Brasil terá que agir com mais pragmatismo após eleição de Trump, diz presidente do Cidadania

A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos vai exigir muito empenho da diplomacia brasileira e uma atuação pragmática do governo Lula nas relações com a Casa Branca. A avaliação foi feita na manhã desta quarta-feira pelo presidente nacional do Cidadania, Comte Bittencourt, que espera ponderação na relação entre os dois países.

“Será preciso muito pragmatismo principalmente na área das relações comerciais para garantir equilíbrio e evitar prejuízos em nossa balança comercial, já que os Estados Unidos são um grande destino de nossas exportações e Trump, durante a campanha, acenou diversas vezes que irá aumentar o protecionismo, o que pode acabar fechando portas do mercado americano para nossos produtos”, avaliou o presidente do Cidadania.

As exportações de manufaturas brasileiras para os Estados Unidos atingiram US$ 29,9 bilhões em 2023, superando com folga a União Europeia (US$ 23,5 bilhões) e o Mercosul (US$ 19,4 bilhões). De acordo com levantamento feito pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em parceria com a Amcham Brasil, 9,6 mil companhias brasileiras exportam para os Estados Unidos. Em 2023, as exportações brasileiras alcançaram US$ 339,67 bilhões, resultado inédito para o país, superando em 1,7% os números de 2022. Os principais parceiros comerciais do Brasil são China, EUA, União Europeia e Argentina.

Respeito ao resultado

Comte também ressaltou que faz parte da tradição do Cidadania, mesmo tendo preferência pela candidatura da democrata Kamala Harris, o respeito ao resultado das eleições, que se deram de maneira democrática. “Respeitamos o princípio da autodeterminação dos povos. Foi uma decisão soberana do povo americano que deu a Trump a vitória não só na disputa de delegados como no voto popular”, frisou o presidente do Cidadania.

Migrantes brasileiros

Para Comte Bittencourt, outro ponto que vai merecer atenção do governo brasileiro é a questão dos migrantes. “Cerca de 2 milhões de brasileiros vivem nos Estados e grande parte deles não tem visto definitivo. Trump prometeu a deportação em massa dos migrantes e, se essa medida for colocada em prática, o Brasil precisa estar atento para defender nossos cidadãos de eventuais abusos por parte do governo Trump”, alerta.

Segundo a Agência da ONU para as Migrações (OIM), em 2022 pelo menos 1.900.000 brasileiros viviam nos EUA, constituindo a maior comunidade brasileira no exterior. Esse número aumenta a cada ano, pois milhares de pessoas continuam emigrando para o país, nem sempre de forma regular.

Meio ambiente e crise climática

A diplomacia brasileira também deve estar atenta ao posicionamento do governo americano com relação ao meio ambiente e as ações dos Estados Unidos diante da crise climática que atinge nosso planeta.

“Já há uma expectativa de que Trump retire novamente o país do Acordo de Paris. Ele acredita que a atividade humana é apenas uma das causas das mudanças climáticas, não necessariamente o fator dominante. Durante seus quatro anos no cargo de presidente, Trump atacou e revogou mais de 125 regras destinadas a proteger o meio ambiente e reduzir as emissões que causam o aquecimento do planeta”, relembra Comte Bittencourt.

O presidente do Cidadania também vê com preocupação os reflexos da eleição de Trump no resultado da COP30, que terá Belém como sede em novembro de 2025. No encontro, os países deverão apresentar suas novas metas climáticas para 2035, visando, entre outros pontos, a redução dos gases de efeito-estufa.

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