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O que fazer, desde já?

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Como abrir a via para uma política de novo tipo no Brasil, rechaçando os diversos populismos eleitorais que tentam se apresentar como alternativa desde praticamente a redemocratização de 1985?

Não é fácil responder a essa pergunta. Mas é fundamental enfrentá-la, se queremos de fato oferecer uma saída para o país, sob a ótica do Campo Democrático.

Um campo comprometido com a defesa da Democracia, e a sua extensão à esfera da cultura e ao mundo do trabalho. Uma Democracia tripla: política, social e econômica, que se coloque o mais próximo possível do cotidiano das pessoas. Isso, sem esquecer a necessidade de solucionar os problemas que envolvem a segurança pública e as questões relativas à sustentabilidade.

Acredito que as próximas eleições municipais estejam começando a desenhar um mapa político um pouco diferente. De um lado, o Governo Lula, instalado no país há 16 meses, ainda não disse a que veio. Não é muito difícil constatar que este Governo não tem projeto. Pior: despontam, daqui e dali, impasses políticos e administrativos sérios, pontos de estrangulamento preocupantes. Há exemplos abundantes nesse sentido: problemas agudos na gestão da saúde pública, casos mal explicados de corrupção em diferentes esferas, uma sensação crescente de insegurança diante do avanço da bandidagem e das milícias, uma alta considerável dos preços dos alimentos, uma política internacional pessimamente equacionada, uma pauta de costumes confusa ou mal-formulada e por aí vamos.
É possível que o bolsonarismo se valha dessa situação para retomar a dianteira do processo político. Particularmente, vejo com alguma preocupação uma eventual candidatura de Michelle Bolsonaro à Presidência da República. Se Lula voltar a se candidatar, pode perder feio. Um processo eleitoral é um processo político e ao mesmo tempo não é apenas isso, ou seja, possui componentes psicológicos, uma indisfarçável dimensão sensitiva. E Michelle Bolsonaro tem desembaraço, juventude, presença e ainda conta visivelmente com o apoio de parte importante do eleitorado evangélico. Outro trunfo seu: carrega um sobrenome com peso eleitoral.

Mas, isso não deve ser visto como uma espécie de fatalidade. Afinal, a história é feita de possibilidades. E uma delas é a retomada do processo democrático sob bases mais construtivas, na linha de algumas experiências anteriores. Quais? Uma delas foi a chapa JK – Jango em 1955, no bojo da crise do segundo Governo Vargas. Outra, a própria formação do Governo Jango, em 1961, na esteira da Cadeia da Legalidade, após a renúncia de Jânio Quadros. Mais uma seria a Frente Ampla, esboçada desde 1966 e que desembocou na eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, em 1984. Outra ainda? A composição do Governo Itamar, provavelmente o mais progressista que o país já teve. A última grande aliança formada no interior do Campo Democrático, a meu juízo, foi aquela que se esboçou em torno da candidatura de Eduardo Campos, em 2014. São experiências exitosas, quase sempre.

Pelo que venho acompanhando das movimentações municipais, uma nova frente democrática pode estar surgindo, com a união ou o entendimento entre PSB, Cidadania 23, PSDB, PDT visando a criação de uma proposta política equidistante do populismo, dito de “direita” ou dito de “esquerda”. Aparentemente, este é o sentido das tratativas em curso em algumas capitais, como São Paulo, Fortaleza e Vitória.

Vamos aguardar, mas percebo que elas têm tudo para prosperar.

IMPRENSA HOJE

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Veja as manchetes dos principais jornais hoje (08/04/2024)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Musk faz ameaças, e Moraes o inclui em inquérito de milícias digitais
Ziraldo – Um adeus com muitas histórias
Bolsa Família terá crédito para empreendedor
Cresce número de médicos, mas de forma desigual pelo país
Federação de partidos do Centrão empaca
Atenção a crianças com autismo na escola terá novas regras
Campanha invicta dá 38º Carioca ao Fla
Eclipse total do Sol mobiliza atenções nos EUA
Israel sai do sul de Gaza para preparar nova invasão

