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Dos delitos e das penas, as razões da saidinha

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FOTO: ANTÔNIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

NAS ENTRELINHAS

O fim das saidinhas é uma vingança coletiva contra os prisioneiros com bom comportamento, em retaliação aos detentos que dela se aproveitavam para fugir

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou, na nova lei das saidinhas, o trecho que impedia a saída de presos do regime semiaberto para visitar a família. No regime semiaberto, os presos dormem na prisão e saem para trabalhar. O fim da saidinha foi aprovada pelo Congresso na onda de endurecimento das penas para combater a violência. É uma bandeira da oposição ao governo, liderada pela chamada bancada da bala, da qual fez parte o ex-presidente Jair Bolsonaro, desde o plebiscito sobre o desarmamento, em 2005.

A defesa do endurecimento das penas — no limite, a adoção da pena de morte — é uma espécie de populismo penal, que vem sendo combatido desde o século XVIII, mas que ainda conta com muito apoio na sociedade. É um senso comum que oferece uma solução simples e radical para um problema cada vez mais complexo: a atuação de organizações criminosas e a delinquência difusa, que brota na sociedade em razão das desigualdades sociais, do desemprego e da baixíssima escolaridade.

O milanês Cesare Beccaria, marquês de Beccaria, considerado o pai do moderno direito penal, foi o primeiro grande criminalista a se insurgir contra os métodos medievais de punição. Educado por jesuítas, estudou literatura e matemática em Paris, em meados do século, e sofreu a influência dos enciclopedistas, principalmente Voltaire, Rousseau e Montesquieu. De volta a Milão, fundou uma sociedade iluminista e passou a escrever para o jornal Il Café, que circulou nos anos de 1764 e 1765.

Na época, as penas constituíam uma espécie de vingança coletiva, o que levava à aplicação de punições com consequências piores do que os males produzidos: torturas, penas de morte, prisões desumanas, banimentos, na maioria das vezes, com base em acusações secretas.

O fim das saidinhas, aprovado pelo Congresso, é uma espécie de vingança coletiva contra os prisioneiros com bom comportamento, em retaliação aos detentos que dela se aproveitavam para fugir da prisão e/ou cometer outros crimes. Na saída temporária do Natal passado, que beneficiou pouco mais de 52 mil internos, 95% (49 mil) voltaram às cadeias dentro do período estipulado; outros 5% (cerca de 2,6 mil), não.

Beccaria escreveu uma obra seminal: Dei Delitti e delle Pene (Dos delitos e das penas), fruto de suas discussões com os irmãos Pietro e Alessandro Verri. Para evitar perseguições, o livro foi impresso em Livorno, em 1764, anonimamente. Com razão e sentimento, é um libelo contra os julgamentos secretos, a tortura, a confiscação, as penas infamantes, a desigualdade do castigo e os suplícios.

Separou a justiça divina e a justiça humana, os pecados e os delitos, condenou o direito de vingança e tomou por base a utilidade social para estabelecer o direito de punir. Classificou como inútil a pena de morte, assim como defendeu a separação do Poder Judiciário e do Poder Legislativo. Beccaria foi acusado de heresia e sofreu forte perseguição em Milão. Entretanto, sua influência se espalhou pela Europa.

Presídios

A imperatriz Maria Teresa da Áustria aboliu a tortura em 1776. Catarina II adotou seus conceitos no Código Criminal Russo de 1776. Em 1786, Leopoldo de Toscana adotou as reformas defendidas por Beccaria; Frederico, o Grande, na Prússia, abraçou muitos de seus princípios. Quatro são atualíssimos: a inevitabilidade da punição; a punição da mesma natureza e gravidade para o mesmo crime; a pena proporcional à gravidade da ofensa ou dano; e a celeridade do julgamento, resguardado o direito de defesa.

Segundo agentes penitenciários, a saidinha estimula o bom comportamento dos detentos e reduz a tensão nos presídios, que há mais de 20 anos convivem com um grande deficit de vagas. No ano 2000, havia 232.755 presos em todo o país, para apenas 135.710 vagas. Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), até junho de 2019, a superlotação era de 461 mil vagas para quase 800 mil detentos.

A população prisional cresce a um ritmo de 8,3% ao ano. Deve chegar a 1,5 milhão em 2025, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Do total da população carcerária, 41,5% (337.126) são presos provisórios, que ainda estão à espera de julgamento. E ainda há 366,5 mil mandados de prisão pendentes de cumprimento.

De junho a dezembro de 2019, 49,88% dos presos se declaram pardos; 32,29%, brancos; 16,81%, negros; 0,8%, amarelo; e 0,21, indígena. Cerca de 317,5 mil não completaram o ensino fundamental e 101, 7 mil, o ensino médio. São analfabetos 18,7 mil, enquanto 4,1 mil têm curso superior. Essa é a base social das facções criminosas que controlam os presídios. É dentro do sistema prisional que elas se organizam. (Correio Braziliense – 12/04/2024)

IMPRENSA HOJE

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Veja as manchetes dos principais jornais hoje (12/04/2024)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Lula veta trecho de lei que impede presos de sair para visitar a família
Governo usa estatal para incentivar bancos a financiar a casa própria
Alta popularidade de governadores da oposição desafia o Planalto
Lira ataca ministro da articulação política: ‘meu desafeto pessoal’
Estado é responsável por bala perdida em ação policial, decide STF
Liminar afasta presidente do Conselho de Administração da Petrobras do cargo
Cientistas identificam mutação genética que protege do Alzheimer
Incerteza sobre reféns israelenses emperra negociação de paz

O Estado de S. Paulo

Lula se opõe a Congresso e libera saída de preso para ver família
STF decide que Estado deve indenizar vítimas de operações policiais
Lira sobe tom contra governo e se queixa de ‘inteferência’ entra Poderes
Brasil vê juro sob pressão e dólar em alta com novo quadro externo
Profissionais com base técnica terão espaço no mercado de hidrogênio verde
Juiz suspende presidente do Conselho de Administração
Praça Princesa Isabel ganha ares de parque

Folha de S. Paulo

Lula mantém ‘saidinha’ de presos em veto parcial de lei
Estado deve indenizar vítima de bala perdida, decide STF
Governo diz mentiras e Padilha é incompetente, afirma Lira
Estatal pode ser usada para turbinar casa própria
Educação e Saúde têm corte de R$ 4 bilhões
Grupo suspeito em máfia dos ônibus movimentou R$ 1 bi
Juíza assume no TJ-SP com regra de gênero
Dengue e casos gripais lotam UPAs em São Paulo
EUA traçam linha vermelha para China no Pacífico

Valor Econômico

Dívida com agências e órgãos reguladores é de R$ 96,3 bi, mas só 22% são recuperáveis
Lira escala crise e chama Padilha de incompetente
CDB ganha mais espaço na captação dos bancos
STF evita perda de R$ 36 bilhões para a União
EPR vence leilão da BR-040, entre BH e Juiz de Fora
Inflação pode atrapalhar planos de Biden

Câmara mantém prisão de deputado acusado de mandar matar Marielle

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Chiquinho Brazão é irmão de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, que também foi preso, com o delegado Rivaldo Barbosa

O plenário da Câmara levou apenas 30 minutos para votar a manutenção da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco (PSol-RJ) e seu motorista, Anderson Gomes. Foram 277 votos a favor e 129 contra, com 28 abstenções. Eram necessários 257 votos, a maioria simples, para manter a prisão. O parlamentar está detido preventivamente na penitenciária de segurança máxima de Campo Grande (MS), por determinação da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que endossou liminar do ministro Alexandre de Moraes.

Mais cedo, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados debateu o caso por cinco horas, antes de aprovar, por 39 votos a 25, o parecer do deputado Darci de Matos (PSD-SC) favorável a manter a prisão de Brazão. No começo da discussão, havia apreensão de que os argumentos da defesa de Brazão, a cargo do advogado Cleber Lopes, de que o Supremo havia violado o princípio da imunidade parlamentar e invadido prerrogativas do Congresso, teriam acolhida da maioria dos integrantes da CCJ, presidida pela deputada bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC).

Os partidos de esquerda não tinham votos suficientes para manter a prisão, mas houve uma articulação de parlamentares do chamado Centrão (PP, Republicanos, União Brasil), do PSD e do MDB, que garantiu os votos da maioria. O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), atuaram fortemente para esse desfecho, em sintonia com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Essa articulação viria depois a se reproduzir no plenário, onde a votação foi sumária, com um encaminhamento a favor e outro contra.

