agilizar o que é mais viável para nossa região”, explicou o prefeito, em referência ao projeto funcional já enviado pela Arteris à ANTT, como parte do processo.

Marcelo Alcides lembrou que o contorno em Campos será uma das três maiores obras do gênero no país, junto com outros dois contornos: o de Florianópolis-SC e o de Curitiba-PR. E que dentro do atual projeto funcional, a viabilidade é maior.

“O outro projeto, com área mais ampla e pista com faixas duplas, demandaria novos estudos e maiores custos, inclusive com desapropriações, o que acarretaria em custos maiores e maior prazo de conclusão”, explicou.

O projeto funcional foi mostrado em projeção de slide e participantes apresentaram sugestões de alteração para “fechar” o projeto executivo, com destaque para a inclusão de “alças” ligando o contorno a vias importantes da região, como a BR-356, de acesso ao Noroeste Fluminense, e a RJ-158, de ligação a São Fidélis e Região Serrana.

Rafael Diniz sugeriu a formação de um grupo para incluir as alterações no projeto e encaminhar à ANTT ainda na próxima semana.

Alisson Freire calculou que até as obras começarem, todo o processo, incluindo o fechamento do projeto executivo, os licenciamentos ambientais e as desapropriações, deve durar cerca de 24 meses.

“É um prazo considerado bom. Já o período de construção deve durar 36 meses”, avaliou, acrescentando que as obras devem custar cerca de R$ 150 milhões. (Prefeitura de Campos dos Goytacazes)

Ilona Szabó: O que ainda nos separa da Venezuela

0

Há muita gente boa escrevendo sobre a necessidade de conseguirmos separar a discordância que temos de determinadas políticas públicas defendidas pelo novo governo federal das reais ameaças institucionais à democracia que podem se apresentar. Compreendo a distinção, mas creio que ela não se aplica a todas as áreas, como, por exemplo, à questão da política de controle de armas e do controle do uso da força.

Não se trata de opinião ou preferência pessoal. O controle responsável de armas e a capacidade de aplicação da lei dentro dos limites estabelecidos pela Constituição (rule of law) são pontos determinantes para a solidez de uma democracia. O monopólio do uso da força é pilar central do estado democrático de direito.

A sociedade civil brasileira, incluindo organizações não governamentais, igrejas, universidades e meios de comunicação, lutou arduamente para a aprovação da lei de controle de armas de 2003. Desde então precisa, protegê-la de ataques frequentes do lobby das armas e seus muitos aliados visíveis e invisíveis, que hoje têm seus expoentes máximos no poder.

Interesses econômicos e corporativos, combinados à falta de vontade política e à negligência, fizeram com que, mesmo passados 16 anos desde a aprovação da lei, a maioria dos seus dispositivos não tenha saído do papel. Porém, até o início deste ano, a principal conquista da lei —a proibição do porte para civis —estava mantida.

Parece pouco, mas não é. Para além dos dados robustos que mostram a relação direta entre mais armas e mais mortes por arma de fogo, no contexto atual, a proibição do porte é o que ainda pode nos diferenciar da Venezuela. Explico.

Ao contrário do que grupos da extrema direita espalham com suas máquinas de fake news no país, a Venezuela não desarmou seus cidadãos. Hugo Chávez iniciou a criação de uma milícia civil para “proteger” o seu governo. A hoje chamada Milícia Bolivariana é formada por voluntários civis que apoiam as Forças Armadas e foi ampliada pelo regime de Nicolás Maduro. Estima-se que essa milícia tenha quase dois milhões de voluntários armados, seguidores fiéis e cegos apoiadores dos ditadores venezuelanos.

Assim como ocorreu na Venezuela, começamos a ver por aqui ingerência política em órgãos de controle e forças de segurança para abafar denúncias graves relativas a integrantes-chave do governo e seus protegidos —vide os recentes episódios envolvendo o Coaf, a Receita, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. Isso já deve bastar àqueles que até pouco diziam que não havia ameaça às nossas instituições.

Além disso, acho que ninguém duvida da adoração do núcleo duro do governo pelas armas. Desde as primeiras semanas do mandato, ele tem trabalhado incessantemente para armar seus mais devotos seguidores. Isso, apesar de 73% dos brasileiros serem contra a liberação do porte de armas, de acordo com a última pesquisa do Ibope.

Recentemente, para “acabar com a insegurança jurídica” criada com a edição de nada menos que sete decretos, uma portaria do Exército regulamentou a ampliação da potência das armas que civis podem possuir. Dessa forma, quase todos os civis com mais de 25 anos poderão ter armas com maior poder de fogo do que algumas forças policiais em nosso país. Outros projetos de lei ampliam para os chamados CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores) e muitas outras categorias o direito de portá-las. Tirem suas conclusões.

Portanto, se faltava a vocês argumentos e motivos para exigir que seus deputados e senadores votem contra a liberação do porte de armas no Brasil, e que os poderes executivos estaduais e federal façam cumprir a lei 10.826/03, ofereço- lhes esse artigo.

Olhem para a Venezuela e vejam o preço da omissão. (O Globo – 20/08/2019)

Monica De Bolle: Fumaça ou Fogo?

0

Contrariando as leis da física, na economia às vezes a fumaça aparece antes do fogo

Vi na internet as impressionantes imagens da espessa fumaça que encobriu São Paulo na última segunda-feira, fruto de queimadas e prova de que o dito popular “onde há fumaça, há fogo” geralmente se concretiza. O que dizer, portanto, dos ruídos e da fumaça que andaram causando intensas turbulências nos mercados internacionais nas últimas semanas? Há fogo? Se há, de onde se origina? Muitos se preocupam que a origem seja a economia norte-americana, que andou dando alguns sinais recentes de fadiga.