O Estado de S. Paulo

Brasil pode liderar transição energética, mas está atrasado
Elon Musk pede renúncia de Moraes e vira alvo de inquérito
Mulheres devem ser maioria entre médicos no País já a partir deste ano
Dividendos da Petrobras ajudarão a tapar ‘buraco’ de municípios
‘Efeito Michelle’ faz disparar a filiação de mulheres do PL
Palmeiras reage, bate o Santos e é tricampeão estadual
Clube vai ganhar R$ 5 mi pelo título e ainda terá bônus de patrocinador
Após pressão, Israel retira tropas do sul de Gaza

Folha de S. Paulo

Abin identifica espião da Rússia em embaixada
Moraes inclui Musk como investigado em inquérito
Presídios federais pouco mudaram após fuga
Desigualdade faz país ter padrão de Cuba e Suécia no saneamento
Doação e seguro podem reduzir tributo na herança
Zeina Latif – Lidamos com uma mão de obra mal preparada e infeliz
Mais extensos do mundo, mangues amazônicos são ameaçados pelas mudanças climáticas
Palmeiras vence Santos e leva primeiro tricampeonato paulista após 90 anos
Ruanda cresce, mas trauma resiste 30 anos após genocídio

Valor Econômico

Resultados do 4º tri trazem otimismo para 2024
Defasagem nos preços da gasolina já está em 17%
Gasto do governo com BPC se aproxima de 1% do PIB
Moraes determina inquérito para apurar conduta de Musk
China lidera venda de carros ao Brasil
‘Venture capital’ vê volume cair 47% em 2023

O Mito da Caverna e a degradação das nossas cidades

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NAS ENTRELINHAS

É preciso romper o círculo vicioso de degradação urbana, com políticas disruptivas e audaciosas. Periferias e favelas estão sendo tomadas pelo crime organizado

A partir de hoje, a pré-campanha das eleições municipais está na rua. Após mais um troca-troca de legendas, encerrado ontem, com o fim do prazo de filiação partidária, em todas as cidades do país armam-se as candidaturas a prefeito e vereador, com seus respectivos apoiadores. É um movimento pautado pela grande circulação de recursos financeiros, seja de fundos eleitorais, seja de caixa dois proveniente do desvio de recursos públicos, cuja origem, em parte, são contratos de fornecedores e as emendas ao Orçamento da União. Candidaturas nascem e desaparecem num passe de mágica, no grande balcão de negócios em que se transformou esse momento da pré-campanha.

É um mundo de sombras, como na alegoria da caverna de Platão, descrito no clássico dos clássicos da política: A república. Nele, o filósofo grego discute o papel do conhecimento, da linguagem e da educação no Estado ideal. Na caverna, resumidamente, prisioneiros estão acorrentados e veem sombras bruxuleantes projetadas pela luz de uma fogueira. São homens, animais e plantas imaginárias. Um dos prisioneiros, porém, se livra das correntes e percorre a caverna. Descobre que as imagens não são reais, mas de estátuas cujas silhuetas eram projetadas pela fogueira. E que passara a vida inteira julgando sombras e ilusões.

Ao sair da caverna, é ofuscado pela luz; mas se habitua à nova realidade e volta a enxergar fora da caverna. Encontra com a vida verdadeira, regressa para a caverna e conta o que viu. Entretanto, é ridicularizado pelos demais, que só conseguem enxergar as sombras na parede da caverna. É chamado de louco e ameaçado de morte porque suas ideias são absurdas. É mais ou menos o que acontece nos debates eleitorais, quando alguém surge com uma proposta verdadeiramente inovadora e disruptiva, depois de fugir do mundo das sombras da política envelhecida. Há toda uma estrutura montada para reproduzir os padrões obsoletos que degradam as cidades brasileiras.

As políticas públicas na maioria das cidades brasileiras foram capturadas por grandes interesses privados, em prejuízo da população. Passamos por um novo ciclo de expansão urbana que, agora, também atinge as cidades médias e pequenas. Na transição da vida do campo para a cidade na segunda metade do século passado, provocada pela adoção da legislação trabalhista no meio rural e a rápida industrialização, ainda havia um certo planejamento urbano e a preocupação de oferecer condições de vida e de locomoção que tornassem as cidades funcionais, e de formar uma força de trabalho escolarizada e saudável para atender às demandas da modernização. Brasília é o melhor exemplo.

Essa situação mudou radicalmente. A força do agronegócio, hoje o setor mais dinâmico da economia, com notável impacto em pequenas e médias cidades da nova “economia do sertão”, restaurou a influência nacional da nossa elite agrária, mas isso não se traduz na vida urbana como poderia. Há 100 anos, houve um notável movimento de reforma urbanística no país, que deu às principais capitais brasileiras grandes avenidas, bulevares, transportes sobre trilhos, saneamento básico, hospitais e escolas públicas, etc. Tudo financiado por recursos provenientes do café, do açúcar, do algodão, do cacau, da borracha, da pecuária e da mineração, e por investimentos nacionais e estrangeiros na implantação de indústrias e de serviços urbanos.

Favelas e periferias

Uma grande massa de brasileiros continua se deslocando do campo para os centros urbanos, em busca de novas perspectivas de vida, mas as cidades não estão sendo capazes de absorver essas pessoas e lhes oferecer condições dignas de trabalho, de moradia, de saúde, de educação, de segurança e de mobilidade. Há estagnação e degradação da vida das cidades, já não só nas favelas e periferias, depois de um ciclo recente, protagonizado pela redemocratização do país e o reconhecimento dos municípios como entes federados, pela Constituição de 1988, o que proporcionou autonomia e muitas administrações competentes e inovadoras.

Houve melhoramentos contínuos da qualidade de vida em muitas cidades, entre as quais se destacam Maringá e Curitiba, no Paraná; Jundiaí, São José do Rio Preto, Piracicaba, São José dos Campos, Franca, Taubaté e Campinas, em São Paulo; e Vitória, no Espírito Santo. No ranking das melhores cidades para se viver, essas cidades batem capitais como Belo Horizonte, São Paulo, Florianópolis, Palmas, Campo Grande, Goiânia, Rio de Janeiro e Porto Alegre, que são as melhor avaliadas.

Como os antigos sofistas, tão criticados por Platão, campanhas eleitorais encantam os espíritos com argumentos que nada tem a ver com a verdade, só visa a conquista de opiniões. A diferença entre os sofistas e a construção das narrativas atuais é que os antigos, tão combatidos por Platão, se satisfaziam com a vitória passageira à custa da verdade, enquanto os políticos almejam a conquista do poder a qualquer preço, sem projeto de transformação da realidade.

Sim, a maioria dos atuais prefeitos já não faz promessas mirabolantes, nem apresenta projetos faraônicos, ou promete mundos e fundos. Mas a safra de prefeitos que transformou as cidades acima citadas cumpriu um ciclo histórico. Novos problemas surgiram e se somaram àqueles que não conseguiram resolver. O maior deles talvez seja o garrote da captura da expansão urbana pelos grandes interesses imediatos do mercado imobiliário, do setor automotivo e dos prestadores de serviços, como a coleta de resíduos sólidos.

É preciso romper o círculo vicioso de degradação urbana, com políticas disruptivas e audaciosas, mas focadas na vida banal da população. Periferias e favelas estão sendo tomadas pela “territorialização” do crime organizado, que controla o tráfico de drogas, achaca os empreendedores, tributa os moradores e torna a vida das pessoas mais difícil e insegura. Estão cada vez mais mancomunados com servidores públicos e políticos. Habitação decente, mobilidade urbana, segurança pública e assistência integral às famílias, ao lado da saúde e da educação, são uma agenda que precisa ser tratada como política do bem comum e não apenas como negócio. (Correio Braziliense – 07/04/2024)

Um adeus a Ziraldo

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Acaba de falecer um dos homens mais criativos do Brasil: o desenhista Ziraldo Alves Pinto, aos 91 anos de idade.

Na verdade, era um artista completo, pois também se dedicava à pintura, à literatura e ao jornalismo.

Mineiro de Caratinga, ele criou a Turma do Pererê e o Menino Maluquinho, que embalou os sonhos de muitas gerações de brasileiros. A partir do personagem Menino Maluquinho foi rodado um filme em Tiradentes, Minas Gerais.

