Em entrevista para a Folha de Alagoas, pré-candidato do Cidadania ao governo diz que é preciso investigar manipulação de partidos no estado
O secretário-geral do Cidadania e pré-candidato do partido ao governo alagoano, Regis Cavalcante, disse, em entrevista ao programa A Ponte, da Folha de Alagoas, que o senador Rodrigo Cunha não teve compromisso histórico com o PSDB e passará a campanha tendo de explicar por que foi se abrigar nos braços do centrão.
Régis lembrou que ele não era um filiado comum, mas presidente do PSDB no estado, senador e o nome da federação ao governo. E registrou a incoerência de Cunha, pelos valores que sempre defendeu, de aceitar o jogo político do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no que chamou de “manipulação de partidos”.
Envolvido na operação Taturana, que investigou funcionários fantasmas, rachadinhas e desvio de dinheiro público na Assembleia Legislativa de Alagoas, Lira articulou a ida de Cunha para o União Brasil e de sua prima Jó Pereira para o PSDB, numa tentativa de amarrar PSDB, Cidadania, União Brasil e PP no mesmo palanque.
“Boa política é você ter coerência nas suas posições. Quem vai ter que se explicar o tempo todo é o senador. Por que saiu de um partido com as características do PSDB e foi se submeter ao jogo de um outro político? Lira está por trás de tudo isso. Está botando a prima dentro do PSDB para levar o tempo e a estrutura da federação para o candidato que tirou do bolso, que é o senador”, criticou.
“Cunha saiu do PSDB na última hora, esvaziando o partido. Ele é um mamulengo nesse processo. Como é que ele deixa a federação, com a perspectiva de ser candidato a governador, e vai para quem sempre condenou? Ele condenava o Arthur Lira quando era da Assembleia. Quem individualiza apenas para o projeto pessoal inviabiliza a construção de um programa de mudanças”, sustentou.
Trabalhar para quem precisa
Régis disse que irá até o fim, apesar das dificuldades de manter a candidatura de um professor universitário ao governo estadual. Lembrou sua trajetória política, o êxito como deputado federal, o mais bem avaliado em ranking da Folha de São Paulo à época, e ponderou que a política não pode seguir transformada em “facções familiares”.
“Você viu o prefeito de Maceió. Tem irmão, pai, mãe e só não coloca o filho porque só tem 1 ano de idade. Se não botaria também como candidato. Não é só o prefeito de Maceió não. A política em Alagoas historicamente se transformou em um butim de uma elite privilegiada”, analisou.
Na avaliação do pré-candidato ao governo de Alagoas, o estado precisa ser mais bem planejado, com um projeto voltado para a melhoria do Sistema Único de Saúde, e para o cuidado com as pessoas, não apenas com obras.
“Com tanto investimento em termos de obras, e a saúde faltando raio x, ultrassonografia. 700 mil jovens ganham até meio salário-mínimo e estão fora do mercado de trabalho. Fazem serviços eventuais. Nós temos a menor renda familiar do país. É o estado que mais concentra renda na mão de poucos. Se não invertermos essa equação, estamos fadados ao insucesso”, argumentou.
Ele também disse que segue conversando sobre a federação em Alagoas com Pedro Vilela, sobrinho do ex-governador Teotônio Vilela. E fez um elogio ao tio. Lembrou que quando governador, ele recusou a construção de um estádio de futebol para a Copa do Mundo em razão de uma dispendiosa lista de contrapartidas, preferindo investir os recursos na população.
“É construir um modelo econômico e ter um planejamento estratégico no Estado definido: vou trabalhar para quem mais precisa”, elogiou.
Veja a íntegra da entrevista abaixo: