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Trump joga Lula nos braços de Xi Jinping

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Vitória do republicano nas eleições americanas aproxima o petista do presidente chinês. Reposicionamento deve ficar claro em reunião do G20

Quem quiser que se iluda. A eleição de Donald Trump empurra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma maior aproximação com a China de Xi Jinping, que está de braços abertos para o colega brasileiro. Não é preciso dar um cavalo de pau na política externa brasileira para isso — quem dará são os Estados Unidos. E, também, não se trata de uma opção ideológica do governo brasileiro, mas de uma decorrência natural e pragmática das relações comerciais entre esses três países e do lugar que o Brasil ocupa na geopolítica mundial, em especial na América Latina, após as eleições norte-americanas.

Esse reposicionamento deve ficar evidente na reunião do G20, o grupo dos países mais ricos do mundo, do qual o Brasil faz parte. A eleição de Trump frustra os avanços previstos para o encontro, como a assinatura dos acordos para o combate à fome no mundo e o debate sobre a taxação dos muito ricos. Essas propostas foram pactuadas entre Lula e o presidente Joe Biden, que chega ao encontro como “pato manco”, enquanto Xi Jinping se torna a principal estrela da reunião no Rio de Janeiro, que começa amanhã.

Há, sim, um esvaziamento do encontro de cúpula. Reflete o enfraquecimento do grupo em razão da política de Trump, um adversário do multilateralismo. O presidente eleito dos Estados Unidos tem uma estratégia nacionalista e protecionista. Não acredita na necessidade de uma governança global nem que a gestão dos problemas mundiais, entre os quais os da paz e da guerra e do aquecimento global, possa ser feita por fóruns e organismos internacionais, o que inclui a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e a Conferência do Clima de 2025, a COP30, que se realizará em Belém.

Giro à direita

Embora tenha aliados participando do encontro, como o presidente da Argentina, Javier Milei, e a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni — lideranças que se identificam ideologicamente com Trump —, a reunião será uma demonstração de que o mundo também se move em relação aos EUA. Trump é um duplo problema para as democracias do Ocidente: além de alterar a política externa norte-americana, sua eleição estimula a radicalização política e fortalece a extrema-direita no mundo.

O que aconteceu nos EUA pode se repetir com a democracia representativa em outros países desenvolvidos. Sempre visto como progressista, apoiado pela classe média alta com diploma universitário, o Partido Democrático passou a ser percebido como da elite, desconectado dos reais problemas da população. Já o Partido Republicano, por influência de Trump, deixou os valores conservadores de lado e passou a defender interesses concretos dos menos favorecidos, sem educação superior, moradores das áreas rurais, religiosos (pentecostais) e homens. A classe média trabalhadora dos EUA, que derivou à direita, desequilibrou a disputa.

Salários defasados diante dos preços da habitação, da energia e dos alimentos, e o número crescente de imigrantes, inclusive os ilegais, concorrendo no mercado de trabalho com o americano médio, foram fatores que geraram a insatisfação com o governo Biden. Apesar do crescimento da economia e do controle da inflação, cuja percepção não chegou à maioria dos eleitores.

Imigração, protecionismo e supremacismo branco não são uma agenda exclusiva dos norte-americanos. Existe nos países desenvolvidos da Europa e coloca no canto da parede a maioria dos seus líderes. Além dos problemas internos, um grande desafio geopolítico os aguarda: Trump deve reduzir ou suspender o financiamento para a Ucrânia e fortalecer a posição de Putin, que quer congelar a ocupação territorial de Donbas e da Crimeia. Os líderes europeus estão divididos sobre manter o apoio incondicional ao esforço de defesa ucraniano.

Rota da Seda

Biden pretende visitar a Amazônia nesta viagem ao Brasil, mas ignorou a América Latina a maior parte do seu mandato, ao contrário de Xi Jinping, que acaba de inaugurar um grande porto nas proximidades de Lima, no Peru. O terminal gigante é capaz de alterar a logística de transporte da América do Sul, porque será uma nova opção para as exportações brasileiras chegarem ao Pacífico sem passar pelo Canal do Panamá.