O temor de uma recessão nos EUA em meio aos graves problemas que afligem o mundo – do Brexit à crise com o Irã à desaceleração da economia chinesa aos protestos em Hong Kong, e por aí vai – tem sido fonte de incerteza, muita especulação, e de dúvidas ponderáveis sobre os rumos da política econômica mundo afora. Por certo, o risco de uma recessão nos EUA existe. A recuperação em curso é a mais prolongada tomando-se várias décadas, o que por si sugere que uma virada cíclica estaria no horizonte.

Pesquisa do Wall Street Journal sobre as previsões econômicas para os EUA mostrou recentemente que alguns entrevistados acham que a probabilidade de que o país seja atingido por uma recessão até o fim do ano que vem é de mais de 70%. Trump tem demonstrado intensa ansiedade em relação ao estado da economia ao responsabilizar o banco central norte-americano – o Fed – por um eventual enfraquecimento que venha a prejudicar sua reeleição. Contudo, nada disso atesta que há uma recessão iminente por vir.

Apesar de alguns sinais negativos, a economia continua a crescer em bom ritmo, ainda que os efeitos dos estímulos fiscais de 2017 tenham se dissipado. O investimento está crescendo de forma robusta e o consumo, auxiliado pela baixíssima taxa de desemprego, está forte. Em julho, o Fed reduziu os juros pela primeira vez desde 2008 de forma preventiva e há indícios de que fará o mesmo movimento em setembro. O que explica tanta angústia? A resposta óbvia é o comércio internacional e as ações tomadas pelo governo Trump desde 2017.

Ainda que muitos achem que a guerra comercial com a China não vá se intensificar, o fato é que há meses temos uma guerra comercial em curso que já está afetando algumas das principais potências exportadoras do planeta, entre elas, a Alemanha. Somese a isso algo que passa despercebido entre aqueles que acompanham de longe as tribulações dos mercados internacionais: é muito difícil mapear os efeitos de uma guerra comercial sobre as variáveis macroeconômicas.

A razão é que os modelos usados pelos economistas para fazer projeções macroeconômicas são incompatíveis com os modelos usados pelos especialistas em comércio internacional para analisar como o aumento de determinada tarifa – e a possível retaliação a essa medida – afetaria diferentes setores, estados, ou municípios. Para elaborar essa tarefa, especialistas em comércio internacional trabalham com modelos que precisam ser calibrados com algum cenário macroeconômico – ou seja, as hipóteses macroeconômicas são impostas para que se enxergue o efeito da tarifa.

Isso significa que o impacto macroeconômico nesses modelos não é o resultado, mas a variável que o alimenta. Diante dessa incompatibilidade entre as formas de fazer previsões macroeconômicas e previsões sobre o impacto de medidas comerciais, resta uma incerteza brutal. Incerteza que, diante de qualquer sinal negativo, vira motivo para que os investidores busquem proteção livrando-se de ativos de risco – como os brasileiros – e para que os gestores de política econômica adotem medidas preventivas. Portanto, onde há fumaça, há fogo. No entanto, contrariando as leis da física, na economia às vezes a fumaça aparece antes do fogo.

Na economia, às vezes o fogo permanece invisível por uns tempos até que tenha passado por todos os processos de ignição que produzem as primeiras faíscas. Querem saber a origem do fogo? Pois trata-se da guerra comercial entre EUA e China. Essa guerra que aí está não desaparecerá tão cedo. E não é preciso que piore para continuar amedrontando os mercados. (O Estado de S. Paulo – 21/08/2019)

MONICA DE BOLLE, ECONOMISTA, PESQUISADORA DO PETERSON INSTITUTE FOR INTERNATIONAL ECONOMICS E PROFESSORA DA SAIS/JOHNS HOPKINS UNIVERSITY

Realidade Virtual, Inteligência Artificial e Realidade Aumentada no #ProgramaDiferente

0

O #ProgramaDiferente (veja abaixo) conta a história e revela as novidades da Realidade Virtual, da Realidade Aumentada e da Inteligência Artificial. Quais são os avanços tecnológicos, o que temos hoje em dia e o que podemos esperar para o futuro? Como funciona esse ambiente virtual, criado a partir de um sistema de computadores, capaz de enganar os sentidos do usuário ao induzir efeitos visuais, sonoros e até táteis, obtendo uma sensação de realidade.

Fernando Haddad é condenado por caixa 2 e falsidade ideológica na eleição de 2012

0

O juiz Francisco Carlos Inouye Shintate, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, condenou Fernando Haddad pelo crime de falsidade ideológica para fins eleitorais durante a eleição para a prefeitura de São Paulo, em 2012.

A sentença foi proferida nesta terça-feira (20) e determina pena de quatro anos e seis meses de reclusão, em regime semiaberto. Ele também foi condenado a pagar 18 dias-multa no valor de um salário mínimo vigente na época do fato.

Na decisão, motivada por denúncia do Ministério Público Eleitoral de 2016, o magistrado absolveu o ex-prefeito de São Paulo de outras acusações como lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

A sentença aponta 258 declarações falsas de despesas com gráfica na prestação de contas do então candidato Fernando Haddad na campanha para a Prefeitura de São Paulo de 2012.

