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IBGE aponta estabilidade no comércio e ligeiro crescimento na indústria em fevereiro

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O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou, nesta terça-feira (9), a PMC (Pesquisa Mensal de Comércio), que se mostrou estável de janeiro para fevereiro, e a PIM (Pesquisa Industrial Mensal) indicando ligeiro crescimento entre ambos os meses.

A PMC aponta que as vendas do comércio varejista no País caíram 0,6% na média móvel trimestral. Contudo, nos outros tipo de comparação, o volume apresentou crescimento de 3,9% quando comparado a fevereiro do ano passado, de 2,8% no acumulado do ano e de 2,3% no acumulado de 12 meses.

De acordo com o IBGE, entre janeiro e fevereiro deste ano metade dos setores analisados apresentaram queda enquanto a outra metade obtive alta. Os segmentos com crescimento foram vestuário e calçados (4,4%), artigos de uso pessoal e doméstico (1%), livros, jornais, revistas e papelaria (0,2%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,1%).

Já as quedas foram constatadas no setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,7%), combustíveis e lubrificantes (-0,9%), móveis e eletrodomésticos (-0,3%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3%).

Quando analisado o comércio varejista, que incluem atividades de veículos e material de construção, o volume de vendas recuou 0,8% em comparação a janeiro. A receita nominal do varejo cresceu 0,3% na comparação com janeiro, 7,5% na comparação com fevereiro de 2018, 6% no acumulado do ano e 5,4% no acumulado de 12 meses.

Indústria

Ao analisar o desempenho da indústria no período, o IBGE constatou ligeiro aumento de 0,1% no trimestre encerrado em fevereiro de 2019, após sofrer recuo de 0,2% em janeiro. Oito locais apontaram taxas positivas com avanços acentuados em Goiás (3,6%), Amazonas (2,8%), Pernambuco (1,5%), região Nordeste (0,8%), Paraná (0,8%), São Paulo (0,8%) e Bahia (0,7%). Por outro lado, Espírito Santo (-4,7%), Minas Gerais (-1,3%) e Rio Grande do Sul (-0,8%) registraram os principais recuos em fevereiro de 2019.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, a indústria teve um crescimento de 2% em fevereiro com taxas positivas em 10 dos quinze locais pesquisados. Pará (12,7%) e Paraná (10,8%) foram as unidades da federação que mais cresceram impulsionados principalmente pelos setores de indústrias extrativas; veículos automotores, reboques e carrocerias; produtos alimentícios; e máquinas e equipamentos. (Com informações do IBGE e agência de notícias)

Vereador do Cidadania de MG pedala mais de 800 km para pedir melhorias ao seu município

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O vereador do Cidadania do município de São Joaquim de Bicas (MG), Professor Sidão, encontrou uma forma inusitada de protestar e angariar recursos para a sua cidade. Ele pedalou, durante cinco dias e meio, sozinho e sem apoio, entre a sua cidade natal e Brasília (DF). O objetivo do parlamentar foi também o de chamar atenção para a importância do ciclismo e solicitar a bancada mineira no Congresso Nacional verbas para as áreas de educação, saúde, esporte e segurança pública.

A jornada teve início no dia no dia 2 de abril e foi concluída no último domingo (7). Na capital federal, ele foi recebido pelo presidente do partido, Roberto Freire, que saudou a coragem do vereador por enfrentar mais de 800 quilômetros de bicicleta. Sidão destacou que o município não possui recursos para arcar com a viagem e o jeito foi enfrentar as intempéries do tempo para alcançar o seu objetivo.

Dificuldades e desrespeito no trajeto

“Fiz um evento na cidade e coletei várias assinaturas para exigirmos a construção de ciclovias nas rodovias municipais, estaduais e federais, e ao mesmo tempo revindicar melhorias para o nosso município, que está carente de recursos e têm muitas demandas. Nós não temos diárias e o município no pode pagar a viagem. A maneira que achei para fazer uma viagem de baixo custo foi pedalando. Aqui em Brasília vou visitar a bancada do estado [no Congresso] pontuando os anseios do município e da minha categoria que é o ciclismo”, disse.

