Aproximação com centro, via Geraldo Alckmin, é apenas encenação, diz presidente do Cidadania
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, afirmou neste sábado (8) que as recentes declarações do ex-presidente Lula e de lideranças do PT propondo revogação da reforma trabalhista, do teto de gastos e de privatizações desmascaram a tentativa de moderação da pré-candidatura petista ao sinalizar o ex-governador Geraldo Alckmin como vice.
“Toda a movimentação de aproximação com Geraldo como se fosse uma aliança com o centro democrático, para um programa em que o centro pudesse fazer parte de um governo Lula, vai por água abaixo. Alckmin é candidato a figura decorativa numa gestão radicalizada e contrarreformista, dominada por gente cuja mentalidade parou no tempo da guerra fria”, argumentou.
Segundo avaliou Freire, o revanchismo latente nas falas de Lula e Gleisi Hoffmann, presidente do PT, deixa claro que o gesto ao ex-tucano vai na posição contrária ao observado nas eleições de 2002, quando os petistas buscaram o empresário José Alencar para a vice, sinalizaram moderação com a Carta aos Brasileiros e mantiveram, nos primeiros anos, a política econômica herdada da gestão Fernando Henrique Cardoso.
“Lá, o movimento com Zé Alencar foi concreto. Agora, não dá para levar a sério. Lula usa Alckmin para vender moderação e enganar a opinião pública, mas está num processo de radicalização. É puro oportunismo. Não há movimento concreto em direção ao centro, só encenação. É o retorno da velha esquerda estatizante e admiradora de ditaduras anacrônicas”, reiterou.
O presidente do Cidadania ponderou que o governador de São Paulo, João Dória, tem razão ao apontar que o programa que Lula está colocando na rua, tendo o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como porta-voz, aponta para o atraso.
“É o atrasão. Retrocesso mesmo. O campo democrático precisa ter a exata compreensão de que o Brasil não pode ficar prisioneiro do passado. Há setores junto a Lula que ainda vêem o mundo como se vivêssemos antes da queda do Muro de Berlim e da União Soviética, com o imperialismo ianque como grande inimigo, quando a economia, globalizada e com processos de produção descentralizados, vai em outra direção, assentada em inteligência artificial e na era das redes”, criticou.
Ele ainda questionou se Lula e o PT também pretendem revogar reformas como o Novo Marco do Saneamento Básico, que multiplicou por 10 o valor total dos projetos de saneamento em fase de contratação na carteira do BNDES: de R$ 3 bilhões ao ano até 2019 para R$ 35,3 bilhões após aprovação da nova legislação.
“A uberização do trabalho não será resolvida com uma lei da década de 40 do século passado. É preciso encontrar formas de garantir direitos aos trabalhadores na perspectiva desse futuro das redes, da robotização e da inteligência artificial, que acabará com velhas ocupações e criará novas. No saneamento, a reforma, trazendo investimentos privados pra tirar 100 milhões de brasileiros do esgoto a céu aberto, é uma solução já clássica. Vão rever também e manter brasileiros pisando na merda por faltar esgoto sanitário como há muito tempo estão, sem melhora alguma nos tempos dos governos Lula/Dilma?”, indagou.