Segundo o magistrado, as empresas gráficas listadas não dispunham de funcionários suficientes para entregar os serviços contratados. Também não foram comprovados consumo de energia elétrica, insumos e papel compatíveis para produção dos materiais de campanha.

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto também foi condenado. Ele foi sentenciado a 10 anos de reclusão por lavagem de dinheiro e ocultação de bens. A sentença afirma que o tesoureiro pediu o pagamento de R$ 2,6 milhões em favor de uma das gráficas envolvidas no caso, com valores de origem ilícita de Ricardo Pessoa, empreiteiro da UTC.

Além de Haddad e Vaccari, foram condenados pelo crime de caixa dois o contador da campanha do petista em 2012 Francisco Macena; o ex-deputado estadual e empresário de gráficas Francisco Carlos de Souza, conhecido como “Chicão”; e o empresário do setor gráfico Ronaldo Cândido. Cândido e Souza também foram condenados pelos crimes de quadrilha e lavagem ou ocultação de bens. (Com informações do Consultor Jurídico e Folha de S. Paulo)

Luiz Carlos Azedo: Moedas de troca

0

NAS ENTRELINHAS – CORREIO BRAZILIENSE

A aprovação da reforma da Previdência pelo Senado é uma negociação muito mais complexa do que o ministro da Economia, Paulo Guedes, imaginava. Sua conversa com os senadores ontem, no gabinete do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM- AP), mostrou que a reforma passa por um entendimento com os governadores, entre os quais os do Nordeste, que estão em rota de colisão com o presidente Bolsonaro por razões políticas e eleitorais, e também do Norte do país, que se queixam da posição do governo em relação ao Fundo da Amazônia.

Ao contrário do que acontece na Câmara, onde a representação dos estados leva em conta o tamanho dos respectivos colégios eleitorais, no Senado, todos os estados têm três senadores, não importa o número de eleitores. Além disso, é uma Casa de voto majoritário, que passou por grande renovação, mas que ainda tem um conjunto de lideranças com larga experiência política e administrativa, por serem ex-governadores e ex-ministros. O relator da reforma da Previdência, por exemplo, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), é um dos veteranos da Casa.

Ontem, para abrir caminho à aprovação da reforma da Previdência, Guedes estimou em R$ 500 bilhões a transferência de recursos federais para os estados e municípios, em 15 anos, em decorrência de um pacote de projetos do que o governo chama de novo pacto federativo. O governo promete distribuição dos recursos do leilão do excedente da chamada cessão onerosa do pré-sal, Fundo Social, desvinculação do Orçamento, mudanças no Fundeb (Fundo de Educação Básica) e Fundos Constitucionais, além do plano de socorro a estados (Plano de Equilíbrio Fiscal — PEF), que já foi anunciado pela equipe econômica.

Segundo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro pretende descentralizar as receitas, elevando os repasses da União a estados e municípios. Na conversa com os senadores, o ministro da Economia vinculou as transferências a estados e municípios aos respectivos ajustes fiscais, mas não explicitou os critérios a serem adotados. Quatro ou cinco PECs (Propostas de Emenda à Constituição) serão apresentados pelo governo.

Três projetos

Trocando em miúdos, o novo pacto federativo passa por uma reforma tributária que não deslanchou até hoje. Em princípio, Guedes, Alcolumbre, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), têm o objetivo de aprová-la ainda esse ano, mas não há acordo quanto ao mérito. No Senado, o texto em discussão é o do ex-deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR); na Câmara, a proposta em exame é do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), baseada em projeto do economista Bernardo Ary; e, no governo, o secretário da Receita, Marcos Contra, prepara uma terceira proposta.

Quem tem três propostas de reforma tributária, a rigor, não tem nenhuma. É preciso unificar os projetos e construir massa crítica para sua aprovação, o que não será fácil. O nó gordão da questão tributária é a falta de moeda de troca para negociação entre os entes federados. A atual estrutura tributária foi construída a partir de um pacto na Constituinte, na qual tudo estava em negociação. Agora, o contexto é completamente diferente, e o risco de a reforma aumentar a carga tributária do país, em vez de reduzi-la, é real.

Um dos maiores críticos da reforma é o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel, que já comparou as propostas de mudanças a um “elefante em loja de louças”. Na verdade, há um choque entre duas correntes de tributaristas no país: os que propõem uma mudança disruptiva, tendência apoiada pelo governo, e os que defendem mudanças graduais. Os riscos existentes são a exacerbação de conflitos de interesses, a perda de receitas e a insegurança jurídica.

Um dos temas mais debatidos é o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), cuja eficácia está sendo questionada em razão da economia digital, pois o imposto foi concebido com base numa economia industrial. Entretanto, há certo consenso de que a atual estrutura tributária necessita de medidas para acabar com a guerra fiscal, liquidar os créditos acumulados do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), reduzir alíquotas e extinguir os regimes especiais. (Correio Braziliense – 21/08/2019)

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (21/08/2019)

0

MANCHETES

O Globo

Novo Coaf abre porta a indicações políticas
‘Não quero submeter meu filho a um fracasso’
Caixa e BB facilitam financiamento imobiliário
Estados lutam contra efeitos da fumaça de queimadas
Sequestro na ponte – Snipers matam bandido, e Witzel comemora
Sob pressão da extrema direita, premier italiano renuncia
Contrabandista pode ter vendido obras roubadas ao Metropolitan