Desrespeito

Professor Sidão afirmou que passou por diversas dificuldades no trajeto e chamou atenção para o desrespeito dos motoristas aos ciclistas.

“Infelizmente nós [ciclistas] não temos segurança. Foram cinco dias e meio rodando na estrada. Enfrentei muitos desrespeitos. Teve hotel que não me recebeu pelo fato deu ser ciclista. Além disso, passei por situações de quase ser atropelado devido a motoristas fazendo ultrapassagens pelo acostamento. Infelizmente isso é o que acontece em todo o Brasil”, criticou.

Comissão aprova convite de Eliziane Gama para Santos Cruz esclarecer vídeo do golpe de 1964

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A Comissão de Transparência do Senado aprovou, nesta terça-feira (09), convite da líder do Cidadania na Casa, Eliziane Gama (MA), para que o ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Alberto dos Santos Cruz, compareça ao colegiado para prestar informações a respeito de vídeo publicado em rede social do governo federal, no dia 31 de março, que faz apologia ao golpe militar de 1964.

Eliziane apresentou requerimento de convocação de Santos Cruz, mas o pedido foi transformado em convite pela própria autora. O ministro deve comparecer à comissão no dia 16 de maio às 10  horas.

“A divulgação do vídeo foi um fato deplorável e que merece o nosso repúdio, por se tratar de um período – a ditadura – que foi centrado na censura, na tortura, e no arbítrio”, disse ao justificar o convite a Santos Cruz.

A parlamentar também apresentou requerimento para que Santos Cruz informe o nome da produtora do vídeo, de quem pagou e autorizou a produção e apontar o responsável pelo uso de meios oficiais para a postagem do vídeo.

“Hoje vamos pedir ao presidente [do Senado], Davi Alcolumbre (DEM-AP), que agilize por parte da Mesa a designação do relator para que as informações cheguem no prazo regimental de 30 dias”, disse Eliziane.

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) parabenizou Eliziane Gama “pela sensibilidade da apresentação” do convite a Santos Cruz. Para ele, a divulgação do vídeo não foi um “fato simplório”, mas “um fato de tamanha gravidade”.

“A população brasileira precisa de uma resposta fundamentada e plausível porque estão rasgando a história e os livros de história querendo negar a ditadura”, disse Contarato.

Câncer: Carmen Zanotto registra avanços, mas critica gargalos no atendimento do SUS

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Em pronunciamento na sessão solene na Câmara em homenagem ao Dia Mundial de Combate ao Câncer, nesta terça-feira (9), a deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania-SC) pediu o envolvimento de todos na luta pela redução dos gargalos no atendimento dos pacientes que lutam contra a doença.

“Esta luta é de todos nós. Os pacientes não podem esperar tanto tempo na fila à espera de atendimento”, alertou a deputada, que preside a Frente Parlamentar Mista da Saúde.

Ao destacar o trabalho desenvolvido por entidades e hospitais prestadores de serviço ao SUS (Sistema Único de Saúde),  Carmen Zanotto disse que a causa deve ser de toda a sociedade.

“Os desafios são gigantescos, mas saúde não tem cor, religião ou partido. Precisamos avançar”, defendeu.

“Lei dos 60 Dias”

Para a autora da “Lei dos 60 Dias”, que obriga o SUS a prestar atendimento após a confirmação do diagnóstico da doença, a legislação, apesar de ainda não ser aplicada em todo o País, é um passo importante porque, em sua avaliação, permitiu que fosse colocado em prática pelo Ministério da Saúde o Plano de Expansão e de Radioterapia em todas as regiões do Brasil.

“Só no meu estado, Santa Catarina, foram implantadas quatro novas soluções”, enfatizou.

De acordo com a deputada do Cidadania, os municípios contemplados são Itajaí, Chapecó, Tubarão e Joaçaba. Este último teve recentemente aprovado o projeto de instalação do equipamento aprovado.