Expulso do União Brasil, Brazão é acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle e Anderson em 14 de março de 2018, no centro do Rio de Janeiro. Na época, Brazão era vereador na capital fluminense. O parecer de Darci de Matos endossou o entendimento do STF de que a prisão era necessária para evitar obstrução de Justiça. Deputados só podem ser presos em flagrante de crime inafiançável.

O PL ainda tentou politizar a questão, com questionamentos à atuação do ministro Moraes no âmbito do inquérito das fakes news. E se aproveitar das fricções entre o Supremo e o Congresso em razão de decisões monocráticas dos ministros da Corte. Mas essa narrativa foi esvaziada pelo fato de a Câmara ter exercido plenamente sua prerrogativa de manter ou não a prisão.

Política e milícia

Chiquinho Brazão é irmão de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, que também foi preso, junto com o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio que comandou as investigações sobre o caso Marielle. A prisão é parte da Operação Murder, Inc., deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com a Procuradoria-Geral da República e Ministério Público do Rio de Janeiro.

Murder, Inc. (Murder, Incorporated, “Assassinato, Incorporado”) foi uma associação de crime organizado que agiu como o braço armado de execuções para as máfias americanas. A organização surgiu em Manhattan e no Brooklyn, liderada por Louis “Lepke” Buchalter e, depois, Albert Anastasia. Responsável por centenas de mortes, muitas a mando do National Crime Syndicate de Lucky Luciano, o Murder, Inc. era muito semelhante ao Escritório do Crime, organização de milicianos do Rio de Janeiro especializada em execuções.

Os irmãos Brazão têm um reduto eleitoral e político em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, região dominada por grupos paramilitares. Rivaldo é investigado por obstruir a investigação. O delegado assumiu a chefia da Polícia Civil um dia antes do atentado e conquistou a confiança dos familiares da vereadora assassinada. Chiquinho Brazão foi colega de Marielle na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, onde atuou como vereador por 12 anos.

Em 2018, Chiquinho foi eleito para a Câmara dos Deputados pelo Avante e, em 2022, foi reeleito para a Casa legislativa pelo União Brasil. Em 2023, assumiu a Secretaria Especial de Ação Comunitária, na gestão do prefeito carioca Eduardo Paes (PSD), mas deixou o cargo em fevereiro passado. Os irmãos Brazão entraram no radar das investigações após depoimento do miliciano Orlando Curicica, um dos chefes da milícia em Jacarepaguá, território político da família Brazão.

Curicica disse à Polícia Federal, em 2019, que participou de um encontro no Rio em que um dos chefes do “Escritório do Crime” e um policial militar que trabalhou como assessor de Domingos Brazão discutiram, no entendimento dele, o assassinato da vereadora. O envolvimento de Chiquinho Brazão, por ter imunidade parlamentar, trouxe o caso para a esfera do Supremo Tribunal Federal, e o crime passou a ser investigado pela Polícia Federal. (Correio Braziliense – 11/04/2024)

IMPRENSA HOJE

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Veja as manchetes dos principais jornais hoje (11/04/2024)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Câmara mantém preso deputado suspeito de mandar matar Marielle
Governo avaliza mudança no arcabouço que permite antecipar gastos de R$ 15 bi
Inflação desacelera, mas taxa nos EUA preocupa BC
Setor de petróleo e gás prevê 300 mil vagas em seis anos
Janja e Michelle traçam roteiro de cabos eleitorais
Mário Luiz Sarrubbo – ‘Crime está no nosso dia a dia, inclusiva no mercado formal’
Edinho Silva – ‘Só conversa com outro lado fura a bolha’
Rio acumula casos de violência contra a mulher
IA que raciocina e planeja tal qual humanos
Ataque mata 3 filhos e 4 netos de líder do Hamas