O Estado de S. Paulo

Caixa lança crédito imobiliário mais barato e atrelado à inflação
Hamilton Mourão -‘Estou apenas cuidando do meu quadrado’
De braços dados e de olho em 2020
Empresas correm para criar superapp nacional
Justiça Eleitoral condena Haddad por caixa dois
Homem sequestra ônibus, faz reféns e é morto por sniper no Rio
Premiê da Itália renuncia e tenta barrar ultradireita

Folha de S. Paulo

Crédito imobiliário da Caixa terá correção pela inflação
BNDES solta lista de quem comprou avião com subsídio
Justiça condena Haddad por caixa 2 em eleição de 2012
Auditores se negam a deixar cargos, e relação com Cintra se agrava
Polícia mata sequestrador na Rio-Niterói, e Witzel festeja
Ação de Bolsonaro contra Folha não procede, diz PGE
Bolsonaro insinua que pode abrir mão de indicar Eduardo
Deltan Dallagnol idealizou monumento para a Lava Jato
Primeiro-ministro culpa Salvini, renuncia, e crise na Itália aumenta

Valor Econômico

Para empresários, persistência nas reformas é crucial
Paulo Guedes anuncia 17 privatizações
Rede D’Or, a campeã
24 milhões trabalham ‘por conta’
Receita investiga bens subavaliados na repatriação
Bancos temem crédito longo em IPCA
B2W pode ter até R$ 2,5 bi da Americanas

EDITORIAIS

O Globo

A fundamentação de vetos na lei do abuso

Bolsonaro tem pareceres que o permitem fazer as devidas correções no projeto

Sergio Moro estudou a Operação Mãos Limpas, lançada na Itália na década de 90 para combater a corrupção entranhada nos altos escalões de Roma.

Sempre soube, portanto, que, a julgar pela experiência italiana, uma boa parte dos políticos tem chances de se defender no Parlamento, erguendo barreiras legais contra a ação de organismos públicos que atuam na repressão a esquemas especializados em roubar o dinheiro do contribuinte.

Mas não é perfeita a comparação entre o atual estágio deste enfrentamento no Brasil e o que houve na Itália, onde a velha política se recuperou e fez com que o país voltasse a ser um dos mais corruptos da Europa. Aqui, há uma luta em curso em que não está garantido para a Lava-Jato um revés da dimensão daquele sofrido pelas Mãos Limpas, a partir da chegada de Silvio Berlusconi ao poder.

Uma razão da diferença entre os dois casos é que há margem de manobra para, corrigindo-se excessos, o estado democrático de direito resistir às tentativas de recuo que levem o Brasil de volta aos tempos em que apenas negros e pobres cumpriam penas na prisão.

Mas isso dependerá do desfecho de situações como a dos vetos que o presidente Bolsonaro precisa fazer no projeto da lei do abuso de autoridades.

Uma nova legislação é necessária para atualizar a defesa de direitos, mas sem patrocinar o retorno ao passado da impunidade.

Bolsonaro tem até 5 de setembro para anunciar vetos no projeto — a melhor decisão — ou sancioná-lo. Não faltam análises para o presidente formar opinião.

Já existe uma posição formada de que o projeto, além de repetir muitos dispositivos da lei anterior, também reproduz o tratamento de questões já existente no Código de Processo Penal. Também são identificados subjetivismos que criam insegurança entre juízes, procuradores, policiais e auditores. Este não pode ser o resultado do projeto. Não apenas devido ao combate à corrupção, mas também ao crime comum organizado, cada vez mais uma grave ameaça ao estado de direito.

Bolsonaro já disse que fará vetos, boa notícia. Para isso, tem propostas da equipe do próprio Moro, seu ministro da Justiça e Segurança Pública, com toda a experiência acumulada como juiz federal criminal, principalmente na Lava-Jato, a partir do lançamento da operação em 2014.

Há sugestões de veto para eliminar duplicidade com outras leis; a fim de não criar dificuldades a investigações, e eliminar termos vagos que servirão para atemorizar o sistema jurisdicional e organismos de apoio. Precisam ser consideradas pelo presidente.

Na segunda-feira, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, alertou para o fato de que “(…) a própria lei pode se tornar um abuso que se deseja reprimir.”

O Globo

Colapso da Venezuela já representa custo de 0,4% do PIB para Colômbia

Equilíbrio econômico começa a ser afetado pela debacle do vizinho

O custo do colapso da Venezuela aumenta progressivamente para os países vizinhos, principalmente para a Colômbia, quejáabriga1,2 milhão de refugiados.

O Fundo Monetário Internacional estima que o fluxo crescente e constante de venezuelanos representará para a Colômbia, no próximo ano, um custo fiscal adicional equivalente a 0,4% do Produto Interno Bruto.

Significa uma despesa extraordinária de US$ 1,5 bilhão, cerca de R$ 4,6 bilhões, para os 40 milhões de colombianos. É algo considerável para uma sociedade que ainda tenta vencer uma guerra interna, iniciada há cinco décadas, contra múltiplos agrupamentos de guerrilha associados a cartéis de narcotraficantes urbanos e rurais.

Para enfrentar a emergência socioeconômica provocada pelo derretimento da Venezuela, o governo colombiano decidiu afrouxar um pouco suas metas fiscais para este e o próximo ano.

Pode fazê-lo sem arranhar a própria credibilidade, porque há tempos a economia cresce em bases sólidas. O PIB avançou 1,4% em 2017, foi a2,7% no ano passado e prevê-se que neste ano cresça3,6%.

