Senador diz que empresário “faz troça” e “brincadeira com a vida das pessoas” (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)
O líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE) acusou o empresário Carlos Wizard, durante depoimento à CPI da Pandemia, nesta quarta-feira (30), de usar sua riqueza e contatos privilegiados no governo, ajudar a disseminar o chamado “tratamento precoce”, com remédios não reconhecidos pela ciência, “num processo de profunda vaidade e desrespeito ao ser humano”.
Diante das muitas citações bíblicas feitas por Wizard, na sua apresentação, Alessandro Vieira lembrou um provérbio bíblico, segundo o qual “a humildade antecede a honra” – e disse que faltou a ele humildade.
“O tribunal que mais lhe importa não leva em consideração patrimônio, leva em consideração exemplo de vida. E seu exemplo foi o pior possível”, disse o senador ao empresário, que se recusou responder todos os questionamentos à CPI.
Ao lembrar o habeas corpus de Wizard, concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal para que ele ficasse em silencia na CPI, o senador lembrou que, “por suas condições financeiras notoriamente elevadas”, o empresário tem condições de pagar “uma extraordinária banca de advogados”, que garantiram o direito de não responder aos questionamentos aos integrantes da comissão. Mas nada disso, na avaliação, restituiu a sua honra.
“Foi para isso que o senhor se preparou a vida inteira? Para chegar diante do Brasil, no Senado da República, e não ter a capacidade de defender suas posições – eivadas de desconhecimento e desrespeito, dentro de um governo ignorante?”, perguntou Alessandro Vieira, sem obter resposta.
Vídeo
A pedido do senador, foi exibido um vídeo mostrando Wizard, em entrevista à ex-apresentadora e youtuber Leda Nagle, citando a cidade de Porto Feliz, no interior de São Paulo – considerada pelos negacionistas um ‘exemplo de tratamento precoce’. Na ocasião haviam lá 40 óbitos pela doença- número que cresceu muito depois disso.
“Sabe quem são esses 40?”, pergunta Wizard, no vídeo, com sorriso aberto.
“São aqueles que ficaram em casa, e não procuraram atendimento médico imediato”, diz na entrevista.
“Esse vídeo contextualiza sua absoluta falta de humildade. O senhor certamente imagina que seu patrimônio lhe coloca numa condição suficiente de fazer troça, de fazer brincadeira com a vida das pessoas. Dando uma recomendação que não corresponde àquilo que a ciência diz. Baseado num processo de profunda vaidade e desrespeito ao ser humano”, afirmou Alessandro Vieira. (Assessoria do parlamentar)