O Estado de S. Paulo

Deputados confirmam prisão de colega acusado no caso Marielle
ONGs suspeitas levam R$ 11,6 milhões para ‘capacitar mulheres’
Inflação alta no EUA derruba Bolsa no Brasil e faz o dólar subir
Preço da energia é trava à produção de hidrogênio verde no Brasil
Isenção de vistos a cidadãos de EUA, Austrália e Canadá é prorrogada
TJ-SP elege magistrada com base em critério de gênero
Governo de SP tenta destravar projeto para a Raposo Tavares
A experiência de Portugal com drogas legalizadas
Após encontro com Maduro, Petro vê oposição venezuelana

Folha de S. Paulo

PCC ajudou viações a vencer licitação, afirma Promotoria
Arrecadação freia e reforça superávit zero em 2025
Câmara decide manter preso deputado suspeito de mandar matar Merielle
Inflação acelera e adia ciclo de corte de juros nos EUA
Índice brasileiro fica abaixo das projeções e sobe 0,16% em março
Bolsonaristas em missão na Europa focam caso Musk
Biocombustíveis aproximam agro e governo federal
Secretária da área da dengue saiu de férias em meio a crise
Milei apresenta nova versão desidratada da Lei Ônibus

Valor Econômico

Comércio ilegal de agrotóxicos dispara sinal de alerta no governo e na indústria
Inflação nos EUA surpreende e mercados registram perdas
Câmara mantém prisão de Brazão
IPCA tem alívio, mas serviços inspiram cautela
Ação do crime organizado afeta a economia
Projeção para déficit da Previdência piora
Mortes por dengue batem recorde no país
3G Capital zerou posição na Kraft Heinz

PB: Comte visita governador e prefeito e trabalha pelo crescimento do Cidadania

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Em mais uma etapa do roteiro que vem fazendo por vários estados do Brasil, visando o fortalecimento do Cidadania rumo as eleições municipais de 2024 e o pleito nacional de 2026, o presidente nacional do partido, Comte Bittencourt, visitou nesta quarta-feira (10), o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB).

Comte se reúne com o Governador da Paraíba, João Azevêdo

Os dois conversaram sobre política local e nacional, além de assuntos administrativos e econômicos do estado. O governador fez um breve relato de tudo que está realizando para tornar a Paraíba um estado inclusivo, em pleno desenvolvimento e com uma gestão fiscal eficiente e referência em todo país.

Na sequência, Comte também participou de um almoço com o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena; o vice-prefeito da Capital, Léo Bezerra, e o secretário estadual de Comunicação, Nonato Bandeira, que é membro da Executiva Nacional do Cidadania.

Comte Bittencourt com o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena; o vice-prefeito da Capital, Léo Bezerra, e o secretário estadual de Comunicação, Nonato Bandeira.

Ainda em João Pessoa, o presidente do partido discutiu com os membros do Cidadania na Paraíba a necessidade da reestruturação do partido, que já foi o maior do estado. Ele ressaltou que o foco deve ir muito além da superação das dificuldades nas eleições municipais deste ano, mas principalmente um olhar mais amplo visando um projeto maior para 2026.

Com relatoria de Amom, projeto para maior transparência na demanda por creches é aprovado na Câmara

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Projeto foi aprovado por unanimidade e vai à sanção presidencial após emenda do Senado Federal

Relatado pelo deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM), o Projeto de Lei que determina a todos os estados e municípios brasileiros a realização anual de levantamento e divulgação da demanda por vagas em creches foi aprovado na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (09/04). O relatório proposto por Amom foi aprovado por unanimidade. Agora, o projeto nº 2228/20, de autoria inicial do deputado Pedro Cunha (PSDB-PB), vai à sanção presidencial.

O texto prevê a obrigatoriedade aos estados, Distrito Federal e municípios para que produzam todos os anos um levantamento sobre a demanda escolar para crianças com idade entre 0 a 3 anos. O relatório de Mandel considerou a emenda feita no Senado Federal um “aprimoramento” ao texto e parabenizou, principalmente, a estratégia para os repasses federais à educação infantil.

A mudança condicionou a prioridade nos envios dos recursos para financiar a construção de creches e a compra de equipamentos aos dados entregues no levantamento. Portanto, o documento passará a definir as prioridades na destinação das quantias de acordo com as necessidades de expansão de infraestrutura.

“Ter critérios bem estabelecidos oferece transparência ao processo de matrículas e organiza o planejamento orçamentário para a educação infantil, estratégia e sensibilidade com as particularidades de cada local. Dessa forma, fechamos as lacunas para desvios de finalidade do dinheiro público”, explicou o relator.

