Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais (03/02/2023)
MANCHETES DA CAPA
O Globo
Senador envolve Bolsonaro em plano golpista contra Moraes
CGU vai retirar sigilo de processo de Pazuello
Daniel Silveira é preso
A beleza e a luta dos imanomâmis chega a NY
Gloriosa para sempre
O Estado de S. Paulo
Senador liga Bolsonaro a plano para prender Moraes e dar golpe; sob pressão, recua
STF crê estar perto de líderes de atos radicais
Dólar chega a cair abaixo de R$ 5 um dia após decisões de Copom e Fed
Ex-deputado Daniel Silveira volta a ser preso pela Polícia Federal
Lula agora admite concorrer à reeleição em 2026 ‘se tiver saúde’
Dona da Ortopé é suspeita de fraude com uso de notas frias
Traficantes usam vacas para levar toneladas de drogas ao Líbano
Folha de S. Paulo
Senador aliado liga mais um plano golpista a Bolsonaro
PF volta a prender Daniel Silveira por ordem de Moraes
Empresas investigadas recebem emendas
Venda de ações da Americanas por diretores disparou pré-crise
Varejista afeta balanço do Santander no 4º tri
Yanomamis deixam rituais para fazerem parto na cidade
Presidente do Proarmas diz a CACs para que não registrem armas na PF
Glória Maria, ícone da TV brasileira, morre no Rio
Filipinas liberam mais bases militares aos EUA, e China vê risco à paz
Valor Econômico
Atividade começa a sentir efeito do aperto monetário
Copom e risco fiscal aceleram juros futuros
Dólar tem maior queda desde junho
Supremo já tem maioria para ‘derrubar’ decisões definitivas
PF ouve senador sobre suposto plano de golpe
EDITORIAIS
O Globo
Fim da guerra na Ucrânia depende de armas, mas também de diálogo
Ocidente precisa fazer o necessário para trazer russos e ucranianos de volta para a mesa de negociação
Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido e Polônia liberaram o envio de tanques de última geração para ajudar a Ucrânia a retomar territórios invadidos pela Rússia. Conselheiros do ucraniano Volodymyr Zelensky cogitam pedir caças americanos F-16, e entrou nas discussões até a retomada da península da Crimeia, sob domínio russo desde 2014.
Ninguém pode deixar de ter simpatia pelas razões ucranianas, vítima da agressão brutal e sem sentido da Rússia. Mas, depois de um ano de guerra, ainda não está claro como será o desfecho. Ao mesmo tempo que armam os ucranianos para a ofensiva, era hora de Estados Unidos e Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) atuarem para restabelecer o diálogo entre Moscou e Kiev. Não interessa a ninguém um conflito na Europa, ameaça constante à paz e à economia mundial.
No afã de armar a Ucrânia, é preciso toda atenção para evitar que o russo Vladimir Putin, acuado por derrotas no campo de batalha, decida usar seu arsenal nuclear. De acordo com os analistas Samuel Charap e Miranda Priebe, da Rand Corporation, nem Moscou nem Kiev conseguirão se declarar vencedores do conflito. Além da ameaça nuclear, eles apontam, entre os riscos para o Ocidente, o aumento da dependência russa da China, vista como maior rival dos americanos na disputa pela hegemonia mundial.
O Kremlin, como repete o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, entende que a guerra na Ucrânia é contra a Rússia, uma ameaça à integridade do país. A Ucrânia, como disse Zelensky ao Fórum Econômico Mundial em Davos, deseja ter força para “apanhar de volta o que é nosso” (inclusive a Crimeia). Por essa lógica, não haverá chance para a paz. Mesmo que as forças ucranianas expulsem os russos do seu território, os analistas da Rand lembram que Putin ainda contará com Marinha, Força Aérea e mísseis para continuar a causar mortes e destruição na Ucrânia. O prolongamento do conflito não é bom negócio para nenhum dos lados.
Por tudo isso, é preciso que americanos e aliados trabalhem para que Moscou e Kiev cheguem a um armistício. Hoje, segundo Charap e Priebe, nem um cessar-fogo é possível. Será preciso que as lideranças russas e ucranianas se convençam de que não é mais possível avançar com armas para então se sentarem para conversar. O excesso de confiança na guerra tem impedido qualquer acordo.
Nas conversações patrocinadas pela Turquia em Istambul, faz parte de um esboço de acordo de paz o compromisso da Ucrânia de ser um país neutro, sem entrar na Otan nem se alinhar automaticamente com o Ocidente. A formalização desse entendimento, afirmam os analistas, pode reduzir a incredulidade do Kremlin diante de qualquer oferta de Kiev e Washington.
Em contrapartida, Estados Unidos e aliados se comprometeriam a zelar pela segurança da Ucrânia diante de qualquer ameaça russa. Mesmo desafiadora, a tarefa de traçar fronteiras com concessões territoriais de lado a lado não é impossível. A guerra foi longe demais. O Ocidente tem de se preocupar em encerrá-la para debelar as ameaças.