Carmen também citou como outra conquista a aprovação da proposta (PDC 42/2015), também de sua autoria, que determina a realização de exames de mamografia dos 40 aos 49 anos de idade. A proposta derrubou portaria do Ministério da Saúde que limitava a mamografia apenas para as mulheres entre 50 e 69 anos.

“Carreta da Saúde”

A deputada Carmen Zanotto pediu ainda o apoio dos presentes para que as “Carretas da Saúde” se tornem realidade em todo País.

“Não me conformo com a alegação de que como parlamentar não possa apresentar emenda para aquisição de uma carreta porque os serviços prestados não serão habilitados pelo SUS.·As carretas adaptadas ajudam a diminuir os gargalos, principalmente , nas localidades mais longínquas do País. Nestes municípios, a fila de espera por exames é imensa”, disse.

Marco Aurélio Nogueira: Guinada não é líquida e certa

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A demissão de Vélez Rodríguez não pegou ninguém de surpresa. Dada como certa, abriu uma janela de oportunidade para o governo Bolsonaro. Antes de tudo, porque limpou um território minado. O governo se desgastava ao permanecer sancionando o despreparo de Vélez e deixando-se contaminar pelas disputas entre “olavetes” e militares – e agora pode começar a pensar a Educação como dimensão estratégica, dando a ela um mínimo de atenção.

A guinada, porém, não é líquida e certa. O novo ministro, Abraham Weintraub, um bolsonarista de primeira hora, também é jejuno em gestão educacional, ensino médio e educação básica. Não se trata de um técnico da área, um intelectual ou um articulador político, qualidades sempre preciosas no complicado mundo da Educação. Além disso, gosta de se apresentar como adversário do “marxismo cultural”, o que poderá levá-lo a alimentar a guerra ideológica de Olavo de Carvalho, de quem se diz um admirador e um “adaptador”.

A decisão presidencial puxa um freio de arrumação no MEC, mas não se sabe se esfriará a influência de Olavo. Se o novo ministro, à diferença de seu antecessor, apresentar um plano para gerir a Educação no País, ajudará a dar ao governo um eixo que até agora não foi encontrado. Se permanecer agarrado ao doutrinarismo, a janela de oportunidade não passará de uma fresta, que logo se fechará.(O Estado de S. Paulo – 09/04/2019)

Marco Aurélio Nogueira, cientista político do Núcleo de Estudos e Análises Internacionais da Unesp

Arnaldo Jardim: O PRA precisa avançar

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O Programa de Regularização Ambiental (PRA) voltou a ganhar atenção com a Medida Provisória (MP) 867/2018, que estende até 31 de dezembro de 2019 o prazo para adesão, terminando em 31 de dezembro de 2018. A comissão mista da MP já aprovou seu plano de trabalho e realiza na próxima quarta-feira (10) audiência pública para debater a proposição.

A discussão da MP é oportunidade para detalhar e assim consolidar juridicamente artigos do Código Florestal. Há muito tempo queremos que o Código Florestal seja efetivamente implementado. Sabermos que se trata de uma legislação completa, detalhada e moderna. Demonstra que a defesa do meio ambiente é compatível com a produção de alimentos.

Beneficia desde a agricultura de alta escala até os pequenos produtores rurais, agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais e assentados da reforma agrária, todos abrangidos pelo Código Florestal.

A demora do STF em julgar arguições do Ministério Público, retardou a implantação do Código e assim comprometeu a recuperação ambiental. Também houve falhas dos próprios governos (federal e estaduais). É urgente caminhar com esta questão porque, ao contrário do que muitos insistem em afirmar, a produção agrícola pode se harmonizar com preservação e ninguém cuida mais dos recursos naturais do que o nosso agricultor.

Muito se fala em desmatamento, vamos aos fatos utilizando os números do Cadastro Ambiental Rural (CAR) nacional, levantamento feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

De toda a extensão territorial brasileira, as plantações estão presentes em apenas 7,8% das terras. 25,6% são formados por áreas destinadas à preservação da vegetação nos imóveis rurais. Ou seja, há mais que o triplo de espaços preservados do que cultivados nas propriedades rurais.