A mudança no texto, proposta pelo Senado, foi para que a base das diretrizes, metas, estratégias e prazos para a oferta de vagas nas creches seguirá o Plano Nacional de Educação (PNE) e deverá ir primeiramente para as redes públicas. Junto a isso, Amom relembrou que o plano direciona a responsabilidade ao Estado Brasileiro para a realização de uma busca ativa pelas crianças em idade escolar. Essa atividade deve ser feita em colaboração com órgãos públicos de assistência social, saúde e proteção à infância em todas as esferas federativas.

“Não podemos subestimar a demanda por vagas em creches no Brasil e no Amazonas. O que lidamos no meu estado é com a vastidão territorial, a difícil logística, a diversidade cultural e uma enorme evasão escolar. A complexidade em solucionar o problema das filas na educação infantil se relaciona com as particularidades de cada região, por isso a criação de mecanismos de levantamento e de divulgação da demanda por vagas em creches se torna fundamental. O direito à educação de qualidade é algo que já é previsto na legislação, mas não é respeitado. Isso, agora, mudou”, afirmou o deputado.

Assessoria de Comunicação

Foto: Jessé Gomes/Gabinete do Amom

Musk volta a atacar Moraes e questiona eleição de Lula

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NAS ENTRELINHAS

Musk tem notórias relações com a extrema-direita e utiliza o princípio da liberdade de expressão como uma barreira contra qualquer tentativa de regulamentar as redes

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), pretende liberar para julgamento a ação que responsabiliza os provedores de redes sociais por conteúdos gerados por terceiros. O julgamento está suspenso desde o ano passado, quando o Congresso passou a discutir a elaboração do PL das Fake News, que continua na gaveta do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

O tema exige análise do artigo 19 do Marco Civil da Internet e gera pressão pela regulamentação das redes sociais no país. De acordo com o magistrado, o processo deve ser disponibilizado até junho deste ano. É mais uma resposta ao bilionário sul-africano Elon Musk, dono do Space X, que entrou em guerra aberta contra o Supremo, principalmente Moraes.

Musk, dono do X (antigo Twitter), na noite desta segunda-feira, havia atacado o Supremo novamente. Na sua rede, endossou as falsas acusações de que Moraes interferiu na eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e atuou para censurar opositores, por meio de decisões judiciais, no caso, em suposto prejuízo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que concorria à reeleição. De novo, usou seu perfil na plataforma para atacar o ministro e o presidente da República: “Como Alexandre de Moraes se tornou um ditador no Brasil? Ele tem Lula na coleira”.

O empresário agora insufla os bolsonaristas contra o Supremo e Lula. Moraes havia determinado a inclusão do X e de Musk no inquérito das milícias digitais e fixou uma multa de R$ 100 mil para cada perfil suspenso por decisão judicial que for reativado. Nesta terça-feira, também negou pedido da rede social X de isentar sua representação brasileira de ser afetada por decisões judiciais tomadas no Brasil. A filial brasileira alegou não ter controle sobre as postagens feitas no Brasil, mas apenas sobre as operações comerciais de publicidade e remuneração de parceiros.

Segundo Moraes, a empresa busca “imunidade jurisdicional”, indevidamente. Musk queria que somente a sede internacional respondesse a processos. Sem trocadilho, esse é o xis da questão. O bilionário entrou de sola na disputa sobre regulamentação do uso das redes sociais no Brasil, assunto que tramita no Congresso, e usa todo o poder de sua rede de comunicação, inclusive a difusão de postagens, para confrontar o Executivo e o Judiciário. Moraes pretende responsabilizar os administradores da filial brasileira por eventuais condutas de obstrução de Justiça e desobediência de ordens judiciais, o que pode ser objeto até de prisões.

Além da mobilização dos bolsonaristas nas redes sociais, Musk tem capacidade de mobilizar apoio no Congresso. Demonstrou isso na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, que, nesta terça-feira, aprovou moção de aplauso e louvor ao bilionário. O autor da moção, deputado Coronel Meira (PL-PE), argumentou que Musk expôs e enfrentou a censura política contra usuários do X no Brasil. Teve apoio dos seus colegas presentes à reunião. Os governistas foram pegos de surpresa.

