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Rede antirracista quer reunir parlamentares negros para elaborar agenda legislativa de equidade racial

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Com o propósito de reunir em Brasília dezenas de deputados afrodescendentes, provavelmente em agosto deste ano, a Rede Nacional de Parlamentares Negros em parceria com a Legisla Brasil apresentou na noite da última quinta-feira (4) projeto para a formulação de Jornada Legislativa Antirracista, estruturado em três etapas: encontro nacional, grupos de trabalho e agenda de equidade racial.

A reunião contou com as presenças de representantes do tema igualdade racial e combate ao racismo de vários partidos políticos, para sensibilizar angariar a adesão dessas legendas ao projeto. O Cidadania foi representado pelos coordenadores do coletivo Igualdade 23, Romero Rocha e Sionei Ricardo Leão.

Romero e Sionei se incumbiram de fazer um levantamento dos parlamentares da legenda que tenham perfil para contribuírem no encontro e apresentar o projeto às direções do Cidadania e da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), para oficializar o apoio.

O principal objetivo é o compartilhamento de experiências e táticas para enfrentar as barreiras vivenciadas por parlamentares negros nos municípios, estados e no Congresso Nacional na tramitação de propostas antirracistas, salientou no encontro o coordenador da rede, Martvs Chagas.

A rede quer envolver parlamentares federais (senadores e deputados), estaduais e municipais (vereadores), que tenham algum envolvimento com a pauta da promoção da igualdade racial. No plano de trabalho elaborado pela Legisla Brasil consta a previsão de grupos de trabalho focados em temas estratégicos para a agenda antirracista, construindo proposições com viabilidade política, alto potencial de impacto e visibilidade para a pauta.

O resultado esperado é o desenvolvimento de uma agenda de iniciativas prioritárias para fomentar a equidade racial no país em 2026, a ser apresentada em novembro de 2025. “Esperamos daqui por diante contar com o apoio das legendas, especialmente por intermédio das suas fundações culturais, sobretudo, para garantir as presenças dos parlamentares. Estimamos conseguir a adesão de pelos menos 50 legisladores”, antecipou Martvs Chagas.

Projeto de Isabela Souza visa garantir mais proteção à população LGBTQIAPN+

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Matéria foi aprovada pela Câmara Municipal de Salvador

Salvador poderá contar com uma ronda especial da GCM (Guarda Civil Municipal) para atender à população LGBTQIAPN+, graças à aprovação de projeto da vereadora Isabela Sousa, do Cidadania, pela Câmara Municipal. A proposta prevê patrulha para proteção contra crimes de ódio, agressões e discriminação. Agora, só falta a sanção do prefeito Bruno Reis.

A cidade baiana está em primeiro lugar no ranking das capitais mais perigosas para essa população, segundo o Observatório do Grupo Gay da Bahia. “Um grupo especializado da CGM poderá agir com mais rapidez em situações de risco, principalmente ataques homofóbicos e transfóbicos, garantindo mais segurança para essa comunidade”, explica a vereadora Isabela.

A parlamentar dedicou a medida ao ex-dirigente do núcleo Cidadania Diversidade Eliseu Neto, que faleceu no ano passado, e que foi um grande lutador pelos direitos desse segmento.

Para Isabela, uma equipe treinada da GCM e “sensível às necessidades desse grupo de pessoas pode aumentar a confiabilidade e incentivo às denúncias”. A aprovação sinaliza também, ressalta a vereadora, “para o compromisso do nosso município com os direitos humanos e com a promoção da igualdade”.

Paulo Ovídio, novo secretário Nacional do Diversidade23, comemorou a aprovação da proposta. “É uma alegria enorme a gente receber uma notícia como essa, de políticas públicas voltada aos direitos humanos, especialmente a essa comunidade, que é sempre marginalizada no país”. Para o Cidadania, salientou, é motivo de felicidade a decisão da Câmara Municipal, “principalmente sabendo que se trata de um projeto da vereadora Isabela Sousa”.

O Cidadania é referência nas causas dessa população. Paulo Ovídio lembra que, em 2019, o partido conquistou no STF (Supremo Tribunal Federal) a criminalização da LGBT fobia e sua equiparação ao racismo. Viabilizou ainda a permissão de doação de sangue por essa comunidade e o uso do nome social nas escolas.

O desafio ainda é grande, afirma. “Somos o país que mais mata LGBTQIAPN+, especialmente pessoas trans e travestis; então esse projeto é fundamental para que as casas legislativas, os executivos municipais, estaduais e federal, a Câmara e o Senado possam ver que é possível proteger melhor essa população”.

Em Curitiba, Cidadania filia futuros candidatos a deputado

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Foto: cidadania/PR

Dirigentes estaduais, municipais e autoridades do Paraná participaram de evento promovido pelo Cidadania de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral para filiação de 40 novos membros com pretensões de concorrer a cadeiras na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados.

O vice-governador do Estado, Darci Piana, e o presidente da ALEP (Assembleia Legislativa do Paraná), Alexandre Curi, prestigiaram o encontro do partido, que reuniu 150 pessoas em Curitiba. Curi definiu o Cidadania como “partido transparente, de gente guerreira e que faz parte da história do Paraná”. Piana destacou a parceria com o governo estadual “desde a primeira hora”.

O ex-deputado Rubens Bueno ressaltou que a força do Cidadania vem da sua movimentada vida orgânica e da organização. Ele lembrou que o planejamento estratégico “é fundamental para saber qual caminho iremos tomar em 2026”.

O presidente estadual, Hélio Wirbiski, salientou que “nosso partido sempre foi organizado, e vamos continuar nessa linha para ter um partido cada vez mais forte e preparado”. O evento de filiação, disse ele, é apenas um de cinco que ocorrerão em 2025.

Prefeitos de vários municípios participaram do encontro, que contou também com secretários do governo.

Arnaldo Jardim defende aprovação do PL da Reciprocidade

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Deputado do Cidadania foi escolhido relator da matéria, que vai à sanção

O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), designado relator do Projeto de Lei da Reciprocidade, aprovado nesta quarta-feira (2) pela Câmara, disse que a matéria é um instrumento de defesa do país e que ela “une a sociedade, o Executivo e dá coesão ao Legislativo”. O PL já havia sido aprovado pelo Senado Federal por unanimidade na terça-feira (1º) e passou com votação simbólica na Câmara.

A proposta aprovada, que agora vai à sanção do presidente Lula, impõe reciprocidade de regras ambientais e comerciais nas relações do Brasil com outros países, num momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anuncia o tarifaço que atinge produtos brasileiros.

Em entrevista à CNN Brasil, Jardim, que é vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, adiantou, ainda à tarde, que iria fazer um apelo aos líderes, não procurando “burlar” os debates que estão em curso na Câmara, “mas queremos propor que esse tema seja tratado como exceção para que possamos ter essa alternativa, ou seja, o Brasil dotado desse instrumento para poder proteger o interesse nacional”.

O deputado se referia à decisão do PL de obstruir a votação da matéria. A bancada definiu, depois, que não iria tentar impedir a votação se o projeto tivesse alcançado o quórum mínimo.

A ideia da proposta é permitir que o Brasil adote medidas comerciais de resposta a possíveis ações estrangeiras que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira. O texto aprovado contempla, na visão de Jardim, “aquilo que é necessário e foi construído a partir do Legislativo com um diálogo muito intenso com o Executivo”. “O próprio Ministério das Relações Exteriores acompanhou essa matéria de forma positiva, todo o setor produtivo do país também acompanhou”, afirmou.

Primeiro autista a tornar público diagnóstico no Congresso Nacional preside sessão de homenagem à conscientização sobre a condição

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Em dia histórico, Amom Mandel, relembra soluções legislativas que estão em tramitação avançada e mostra desafios com “apagão de dados” sobre a população com TEA no Brasil

Amom Mandel (Cidadania-AM), primeiro deputado federal a tornar público diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Congresso Nacional, presidiu a sessão solene em alusão ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, comemorado nesta quarta-feira (02/04). Pela primeira vez, um parlamentar autista comanda a homenagem feita na Casa para discutir os desafios enfrentados por essa parcela da população. A tônica da solenidade foi o clamor por inclusão real, respeito e efetividade nas políticas públicas.


Mandel ressaltou que a burocracia vivida por pessoas autistas no acesso a direitos básicos ocorre diariamente. Por isso, instituir a Carteira Nacional de Identidade da Pessoa com Deficiência (CNIPCD), relatado pelo parlamentar no plenário da Câmara dos Deputados, é uma solução para padronizar a comprovação das pessoas com deficiência e retirar obstáculos desnecessários a serviços e benefícios. “A inclusão não pode ser só uma palavra vazia. Ela precisa partir de cada um de nós e se transformar em prática diária. Minha luta é para que cada um deles tenha o direito de viver com dignidade”, afirmou.


O “apagão de dados” oficiais sobre a população autista no Brasil foi outro tema levantado na tribuna por Amom. O limbo de informações detalhadas sobre esse grupo social dificulta, principalmente, a implementação de políticas públicas. “A ausência de um registro unificado contribui para a invisibilidade dessas pessoas, comprometendo seu acesso a direitos fundamentais”, disse.

Simplificar para população

Como membro da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CPD), Amom se comprometeu a ser linha de frente na criação do Código Brasileiro de Inclusão. A ideia é consolidar todas as leis federais sobre PCDs em um único lugar, tornando-as mais acessíveis à própria população e, portanto, mais eficazes na promoção da inclusão. Legislações referentes aos direitos das pessoas com deficiência estão dispersas, o que dificulta a compreensão e aplicação.

“Junto ao presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, deputado Duarte Júnior, iniciamos debates, realizamos audiências públicas e estabelecemos diálogos contínuos com especialistas, autoridades e famílias, visando identificar e implementar soluções concretas para os desafios enfrentados pela comunidade autista”, confirmou.

Segurança pública no Brasil: qual o caminho?

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A segurança pública no Brasil é uma preocupação central para os brasileiros, afetando diretamente a vida da população. A criminalidade, especialmente os roubos, tornou-se um problema recorrente no país, atingindo todas as classes sociais. No entanto, a questão vai além da violência urbana cotidiana. O Brasil enfrenta desafios estruturais, como a atuação das facções criminosas e das milícias, que exercem poder paralelo em diversos estados, especialmente no Rio de Janeiro. Essas organizações se aproveitam da ausência do Estado para impor sua própria ordem, oferecendo serviços básicos como internet e gás de cozinha, além de assumirem funções que deveriam ser responsabilidade do poder público.

Um relatório de 2024 da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senapen) mostra que a facção Comando Vermelho (CV) continua em expansão, 45 anos após seu surgimento no Rio de Janeiro. Segundo o estudo, o grupo criminoso atua em 23 estados, três a mais do que no ano anterior. No último ano, Amapá, Pernambuco e Espírito Santo passaram a ser estados onde a facção está presente. O Comando Vermelho só não tem representantes no Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e São Paulo, onde atua o PCC. Esta quadrilha paulista é a única com integrantes em mais estados que o CV, com presença em 24 estados.

As facções estão se expandindo por todo o país e manter essa estrutura hierárquica e financeira funcionando exige um alto volume de recursos, com a compra de carros, imóveis, passagens e outras aquisições. É difícil imaginar que o Estado brasileiro não tenha a capacidade de rastrear essas movimentações por meio de inteligência e permita que essas facções continuem se expandindo pelo país.

A resposta do Estado a essa crise, muitas vezes, se limita a operações policiais mal planejadas e descoordenadas, que acabam agravando o problema. Quando a polícia entra em comunidades atirando, causando alvoroço e fazendo cidadãos comuns de vítimas, a população começa a ver o próprio Estado como uma ameaça. Esse ciclo de violência e desconfiança impede que os cidadãos colaborem com a polícia, fortalecendo ainda mais as facções criminosas, que se apresentam como protetoras e provedoras de serviços essenciais. A falta de uma estratégia eficaz para combater o crime gera um cenário de insegurança contínua, onde a repressão sem inteligência apenas alimenta a espiral de violência.

Além de prestar serviços, os criminosos ocupam outra lacuna deixada pelo Estado: a resolução de conflitos internos dentro das comunidades. Muitas vezes, os moradores de determinadas localidades preferem procurar o chefe do tráfico para resolver questões como violência doméstica, pois sabem que ele impõe uma punição imediata, enquanto o sistema de justiça convencional pode ser lento e ineficaz. Isso cria uma visão distorcida de que, apesar da repressão e do medo que esses grupos impõem, eles oferecem benefícios, o que dificulta ainda mais a atuação do Estado na retomada desses territórios.

O governo federal, por meio da PEC da Segurança Pública, busca enfrentar esse problema de forma coordenada. A proposta tem como objetivo a criação do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), que visa padronizar e unificar as ações das forças de segurança em todo o país. A ideia central é que a segurança pública deixe de ser

tratada de maneira fragmentada, permitindo maior articulação entre os estados e a União. Além disso, a PEC transforma a Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma polícia ostensiva e amplia os poderes da Polícia Federal, fortalecendo seu papel no combate ao crime organizado.

Embora a PEC represente um avanço na padronização e integração das forças de segurança, o combate à criminalidade exige medidas adicionais. Um dos principais desafios é atacar as bases financeiras do crime organizado, impedindo que as facções continuem movimentando grandes quantias de dinheiro sem controle. Para isso, é fundamental que órgãos como o Banco Central, a Receita Federal e o COAF atuem em conjunto com as forças de segurança, rastreando o fluxo de recursos ilícitos e sufocando economicamente essas organizações. Além disso, é essencial investir em inteligência policial, permitindo que as forças de segurança atuem de maneira preventiva, identificando e desarticulando redes criminosas antes que seus crimes sejam consumados.

Outro aspecto fundamental é o fortalecimento do policiamento ostensivo. A presença policial nas ruas, quando bem planejada e executada, tem um efeito dissuasório sobre a criminalidade, inibindo a ação de criminosos e aumentando a sensação de segurança da população. No entanto, essa estratégia precisa ser complementada por um trabalho de inteligência que permita identificar e prender os receptadores de produtos roubados. O combate à receptação é um dos pilares para reduzir crimes como furtos e assaltos, pois, sem mercado para escoar produtos roubados, os criminosos perdem parte do incentivo para cometer esses delitos.

A segurança pública no Brasil é um problema multifatorial e exige uma abordagem abrangente. O Estado brasileiro precisa retomar o seu papel na vida dos cidadãos, provendo saúde, educação, justiça eficiente, lazer e emprego principalmente para a juventude. O Estado não pode permitir que o crime organizado substitua funções privativas dele.

Não basta apenas endurecer penas ou aumentar o efetivo policial; é necessário um planejamento estratégico que envolva diferentes frentes de atuação, desde a repressão, até as ações preventivas. A criação do SUSP pode ser um passo importante nessa direção, mas é preciso garantir que sua implementação seja acompanhada de investimentos em inteligência, coordenação entre os entes federativos e ações efetivas para desmantelar as fontes de financiamento do crime organizado. Somente assim será possível garantir uma segurança pública eficiente e duradoura para todos os brasileiros.

Do roubo de celulares no interior da Bahia até as milícias que dominam as favelas do Rio de Janeiro, uma das principais formas de combater esses problemas é por meio de inteligência policial, inteligência financeira e inteligência bancária, pois a base de tudo isso é o dinheiro. Não adianta aumentar o efetivo policial ou intensificar operações letais, se não houver rastreamento e sufocamento financeiro dessas organizações.

Em Vitória da Conquista/BA, reunião trata de congressos do partido

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Com intuito de preparar o Cidadania para os congressos municipal e estadual, o Diretório Municipal de Vitória da Conquista (BA) realizou reunião no último fim de semana. Participaram de forma remota o presidente nacional, Comte Bitencourt, a presidente estadual do partido, Isabela Souza, e a representante do M23, Raquel Dias.

A reunião foi conduzida por Thaise Vilas Boas, presidente do Diretório Municipal. Isabela Souza parabenizou o trabalho do Municipal pela criação dos núcleos temáticos de Mulheres (M23); Juventude (J23); Fé (F23); Igualdade (I23); Diversidade (D23); e Cidadania e Sustentabilidade (S23).

A iniciativa, ressaltou Isabela, é muito importante para o fortalecimento do Cidadania. Ela ainda reconheceu o trabalho desenvolvido pelo Diretório Municipal de Vitória da Conquista, que, conforme frisou, tem colaborado para os avanços da Executiva Estadual.

Brasil x Argentina e o macaco no espelho

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Brazil's forward #07 Vinicius Jr and Argentina's midfielder #07 Rodrigo De Paul during the 2026 FIFA World Cup South American qualifiers football match between Argentina and Brazil at the Mas Monumental stadium in Buenos Aires province, on March 25, 2025. (Photo by JUAN MABROMATA / AFP) - (crédito: AFP)

A rivalidade que importa está fora de campo — e continua sendo perdida para o racismo.
Por Anderson Ferreira Martins(*)

Recentemente, Brasil e Argentina se enfrentaram por uma vaga na Copa do Mundo de 2026. Fora a goleada, a partida seguiu o roteiro esperado para uma das maiores rivalidades do futebol mundial: provocações, embaixadinhas, entradas violentas e conflitos que transcendem o futebol. Para além das quatro linhas, há fantasmas antigos que assombram jogadores brasileiros: racismo, conivência institucional e silêncio cúmplice.

Poucos sabem que essa rivalidade começou com um dos atos mais abjetos da história do futebol. Em 1920, a seleção brasileira foi recebida na Argentina com uma charge racista que retratava seus jogadores como macacos. Em resposta, o Brasil entrou em campo com apenas sete atletas. A ferida, no entanto, não parou ali. No ano seguinte, o Brasil voltou à Argentina para disputar a Copa América, mas, sob as ordens do então Presidente da República, Epitácio Pessoa, nenhum jogador negro foi convocado. A mesma pele que encantava com talento era rejeitada por racismo institucional.

Mais de um século depois, o mesmo racismo que vestia terno nas charges agora se disfarça de torcida. Recentemente, durante uma partida da Libertadores Sub-20, o atacante Luighi, do Palmeiras, foi alvo de ofensas racistas no Paraguai. A imagem é brutal: um torcedor do Cerro Porteño faz gestos de macaco, enquanto outro cospe no jovem atleta. A punição? Portões fechados e multa de 50 mil dólares. Um tapa na cara com luvas de seda.

Dias depois, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, quando questionado sobre um eventual boicote dos clubes brasileiros à Libertadores, ironizou com uma metáfora infeliz: “Seria como o Tarzan sem a Chita”. No momento em que o futebol precisava de liderança, ele ofereceu uma piada de mau gosto, carregada de racismo normalizado, alimentando o preconceito e a violência nas arquibancadas.

Em uma região marcada por profundas desigualdades, o campo de futebol se tornou um espaço de afirmação para jogadores negros. Mas é também onde os negros são humilhados — pela cor da pele — quando ousam brilhar demais.

Não por acaso, a luta de Vinícius Júnior na Espanha se conecta diretamente a esse cenário estrutural. Desde que começou a se destacar no Real Madrid, Vini tem sido alvo de ofensas racistas por torcidas adversárias, recebendo cantos de macaco em pleno século XXI, em um dos países mais ricos do mundo. Sua resistência, no entanto, rompe o silêncio institucional: ele denuncia, confronta presidentes de ligas, mobiliza a imprensa e a opinião pública. Vini transformou-se em símbolo de uma nova geração que não se cala diante do racismo e desafia, com coragem, estruturas que, durante décadas, fingiram não ver. Sua luta ultrapassa fronteiras, inspira jovens e pressiona as instituições a saírem da zona de conforto, deixando claro que o futebol europeu, apesar do verniz civilizatório, ainda reproduz a mesma lógica de exclusão e violência racial como a vista nos estádios sul-americanos.

E há algo ainda mais simbólico nessa conexão entre o Velho Continente e a nossa realidade. A Espanha, palco da luta de Vini, foi também colonizadora da América do Sul. O modelo de dominação que, por séculos, classificou povos como inferiores pela cor da pele, religião e origem é o mesmo que hoje se reflete nas arquibancadas e nas estruturas de poder do futebol. Não é coincidência que os gritos de “macaco” ecoem tanto em Madri quanto em Assunção e Buenos Aires. São ecos de uma cultura racista enraizada desde os tempos da colonização, que continua a classificar corpos negros como objetos de entretenimento — desde que calados e subalternos.

O maior símbolo de desrespeito a todo um povo e as culturas de um continente foi protagonizado pela própria Conmebol, quando, em 2018, levou a final da “Copa Libertadores da América” — torneio criado em homenagem aos líderes da independência latino-americana — para ser disputada em plena Madri. A capital do império que saqueou o continente sul-americano e dizimou populações virou palco da celebração máxima de um torneio que carrega no nome a promessa de liberdade. Nada mais contraditório. Nada mais revelador. A imagem foi clara: o colonizador foi homenageado, e os libertadores, silenciados. Foi o momento em que o futebol sul-americano se ajoelhou diante de seu algoz, e o racismo estrutural ganhou mais uma medalha simbólica pendurada no pescoço da hipocrisia institucional.

O racismo é estrutural, e as entidades do futebol são responsáveis por sua manutenção. As punições são brandas, os discursos, genéricos, e as campanhas publicitárias, cosméticas. Racismo não se combate com hashtags.

Precisamos ir além. Clubes cujas torcidas pratiquem atos racistas devem ser desclassificados, e torcedores, banidos dos estádios. Federações que falharem no combate ao racismo devem ser suspensas de torneios internacionais. A Conmebol deve se reformular para os novos tempos com dirigentes antirracistas.

Domínguez, dirigente máximo do futebol sul-americano, expôs seu preconceito na semana do Dia Internacional Contra a Discriminação Racial. Não estamos mais em 1920.  A sociedade não tolera mais o racismo.

O futebol pode continuar sendo uma selva, mas cabe a nós decidir se ela será de preconceito ou de resistência. Tarzan sem Chita não é o problema. O problema é olhar no espelho e não reconhecer o macaco que ainda vive dentro das estruturas do futebol sul-americano.

*Anderson Ferreira Martins: Sociólogo culturalista com ênfase em desigualdade social e política, conflitos étnicos e raciais, pensamento político brasileiro, história política do Brasil e sistemas eleitorais

fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2025/03/7096689-brasil-x-argentina-e-o-macaco-no-espelho.html

Antônio Mota luta pela melhoria da educação técnica superior em Salvador

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O Secretário Geral do Cidadania na Bahia, Antônio Mota, esteve reunido com representantes da Frente Ampla de Cajazeiras e prepostos da Secretária de Relações Institucional do Governo do Estado – SERIN para tratar da construção do campus 2 do Instituto Federal – IFBA emCajazeiras, em Salvador. Cajazeiras é o maior bairro planejado da América Latina.

É o Cidadania lutando pela melhoria da educação em todo o Brasil.

Isabela Sousa, presidente do Cidadania Bahia, recebe novos quadros femininos para fortalecer protagonismo feminino no estado

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Encontro resultou em uma filiação e posse de nova presidente de um diretório municipal

O diretório do Cidadania na Bahia, presidido por Isabela Sousa, vereadora de Salvador, segue se articulando para reforçar a atuação no estado. Um dos eixos prioritários tem sido a valorização de quadros femininos e a busca ativa por novas lideranças. Foi nesse contexto que as recém-filiadas Amanda Cristina e Sirlene Fraga se reuniram com a mandatária estadual nesta quinta-feira, 27, na capital baiana.

Na ocasião, Sirlene, natural de Iaçu, no interior do estado, assumiu a presidência do diretório municipal em sua terra natal. A novidade simboliza um avanço tanto na representatividade feminina, como também na capilaridade do Cidadania, que se faz presente em mais uma cidade baiana. Ela tem histórico de atuação comunitária e foi candidata a vereadora no ano passado, por outro partido.

A professora Amanda Cristina, por sua vez, assinou sua ficha de pré-filiação e já foi encaminhada para concluir os trâmites e se juntar formalmente ao partido. Pedagoga e especialista em Psicopedagogia e Educação Especial e Inclusiva, ela chega ao Cidadania Bahia para contribuir com debates técnicos e qualificados na área educacional.

Essas reuniões fazem parte de um ciclo de conversas que visando 2026, ano em que o partido pretende consolidar novas bases e ampliar a presença por todo o país. A Bahia, maior estado da região nordeste, é vista como fundamental nesse processo.