Amilton Gomes ofereceu contrato mentiroso ao governo enquanto milhares de brasileiros morriam de Covid, diz Alessandro Vieira

Diante do choro do depoente, o senador foi firme: ‘não me comovo com suas lágrimas’ (Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado)

O líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE), disse que CPI da Pandemia demonstrou nesta terça (3), ao ouvir o reverendo Amilton Gomes de Paula, intermediário de um negócio fake, que prometia fazer chegar 400 milhões doses da vacina AstraZeneca, que um número indefinido de vendedores, todos desqualificados como o reverendo, orbitou durante os últimos meses em torno do governo sem uma gota de vacina. Mesmo assim, conseguiam ao acesso ao mais alto escalão do Ministério da Saúde, entre outros órgãos do governo.

“Nada daqui é verdadeiro. Nada. A oferta de vacinas é mentirosa, a conversa fiada de apoio humanitário é mentiroso. Todos atrás de dinheiro, no pior momento da vida do Brasil. Se em algum momento na sua vida o senhor teve princípio cristão, já passou muito da hora do arrependiento. Agora é hora de punição”, afirmou Alessandro Vieira.

O depoente não conseguiu citar um único projeto concretizado por seu braço empresarial, nem ações sociais relevantes, embora todas a construção de sua imagem esteja ligada a um suposto altruísmo acima dos negócios. Amilton confirmou, no entanto, ter atuado como um dos elos para que a Davati Medical Supply — empresa americana representada pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti.

Por conta disso, participou de diversas reuniões com autoridades, onde o objetivo seria vender o suposto lote de AstraZeneca. O pastor-empresário-palestrante, que criou uma certa entidade evangélica privada, a Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), não conseguiu explicar, por outro lado, supostas doações da Davati para Senah.

“Não tem nada de humanitário nessa malandragem. Nada. O objetivo era financeiro, escamoteado com o nome de doação. O senhor é um consultor que não tem um projeto apresentado. É um missionário que se diz representante de várias entidades, e nenhuma reconhece sua participação. O mais absurdo não é estarmos aqui hoje numa CPI inquirindo uma figura como o senhor. O mais absurdo é o governo brasileiro dar espaço pra gente como o senhor. Enquanto as pessoas estavam morrendo, vocês estavam atrás de vantagem financeira”, apontou Alessandro Vieira.

O senador também referiu-se a um momento em que o depoente chorou.

“Ao contrário do meu colega Marcos Rogério [o senador que levou Amilton às lágrimas], eu não me comovo com as lágrimas. Com as suas não”, disse o parlamentar do Cidadania.

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