Estratégia política

Musk tem notórias relações com a extrema-direita norte-americana e usa o princípio da liberdade de expressão como uma barreira contra qualquer tentativa de regulamentar as redes. Coloca-se acima das leis brasileiras e, agora, passou a exercer seu enorme poder de influência no Brasil contra o Supremo, o que pode, sim, provocar uma crise política séria. Não parece ser um episódio fortuito, mas uma estratégia política deliberada, que serve como laboratório no embate com países que tendem a seguir o exemplo da União Europeia na regulamentação das redes sociais.

Desde o começo do ano, Musk usa a rede X para atacar Moraes. Em mensagem postada pelo ministro para parabenizar o ministro aposentado do STF Ricardo Lewandowski por assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em 11 de janeiro, Musk questionou: “Por que você exige tanta censura no Brasil?”. No sábado passado, ele prometeu “levantar” (desobedecer) todas as restrições judiciais e alegou que Moraes ameaçou prender funcionários do X no Brasil. No domingo, acusou o ministro de trair “descarada e repetidamente a Constituição e o povo brasileiro”.

Após afirmar que as exigências de Moraes violam a própria legislação brasileira, Musk defendeu que o ministro renuncie ou seja destituído do cargo. Pouco depois, recomendou aos internautas brasileiros usarem uma rede privada virtual (VPN, do inglês Virtual Private Network) para acessar todos os recursos da plataforma bloqueados no Brasil.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), nesta terça-feira, diante do confronto instalado na Casa, decidiu criar um grupo de trabalho para debater a regulação das redes sociais. O objetivo seria apresentar um texto mais “maduro” para ir ao plenário. O relatório apresentado pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) subiu no telhado. Segundo Lira, o texto gerou polêmicas e muitas narrativas, que prejudicaram a apreciação da proposta pelos parlamentares. “O PL 2.630/20 está fadado a ir a lugar nenhum, não tivemos tranquilidade do apoio parlamentar para votar com a maioria”, disse.

Lira alega que tentou, por diversas vezes, votar o projeto, sem sucesso: “Subdividimos o texto na questão dos streamings e na questão dos direitos autorais, e não conseguimos um consenso. Todos os líderes avaliaram que o projeto não teria como ir à pauta”, argumentou. Nesse lusco-fusco, no plenário da Câmara, em discursos inflamados, a oposição aproveitou as postagem de Musk para voltar a questionar a legitimidade da eleição de Lula. É a mesma narrativa da tentativa de golpe de 8 de janeiro. (Correio Braziliense – 10/04/2024)

IMPRENSA HOJE

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Veja as manchetes dos principais jornais hoje (10/04/2024)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

‘Holding’ do PCC alcançava até transporte público em São Paulo
X volta a provocar STF, e Câmara adia projeto sobre redes
TRE absolve Moro da acusação de abuso de poder na eleição
Para PGR, Bolsonaro não descumpriu medidas ao ir à Embaixada da Hungria
Partidos se articulam contra prisão de Chiquinho Brazão
Medida provisória dá alívio de curto prazo na conta de luz
Prates ganha fôlego para seguir à frente da Petrobras
Haddad propõe ao G20 e ao FMI taxar super-ricos
Uma cidade sitiada pelas milícias
O contrabando de armas do Irã para a Cisjordânia
Cardápio eleitoral para uma opção madura na Venezuela

O Estado de S. Paulo

Justiça age contra infiltração do PCC em empresas de ônibus
‘Holdings’ giraram R$ 732 milhões
TRE-PR absolve Moro e senador fica com mandato; cabe recurso
Governo reduziu em 58% gasto com campanhas contra dengue em 2023
Câmara põe ‘jabuti’ em texto e autoriza Planalto a antecipar R$ 15 bi em despesas
Moraes nega pedido do X para descumprir ordem judicial
Brasil largou atrás, mas tem potencial para ser líder em hidrogênio verde
Derivado da maconha estará no SUS a partir de maio
Carros-fortes e agência bancária são atacados no interior de SP

Folha de S. Paulo

Câmara volta ao zero no PL das Fake News após Musk
Lula reduz tarifa de luz e pressiona conta futura
Operação mira viações de SP suspeitas de elo com PCC
Deputados liberam mais R$ 15 bilhões para o governo
Tribunal Eleitoral do Paraná rejeita cassação de Sergio Moro; caso deve ir ao TSE
Municípios com desmatamento aderem a fundo
Adaptação a carro elétrico será longa, diz CEO da Renault
Governo recua em projeto para motorista de app
Carros-fortes são atacados no interior de SP
Planeta se habituou à fome no Haiti, afirma diretor da ONU

Valor Econômico

Varejistas repassam aumentos de impostos para o consumidor
Moraes nega pedido e exige que X Brasil cumpra ordens judiciais
Justiça do PR mantém Moro no Senado
Ibitu vai vender ativos de geração de energia
Obrador gasta como nunca para eleger sucessora
Juro pode cair menos com previsões piores de inflação

Supremo e Musk põem em xeque a liberdade das big techs

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NAS ENTRELINHAS

As redes sociais digitais são instrumentos de comunicação e formação de laços sociais. Mas, também, um mecanismo de acumulação de capital social em escala sem precedentes

O embate entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o bilionário sul-africano Elon Musk pode ter chegado a um ponto de ruptura. Nesta segunda-feira, o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, estabeleceu a fronteira da atuação, por aqui, do trilionário radicado nos Estados Unidos: “O Supremo Tribunal Federal atuou e continuará a atuar na proteção das instituições, sendo certo que toda e qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à Constituição Federal, às leis e às decisões das autoridades brasileiras”.

Dono da Tesla e da Space X, com uma fortuna pessoal estimada em US$ 219 bilhões (R$ 1,021 trilhão), no domingo, Musk fez uma série de ataques ao Supremo e ao ministro Alexandre de Moraes. Afirmou que tornaria públicas decisões anteriores do magistrado, que determinaram o bloqueio de perfis acusados de espalharem fake news, fazer ataques a instituições, ameaças e incitar golpe de Estado. Disse que não iria cumprir determinações do Supremo. Horas depois, Moraes fixou multa de R$ 100 mil por dia para cada perfil que for desbloqueado no X sem autorização da Justiça. Determinou também a inclusão de Musk no inquérito das milícias digitais, o que escalou a crise.

Barroso estabeleceu uma ligação direta entre 8 de janeiro e as redes sociais: “Travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado Democrático de Direito e contra um golpe de Estado, que está sob investigação nesta Corte com observância do devido processo legal. O inconformismo contra a prevalência da democracia continua a se manifestar na instrumentalização criminosa das redes sociais”.

Musk, dono da rede social X, empresa com sede nos Estados Unidos, tem ligações com a extrema-direita no mundo e a ambição de ser o colonizador de Marte. Sem regulamentação das redes sociais, o Brasil é como um terreno baldio da periferia global. A legislação sobre a atuação das redes sociais no país, que está pronta para ser votada, virou mais um campo de batalha entre o governo e a oposição. E não entra em pauta porque existe um lobby poderoso das big techs contra isso. A regulamentação das plataformas é um assunto cabeludo no mundo.

Esperava-se que a Santíssima Trindade do mundo digital — internet, smartphones e redes sociais —, além de elevar a produtividade da economia, seria um fator de democratização e inclusão social, por meio de uma revolução global nas comunicações. Entretanto, isso não deve ser absolutizado, apesar dos enormes benefícios que oferece aos cidadãos.

Os fatores tradicionais de produção — capital, terra e trabalho — deixaram de ser os principais geradores de riqueza e poder na sociedade atual. Os grandes ganhos de produtividade vêm do conhecimento, que deslocou o eixo da riqueza e do desenvolvimento de setores industriais tradicionais, intensivos em mão de obra, matéria-prima e capital, para setores cujos produtos, processos e serviços são intensivos em tecnologia e conhecimento.

União Europeia

Mesmo na agricultura e na indústria de bens de consumo e de capital, a competição é cada vez mais baseada na capacidade de transformar informação em conhecimento e conhecimento em decisões e ações de negócio. Assim, o valor dos produtos depende, cada vez mais, do percentual de inovação, tecnologia e inteligência a eles incorporados. Segundo o Banco Mundial, 64% da riqueza mundial hoje advém do conhecimento. É nesse contexto que o PL das Fake News, que regulamenta a atuação das big techs no Brasil, precisa ser debatido.