Soma-se ainda: as pastagens nativas representam 8%, as plantadas chegam a 13,2%; as unidades de conservação integral chegam a 10,4% do território brasileiro; 13,8% das terras brasileiras são de reservas indígenas e 16,5% são de vegetação nativa em terras devolutas e não cadastradas.

É preciso destacarmos isso: a área destinada à vegetação protegida e preservada é de 66,3% – dois terços do Brasil inteiro. Temos ainda mais vegetação com as florestas plantadas, que ocupam 1,2% do território. Já a infraestrutura preenche 3,5% do País.

Fazendo um comparativo, o total de áreas protegidas, preservadas e não cadastradas equivale à superfície de 48 países da Europa. Não é mais possível colocar sob os ombros do agricultor a deterioração do planeta.

É preciso, portanto, valorizar e defender o homem do campo de ataques ideológicos e sem critérios. São “fake news” que atrapalham este setor econômico brasileiro que há anos só apresenta resultados positivos. Citando apenas dois exemplos: nos próximos 10 anos, nossa produção de grãos deve crescer 30% e a de carnes 27%.

O PRA é um atestado de sustentabilidade da nossa produção para o mundo, extremamente relevante para alcançar novos mercados internacionais. Ao mesmo tempo, atrai investimentos de importantes players mundiais que exigem sustentabilidade pra firmar parcerias.

No Estado de São Paulo, temos uma Lei, que fundamenta o Programa, aprovada já há muito tempo pela Assembleia Legislativa. Ela ainda aguarda julgamento pelo TJ/SP para poder ser implantada. Atraso causado – mais uma vez – pela intervenção do Ministério Público, quem perde com a indefinição é o produtor rural e o meio ambiente.

Participei recentemente, em Sertãozinho, do fórum “Soluções Agroambientais”, organizado pela Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) e que apresentou inovações importantes para esta harmonização entre meio ambiente e agricultura. Um dos destaques é a parceria com o Legado Das Águas Votorantim para a compensação da reserva legal e destaco a participação do Secretário Marcos Penido representando o Governo Dória.

A Canaoeste também lançou seu aplicativo para agilizar a comunicação de incêndio, fazer o check-list das adequações da propriedade com relação ao programa de prevenção a incêndios e servir de ponte para a comunicação entre associação e associado, numa demonstração de proatividade que merece ser saudada.

O setor tem feito sua parte, agora precisamos definitivamente caminhar com o PRA e mostrar que o agricultor brasileiro é capaz de fornecer não apenas alimento, mas também oxigênio, água, solo. O agricultor gera emprego, renda, riqueza, sustentabilidade e merece nosso apoio, nossa confiança!

Arnaldo Jardim é deputado federal pelo Cidadania de São Paulo

Fernando Gabeira: Pobre Brasil do aqui e agora

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O que fazer quando o presidente e o chanceler de seu país dizem, em Israel, que o nazismo foi um movimento de esquerda? O ideal é dar de ombros e seguir na vida cotidiana. Essas afirmações bombásticas são feitas para provocar debate. Não tenho tempo para ele. Sinto muito pelos professores de História no Brasil. Terão de explicar como um movimento de esquerda invadiu a União Soviética, uma espécie de meca da esquerda mundial naquele período. E como milhões de pessoas morreram a partir desse fogo amigo. Os professores de História terão de se consolar com os de Geografia, que ainda acham que a Terra tem uma forma arredondada. São colegas com uma tarefa mais dura: explicar que a Terra não é plana, como querem os novos ideólogos.

Estamos passando por uma revisão completa. Seus autores se acham geniais. O chanceler Ernesto Araújo disse que o nazismo é de esquerda, dentro do Museu do Holocausto, em Israel. Ali, o nazismo é considerado um movimento de extrema direita. Mas o chanceler disse que há teorias mais profundas. Os judeus, que sofreram com o nazismo e ergueram um museu para lembrar suas vítimas, são superficiais: ainda não descobriram a verdade das obscuras teorias conspiratórias que embalam o governo brasileiro. A direita embarca na canoa usada pela esquerda no passado recente. Não há mais respeito às evidências ou provas científicas. O que importa é a versão. Não houve desvio de dinheiro público, apenas procuradores e juízes perseguindo honestos políticos.

