Candidata percorreu ruas da capital baiana em caminhada e visita sede do bloco Ilê Aiyê (Foto: Divulgação)
A candidata a presidente da coligação Brasil para Todos (MDB, Cidadania, PSDB e Podemos), Simone Tebet (MDB), realizou, na manhã desta terça-feira (13), uma caminhada pelas ruas de Salvador (BA). Ela percorreu a região da Liberdade e seguiu até a Associação Cultural Ilê Aiyê, formada a partir do primeiro bloco brasileiro composto por afrodescendentes. Na língua iorubá, Ilê Aiyê significa ‘mundo negro’. O grupo foi criado em 1974 por moradores do bairro do Curuzu.
Em entrevista coletiva à imprensa, Simone destacou que o objetivo da visita à capital baiana era assumir compromissos básicos com a nação, notadamente no combate ao racismo estrutural e à desigualdade, que têm impacto direto nos indicadores de violência.
“Este é um Brasil que, definitivamente, precisa ser de todos e para todos. Não pode ser o País em que a maior vítima da violência é o jovem preto da favela da periferia”, disse.
Levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz aponta que, entre 2012 e 2019, a taxa de mortalidade por homicídio de jovens negros foi 6,5 vezes maior que a média nacional. O estudo mostrou ainda que crianças e adolescentes negros de até 14 anos morrem 3,6 vezes mais por armas de fogo do que as crianças brancas.
“Quero também assumir o compromisso com as cotas e com as ações afirmativas. A cara mais pobre no Brasil não pode continuar sendo a de uma mulher preta e nordestina”, disse Simone.
Ela destacou que a ‘verdadeira face do País’ é a da diversidade e a igualdade de oportunidades não pode ser menos do que uma meta central para o poder público.
“E isso só se faz pela Educação”, frisou Simone.
Ainda em relação ao combate à violência, a candidata a presidente disse que vai recriar o Ministério Nacional da Segurança Pública para barrar o crime organizado.
“Isso para que as drogas e armas não cheguem nos grandes centros urbanos e façam dos jovens as suas maiores vítimas”, explicou.
Projetos e ações sociais
Criado como bloco, o Ilê também desenvolve projetos e ações sociais que promovem a inclusão de crianças e adolescentes na arte, educação e cultura, como a Escola de Percussão, Canto e Dança, a Banda Erê e a Escola Mãe Hilda, para alunos do ensino fundamental, com currículo que busca disseminar a cultura da população negra e afrodescendente no ambiente escolar. Parte dessas instalações, contudo, encontra-se desativada.
“É lamentável que isso não esteja funcionando por falta de apoio”, disse Simone.
Na caminhada e na visita à associação, a candidata ao Planalto foi acompanhada pelo presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, pelo presidente do MDB Afro e candidato a deputado federal, Nestor Neto, pelo deputado federal Joceval Rodrigues (Cidadania) e pela secretária de Cultura de São Paulo, Aline Torres.
Na Associação Cultural Ilê Aiyê, Simone foi recepcionada por Antonio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, além de diretores da entidade como Osvalrizio do Espirito Santo, Carlos Bamba e Vivaldo Benvindo dos Santos.
Coletiva de imprensa
Em Salvador, na coletiva de imprensa, Simone foi questionada sobre o pedido feito pelo ex-jogador Raí para que ela e Ciro Gomes apoiem a candidatura de Lula no primeiro turno.
“É preciso entender que essa é uma eleição de dois turnos. Então, a gente tem que saber que não é uma corrida de 100 metros. Agora é hora de o eleitor escolher aquele que, de acordo com sua consciência, será o melhor ou a melhor presidente do Brasil. E, no segundo turno, fazer uma opção entre os dois”, destacou Simone.
“Essa não pode ser a eleição do medo. Isso não vai dar certo”, completou a candidata sobre o pedido de Raí.
Para a candidata, ‘esta é uma eleição diferente de tudo que já vimos’.
“É a mais importante da nossa história, onde o Brasil nunca passou por tantos retrocessos, onde está tendo que discutir de novo se tem perigo ou não de ruptura institucional. Olha a situação! Então, não pode votar por medo, no menos pior, porque isso não vai dar certo. A gente tem que lembrar que o Brasil não termina em 2 de outubro. Os problemas só recomeçam”, disse.
Pesquisas
Simone acrescentou que as sondagens eleitorais mostram uma crescente adesão à sua candidatura.
“Tem pesquisa que dá 4% e tem pesquisa que já deu 7%. A nossa, em São Paulo, está em 10%, num estado que tem um quarto dos eleitores brasileiros”, afirmou, ao lançar um alerta:
“Essa polarização não termina no dia 2 de outubro. Ela só vai radicalizar. E deixo uma questão no ar: numa vitória no primeiro turno, se acontecesse, o que não vai acontecer, a diferença seria tão pequena, tão pequena, que a gente teria que enfrentar quatro anos de discussão sobre o resultado de urnas, se as urnas são seguras, de contestação. E, no segundo turno, é óbvio, qualquer um dos dois, eu e qualquer um que vá, a diferença tende a ser confortável, que dê tranquilidade para o eleitor dizer o seguinte: ‘as urnas são seguras’, porque o são, ‘o resultado das urnas vai ser respeitado’, porque serão. Eu seria a primeira a estar na frente, como um escudo, protegendo o TSE. Porque ao proteger o TSE, vamos proteger a democracia brasileira”, disse Simone.
Poupança jovem
Na coletiva, Simone também foi questionada sobre a implementação do “Poupança Jovem”, programa presente em seu plano de governo, que prevê a realização de depósitos anuais por parte do governo federal na conta de alunos de baixa renda, ao longo do Ensino Médio.
O objetivo é estimular a permanência dos jovens nos bancos escolares. Ao concluir essa etapa da educação, define o projeto, o estudante poderá retirar a quantia acumulada, que pode chegar a R$ 5 mil, e usá-la como quiser. A candidata lembrou que a ex-primeira-dama Ruth Cardoso utilizou uma estratégia semelhante para incentivar as mães a colocarem seus filhos nas escolas.
“E nós vamos garantir internet nas redes públicas e, sim, vamos pagar para os jovens estudarem. Se o dinheiro está indo para a corrupção, para o ‘orçamento secreto’, então, vamos dá-lo aos jovens”, disse Simone Tebet. (Assessoria da candidata)