Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (12/01/2022)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

OMS: Ômicron deve infectar mais da metade dos europeus em 2 meses
Desfalques por Covid já impactam a Saúde
Pfizer terá vacina atualizada em março
Como fazer o teste caseiro, prestes a ser liberado
Ludhmila Hajjar – ‘Em uma semana sistemas de saúde devem colapsar’
Rio tem 90% dos internados com déficit de vacina
País onde convivem enchentes e seca
Deputado destina verbas em benefício da própria família
Governo cria renegociação alternativa para MEI e Simples
Inflação em 2021 foi de 10,06%, a maior desde 2015
Ampliar Santos Dumont deve piorar acesso ao Centro
Biden defende reformas eleitorais para proteger voto

O Estado de S. Paulo

Após maior inflação em 6 anos, novo estouro da meta é previsto
Nível de reservatórios melhora, mas não alivia conta de luz
Nova onda de covid fecha agências bancárias em pelo menos 4 Estados
Grupos disputam protagonismo na elaboração do plano econômico de Lula
Programa de Doria prevê privatização do BB e fatiamento e leilão da Petrobras
São Paulo avalia retomar restrições a grandes eventos
Projeto no RS entrega a mais pobres R$ 100 por trimestre
Governo anuncia programas para dívidas do Simples
Deterioração em ponte na Raposo Tavares assusta

Folha de S. Paulo

Inflação de 2021 fecha acima de 10%, a maior desde Dilma
Generais tentam isolar Bolsonaro na crise da vacina
Presidente desvirtua leis atuais, avaliam pesquisadores
Chuvas em Minas deixam 10 mortos em 24 horas
Internações diárias em UTI por Covid sobem quase 70% em SP
Doria quer restringir eventos para evitar aglomerações
Sem Ford, Camaçari (BA) vê rastro de desemprego
Teto de gastos está morto e precisa ser substituído, afirma Pastore
Papa faz críticas à cultura do cancelamento

Valor Econômico

IPCA supera 10% e reforça quadro de juro alto em 2022
Frete marítimo se mantém em nível recorde
Covax prevê cobertura de 40% neste ano
Escassez de testes ameaça Brasil
Nuvem sustenta demanda por centro de dados

EDITORIAIS

O Globo

Inflação fora da meta representa risco para 2022

Foi o pior resultado registrado desde 2015

A inflação oficial de 2021, anunciada ontem pelo IBGE, ficou pouco acima de 10%. Foi o pior resultado registrado desde 2015, quando o cavalo de pau aplicado na política de juros pelo Banco Central no governo Dilma Rousseff levou ao descontrole nos preços. Desta vez, apesar da reação tardia do BC à pressão inflacionária da pandemia, a política de juros começa a se mostrar eficaz.

Depois de 11 meses de alta, a inflação acumulada em 12 meses começou enfim a ceder. Caiu de 10,74% em novembro para 10,06% em dezembro. Pode ser um primeiro sinal de vitória contra a herança mais nefasta que o presidente Jair Bolsonaro deixará ao sucessor. A inflação corrói o poder de compra de todos, mas atinge com maior intensidade os mais pobres, como demonstram os números de 2021.

Num país que ainda tateia na transição para uma economia de baixo carbono, o transporte dependente do petróleo e dos combustíveis fósseis foi o principal vilão dos preços no ano, com alta acima de 21% (só a gasolina subiu quase 48%; o etanol, 62%). Os outros vilões foram a habitação (alta de 13%), artigos de residência (12%), vestuário (10%) e alimentação (8%). Na lista das maiores altas estão café, açúcar, legumes, frutas, carnes, frango — e tudo o que afeta diretamente o bolso da população.

Embora a curva de preços tenha enfim virado para baixo em dezembro, o resultado voltou a ficar aquém do que esperavam os analistas de mercado, e os fatores estruturais que impulsionam a alta persistem. A batalha está longe de vencida. Será dificílimo que o BC cumpra a meta inflacionária deste ano, mantendo o índice entre 2% e 5% (analistas preveem mais de 5%). Para 2021, o teto da meta era de 5,25%.