Para manter esse desempenho a médio prazo, arcando com os custos extraordinários do êxodo venezuelano, a Colômbia vai precisar revisar a sua estrutura fiscal. Entre as alternativas em debate estão mudanças na estrutura tributária, mais simplificada e menos onerosa para empresas e trabalhadores do que, por exemplo, o sistema do Brasil.

O FMI sugeriu ao governo de Bogotá iniciativas de apoio àquilo que definiu como uma reforma tributária “contínua”. Entende que devem ser tomadas medidas para alavancar um processo de crescimento mais inclusivo, com melhor repatriação da renda nacional, e ao mesmo tempo manter a solidez das finanças do setor público.

É um desafio político, principalmente porque as pressões fiscais derivadas do súbito aumento no fluxo de migrantes venezuelanos ocorrem numa etapa de aumento da dívida pública colombiana.

A sugestão de foco em medidas de crescimento inclusivo, na formulação do FMI, atenuaria o impacto social, estimularia a formalidade nas atividades econômicas, e poderia representar um ganho a médio prazo de 2% a 3% na arrecadação tributária. Desde que, claro, mantido o controle rígido dos gastos e do endividamento público.

Chegou a hora de o governo colombiano decidir qual rumo que tomar diante dessa crise migratória.

O Estado de S. Paulo

O governo descobriu a crise

Essencial, sim, mas insuficiente para movimentar a economia: com uma clareza e uma sinceridade raras no discurso oficial, o secretário especial da Previdência Social, Rogério Marinho, apontou a importância e a limitação da reforma das aposentadorias. Notável pela franqueza e pelo realismo, esse lembrete é especialmente oportuno quando o Brasil, no oitavo mês de um novo governo, continua com uma das maiores taxas de desemprego do mundo, negócios travados e perspectiva de crescimento econômico inferior a 1% neste ano. “Não será a reforma previdenciária que vai gerar emprego, renda e oportunidades no Brasil”, comentou o secretário Marinho em audiência na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

Durante um semestre, no entanto, o governo agiu como se a aprovação da primeira de uma série de reformas importantes bastasse para sacar o País da estagnação. Ou – pior, ainda – como se fosse irrelevante o drama de cerca de 13 milhões de desempregados e de muitos outros milhões de pessoas que enfrentam enorme dificuldade para levar algum dinheiro para casa.

Esse governo, agora, anuncia o lançamento de um plano de estímulo ao consumo numa “Semana do Brasil”, no começo de setembro. Será, na melhor hipótese, uma forma de reanimar o varejo e, por tabela, a produção industrial. Bastará uma semana de compras para algum resultado relevante? Além disso, de onde sairá o dinheiro? Só em setembro começará a prometida liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS-Pasep. O governo, segundo se informou, espera adesão de empresas dispostas a grandes promoções na semana especial.

Se a adesão se prolongar, o efeito poderá ser maior, mas o resultado geral será, quase certamente, ainda limitado. De toda forma, a ideia de maior consumo na “Semana do Brasil” é mais uma evidente improvisação, associável mais facilmente à política de comunicação do que a um calculado exercício de política econômica. Mas por que o governo teria decidido entrar nesse jogo neste momento? Não foi, certamente, por causa da situação assustadora de 25 milhões de desempregados, subempregados e desalentados. Nunca houve até agora, da parte do presidente ou dos chefes da equipe econômica, sinal de preocupação com essas pessoas ou com seus familiares.

A explicação mais provável é outra. O presidente Jair Bolsonaro tem mencionado a inquietação de ministros com a falta de dinheiro. Ele falou até de uma hipótese de severa redução das atividades na área militar. Então, talvez alguém próximo da Presidência tenha lembrado um detalhe esquecido ou pouco valorizado no Palácio do Planalto e em muitas áreas do Executivo: há um vínculo entre o marasmo econômico e a escassez de dinheiro à disposição do governo. Sem produção, sem vendas e sem emprego, impostos e contribuições tendem a sumir. Bingo! Essa explicação poderia ser uma pista útil.

Talvez seja simples casualidade, mas a coincidência é interessante. Diante da miséria do Tesouro, o governo decidiu deixar de lado as considerações sobre a capacidade voadora dos galináceos e buscar medidas de curto prazo para dar um tranco na economia. Mudanças estruturais serão necessárias, como todos sabem, mas é preciso cuidar dos sinais vitais até lá. O plano inicial de liberar dinheiro do FGTS e do PIS-Pasep foi o primeiro sinal de rendição aos fatos prosaicos. A ideia do consumo patriótico, embora mais propagandística, foi um passo além.

As famílias ainda estão muito endividadas, pelos padrões brasileiros, e talvez se mantenham muito cautelosas, diante das péssimas condições do emprego. Além disso, pouco dinheiro será liberado pelo governo em setembro e nos meses seguintes. Melhor que nada, mas é preciso algum otimismo para apostar num resultado sensível. Mesmo com resultado modesto, a iniciativa pode render algum fôlego à economia até surgirem condições para um arranque mais forte.

Isso ocorrerá se o governo mostrar, na política econômica, muito mais competência do que demonstrou até agora. Com mais competência e menos desprezo às pessoas, medidas de estímulo teriam sido tomadas no primeiro semestre.

O Estado de S. Paulo

Na jugular no PCC

A Polícia Federal (PF) desferiu um duro golpe no Primeiro Comando da Capital (PCC) ao deflagrar as Operações Cravada e Caixa- Forte, cumprindo em uma semana centenas de mandados em sete Estados, incluindo prisão preventiva, busca e apreensão e bloqueios de contas bancárias. O elemento novo e promissor é que essas ações atingem, respectivamente, os núcleos financeiro e administrativo da facção, responsáveis por recolher, gerir e empregar valores para financiar seus crimes, e por gerenciar o narcotráfico e a lavagem de dinheiro.

