Declaração da parlamentar ocorreu depois de depoimento da médica à comissão, nesta terça-feira (1), como convidada (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
A líder do bloco parlamentar Senado Independente, senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), defendeu que a médica Nise Yamaguchi, defensora do uso da cloroquina para tratamento precoce de Covid-19, volte a ser ouvida pela CPI da Pandemia na condição de investigada.
“É fundamental que a doutora Nise seja convocada por esta comissão na condição de testemunha ou de investigada, para o bom êxito dos trabalhos e sucesso das apurações”, alertou Eliziane.
A declaração da parlamentar ocorreu depois de depoimento de Nise à comissão, nesta terça-feira (1), como convidada, no qual negou ser a autora da minuta de decreto que previa a alteração da bula do medicamento.
A médica contradisse o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, que em depoimento à CPI apontaram Nise como autora do documento.
‘Gabinete paralelo’
Questionada por Eliziane Gama, a oncologista voltou a negar que faça parte do “gabinete paralelo”, apesar de deixar evidente em alguns trechos de sua fala ter influência junto ao presidente República.
“A senhora defende o uso de medicamento sem comprovação científica para tratamento precoce de Covid, é a favor da imunidade de rebanho, diz que a vacina não pode ser colocada de forma aleatória. Ou seja, o presidente da República pensa como a senhora. Pergunto: se considera uma pessoa influente no governo?”, insistiu a senadora.
Nise respondeu que é uma colaboradora e faz apenas “orientações científicas”.
Eliziane Gama também citou os gastos do presidente Bolsonaro com viagens durante a pandemia. Segundo matérias publicadas na grande imprensa, o presidente gastou R$ 18,5 milhões com viagens.
“A senhora recomendou a ele que visitasse algum hospital nesse período, Dra. Nise?”, questionou.
A médica afirmou que “não”.
Vacinação
A senadora do Maranhão ainda quis saber se a médica oncologista já tinha se vacinado contra o coronavírus. Em resposta, Nise Yamaguchi disse que, como portadora de doença autoimune, a vasculite, não pode se vacinar. E acrescentou que já teve Covid.
Entretanto, a Sociedade Brasileira de Reumatologia informou que os pacientes com doenças reumáticas autoimunes entre 18 anos e 59 anos deverão ser imunizados contra a doença. Dependendo da fase da doença, a vacinação deve ser discutida com o médico, já que ter doença autoimune não é impeditivo definitivo.