Por tê-la descumprido, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, teve de enviar uma carta pública ao ministro da Economia, Paulo Guedes, explicando os motivos. Atribuiu a maior parcela do desvio da meta (69%, ou 4,38 pontos percentuais) à “inflação importada”, resultado de gargalos logísticos globais, da alta do petróleo e outras matérias-primas, além da súbita recuperação mundial depois da recessão de 2020. O único fator interno que apontou foi a crise de energia. Mas o Brasil não tem como exportar toda a responsabilidade por suas mazelas.

Pelos últimos números da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre as 46 principais economias, apenas Turquia e Argentina registraram inflação maior que a brasileira nos 12 meses encerrados em novembro (o quadro de dezembro é semelhante). A recuperação da demanda global e a alta das matérias-primas contribuíram para o saldo recorde na balança comercial brasileira em 2021. Apesar disso e das reservas cambiais que fecharam o ano em US$ 362 bilhões, o dólar se manteve em alta, impedindo o barateamento de produtos importados que reduziria a inflação. Com o dólar alto, os combustíveis também se mantiveram em alta.

Os motivos — ausentes da carta de Campos Neto— foram dois: a incerteza política resultante das manifestações antidemocráticas de Bolsonaro e a desconfiança derivada da ruptura do teto de gastos e da apropriação do Orçamento pelo Centrão, sacrificando a última âncora fiscal que permitia vislumbrar um cenário de controle na dívida pública. E os responsáveis, que o presidente do BC também não mencionou, são dois: Guedes e Bolsonaro.

O Estado de S. Paulo

Desastres em dois dígitos

Com inflação e desemprego acima de 10%, o Brasil de Bolsonaro mantém desempenho muito pior que o da maior parte do mundo

Dois desastres econômicos e sociais de dois dígitos, inflação e desemprego, enriqueceram o currículo tenebroso do presidente Jair Bolsonaro em 2021. Empobrecimento foi a contrapartida para a maioria das famílias, com miséria e fome para as mais desafortunadas. A alta de preços até dezembro, de 10,06%, foi a maior desde 2015, quando um aumento de 10,67% premiou os desmandos da presidente Dilma Rousseff. Mas nem com a recessão de 2015-2016 a petista conseguiu elevar a desocupação a 14%, taxa superada em vários trimestres pelo presidente negacionista e inimigo da vacinação. O último levantamento mostrou 12,9 milhões de desempregados, 12,1% da força de trabalho. Não há sinais de melhora significativa até o fim do ano recém-terminado nem expectativa de grande redução do desemprego em 2022.

Já acuados pelas dificuldades de emprego, os brasileiros ainda viram seus ganhos devastados pelo forte encarecimento de bens e serviços. Transportes, habitação e alimentação foram os itens com maiores aumentos e maiores impactos no resultado geral da inflação. Comer ficou 7,94% mais caro, mas essa variação, inferior à de outros itens, ocorreu sobre uma base muito elevada. No ano anterior os preços de alimentos e bebidas haviam subido 14,09%. A alta acumulada em dois anos chegou, portanto, à assustadora taxa composta de 23,15%, num quadro de míseras oportunidades de trabalho e de remuneração. Mas a inflação, dizem figuras do Executivo, é um desajuste espalhado globalmente a partir de 2020, como efeito da pandemia. A rápida retomada inicial da economia chinesa pressionou preços de produtos agrícolas e minerais. Em seguida, surgiram desarranjos nas cadeias de suprimento de insumos, como semicondutores. A indústria automobilística mostra com muita clareza os danos causados por esses problemas. Custos de produção subiram em vários setores e afetaram os preços finais cobrados no comércio.

Problemas ocorreram globalmente, de fato, mas na maior parte do mundo a evolução dos preços tem sido muito mais discreta do que tem sido no Brasil. Nos 38 países-membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a inflação acumulada em 12 meses chegou em novembro a 5,8%, a maior taxa desde maio de 1996. No Grupo dos 20 (G-20), a alta de preços acumulada nesse período atingiu 5,9%. Mas essa média foi claramente influenciada pelos aumentos ocorridos em três países: 51,2% na Argentina, 10,7% no Brasil e 8,4% na Rússia. No mundo rico, a economia com pior desempenho nos preços, nos 12 meses até novembro, foi a dos Estados Unidos, com variação de 6,4%. Na União Europeia a média ficou em 2,9%, com a maior taxa, de 4,6%, registrada na Alemanha.

