“Butantan prova, comprova, através de uma documentação enviada – e ele responde ao senador Angelo Coronel [PSD-BA] –, que de fato houve a suspensão”, afirmou a senadora (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Embora o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde coronel Elcio Franco tenha negado à CPI da Pandemia, nesta quarta-feira (09), ter recebido ordens do presidente Jair Bolsonaro ou do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para paralisar a compra da vacina CoronaVac com o Butantan no ano passado, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) mostrou documento do instituto informando a interrupção das negociações com o governo federal.
“Em cima de quem mentiu, se o Butantan, se o Pazuello, o presidente, o [ex]secretário”, reagiu a parlamentar diante da afirmação de Elcio ao relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL) de que ‘as tratativas não pararam’.
“Só depois de diversas gestões, no dia 7 de janeiro de 2021, é que o contrato de 46 milhões de doses foi firmado pelo Ministério da Saúde, ou seja, o Butantan prova, comprova, através de uma documentação enviada – e ele responde ao senador Ângelo Coronel [PSD-BA] –, que de fato houve a suspensão”, afirmou a senadora, com base em documento de posse da CPI, que entre o anúncio da compra da vacina e a contratação dos imunizantes se passaram quatro meses.
Eliziane Gama quis saber ainda de Elcio se houve por parte do Ministério da Saúde alguma diferença de tratamento na negociação em relação à CoronaVac e o imunizante de Oxford, da Fiocruz.
“Por que houve, por exemplo, uma agilidade em relação à vacina da Oxford e, ao mesmo tempo, se postergou em fechar o contrato e a oferta que foi apresentada, por exemplo, pelo Instituto Butantan?”, questionou a senadora.
Elcio respondeu que o desenvolvimento da AstraZeneca estava mais avançada na fase 3 e se tratava de uma ‘encomenda tecnológica’, e que a CoronaVac já era um vacina com domínio tecnológico do Butantan, que seria adquirida ‘como os demais imunizantes e soros’ que o instituto fornece ao Ministério da Saúde.
Esclarecimento
Por ter sido citada por Elcio Franco como uma das subscritoras do relatório da Comissão Temporária da Covid-19, em dezembro de 2020, no qual o ex-secretário afirmou que o colegiado reconhecia as ações do Ministério da Saúde no combate à pandemia do novo coronavírus, Eliziane Gama disse ter assinado o documento por ser decisão da maioria do colegiado.
“Mas quero também deixar aqui registrado os meus posicionamentos críticos acerca da atuação do governo naquele período, inclusive constando na sub-relatoria na qual eu fui autora. E aí, só para que fique claro, para que não saia, na verdade, a informação de que, em estando a minha assinatura no documento, eu concordei de forma plena com aquilo que constava no documento”, disse a senadora, que foi vice-presidente da comissão no passado.