Ziraldo atuou em publicações da importância da revista O Cruzeiro e do Pasquim.

Eu o conheci há cerca de 40 anos, no escritório de Oscar Niemeyer, no Posto Seis, em Copacabana. E com ele trabalhei no Caderno B do Jornal do Brasil e na segunda versão de OPasquim. Juntos entrevistamos figuras extraordinárias da vida brasileira, como Oscar Niemeyer, Leandro Konder, Apolônio de Carvalho, Roberto Freire, Plínio de Arruda Sampaio, Aparecida Azedo e Leonel Brizola.

Homem de coragem, não vacilou em fazer o cartaz da luta pela legalização do Partido Comunista Brasileiro, por volta de 1985.

Em certa ocasião, ele desenhou um Menino Maluquinho especialmente para meu filho Pedro.

Homem generoso, amava profundamente a vida. Ziraldo descansou. Foi um brasileiro raro.

Ivan Alves Filho, historiador.

Datena movimenta xadrez eleitoral de São Paulo

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NAS ENTRELINHAS

A filiação do apresentador, que seria uma candidatura capaz de desestabilizar tanto Boulos quanto Nunes, parece jogo combinado da cúpula do PSDB com Tabata Amaral (PSB)

O apresentador José Luiz Datena se filiou, nesta quinta-feira, ao PSDB e mexeu com o tabuleiro eleitoral de São Paulo. O comunicador, que tem grande prestígio popular, já trocou de partido 10 vezes, mas nunca foi candidato para valer; agora, deixou o PSB de Tabata Amaral, ao qual havia se filiado recentemente, na véspera do último dia de prazo de filiação, para ser pré-candidato a prefeito da capital paulista. Sua entrada no ninho tucano — a convite do ex-deputado José Aníbal (PSDB) e do presidente nacional da legenda, Marconi Perillo — ocorre no momento em que os vereadores da sigla deixam o partido porque apoiam a reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

O PSDB sonha com um nome competitivo para disputar a Prefeitura de São Paulo. O deputado Aécio Neves (MG) defende a tese de que a legenda deve ter candidato próprio em todas as capitais, o que vem estressando as relações com os aliados. No caso de São Paulo, nas conversas com o prefeito Ricardo Nunes, Aníbal havia pleiteado a vice para a sigla, em retribuição ao fato de o prefeito ter herdado o mandato de Bruno Covas, que morreu precocemente de câncer, logo depois de reeleito, em 2020. Não houve acordo entre Nunes e Aníbal.

Com apoio do governador Tarcísio de Freitas (PR), Nunes optou por uma aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que pretende indicar o vice e subir no palanque de Nunes. Quer nacionalizar a eleição à Prefeitura de São Paulo e impor uma derrota ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o venceu na capital paulista em 2022. O candidato do petista é o deputado Guilherme Boulos (PSol), que era o franco favorito na disputa. Lula convenceu o PT a abrir mão de uma candidatura própria; mais do que isso, indicou para vice de Boulos a ex-prefeito Marta Suplicy, que deixou a Secretaria de Relações Internacionais de Nunes, em razão do acordo com Bolsonaro e do convite de Lula, e voltou ao PT.

Até agora, a movimentação de Nunes deu mais resultado eleitoral do que a de Boulos. A última pesquisa Datafolha, realizada em 8 e 9 de março, mostra uma espetacular recuperação do prefeito, que agora está em empate técnico com seu adversário. Boulos e Nunes aparecem com 30% e 29% das intenções de voto, respectivamente. Na disputa, Tabata do Amaral (PSB) tem 8%; Marina Helena (Novo), 6%, e Kim Kataguiri (União), 4%; 14% afirmaram que votariam em branco, nulo ou em nenhum dos candidatos, e 6% disseram que não sabem.

Nunes nunca foi um político carismático, ainda é pouco conhecido pela maioria da população e faz uma gestão administrativa “feijão com arroz”, mas é competente na articulação política. Tem o apoio da maioria dos vereadores e até a simpatia de alguns petistas. Além disso, dono do terceiro maior orçamento público do país (R$ 111,8 bilhões), com esse empate técnico, aumentou muito sua expectativa de poder.

Moderação

No atual estágio da campanha eleitoral, em que os candidatos cavam trincheiras e tentam conquistar territórios, Nunes tem enorme vantagem estratégica na atração de aliados e de apoios na elite paulista, sobretudo entre os que prestam serviços ou dependem da administração. Entretanto, o candidato dos movimentos sociais é Boulos, principalmente dos sem-teto, mas isso pode ser mais um fato de isolamento do que uma força eleitoral decisiva. O candidato do PSol precisa convencer a classe média paulista de que será capaz de resolver o problema da população de rua sem fomentar invasões.

Desde as eleições passadas, Boulos tenta construir a imagem de que é um político “bonzinho”, e não um comunista que come criancinha. Isso o leva a fazer uma campanha morna, supostamente palatável para a classe média paulista, mas que não empolga os eleitores que desejam uma grande mudança na vida cotidiana, o que dependeria de uma gestão disruptiva e programaticamente inovadora. Aliados se queixam de que Boulos não tem um projeto novo para a cidade nem uma estratégia eleitoral clara, capaz de empolgar os eleitores. Sua inércia, nesse aspecto, favorece Nunes.

Mas também ajuda Tabata do Amaral, cuja imagem de jovem que saiu da periferia para estudar em Harvard e voltou como uma liderança renovadora da política seduz a elite paulista. Por essa razão, o apoio do PSDB à candidata do PSB pode ser o desfecho do rompimento da cúpula tucana com Nunes. A filiação de Datena, que seria uma candidatura capaz de desestabilizar tanto Boulos quanto Nunes, parece jogo combinado da cúpula do PSDB, que endossa transferência de legenda, com José Aníbal. Embora no segundo mandato, Tabata ainda cultiva uma imagem de candidata antissistêmica.

No caso de a eleição realmente se nacionalizar e reproduzir em São Paulo a polarização nacional entre o presidente Lula e Bolsonaro, essa radicalização pode ser boa para Nunes, mas é ruim para Boulos, porque abre espaço para Tabata representar uma espécie de terceira via e crescer no processo eleitoral. Essa é a aposta de um grande ator da política paulista, que se move muito discretamente, mas está com Tabata, e não abre: o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

A movimentação de Datena teria esse objetivo. O apresentador é uma metamorfose ambulante: já foi do PT, do PP, do antigo DEM e do novo União Brasil, além do PSC, do PDT e do MDB. Várias vezes se apresentou como candidato e desistiu. Por essa razão, ninguém acredita que seja candidato ou vice de Tabata. Sua filiação ao PSDB é vista como uma manobra para fortalecer a indicação de um tucano para vice de Tabata. (Correio Braziliense – 05/04/2024)

Petrobrás na contramão do futuro do planeta

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Na contramão do compromisso firmado pelo Brasil na COP 28 de redução dos combustíveis fósseis, Alexandre Silveira (Minas e Energia), endossado por Prates (presidente da Petrobrás), diz que o país deve continuar a exploração de petróleo até alcançar os mesmos indicadores sociais de economias desenvolvidas

Na quarta-feira (10), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, comentou para a Folha de S. Paulo [1] que “o Brasil vai explorar petróleo até ter nível de país desenvolvido”.

Já Jean Paul Prates, atual presidente da Petrobrás, maior empresa de petróleo e energia do país, continua defendendo a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas – uma região conhecida pela sua biodiversidade única e ecossistema altamente sensível à interferências.

“Não estamos dentro da floresta”[2].

Mas o que há de errado nessas falas?

Primeiro o fato de que ambas as falas buscam uma exploração desenfreada de petróleo na expectativa de que a sua comercialização é que de fato irá elevar o país ao patamar de “desenvolvido”.

Um sonho possível se estivéssemos no século XIX.

O que o ministro e o presidente da Petrobrás ignoram é que estamos no século XXI, em que o principal desafio do século, especialmente nas próximas décadas, é reduzir e eliminar a produção e uso dos combustíveis fósseis por uma questão muito simples: SOBREVIVÊNCIA.

Cientistas renomados, ONGs, a ONU, enfim grande parte das entidades ambientais concordam que o aquecimento do planeta acima dos 3ºC, em relação ao patamar da época pré-industrial, será catastrófico, com o derretimento das gelereiras, seca na Amazônia, aumento dos eventos climáticos extremos, entre outros [3].

