Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (25/05/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Exército abre processo que pode punir Pazuello
Brasil passa de 450 mil mortes na pandemia
Remédios do ‘kit intubação’ estão em falta no Rio
Compra de vacinas – ‘Vírus virtual’ é o culpado
De máscara no palanque alheio
Ibama ignorou alerta sobre exportação ilegal
Crise atinge redes de grifes varejistas
Azul e Latam encerram acordo que permite compartilhar voos
Petrobras investirá até 2025 US$ 300 milhões em refinarias
‘Yo te amo’: Tim, suingue latino
UE fecha espaço aéreo a aviões bielorussos após desvio de voo

O Estado de S. Paulo

Exército investigará Pazuello; Bolsonaro proíbe divulgação
Isenção para motos vai elevar pedágio de motoristas
Terceira dose de Coronavac em idosos vira debate
Sírio-Libanês mais ocupado
Coronavírus é capaz de reativar vírus primitivo
BC prepara lançamento do real digital
‘Rede paralela’ – Influencers dão ritmo à CPI
Servidor terá mais prazo para ‘prova de vida’
Tesouros no palácio
União Europeia adota sanções contra Belarus

Folha de S. Paulo

Sem sinal de trégua no país, Covid mata mais de 450 mil
Exército decide abrir processo disciplinar contra Pazuello
Ato com Bolsonaro no Rio teve ao menos três potenciais infrações
Governo só fez proposta à Pfizer em dezembro
Saúde distribuiu ‘kit Covid’ para tratar índios
Presidente prepara visita a comunidade indígena que declara repúdio
Garimpo ilegal se expande por terra yanomami
Gordofobia se torna barreira para imunização
Equipe econômica pressiona por novo programa social
Saul Klein equipou sítio para satisfazer fetiches
Incertezas reduzem otimismo empresarial
Um ano apó-Floyd, EUA registram alta de crimes
Vento derruba estátua da Liberdade de loja da Havan no RS

Valor Econômico

Curso a distância e aquisições beneficiam grupos de ensino
Stone paga R$ 2,5 bi por 5% do Inter
Reforma para os elétricos
Crise de energia atingiria até os autoprodutores
Isolamento pode frear nova cepa
Juro sobre capital próprio é alvo do governo com mudanças no IR
China ataca especulação e minério cai

EDITORIAIS

O Globo

Fidelidade ideológica conta mais que competência para Bolsonaro

Nem as paredes do Planalto devem ter ficado indiferentes quando Luana Araújo anunciou um trabalho “pautado nas evidências científicas”

O discurso de apresentação da médica Luana Araújo, anunciada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para assumir a Secretaria de Enfrentamento à Covid-19, parecia um ponto fora da curva num governo em que o presidente Jair Bolsonaro cultua o negacionismo, manda às favas os protocolos sanitários e defende o uso de remédios ineficazes contra a doença. Nem as paredes do Planalto devem ter ficado indiferentes quando Luana anunciou um trabalho “pautado nas evidências científicas”.

Engano. Dez dias depois de anunciada, Luana Araújo, formada pela UFRJ e pós-graduada em infectologia na Universidade Johns Hopkins, saiu de modo tão surpreendente quanto entrou. Motivo? Só a CPI da Covid poderá esclarecer. Queiroga se limitou a dizer que ela não assumiria mais o cargo e que o ministério buscaria outro profissional “com perfil semelhante”.

A ex-futura secretária não deu detalhes sobre a saída, mas divulgou uma nota que fornece pistas: “Fiz questão de evidenciar minha postura técnica, baseada em evidências, pautada pelo juramento médico que fiz e que norteia todas as minhas atitudes”. Suas posições eram conhecidas. Criticou o “tratamento precoce” com uso de drogas ineficazes, a que se referiu como “neocuranderismo”, e disse numa rede social que o Brasil estava “na vanguarda da estupidez mundial” .

Luana, que ainda não fora nomeada, é mais um nome que se inscreve numa extensa galeria. No próprio Ministério da Saúde, os ex- ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich deixaram o cargo por discordar dos desvarios de Bolsonaro, como sua obsessão pela cloroquina. A indicação da médica Ludhmila Hajjar, cotada para substituir Eduardo Pazuello, foi torpedeada por bolsonaristas devido a posições a favor do lockdown e contra as bizarrices do chefe da nação.

O presidente do Inpe, Ricardo Galvão, foi demitido porque os dados sobre desmatamento não agradavam a Bolsonaro. No Inep, a pressão ideológica tem levado à perda de quadros técnicos. A exoneração da pedagoga Sueli Macedo Silveira, coordenadora-geral de Avaliação dos Cursos de Graduação e Instituições de Ensino Superior, em abril, causou uma debandada de profissionais que não rezavam pela cartilha imposta pelo ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro. Sueli foi substituída por uma médica-veterinária.

Todas essas decisões mostram que, para Bolsonaro, fidelidade ideológica conta mais que competência — e o cambaleante ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é prova disso. A substituição do general Pazuello — após gestão desastrosa na Saúde — por Queiroga trouxe a esperança de uma mudança de rumo no ministério que tem a missão de combater a pandemia que já matou mais de 450 mil brasileiros. Mas percebe-se que a autonomia alegada pelo ministro tem limites — os impostos pelas crendices de Bolsonaro. A despeito das boas intenções de Queiroga de dar um perfil mais técnico ao ministério e devolvê-lo aos braços da Ciência, o fantasma do “neocurandeirismo” ainda assombra o Planalto.

O Estado de S. Paulo

Inflação mais desemprego

Esses dois infortúnios raramente ocorrem ao mesmo tempo – e juntá-los tem sido um dos feitos memoráveis do atual governo

Inflação esfola o trabalhador, o desemprego o esmaga. Esses dois infortúnios só raramente ocorrem ao mesmo tempo – e juntá-los tem sido um dos feitos memoráveis do atual governo. Enquanto o presidente passeia sem máscara, provoca ajuntamentos e comanda desfiles a cavalo ou de motocicletas, como se houvesse algo para celebrar, dezenas de milhões de brasileiros enfrentam as durezas da ocupação escassa, do dinheiro curto e do aumento do custo de vida. A inflação ficará acima da meta neste ano e no próximo, segundo as últimas projeções, e, pior que isso, poderá estourar em 2021 o limite de tolerância – de 5,25% – fixado pelas autoridades.

Passado o primeiro choque da pandemia, a atividade econômica voltou a crescer, embora em ritmo ainda insuficiente para zerar o recuo do ano passado. A desocupação permanece elevada e o custo de sobrevivência das famílias, já em alta sensível nos meses finais de 2020, continua avançando. Mesmo com algum recuo no segundo semestre, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), poderá fechar o ano com alta acumulada de 5,3%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério da Economia. No mercado, a mediana das projeções aponta 5,24% para este ano, taxa bem superior à meta (3,75%) e muito próxima do limite superior de tolerância, de acordo com a pesquisa Focus, do Banco Central (BC).

A mesma pesquisa registra, com base num grupo menor de instituições, uma projeção mais atualizada: 5,36%. Para 2022 o relatório indica uma alta de preços – de 3,67% – superior ao centro da meta, fixado em 3,5%. Só em 2023 o aumento do IPCA deverá voltar ao centro do alvo, de 3,25%, mas essa previsão está longe de ser tranquilizante. As pressões continuarão fortes e, se nada tornar o quadro mais complicado, a alta de preços baterá na meta. Uma folga significativa no ritmo da inflação parece improvável, num ambiente de incerteza e dólar instável.

A novidade mais favorável no front inflacionário é um certo arrefecimento dos custos da comida – à primeira vista, uma bênção para os pobres. Nos 12 meses até abril os preços de alimentos consumidos em casa aumentaram 15,5%, 3,6 pontos porcentuais a menos que no período até janeiro. Mas esse grupo permaneceu, como observam os autores do estudo do Ipea, como principal foco de pressão inflacionária. Excluído o impacto dos preços dos alimentos, a inflação nos 12 meses até abril caiu de 6,76% para 5,34%. Mas o quadro muda quando se observam certos detalhes.

No caso da comida, o arrefecimento pode ter sido passageiro. Além disso, os novos aumentos, mesmo quando mais moderados, ocorrem sobre uma base muito elevada, sem proporcionar de fato um alívio. Além disso, os aumentos de preços monitorados, como os de eletricidade e gás, também complicam severamente a situação das famílias pobres. Não basta pôr algum alimento na panela. É preciso ter meios para cozinhá-lo. Todos esses problemas se tornam mais graves quando afetam pessoas desocupadas, sem renda ou com renda comprimida.

Os últimos números do desemprego são do trimestre dezembro-fevereiro. Nesse período havia 14,4 milhões de desempregados, equivalentes a 14,4% da força de trabalho. Nenhuma informação dos meses seguintes sugere mudança significativa nas condições de emprego. Se tiver ocorrido alguma melhora, deve ter sido muito moderada, a julgar pelas condições fracas do consumo e da atividade na indústria e no setor de serviços. Também quanto a esse ponto a situação brasileira é uma das piores, quando se observam as economias emergentes e as desenvolvidas.

Nos 37 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a inflação nos 12 meses até março estava em 2,4%. Na União Europeia havia chegado a 1,7%. Nos Estados Unidos havia atingido 2,6%. No Brasil havia batido em 6,1%. Na OCDE, em março, o desemprego médio havia recuado para 6,5%. Nenhum chefe de governo dos países desse grupo foi filmado em aglomerações ou comandando um desfile de motociclistas.

Folha de S. Paulo

General no palanque

Presença de Pazuello em ato com Bolsonaro é transgressão e não pode ficar impune

Não é fácil encontrar precedente da presença de um general de divisão da ativa num ato político-partidário no Brasil. Sob a Constituição de 1988, a presepada de que tomou parte Eduardo Pazuello neste domingo (23), no Rio, é inaudita.

Dava-se na capital fluminense mais uma demonstração de alheamento da realidade patrocinada pelo presidente Jair Bolsonaro. Nessa versão rasteira de “O Selvagem da Motocicleta”, uma turma de arruaceiros em suas máquinas ruidosas estimula a aglomeração e despreza as máscaras durante uma pandemia que matou 450 mil pessoas.

É espantoso que outras autoridades locais não sigam o exemplo do governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), que multou Bolsonaro por afrontar as regras de cautela sanitária vigentes, durante passagem da fanfarra presidencial pelo estado na sexta (21).

Dois dias depois, no Rio de Janeiro, as transgressões não se restringiram ao domínio da saúde pública. O palanque do presidente da República exibia o general Pazuello —sem proteção facial, como já vai se tornando habitual nas aparições do ex-ministro da Saúde.

Foi demais até para o elevadíssimo grau de confusão entre a caserna e o governo civil fomentado pela administração Bolsonaro. Militares da ativa, caso de Pazuello, não podem participar de manifestações de cunho político-partidário.

As motivações do veto remontam ao próprio advento dos regimes republicanos. Quem está investido das armas e da autoridade para defender a nação de agressões externas não disputa o poder político, do contrário o sistema degenera para a guerra civil ou a ditadura.

O princípio da hierarquia e o comando das Forças Armadas também se veem desafiados quando um general subordinado resolve fazer demagogia palanqueira. Sargentos, tenentes, capitães, majores e coronéis também poderiam ficar tentados a demonstrar suas preferências partidárias, o que instalaria a balbúrdia entre os militares.

Por essas razões, o Regulamento Disciplinar do Exército decretado em 2002 relaciona expressamente entre as transgressões o ato de “manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político- partidária”.

Por isso a indisciplina do general Eduardo Pazuello não deveria passar sem a devida punição por parte do comando do Exército, sob pena de acumular-se mais uma nódoa —esta particularmente grave pelo precedente que estabeleceria— na imagem da corporação sob os auspícios de Jair Bolsonaro.

Já basta o desserviço que a fracassada passagem do general pela Saúde, em meio à crise ciclópica, e suas mentiras à CPI da pandemia prestaram à instituição militar.

Valor Econômico

Crise hídrica afeta inflação e põe em risco oferta de energia

Operador Nacional do Sistema alertou o governo para o risco de déficit na oferta de energia, o que põe em risco a esperada recuperação

Não estivessem todos preocupados quase que integralmente com a pandemia do novo coronavírus, a crise hídrica que está tomando vulto nas regiões Sudeste e Centro-Oeste certamente teria mais atenção das autoridades. Campanhas para economizar água já deveriam voltar ao ar. Mas como falar em economia de água quando a higiene é um dos cuidados primordiais para enfrentar a pandemia?

Quem não acompanha de perto o setor de energia certamente se surpreendeu com a decisão do Ministério de Minas e Energia de criar uma “sala de situação” para acompanhar o suprimento de energia no país, anunciada há dez dias. A medida teve justificativa forte: de setembro de 2020 a abril passado, os reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que representam 70% da capacidade de armazenagem de água do país, receberam o menor volume de chuvas em 90 anos, ou seja, desde que essa informação começou a ser registrada, em 1931.

Como resultado, o nível dos reservatórios dessas regiões chegou ao fim de abril com apenas 34,7% da capacidade ocupada, o menor volume desde 2015, quando o índice caiu a 33,58%, na última crise hídrica severa no país, com reflexos na energia elétrica e consequências negativas ainda não superadas. A previsão é que os reservatórios terminem maio ainda mais baixos, com 32,3% da capacidade. Se confirmado, será o pior registro desde 2001, outro ano de crise, quando foi necessário racionar a energia. A situação é especialmente preocupante porque o país já entrou no período sazonal de redução das chuvas, que se prolonga até novembro, mas está melhor nas regiões, Norte, Nordeste e Sul.

Antes mesmo da criação da sala de situação, o Ministério das Minas e Energia havia tomado outras duas iniciativas que não tiveram muito destaque, mas indicam o tamanho da crise: acionou todas as usinas térmicas disponíveis e passou a importar energia do Uruguai e da Argentina. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, negou risco de racionamento, como aconteceu em 2001, com danosas consequências no governo de Fernando Henrique Cardoso, mas disse que a grave crise hídrica “vai exigir medidas excepcionais”, sem dar mais detalhes.

É crescente a oferta de energia solar e eólica, mas elas são intermitentes. Em caso de emergência, como o atual, é preciso apelar às usinas térmicas. São mais de cem integradas ao sistema, movidas a gás natural, óleo, carvão e biomassa. Elas produzem uma energia bem mais cara do que outras modalidades, ao redor de R$ 1 mil o MWh, e geralmente mais poluentes. Daí porque a medida acabou ganhando visibilidade pelo impacto na inflação. Já está em vigor a bandeira vermelha no patamar 1 e dá-se como certo que a bandeira vermelha 2 será acionada em junho. Calcula-se um aumento de 0,4 ponto na inflação em consequência dessas duas elevações de tarifas.

Deve haver impacto também no reajuste anual das distribuidoras em 2022, embora as eleições possam interferir nesse calendário. Não é demais lembrar a promessa da ex-presidente Dilma Rousseff de reduzir a conta de luz em até 20% em 2013, que se transformou em um tarifaço médio ao redor de 50% depois das eleições, em 2015, e também trouxe no pacote a famigerada MP 579, que ajudou a esgotar os reservatórios e deixou uma conta ainda hoje não saldada.

Mesmo com tarifas mais altas, problemas de abastecimento podem ocorrer. Em ofício obtido pelo Valor (17/5), o Operador Nacional do Sistema (ONS) alerta o governo para o risco de déficit na oferta de energia, o que põe em risco a esperada recuperação da economia.

A realidade é que o governo deveria ter agido antes. As coisas não acontecem de uma hora para outra. Em abril de 2020, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste estavam com 54,75% da capacidade. As reservas hídricas levaram algum tempo para diminuir. Pode ter havido impacto do forte aumento das queimadas no Pantanal e Amazônia. Se as térmicas tivessem sido acionadas antes, as reservas teriam sido poupadas, adiando a chegada do nível crítico.

É preciso também baratear o preço de produção das termelétricas e apostar mais nas unidades movidas a gás, o que demanda a expansão das redes de transporte. É inacreditável que ainda se reinjete gás natural dos campos do pré-sal por falta de dutos. Há ainda atrasos em 40% das usinas de produção de energia, principalmente térmicas e usinas solares, que ficariam prontas até 2026, reduzindo as alternativas de oferta.

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