Eles convergem na tentativa de conformar os fatos às suas convicções ideológicas. O que foi aquela gritaria na Câmara? Nada mais que uma aversão compartilhada à palavra tchutchuca. Suspeito que direita e esquerda são machistas da mesma maneira que suspeito que a Terra seja arredondada, e o nazismo tenha sido um movimento de extrema direita. Tenho pavor dessas gritarias noturnas na Câmara. Na minha época descobri: servem apenas para prejudicar o sono. Saem todos tensos e irados e têm dificuldade em dormir. Só isso. Uma reforma da Previdência é coisa séria. É possível alterar a proposta do governo. Mas é muito difícil negar a importância de alguma reforma, antes que a Previdência quebre como na Grécia.

Há mais de um século a esquerda desenvolve suas técnicas de provocação. Guedes precisa mais que o curso de alguns dias para enfrentá-la com êxito. Minha experiência mostra que nessas constantes trocas de insultos, sempre alguém vai insinuar que o outro é gay. Com o tempo, certas pessoas se acostumam. É o meu caso. Tive a sorte, como na música de Cazuza, de ser chamado de viado e maconheiro. O único problema era ser chamado de apenas um desses dois nomes. Ficava esperando o outro como se estivesse faltando algo. É como a piada de um homem que vivia no andar de baixo, e todas as noites o vizinho de cima chegava meio bêbado e tirava as botas ruidosamente. O homem reclamou. O bêbado voltou do botequim, jogou a bota esquerda com força, mas se lembrou do vizinho. Tirou a bota direita com muito cuidado, silenciosamente. O vizinho de baixo não dormiu esperando que ele jogasse a outra.

Todas aquelas pessoas xingando as outras na Câmara: não há nada de pessoal naquilo. Apenas histeria política. É preciso superar logo essa fase de sensibilidade à flor da pele. Entender que é o país que está em jogo. E não depende apenas da reforma da Previdência. A política externa toma um rumo radical, sem que o tema seja discutido adequadamente no Congresso. Nesse sentido, é uma política tão autoritária como a que nos ligou ao bolivarianismo. Não expressa a visão nacional.

O Ministério da Educação não funciona. Todos as semanas demitem e contratam. A ida do ministro Vélez à Câmara mostrou que não tem projeto. Exceto o de reescrever sua parte da história do golpe militar. Ele é modesto diante do chanceler que quer reescrever a história da Segunda Guerra Mundial e levar sua mensagem cristã a todos os recantos do mundo. O velho cardeal Richelieu já dizia no século XVII: o homem é imortal, sua salvação está no outro mundo. O Estado não dispõe de imortalidade: sua salvação se dá aqui ou nunca. (O Globo – 08/04/2019)

Fernando Exman: Cem dias, momento de reflexão e inflexão

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A marca dos 100 dias do mandato do presidente Jair Bolsonaro chega, para autoridades do próprio governo, como uma oportunidade para a reflexão em relação ao que foi realizado até agora, como foi feito e o que precisa mudar. Algumas dessas mudanças já são palpáveis. Outras ainda estão em gestação, mas todas elas são consideradas essenciais por auxiliares do presidente para que o Executivo consiga melhorar a sua imagem entre os eleitores que não se consideram bolsonaristas e mantenha um ambiente de otimismo entre empresários e investidores.

A avaliação das realizações feitas nos primeiros 100 dias de governo é uma tradição americana e passou a ser utilizada como referência em outros países, inclusive no Brasil. No entanto, a efeméride acabou se transformando numa armadilha política que o próprio Palácio do Planalto criou e agora está tentando desarmar.