Resumindo: o sonho de um país desenvolvido no século XXI é incompatível com a exploração do petróleo a longo prazo.

A conta não fecha. Simples assim.

O que aconteceu com o compromisso assinado na COP 28? Foi só para “inglês ver”?

Na COP 28, evento promovido pela ONU a fim de reunir lideranças globais para firmar acordos e compromissos em prol de soluções para as mudanças climáticas, que ocorreu em dezembro de 2023 em Dubai, o Brasil assinou o compromisso de reduzir o uso de combustíveis fósseis, até 2050 – como o petróleo, gás natural e carvão mineral – para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, responsáveis pelas mudanças climáticas que têm impactado o planeta.

Porém, antes e depois de assinar o compromisso, o Brasil sinaliza justamente o contrário! O governo, mais de uma vez, aponta para investimentos na exploração e extração do petróleo, ao invés de investir em pesquisa e tecnologia para uma transição energética efetiva.

O Brasil é um país de extensão territorial continental, possui os biomas mais importantes do planeta terra, dentre eles a Amazônia, a Mata Antlântica, Pantanal e Cerrado, tem uma das maiores capacidades hidroelétricas, além do potencial fotovoltaico, eólico e biogás do mundo.

Poderíamos utilizar os lucros bilionários da Petrobrás para investir pesado na transição energética e nos tornarmos o primeiro país do mundo a ser carbono zero. O exemplo de desenvolvimento e economia verdes. Liderança global em desenvolvimento sustentável.

Mas o governo está cego pelos números que o óleo preto e pegajoso podem gerar no curto prazo.

Em outras palavras, o sonho do ministro de transformar o Brasil em um país desenvolvido é mais do que possível, é atingível e em poucas décadas. O problema é que o caminho escolhido para atingir esse objetivo é incompatível com o futuro do planeta. Assim, ao invés de o país ser exemplo de energia verde, escolhe afundar no próprio petróleo.

Geovanna Machado, presidente da Juventude 23

NOTAS:

[1] Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2024/04/brasil-vai-explorar-petroleo-ate-ter-nivel-de-pais-desenvolvido-diz-ministro-de-energia.shtml

[2] Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2023/09/28/prates-defende-exploracao-de-petroleo-na-foz-do-amazonas-nao-estamos-dentro-da-floresta.ghtml

[3] Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/mundo/estudo-da-onu-aponta-que-temperatura-do-planeta-pode-aquecer-quase-3c-sem-acoes-agressivas,cf2658499544a5bea9aab0f7b0cc8ddfgspv7sdg.html?utm_source=clipboard

IMPRENSA HOJE

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Veja as manchetes dos principais jornais hoje (05/04/2024)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Pressão sobre Prates cresce, e governo avalia troca na Petrobras
Contaminação leva Cedae a suspender fornecimento de água para 2 milhões no Rio
Fim da caçada 50 dias e 1.600 km depois
Governo acelera assentamentos para inibir ‘abril vermelho’
Tasso Jereissati – ‘O PSDB perdeu a sua cara, se descaracterizou’
Conselho de Medicina aprova norma sobre aborto que contraria legislação, dizem especialistas
Maduro assina lei para anexar Essequibo, e Guiana reage
Biden muda tom com Netanyahu e ameça rever apoio dos EUA a Israel

O Estado de S. Paulo

Crise se acirra e permanência de Prates na Petrobras corre risco
Dupla presa a 1,6 mil km de Mossoró deixaria País, diz polícia
Governo propõe que o FGTS seja corrigido por índice de inflação
Paulo Picchetti – ‘Melhor ir mais devagar e chegar mais longe’
Escolas e alunos bem avaliados no Enem serão premiados
CFM proibe ação pré-aborto após 22 semanas do feto
Biden exige proteção a civis em Gaza e condiciona apoio