As operações foram incidentalmente uma resposta oportuna às carnificinas na penitenciária de Altamira, no Pará, que deixaram mais de 60 mortos em mais uma disputa entre facções presidiárias. Como se sabe, a população brasileira convive pelo menos desde a década de 80 com uma inversão de finalidade, pois os presídios, que deveriam isolar os criminosos e reabilitá-los ao convívio social, se transformaram em escolas e QGs do crime organizado sob a custódia do Estado. Estima-se que só o PCC, fundado em 1993 por 8 presidiários na Casa de Custódia de Taubaté, atue em 22 Estados, possua 30 mil membros e movimente mais de R$ 400 milhões por ano.

Dada a complexidade dessas redes, a guerra será longa e as batalhas devem ser travadas em diversas frentes. Uma delas implica arrancar a raiz do mal: as condições degradantes dos presídios. Menos de 20% dos 720 mil presos espremidos em 360 mil vagas disponíveis estudam ou trabalham. Dessas reservas de mão de obra, os chefes do crime organizado extraem facilmente recrutas para seus sequestros, assaltos, assassinatos e tráfico.

Para ter uma ideia do grau de capilaridade dessas facções, nas conversas interceptadas pela polícia foram encontrados indícios de vínculos com partidos políticos. Nos últimos anos, as operações vêm se alastrando ainda mais além do território nacional, à medida que se intensifica a disputa entre o PCC e o Comando Vermelho – além de 25 outras facções – em torno do espólio das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc): o tráfico de drogas e armas na região amazônica, na fronteira com Colômbia, Peru e Bolívia, os três maiores produtores de cocaína do mundo.

Um dos combates bem-sucedidos das autoridades foi a Operação Echelon, de meados do ano passado, que atingiu o departamento do PCC responsável por coordenar, de dentro dos presídios paulistas, as ações em outros Estados. Na ocasião, o governo de São Paulo iniciou a transferência de mais de 200 bandidos da cúpula do PCC para presídios federais de segurança máxima. Agora, a PF atinge as suas artérias financeiras. Foram identificadas e bloqueadas mais de 400 contas bancárias, entre as quais circulava cerca de R$ 1 milhão por mês, destinado à compra de armas e entorpecentes.

A ação da Polícia Federal traz algum alento a uma população apavorada ante a escalada da bestialidade nos presídios e nas ruas e atônita com a inoperância de um governo federal que se elegeu com a promessa de acabar com a violência, mas em oito meses nada mais fez pela segurança pública do que insistir no armamento de civis e no incremento do poder punitivo do Judiciário – inoperância ilustrada pelas declarações do presidente da República em face do massacre de Altamira, que de certo modo referendaram a execução de uns tantos bandidos pelas mãos de outros.

O nome da operação, Cravada, alude a uma tática do xadrez em que uma peça é imobilizada pelo adversário em razão da necessidade de defender uma peça de valor maior. “De igual forma”, disse a PF, “a operação visa sufocar as reações das lideranças de facções criminosas, atingindo os núcleos importantes de comunicação e de gerenciamento financeiro.” À medida que a investigação avance, será possível saber se as forças de segurança acertaram a jugular do PCC. Espera-se que estejam prontas para responder às retaliações que não devem tardar e contra-atacar com mais eficácia ainda – escoradas na técnica e no respeito à lei – os covis do crime organizado.

O Estado de S. Paulo

O uso político do BNDES

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro informou ter tomado conhecimento de que R$ 2 bilhões haviam sido usados pelo BNDES para financiar a compra de aviões particulares a uma taxa de 3% a 4% ao ano. “Parece que não foi legal”, comentou o presidente. Dias depois, o BNDES divulgou uma lista das aeronaves financiadas pelo banco no âmbito do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que contou com equalização de taxa juros pelo Tesouro. Sob o pretexto de divulgar a “caixa-preta” do BNDES, o governo revelou dados protegidos por sigilo bancário para constranger adversários políticos de Bolsonaro.

Em primeiro lugar, é muito estranho que Bolsonaro tenha afirmado que esses financiamentos não pareciam ser legais. Em 2009, quando era deputado federal pelo Partido Progressista (PP), legenda que formava a base de apoio do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Bolsonaro votou a favor do PSI. Nos anais da sessão do plenário da Câmara dos Deputados do dia 3 de novembro de 2009, consta o voto favorável do deputado Jair Bolsonaro à Medida Provisória (MP) 465/2009 – depois convertida na Lei 12.096/2009 –, que instituiu a política do PSI.

É plenamente cabível a discussão se o PSI foi uma política adequada de incentivo à economia. Segundo o BNDES, entre 2009 e 2014, foram financiadas 134 aeronaves da Embraer, no valor total emprestado de R$ 1,9 bilhão. Tendo em vista que o PSI ofereceu juros abaixo da taxa básica (Selic) para a compra das aeronaves, essas operações tiveram um custo para o Tesouro. De acordo com os cálculos do BNDES, tal subsídio custou R$ 693 milhões em valores corrigidos.

Mas o PSI não tem nada de “caixa-preta”. O plano foi uma política pública instituída por lei em 2009, segundo condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, como reconheceu o BNDES. A Lei 12.096/2009, no seu art. 1.º, § 4.º, diz: “Aplica-se o disposto neste artigo à produção ou à aquisição de aeronaves novas por sociedades nacionais e estrangeiras, com sede e administração no Brasil, em conformidade com a respectiva outorga de concessão e autorização para operar pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), nos casos de exploração de serviços públicos de transporte aéreo regular”.