Em janeiro, no afã de esfriar o noticiário negativo sobre movimentações financeiras suspeitas envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos filhos do presidente, a Casa Civil reuniu a imprensa para divulgar um conjunto de 35 metas prioritárias para os primeiros 100 dias de governo. Bolsonaro estava fora do país, participando do Fórum Econômico Mundial, em Davos, e de pronto o documento passou a receber críticas por não ter sido formatado com outras do governo e excluir a reforma da Previdência Social. Justamente a proposta – e promessa de campanha – mais aguardada pelo mercado.

Na prática, o governo acabava de criar uma referência para a cobrança de suas realizações. Com isso, facilitou o trabalho de uma oposição que até hoje se preocupa mais em discutir como se organizar no Congresso e manter a campanha de libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do que monitorar para valer o trabalho do Executivo.

Deve-se ponderar que a divulgação da agenda pode ser defendida como um avanço na prestação de contas e transparência do setor público. Por outro lado, ela acabou levando o próprio governo a ter que transformar uma data que poderia ser de apresentação de resultados concretos em mais uma plataforma de anúncios e compromissos a serem efetivados.

Entre as metas divulgadas, algumas atenderam diretamente ao eleitorado bolsonarista, como o decreto que facilitou o acesso a armas, o projeto de lei anticrime e a retirada do Brasil do padrão de passaporte do Mercosul. Outras obtiveram – e com justiça – um reconhecimento mais amplo, como os leilões da área de infraestrutura e a redução de cargos de confiança na máquina federal.

No entanto, nesse período Bolsonaro preferiu apostar na defesa de pautas capazes de animar sua militância, mas que não tinham relação direta com as metas prioritárias de seu próprio governo. Essa mesma agenda acabou colocando a Presidência como alvo de críticas e no epicentro de uma série de polêmicas. Foi o que ocorreu, por exemplo, com as discussões sobre a orientação ideológica do nazismo, o comportamento do folião no Carnaval, a narrativa do golpe militar e até mesmo a utilidade do horário de verão.

Nesse ritmo, Bolsonaro acabará colocando entre suas prioridades outras bandeiras caras à ala ideológica de seu governo, como a substituição das urnas eletrônicas, o abandono das regras do acordo ortográfico e até mesmo o fim da tomada de três pinos. Corre o risco de perder a chance de investir seu capital político na necessária aprovação da reforma da Previdência.

Há no governo quem mire outras frentes de batalha. Não é à toa, portanto, que na área de comunicação do governo ocorre mais uma mudança, justamente às vésperas da marca dos 100 dias, com a alteração do perfil da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Antes focada na busca por irregularidades em contratos assinados por gestões anteriores, agora a Secom deve tratar de ampliar a audiência do presidente, que tem usado as redes sociais como principal plataforma de divulgação de suas ideias, projetos e realizações. Isso porque cresce a pressão no governo para que Bolsonaro use mais sua prerrogativa de presidente da República e aproveite a capilaridade da rede nacional de rádio e televisão para levar sua imagem e seu discurso a toda população.

Outra crítica interna feita à estratégia até então adotada foi a ausência de viagens nacionais na agenda do presidente, pendência que tende a ser resolvida em breve. Até o momento, Bolsonaro privilegiou viagens internacionais ou compromissos fora do Palácio do Planalto quase sempre relacionados às Forças Armadas. Agora, estão previstas uma viagem para Campina Grande (PB) e outra para a região Norte, onde poderão ser lançadas medidas concretas relativas às metas fixadas para os 100 dias, como o 13o salário para beneficiários do Bolsa Família e iniciativas para o desenvolvimento de tecnologias de dessalinização de água.

No Planalto, outro objeto de questionamento é o processo de tomada de decisão do presidente. “A gente acha que convenceu ele de manhã e à tarde volta tudo como antes”, lamenta um assessor.

O mandato de Bolsonaro está apenas no início. Há tempo suficiente para mudanças de rota, mas é preciso senso de urgência devido às preocupantes perspectivas de desaceleração da economia global e foco no que realmente importa: retomada do emprego e reativação da economia doméstica.