Folha de S. Paulo

Lula avalia pagar dividendo e pôr Mercadante na Petrobras
Fugitivos de Mossoró são recapturados após 50 dias
Moro mira diálogo com STF a fim de salvar mandato
Ao lado de Tabata, Datena se fila ao PSDB, seu 11º partido
Convênios ameaçam cancelar contratos durante tratamento
Maduro promulga lei que ‘cria’ estado de Essequibo na Venezuela
Taiwan recusa ajuda da China após terremoto
FMI vê ‘progresso impressionante’ do governo Milei
Biden cobra mudança de Israel em Gaza por apoio

Valor Econômico

Governo cogita trocar Prates por Mercadante; ações da Petrobras têm dia de forte oscilação
Dados prévios de março indicam receita abaixo do esperado
Fugitivos de Mossoró são recapturados
PIB da soja cresce em 2023, mas renda recua
Setor de autopeças eleva investimentos
STF exclui multas em reversão de ‘coisa julgada’

Vereador de Natal/RN, Hermes Câmara, assina ficha do Cidadania

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Com o apoio do PSDB, Hermes vai assumir a presidência da Federação em Natal

Os dirigentes do PSDB e do Cidadania se reuniram, na manhã desta quinta-feira (4), para prestigiar a filiação do vereador Hermes Câmara ao Cidadania. A ficha foi abonada pelo presidente estadual da sigla, ex-deputado Wober Júnior, que também é tesoureiro-adjuto nacional da sigla.

“Estamos recebendo Hermes, um velho amigo, um velho companheiro, com posições democráticas e que tem exercido um papel importante na Câmara Municipal. Com o PSDB tem tido uma correção exemplar para a gente fazer uma grande bancada”, comentou Wober Júnior.

A Federação PSDB e Cidadania terá 30 nomes para concorrer à Câmara Municipal. Os dois partidos vão definir metas e estratégias visando as Eleições 2024 na capital potiguar.

Hermes agradeceu a recepção. “Partido se faz com democracia. Estou aqui para agradecer o partido em Natal e sou grato pela confiança da federação, que cresce em qualidade”, disse Hermes, que vai assumir nos próximos dias a presidência da Federação em Natal.

Participaram do ato de filiação, o presidente da Federação do Estado, advogado Julinho Queiroz, o presidente do PSDB em Natal, Klaus Araújo e os vereadores Aldo Clemente e Anderson Lopes. O agropecuarista Alexandre Chaves, que é da Executiva Estadual do Cidadania.

Esqueletos da Bahia assombram o Palácio do Planalto

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NAS ENTRELINHAS

Lula é muito grato a Rui Costa pelo apoio que teve na Bahia. Também não é de jogar ao mar companheiros leais, mas tem que realizar um governo sem escândalos de corrupção

Tudo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não precisava era de uma denúncia de corrupção no governo da Bahia na gestão do hoje ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. A empresária Cristiana Prestes Tadeo, da empresa Hempcare, citou o ministro em delação premiada, na investigação da Polícia Federal (PF) que apura fraude na compra de respiradores durante crise provocada pela pandemia de covid-19, em 2020. O ministro nega, mas o assunto é nitroglicerina para o Palácio do Planalto.

O caso foi revelado pelo repórter Hugo Marques, da revista Veja. A empresária devolveu R$ 10 milhões aos cofres públicos, como contrapartida para ter benefícios processuais, além de dar detalhes e entregar documentos que comprovariam as irregularidades, como extratos bancários.

A Hempcare recebeu R$ 48 milhões do governo da Bahia, mas não entregou nenhum respirador pulmonar. A então vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, que foi o braço direito do ex-procurador-geral da República Augusto Aras, que é baiano, negociou a delação.

Segundo a Veja, Cristiana admitiu que o contrato com a empresa Hempcare era desfavorável ao governo da Bahia. Uma das cláusulas previa pagamento adiantado. Além disso, a empresa não possuía as documentações necessárias para importar equipamentos hospitalares e nenhum agente público solicitou o certificado e registro da Anvisa.

Cristina teria recebido informações privilegiadas e, por causa disso, apresentou proposta de preço de US$ 28.900 por respirador. O contrato para venda de 300 aparelhos respiradores totalizou R$ 48 milhões, conforme cotação do dólar à época.