Menos afetados pela alta de preços ao consumidor, os trabalhadores das economias avançadas e da maior parte das emergentes também foram menos pressionados que os brasileiros pelo desemprego. Na OCDE, o desemprego caiu de 5,8% em setembro para 5,7% em outubro. Na zona do euro, a taxa média recuou, no mesmo período, de 7,4% para 7,3%. Nos Estados Unidos, passou de 4,6% para 4,2%.

Várias dessas economias encolheram mais que a brasileira, em 2020, mas com efeitos menos dramáticos no emprego, desajustes menos prolongados e danos sociais menos sensíveis. No Brasil, o auxílio emergencial aos mais pobres foi menos contínuo, a desocupação continuou muito elevada e os preços aumentaram mais intensamente depois da fase inicial da pandemia. A insegurança em relação ao quadro fiscal, especialmente quanto à dívida pública, tem sido constante e assim permanece.

A gestão das contas federais, com pouco planejamento, generosa distribuição de dinheiro a aliados do presidente e excessiva atenção a interesses eleitorais, complica o financiamento do Tesouro, pressiona os juros e gera permanente desajuste cambial. Insegurança econômica e inflação acelerada são algumas das consequências. A maioria dos trabalhadores pode nem ter noção dessas questões, mas essa gente é quem paga a conta dos desmandos praticados em seu nome e com seu dinheiro.

Folha de S. Paulo

A destruição de Palmares

Ao segregar livros, presidente de fundação ligada a movimento negro degrada ainda mais sua função

O atual presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, já deu demonstrações suficientes de despreparo para a função que ocupa. A dissintonia não é estranha ao governo de Jair Bolsonaro (PL), que se dedica, em muitas frentes, mais à destruição do que à construção institucional.

Os exemplos são vários e saltam aos olhos em setores mais suscetíveis à estratégia da chamada guerra cultural. Trata-se de enfrentar a suposta ameaça de um marxismo fantasmagórico que se infiltraria nas instituições e na cultura para destruir valores tradicionais.

Camargo talvez seja a face mais caricata e degradante desse padrão, que prosperou na Educação, no Ambiente e no Itamaraty, entre outros setores e órgãos do atual governo —caso notório da Cultura, na qual se inscreve a fundação.

Dedica-se o gestor a fazer o triste papel de um homem negro que nega o racismo estrutural e atribui aos próprios negros as situações adversas que enfrentam em razão de discriminações. Declarações como as que ridicularizam o Dia da Consciência Negra falam por si.

Camargo, contudo, não se contenta com seus disparates retóricos. Procura efetivar o desmonte da fundação com medidas estapafúrdias, como a tentativa de banir obras da biblioteca da instituição por representarem “temática não negra, francamente marxista”.

Autores como os economistas Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares entraram na lista de banidos do burocrata, ao lado de nomes como o historiador Marco Antonio Villa, um conhecido crítico de visões de esquerda.

Impedido pela Justiça de se desfazer das obras, Camargo criou uma seção para confiná-las, em cuja porta afixou os dizeres “Acervo da Vergonha”, com uma estrela vermelha e o símbolo da foice e do martelo.
Outra de suas obsessões é mudar o nome da fundação, trocando a referência ao quilombo liderado por Zumbi, no período colonial, por uma homenagem à Princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea.

Camargo seria apenas uma figura deprimente e insignificante não estivesse no comando de um órgão que foi criado em decorrência de reivindicações de movimentos de defesa dos direitos de negros no momento em que o Brasil promulgava uma nova Constituição, em 1988, e procurava deixar para trás os anos de ditadura militar.

De um gestor tão disfuncional e desprovido de qualidades nada de construtivo se pode esperar.

Valor Econômico

Com demanda fraca, queda da inflação depende do dólar

Janeiro é mês típico de pressão nos índices e o IPCA em doze meses até fevereiro ainda estará perto dos 10%

A pandemia sincronizou os ciclos econômicos ao redor do globo e, em menor grau, os impulsos inflacionários. Ainda que com pesos e dinâmicas diferentes, os motivos que levaram o IPCA no Brasil a atingir 10,06% em 2021 são basicamente os mesmos que levaram o CPI a 6,8% (novembro) nos Estados Unidos e o HICP a 4,9% na zona do euro. São eles: aumento vertiginoso de commodities, em especial petróleo, distúrbios nas cadeias de produção, com a demanda se deslocando para bens e recuperação dos serviços, com a maior mobilidade propiciada pela vacinação em massa. No caso brasileiro a inflação foi mais longe não só pelo resquício persistente de indexação da economia, mas, principalmente, pelo movimento altista do dólar que, pela lógica de situações semelhantes do passado, deveria cair.