As redes sociais digitais são instrumentos de comunicação e formação de laços sociais. Mas, também, um mecanismo de formação e acumulação de capital social, em escala sem precedentes, decorrente do uso intenso, espontâneo ou não, das redes digitais pelos cidadãos. Capital social é um conceito desenvolvido pelo sociólogo Pierre Bourdieu, que se refere ao conjunto de relações sociais que uma pessoa possui e que lhe permite agir e influenciar outras pessoas e instituições.

Por isso, a discussão sobre as big techs envolve duas dimensões. A primeira é a produção e difusão de conhecimento, que exige um ambiente de liberdade de expressão, no qual os direitos e as garantias individuais estejam assegurados. Essa dimensão polariza o debate sobre as fakes news e ofusca a segunda, que é a apropriação desse capital social pelas grandes redes sociais. Em última instância, as big techs se apropriam e transformam o capital humano em capital propriamente dito, altamente concentrado, sem controle e sem taxação.

Há apenas um mês, os europeus que utilizam Apple, Google e outras grandes plataformas de tecnologia vivem uma nova realidade. Está em vigor a lei da União Europeia que impõe novas regras de concorrência às empresas — mudando a experiência dos cidadãos da região em relação a telefones, aplicativos, navegadores e mais. A Lei dos Mercados Digitais (DMA, na sigla em inglês) exige que as plataformas on-line dominantes ofereçam aos usuários mais escolhas, e aos rivais, mais oportunidades de competir.

As maiores empresas de tecnologia foram afetadas: Amazon, Apple, Google, Meta, Microsoft e ByteDance, empresa-mãe do TikTok. Em maio, essa lista incluirá o X de Elon Musk e o Booking.com, segundo a Comissão Europeia. As violações do DMA têm penalidades severas, incluindo multas de até 10% da receita global de uma empresa e de até 20% por reincidência. Para a maioria das empresas regulamentadas, isso significaria dezenas de bilhões de dólares. (Correio Braziliense – 09/04/2024)

IMPRENSA HOJE

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Veja as manchetes dos principais jornais hoje (09/04/2024)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

STF reage a ameça de Musk, e Pacheco cobra regulação das redes
Haddad admite recuo em meta fiscal para 2025
Por unanimidade, STF rechaça tese de Poder Moderador das Foças
Ala rival de Prates no governo quer impor condições para interromper fogo amigo
Governo age para evitar desgaste com regras para motoristas de aplicativos
Julgamento de Moro tem 3º voto contra cassação
Tiroteio à luz do dia no centro de Seropédica deixa um morto e duas crianças feridas
Trump diz que aborto deve ser decidido pela legislações estaduais

O Estado de S. Paulo

STF e Congresso reagem às críticas de Musk a Moraes
Com incerteza sobre receitas, governo avalia mudar meta fiscal de 2025
‘Combustível do Futuro’ acirra disputa entre Prates e Silveira
Ministra lança pacote para reduzir fila de exames e consultas no SUS
Vaticano condena ‘fluidez de gênero’, mudança de sexo e barriga de alguel
Equador acusa México de violar norma internacional primeiro

Folha de S. Paulo

Governo Lula estuda reduzir meta de superávit em 2025
Petrobras e União pode fechar acordo bilionário
Fala de Musk a Moraes gera cobranças por regulação
Lula pedirá dicas a especialistas para baixar conta de luz
Pressionadas por governo, elétricas perderam R$ 5 bi
Espião russo participou de eventos em faculdades
PM é afastado depois de bater no rosto de mulher

Valor Econômico

Ajuste fiscal, inclusão e investimento privado são saídas para crescer mais
Nova tributação do consumo chega ao Congresso até dia 15
‘Fontes renováveis não podem aprofundar as desigualdades’
Governo estuda reduzir meta fiscal para 0,25% do PIB em 2025
Petrobras: acordo prevê distribuir 50% dos dividendos
Volta dos IPOs deve ficar para o 2º semestre
STF ‘fará prevalecer’ respeito às decisões judiciais, diz Barroso
Expulsão de condômino pode virar lei