Rui era também presidente do Consórcio Nordeste, cujos estados receberiam os respiradores. A empresária disse que a contratação da empresa foi intermediada por um empresário que se apresentou como “amigo” do então governador da Bahia e da mulher dele, Aline Peixoto.

A situação do hoje ministro se complicou porque o ex-secretário da Casa Civil do governo baiano Bruno Dauster disse em depoimento à PF que recebeu sinal positivo de Rui para avançar nas tratativas com a Hempcare. O então governador, segundo disse aos investigadores, foi o responsável por passar o contato de Dauster à empresa.

Danos de imagem

A Hempcare distribuía medicamentos à base de canabidiol e tinha capital social de R$ 100 mil. Conforme os registros, a empresa só contava com dois funcionários. Como o contrato foi assinado, e o valor de R$ 48 milhões adiantado, a empresa já não conseguiu fazer a compra dos equipamentos na China nem no mercado nacional.

Diante do atraso, Rui determinou a abertura de inquérito na Polícia Civil, mas a PF entrou no caso quando chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), porque desvio de recursos do SUS são casos da esfera federal. À época, havia uma grande polêmica entre o presidente Jair Bolsonaro, que denunciava irregularidades na compra de respiradores, e os governadores, que conseguiram na Justiça que o SUS obtivesse as vacinas contra a covid-19. Bolsonaro é negacionista e se recusou a tomar o imunizante, embora tenha conseguido um atestado falso de vacinação.

Por causa do inquérito, cresce o estresse entre Rui Costa e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, mantido no cargo pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. O vazamento da informação aumentou a tensão.

Os esqueletos nos armários do governo da Bahia vieram bater à porta do Palácio do Planalto num momento de queda de popularidade de Lula por conta do desempenho insatisfatório do governo. Também há muitas reclamações contra o ministro da Casa Civil de parte de seus colegas da Esplanada.

Por sorte, o Congresso está desmobilizado, com as sessões suspensas na Câmara e baixíssima frequência no Senado. Entretanto, a oposição fará muito barulho na próxima semana e os aliados “mui amigos” de Lula se aproveitarão para aumentar o poder de barganha junto ao governo.

O presidente é muito grato a Rui pelo apoio eleitoral que teve na Bahia, decisivo para sua volta ao poder nas eleições de 2022. Também não é de jogar ao mar os companheiros leais, sobretudo os que permaneceram ao seu lado no período em que esteve preso em Curitiba.

Mas tem que realizar um governo sem escândalos, para exercer não só o poder político, como também a liderança da sociedade. Sua eleição foi um crédito de confiança que precisa ser honrado. Por isso, Rui não depende apenas da gratidão de Lula para permanecer na Casa Civil. O ministro precisa sobreviver ao desgaste da imagem. (Correio Braziliense – 04/04/2024)

IMPRENSA HOJE

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Veja as manchetes dos principais jornais hoje (04/04/2024)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Alta de 18% no crédito para consumo de bens estimula economia
Pedido de vista suspende em 1 a 1 julgamento de Moro, que busca apoio
Estados deixam de usar R$ 1,1 bilhão para sistema carcerário
Resistência dos juros nos EUA deve manter dólar em alta no Brasil
Gigantes globais miram mercado brasileiro de bets
Paul Edmonds – ‘Levei um tempo até entender o que represento’
Por que muitos prédios de Taiwan resistem ao superterremoto?

O Estado de S. Paulo

MEC planeja avaliar melhor a faculdade que empregar mais
‘Temos de olhar para a qualidade e fechar o que tem de fechar’
Governo quer mudar limites e prazos de tributação de operações
STF decide manter ‘quebra de caso julgado’ e cobrança retroativa de tributo
Saúde distribui recursos a cidades sem estrutura para receber verba
Na SP-Arte, obras de R$ 1 mil a alguns milhões
Polícia apreende em Jundiaí 2 toneladas de cocaína, um delas em ‘bunker’
Terremoto mata 9 e parada na produção de chips preocupa

Folha de S. Paulo

Governo quer mudar regras de contratos de energia
Brasil vai explorar petróleo até se desenvolver, afirma ministro
Campos Neto defende adiantar transição na presidência do BC
Embaixada demite após imagens de Bolsonaro
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Valor Econômico

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