Fica evidente, portanto, que as empresas que utilizaram a linha de crédito do PSI para a compra de aeronaves não praticaram nenhuma ilegalidade com a tomada desse crédito. Elas simplesmente aderiram a um programa público de subsídio para a compra de aviões – um programa que, repita-se, contou com o voto do então deputado Jair Bolsonaro. O estranho nessa história não é que empresas tenham recorrido a crédito subsidiado para a compra de aviões.

O estranho e preocupante é a publicação de informações, escolhidas a dedo e que estão protegidas pelo sigilo bancário, por parte do BNDES, sob o argumento de “se tornar cada vez mais transparente perante a sociedade brasileira”. A lista de empresas e valores referentes à compra de aeronaves publicada pelo BNDES não traz nenhuma informação relevante para a discussão sobre os efeitos da política do PSI. O que se tem é mais um caso no governo de Jair Bolsonaro da manipulação de órgãos públicos para fins políticos.

Como já ocorreu em outras situações, Bolsonaro admitiu explicitamente o desvio de finalidade do ato do BNDES. Na semana passada, ao falar dos R$ 2 bilhões de financiamento para compra de aviões particulares, Bolsonaro anunciara que a medida tinha alvo certo. “Não fica não arrotando honestidade que o bicho vai pegar”, disse referindo- se ao apresentador Luciano Huck, que dias antes fizera críticas ao governo. “Ele falou que eu sou o último capítulo do caos. Se ele comprou jatinho, ele faz parte do caos”, declarou o presidente.

O uso da máquina pública para fins político-eleitorais foi um dos grandes motivos para a população rejeitar o PT nas urnas. Não faz nenhum sentido que aquele que prometia ser o mais antipetista de todos dê continuidade a essa nefasta prática.

Folha de S. Paulo

Sequestro no Rio

Bolsonaro e Witzel usam ação bem-sucedida da PM para reforçar discurso perigoso

Até onde se pode verificar, foi correta a ação da Polícia Militar fluminense que encerrou o sequestro de um ônibus na ponte Rio-Niterói, nesta terça-feira (20).

Atiradores de elite mataram o sequestrador, que manteve reféns o motorista e 38 passageiros por cerca de três horas e meia, no início da manhã. Tentativas de negociação haviam resultado na libertação de quatro mulheres e dois homens, mas permaneciam os riscos para as demais vítimas.

Relatou-se que Willian Augusto da Silva, 20, brandia uma pistola — que, segundo se soube depois, era de brinquedo — e demonstrava que poderia incendiar o veículo. Portava ainda uma faca, uma arma que dá choques elétricos e recipientes com gasolina.

Fazia menções, de acordo com passageiros, ao trágico episódio conhecido como o do ônibus 174, ocorrido no Rio de Janeiro em junho de 2000, quando uma ação desastrada da PM resultou na morte de uma refém pelo sequestrador — que, por sua vez, morreu asfixiado numa viatura, tendo os policiais presentes sido inocentados.

Desta vez, o desfecho traz sem dúvida alívio pela ausência de mortos e feridos entre os cidadãos que dependeram da perícia e da prudência das forças de segurança. Justifica-se, ao menos com o que se conhece das circunstâncias, o apoio das autoridades a profissionais que agiram sob enorme tensão numa situação complexa.

As ditas autoridades, entretanto, desperdiçaram a chance de fazê-lo com equilíbrio e responsabilidade, para surpresa de ninguém.

Antes mesmo do desenlace do caso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) já defendia de público o uso de atiradores de elite: ”Não tem que ter pena”. Lamentava ainda as acusações aos policiais envolvidos na morte do sequestrador do ônibus 174, “esse vagabundo”.

Já o governador Wilson Witzel (PSC) chegou à ponte de helicóptero, do qual desceu com gestos futebolísticos de comemoração. Ao falar, tratou de defender sua tese bárbara segundo a qual portadores de fuzis devem ser abatidos sem maior questionamento.

A carona não evidencia apenas o oportunismo político vulgar de dois governantes que pouco têm de positivo a apresentar até o momento. Bolsonaro e Witzel são sobretudo propagadores de um discurso embrutecido que se busca passar, sem amparo em evidências, como receita de combate ao crime.

Desnecessário apontar os perigos de tal retórica num estado em que o número de mortos em ações policiais aumentou 15% no primeiro semestre deste ano, para assustadores 881 — o correspondente a 29% do total de casos de letalidade violenta registrados.

Trata-se de matança que, à diferença da operação desta terça, não se dá diante das câmeras de TV.

Folha de S. Paulo

Desgoverno italiano

Manobra de líder direitista leva à renúncia de premiê e eleva incerteza no país

A renúncia do primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, nesta terça (20), abriu um capítulo novo e incerto na crise política do país.

O encerramento precoce do governo, formado há apenas 14 meses, não resultou de algum avanço da oposição, mas de manobra oportunista de um de seus principais integrantes, o vice-premiê e ministro do Interior, Matteo Salvini.

Líder da Liga, partido de direita radical nacionalista que compunha a coalizão governista com o Movimento 5 Estrelas, autoproclamado antissistema, Salvini apresentou ao Senado no último dia 9 de agosto uma moção de desconfiança contra Conte —um neófito na vida pública que não integra nenhuma das duas agremiações.