O Estado de S. Paulo
A urgência da vacinação
Após o longo inverno negacionista, com baixa cobertura vacinal, finalmente teremos campanha de imunização
Fez bem o Ministério da Saúde ao anunciar que dará prioridade à vacinação da população brasileira, com uma primeira campanha nacional já marcada para começar em 27 de fevereiro, logo após o carnaval. Os baixos índices de cobertura vacinal no País, hoje, representam verdadeira ameaça à saúde pública, com risco até mesmo de que doenças erradicadas, caso da poliomielite, voltem a se espalhar. Após quatro anos de negacionismo científico ditando rumos no governo anterior, é hora de investir fortemente na conscientização de todos acerca da importância das vacinas. Antes tarde do que nunca.
O primeiro alvo da campanha será a covid-19, doença que já matou quase 700 mil pessoas no Brasil. Ao contrário do que muita gente parece imaginar, a pandemia não terminou – e essa equivocada sensação de que a situação estaria sob controle acaba servindo de desestímulo à vacinação. Um erro.
A campanha terá início com a aplicação de doses de reforço bivalentes para grupos prioritários, como idosos (acima de 60 anos) e gestantes. Ou seja, pessoas mais propensas a desenvolver formas graves da covid-19 – para as quais a vacina oferece proteção. Em março, a mobilização será estendida a toda a população, primeiramente para quem tem mais de 12 anos e, a seguir, para crianças e bebês a partir de 6 meses.
Corretamente, a estratégia prevê o engajamento das redes de ensino básico, algo que pode fazer a diferença. O Ministério da Educação (MEC), governos estaduais e prefeituras serão parceiros, mas é imperioso que tal apoio não se limite a procedimentos burocráticos. Já passou da hora de somar forças e dar um salto na cobertura vacinal: uma ação bem coordenada tem potencial para atingir quase toda a população em idade escolar, considerando que as taxas de matrícula no País superam 90% das crianças e dos adolescentes na faixa de 4 a 17 anos. Em maio, também deverá ser promovida uma campanha de multivacinação contra a pólio e o sarampo nas escolas – mais um passo na direção certa.
Outra decisão acertada do Ministério da Saúde foi incluir a vacinação contra a covid-19 no Plano Nacional de Imunizações (PNI), de modo a garantir periodicidade e planejamento às ações. Isso ocorreu no início da atual gestão, ainda na primeira semana de janeiro, indicando que o tema passou a ser tratado com a devida seriedade. Infelizmente, o negacionismo do então presidente Jair Bolsonaro perante a pandemia contaminou o Ministério da Saúde à época. Tanto que, agora, o simples fato de que o atual governo não está fazendo nada além de sua obrigação, ao incentivar a vacinação, já é digno de elogio.
A desinformação alimentada por boatos e falsas notícias é inimiga das vacinas e, portanto, da saúde. Daí a necessidade de que as campanhas se contraponham à onda de mentiras e meias-verdades que minam a confiança da população. É preciso disseminar informações com base científica, enfatizando o papel essencial da imunização para uma vida saudável. Defender as vacinas é defender a vida, e o Ministério da Saúde tem motivos de sobra para repetir isso em alto e bom som.
Folha de S. Paulo
Foco nos líderes
Maquinações apatetadas ocorreram sob Bolsonaro; resta apurar o papel de cada um
A esta altura está claro que maquinações apatetadas de golpismo circularam em conversas sibilinas de autoridades federais ao menos desde que as urnas revelaram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência.
Não bastasse a minuta de decreto subversivo encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, veio de Valdemar Costa Neto, chefão do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, a afirmação de que documentos com teor semelhante eram lugar-comum à época.
Agora o senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirma que houve tentativa de aliciá-lo para uma dessas “operações Tabajara”. Ela envolveria gravar conversas com o ministro Alexandre de Moraes e teria sido urdida diante do próprio Bolsonaro e do notório ex-deputado Daniel Silveira.
Do Val foi e voltou com versões contraditórias, e Costa Neto à Polícia Federal diz que mencionou apenas metaforicamente o golpismo desenfreado.
Nenhum dos dois é flor que se cheire, e a hipótese de estarem fabricando cortinas de fumaça para embaraçar as investigações não deveria ser descartada.
Silveira voltou para a cadeia nesta quinta (2), por razão aparentemente distinta da rocambolesca história de Do Val —violou requisitos da liberdade restrita que lhe havia sido imposta por Moraes.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) confirmou ter havido o encontro entre seu pai e a dupla de parlamentares, mas disse que não houve crime nenhum, e sim a tentativa de dissuadir outros participantes de praticar uma sandice. A PF ouviu Do Val nesta quinta.
Como se nota, há muito ainda a ser apurado, e é preciso que as autoridades policiais avancem com total segurança nesse vespeiro.
Durante os 60 dias entre o segundo turno e o fim do mandato de Bolsonaro, não resta dúvida de que a patuscada golpista correu pelos altos gabinetes do Executivo federal. Falta esclarecer o papel de cada um na chanchada.
Ainda que tenham ficado muito longe de derrubar a democracia —porque o Brasil do século 21 não admite quarteladas—, os aloprados que ocupavam posições de alta responsabilidade precisam ser investigados e processados pelos crimes que cometeram.
Identificar, condenar e afastar da vida pública os líderes do devaneio autoritário deveria galvanizar as energias da Procuradoria-Geral da República e da Justiça.