Os índices de difusão não deixam dúvidas de que o cerne original de propagação dos preços – valorização das commodities alimentícias, energéticas e minerais em dólar – se disseminou pelos demais bens. Em dezembro, 75% dos itens coletados para o cálculo do IPCA tiveram aumento. No entanto, apenas a variação de preços de seis deles (etanol, gasolina, gás de botijão, energia elétrica, automóveis novos e usados) somou 4,29 pontos percentuais do IPCA. A disparada dos combustíveis se alastrou pela economia, porque é um insumo básico que influi nos custos de todos os produtos e serviços.

Por grupos, a influência desses itens no índice cheio foi ainda maior em 2021. Transportes, habitação (puxada por energia elétrica e gás) e alimentos contribuiram com 7,92 pontos percentuais dos 10,06% do resultado final. Essas constatações não diminuem o tamanho da encrenca inflacionária em 2021, a maior desde 2016 e a terceira mais alta do século. Mas sugerem limites para as intervenções convencionais da política monetária e para as condições de reversão dos preços. Na zona do euro, a inflação, sem energia e commodities agrícolas, representam metade do índice cheio, de 4,9%. Nos EUA, sem os mesmos itens, a inflação seria de 4,9% e não 6,8%.

Realidades específicas do Brasil jogaram o índice mais para cima no curto prazo. O setor de serviços começou a se recuperar mais tarde, dado o atraso inicial na vacinação. Em dezembro, a variação de seus preços quase triplicou (de 0,27% para 0,79%) e no ano atingiu 4,75% – ainda assim abaixo da média de evolução dos preços. A inflação subjacente de serviços avançou de 5,45% para 5,91%, segundo a consultoria MCM. A falta de matérias primas, peças e componentes fez com que bens industriais subissem 12% no ano, bem acima dos 4,52% em 2020, durante a pandemia.

Com o ritmo forte de alta dos juros, a inflação cairá em 2022, mas a intensidade e a velocidade são incógnitas. Para a baixa contam a queda da atividade da indústria, do comércio, que retirarão a pressão dos bens industriais. Haverá recuo também na inflação de serviços, setor castigado pela perda de renda e, agora, pela rápida propagação da nova variante ômicron. O ritmo geral da economia amortecerá o IPCA, com a conjugação de menor atividade, renda em queda (exceto para os que dependem dos programas sociais do governo), desemprego alto e menor oferta de crédito.

Os preços de energia residencial subirão menos, a julgar pelas previsões de um início de ano chuvoso. Os preços do petróleo e derivados, apesar da previsível volatilidade, podem mitigar a inflação, pois ainda que haja espaço para altas é difícil que elas ocorram muito além do pico alcançado em 2021. Mesmo assim, derrubar o IPCA abaixo de 5% parece uma proeza difícil de alcançar, a menos que o real se valorize ou as cotações do dólar estabilizem.

Quase metade da inflação é efeito do dólar que se valorizou quando normalmente tomaria o rumo contrário. Mas o cenário não é favorável ao real e a desinflação pode ser mais lenta do que poderia. Os juros nos Estados Unidos devem subir mais do que o previsto, dando sustentação à moeda americana. Estripulias fiscais do governo Bolsonaro parecem ter criado um piso para o recuo do dólar. Eleições em que o favorito é um candidato da esquerda também não são propícias a um comportamento comedido do câmbio.

Com os principais itens de pressão inflacionária fora do alcance da política monetária, o Banco Central talvez não precise ir além do que se espera com a Selic (11,75%). No curto prazo, o jogo está definido. Janeiro é mês típico de pressão nos índices e o IPCA em doze meses até fevereiro ainda estará perto dos 10%. Depois, com a economia rastejando, a inflação dependerá dos humores do dólar.

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