Como justificativa, o ministro declarou que a coalizão tornara-se insustentável e defendeu a convocação de novas eleições.

Salvini busca, com a cartada, surfar em sua elevada popularidade para aumentar a participação de seu partido no Parlamento —onde é hoje a segunda força, atrás do 5 Estrelas— e tornar-se primeiro-ministro.

Pesquisas mostram que a sua intenção de voto ronda os 36%, percentual que faz dele o político mais popular da Itália.

Seus planos, entretanto, podem acabar frustrados pelo complicado e fragmentado jogo de forças dentro do Legislativo italiano. A tarefa de organizar a sucessão de Conte cabe, agora, ao presidente da República, Sergio Mattarella, figura que, na organização institucional do país, não participa do governo.

O primeiro passo é a consulta às siglas com representação parlamentar com vistas a formar uma nova coalizão. Aponta-se que o 5 Estrelas e o Partido Democrático, de centro-esquerda, embora adversários no passado, poderiam se juntar para formar maioria e barrar a ascensão de Salvini.

No caso de as tratativas falharem, um novo pleito será convocado, provavelmente em outubro ou novembro. Se isso vier a ocorrer, será a primeira vez desde o fim da Segunda Guerra em que a Itália realizará uma eleição nesse período, tradicionalmente dedicada à elaboração do Orçamento.

Dada a frágil situação fiscal do país, onde a dívida pública corresponde a mais de 130% do Produto Interno Bruto, essa tarefa não será das mais simples. Como se não bastasse, o crescimento econômico deste ano deve ser nulo, segundo as previsões, e o desemprego entre os jovens se mostra crescente.

A atual instabilidade política certamente não colabora para melhorar esse cenário —e pode acabar fazendo mais alguns buracos nas precárias finanças italianas.

Eliziane Gama defende pacto federativo para situação fiscal de penúria dos estados

0

A líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA), disse nesta terça-feira que a Casa está em busca de alternativas para tirar os estados da grave situação fiscal que se encontram, e que a celebração de um novo pacto federativo pode ser uma das saídas para recuperar as finanças estaduais.

Segundo ela, a tramitação da reforma da Previdência no Senado se apresenta como uma oportunidade para a definição de medidas que garantam mais recursos aos estados em situação de penúria financeira.

“Precisamos votar a reforma da Previdência e acordar com o governo um pacto federativo envolvendo PECs [Propostas de Emenda à Constituição] e projetos de lei para o Executivo resolver algumas pendências, como a destinação de recursos aos estados da Lei Kandir e do Plano Mansueto. Mas para isso aconteça, o governo precisa ter boa vontade e o Congresso Nacional efetividade e agilidade para darmos um alternativa aos estados do Nordeste e os que estão em situação fiscal complicada”, defendeu, ao participar de reunião da Frente Parlamentar Norte, Nordeste e Centro-Oeste de senadores e governadores.

Eliziane disse que se o governo e o Congresso entenderem que esse é o caminho para resolver a questão financeira dos estados, haverá esperança de que o País possa começar a superar a crise econômica a partir do final desse ano e começo do próximo.

“Tem de ser um decisão dupla, do Congresso Nacional e do governo federal, que precisa flexibilizar e estender a mão dando socorro aos estados”, defendeu.

O evento da frente também debateu a distribuição de royalties, precatórios, securitização da dívida ativa para estados, Distrito Federal e municípios, FPE (Fundo de Participação dos Estados) e o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).

Frente

A Frente Parlamentar Norte, Nordeste e Centro-Oeste foi criada em maio deste ano com o objetivo de elaborar uma agenda consensual, envolvendo os diversos temas de relevância para as regiões que representa, como isenções, desonerações, aumento dos repasses do FPE, desenvolvimento e redução das desigualdades regionais e infraestrutura de transporte.

CPI do BNDES: Depoente relata compra de informações privilegiadas, diz Paula Belmonte

0

O ex-diretor da construtora Odebrecht João Carlos Nogueira confessou à CPI do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) da Câmara, na tarde desta terça-feira (20), que comprava informações privilegiadas de uma funcionária aposentada do Banco Central. A informação foi divulgada pela deputada federa Paula Belmonte (Cidadania-DF), vice-presidente do colegiado. A oitiva de Nogueira ocorreu em uma sessão fechada, à qual só tiveram acesso deputados.

Segundo a parlamentar, João Carlos Nogueira passou por vários setores da empresa durante os 15 anos em que trabalhou nela.

“É lamentável que funcionários do governo tenham participado dessa operação vendendo informações privilegiadas, usando seu trabalho, seu acesso a Estado”, disse.

Cidadania-RJ debate reformas previdenciária e tributária no Rio

0

O Cidadania do Rio de Janeiro promoveu, nesta segunda-feira (19), encontro para debater a conjuntura política e as reformas da Previdência e Tributária. O evento, na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) no Rio, reuniu dirigentes do partido de 52 municípios do estado e também discutiu questões econômicas regionais e as eleições municipais de 2020.

Coordenador pelo presidente do partido no estado, ex-deputado Comte Bittencourt, o encontrou contou com palestras do líder do Cidadania na Câmara, deputado federal Daniel Coelho (PE); do deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ); do economista Mauro Osório, presidente do Instituto Pereira Passos; e com a participação do deputado estadual Welberth Resende (Cidadania).

 

VEJA TAMBÉM

 

https://cidadania23.org.br/2019/08/19/cidadania-do-rio-debate-estrategias-para-eleicoes-municipais-de-2020/