Ainda na época da transição entre os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, um experiente líder do Centrão projetava: o presidente eleito logo seria levado a entender que seu discurso contra os partidos políticos tradicionais fora útil na campanha eleitoral, mas poderia representar um entrava para seus planos no Congresso Nacional. “Em seis meses ele percebe, mas aí a conversa com a gente vai ser num patamar diferente”, dizia essa liderança. Levou menos tempo do que esperavam os líderes do Centrão. Bolsonaro os convidou para uma conversa no Palácio do Planalto depois de aproximadamente três meses de tomar posse. (Valor Econômico – 09/04/2019)

Fernando Exman é coordenador do “Valor PRO” em Brasília – E-mail: fernando.exman@valor.com.br

Rubens Bueno quer anular censura da Caixa contra lotéricos

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Rubens Bueno é autor do projeto aprovado em comissão da Câmara

O deputado federal Rubens Bueno (Cidadania-PR) apresentou nesta terça-feira (09) Projeto de Decreto Legislativo (PDL 99/2019) para retirar da Circular 816/2019 da Caixa Econômica Federal itens que na prática estabelecem uma espécie de censura contra os lotéricos de todo o Brasil. Pela regra estabelecida no documento que dispõe sobre a “Regulamentação das Permissões Lotéricas”, a instituição impede a livre manifestação de opinião dos lotéricos em relação a Caixa nas redes sociais ou qualquer outro meio. A desobediência ao item pode acarretar, inclusive, na revogação da permissão em caráter unilateral.

Na avaliação do parlamentar, a regra é uma verdadeira “lei da mordaça” que tenta sufocar o movimento reivindicatório dos lotéricos que há anos vêm lutando por melhores condições de trabalho e de negociação de contratos com a Caixa.

“Trata-se de verdadeiro cerceamento ao direito de livre expressão a todos os empresários lotéricos do Brasil. Por óbvio, não cabe a uma circular emitida pela Caixa limitar o direito à livre manifestação do pensamento e de livre expressão, previstos no artigo 5º de nossa Constituição Federal. Sem dúvida, esse item da Circular exorbita da intenção do documento de regulamentar as permissões lotéricas e, por essa razão, estamos pedindo a exclusão desse ponto do documento”, explica o parlamentar.

Rubens Bueno se refere, entre outros, ao item da circular, assinada no último dia 3 de abril, que estabelece que “o empresário lotérico não deve manifestar-se de forma lesiva à imagem da CAIXA ou das Loterias CAIXA, nas redes sociais ou em qualquer outro meio”.

Na avaliação do parlamentar, além de cercear o direito de livre manifestação, trata-se de uma regra de avaliação subjetiva que poderá servir para que a instituição “amordace” empresários que lideram um movimento justo que reivindica melhorias nas relações entre os lotéricos e a Caixa.

“Aqui na Câmara temos inclusive uma Frente Parlamentar em Defesa dos Lotéricos que luta pela revisão da relação contratual com a Caixa. As lotéricas são responsáveis pela distribuição, renda e bancarização da população deste país. A Caixa as utiliza para chegar à população e as transformou em agências bancárias, mas paga taxas abaixo das praticadas no mercado bancário”, explica.

Existem hoje no Brasil mais de 13 mil casas lotéricas. Elas empregam cerca de 70 mil trabalhadores, atendem 120 milhões de pessoas e, em muitas cidades, são o único estabelecimento disponível para a realização de serviços bancários.

No #ProgramaDiferente, o centenário do arquiteto Sérgio Bernardes

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O #ProgramaDiferente (veja abaixo) registra o centenário de nascimento do carioca Sérgio Bernardes, sua paixão pela arquitetura e o seu trabalho genial e revolucionário, realizado entre os anos 50 e os anos 90, e sempre tão atual. É interessante ainda notar o contraponto político e ideológico entre Sérgio Bernardes e seu sócio, parceiro e amigo mais famoso, Oscar Niemeyer. Será que tem polarização entre esquerda e direita até na arquitetura?