Médica não mostrou estudos científicos confirmando a eficácia do tratamento com cloroquina em pacientes infectados pelo novo coronavírus (Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado)
O líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE), defendeu um novo depoimento da médica oncologista Nise Yamaguchi à CPI da Pandemia, nesta terça-feira (01), após a exibição de um vídeo na sessão da comissão em que ela diz que falava o ‘tempo todo’ com o presidente Jair Bolsonaro, depois de negar que isso acontecia. Ela depôs à CPI na condição de convidada.
“Ela [Nise Yamaguchi] já afirmou aqui que mal falava com o presidente da República, que nunca esteve com ele sozinho. Em junho de 2020, foi publicado um vídeo onde ela anuncia publicamente as seguintes palavras: ‘Mandei mensagem para ele, ele não precisava me sondar, sondar pra ser ministra. Ele me conhece e a gente se fala o tempo todo’. Então, a questão de ordem objetivamente, é pela suspensão ou encerramento da sessão, para que ela seja reconvocada como testemunha, como deve ser”, pediu o parlamentar do Cidadania.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), cogitou a possibilidade, mas desistiu da ideia.
Ao ser questionada por Alessandro Vieira, a médica não mostrou estudos científicos confirmando a eficácia do tratamento com cloroquina em pacientes infectados pelo novo coronavírus.
Nise disse que havia “mais de 100 artigos” que reforçam, segundo ela, sua tese sobre o medicamento ineficaz. O senador pediu, então, que a médica citasse algum estudo específico.
Ela vasculhou uma pilha de papel que levou à CPI, mas conseguiu falar apenas em testes feitos pela Henry Ford Foundation. Argumentou que essa publicação seria válida, por ter revisão sistemática da literatura e trazer informações sobre os estudos nos Estados Unidos.
Nise foi interrompida por Alessandro Vieira, que acusou a médica de apresentar “uma pilha de papel sem interesse” para a CPI.
O senador retomou às perguntas e disse ter a ‘expectativa’ de que a médica consiga ‘recuperar a credibilidade’ pelo histórico de seu currículo profissional.
“É inaceitável um profissional de alta qualidade rejeitar os estudos técnicos de entidades qualificadas e tentar valorizar ou divulgar estudos que foram encerrados, como é o caso do estudo da Henry Ford, por exemplo”, lamentou Alessandro Vieira, ao indagar se ela tinha consciência de que o estudo citado foi descontinuado.
“Não foi essa informação que eu tive”, limitou-se a responde Nise.