Brasil e China ampliarão a parceria bilateral existente durante a visita de Estado de Xi Jinping a Brasília, na quarta-feira, após a reunião do G20. O líder chinês será recebido por Lula no Palácio da Alvorada. Diversos acordos bilaterais serão assinados, envolvendo todos os setores do governo. Dos 93 projetos industriais chineses no Brasil, destacam-se os das indústrias automotiva, eletroeletrônica e de máquinas e equipamentos.

Em 2023, o Brasil teve um recorde de exportações para a China, de US$ 104,3 bilhões, superando a soma das vendas para os EUA e a União Europeia. Enquanto Trump pretende estreitar as relações econômicas com a Argentina, Xi Jinping vê no Brasil a sua grande oportunidade de integrar a América do Sul à Rota da Seda, com grandes investimentos em infraestrutura. (Correio Braziliense – 17/11/2024 – https://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/trump-joga-lula-nos-bracos-de-xi-jinping/)

IMPRENSA HOJE

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Veja as manchetes dos principais jornais hoje (18/11/2024)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Governo anuncia acordo para importar gás da Argentina
Após estar quase fechada, declaração do G20 trava diante de ataque massivo da Rússia à Ucrânia
Yoon Suk Yeol – ‘Não ficaremos de braços cruzados’
Iniciativa climática é lançada mirando a COP30
Por mais recursos para a crise climática
Bolsonarismo se mobiliza por espaço na OAB

O Estado de S. Paulo

No Brasil para o G-20, Biden permite uso de mísseis mais potentes contra a Rússia
Europa já espera tarifaço e recessão
Inflação já ameaça estourar meta nos 5 primeiros meses de 2025
Gasto federal fora do teto nos últimos 6 anos chega a R$ 20 bilhões
MPE detalha lavagem de dinheiro do PCC e apresenta denúncia

Folha de S. Paulo

Brasil recebe G20 sob pressão de Argentina e crise na Ucrânia
Biden sobrevoa Manaus, vai a museu e anuncia US$ 50 milhões ara fundo
Olaf Scholz – Não aceitaremos paz ditada pelos russos e seguimos ao lada de Kiev
Rússia e Coreia do Norte têm aliança ilegal, diz sul-coreano
Livro infantil sugere que Putin tem novo objetivo na guerra
Cresce atendimento a dependentes de apostas no SUS
Maior parte dos benefícios fiscais não tem controle

Valor Econômico

Brasil abre G20 com plano contra fome e pobreza; consenso está em risco
Biden autoriza Ucrânia a atacar Rússia com míssil de longo alcance
PEC 6×1 pode afetar pequenas e médias empresas e produção no país
Falta de peças impacta setor aéreo
Cenário para captações externas em 2025 segue positivo
Pacote fiscal mira cortes de R$ 70 bi em dois anos

Amom é um dos dois deputados da Amazônia que destinaram verba para Ministério dos Povos Indígenas

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A esmagadora maioria dos 92 deputados da Amazônia Legal, que concentra 51% da população indígena de todo o país, estão ignorando o ministério comandado por Sônia Guajajara e não repassam verbas de emendas para ações da pasta. Amom Mandel (Cidadania-AM) é um dos dois parlamentares da região que destinaram recursos.

Amom alocou R$ 500 mil por meio de uma emenda que será utilizada para reforçar o posto de fiscalização do Vale do Javari, local onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados em 2022. Cerca de seis mil indígenas habitam a região.

A informação foi divulgada pela Coluna do Estadão, que destaca que o Ministério dos Povos Indígenas tem um dos menores orçamentos da Esplanada, R$ 1,41 bilhão, conforme dados do Portal da Transparência. A proposta do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2025 prevê uma redução para R$ 1,25 bilhão.

A bancada da Amazônia Legal é composta por 18 representantes do estado do Maranhão, 17 do Pará e outros nove do Mato Grosso. Além desses, os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins têm oito deputados, cada.

Confira a matéria do Estadão

Douglas Fabrício já planeja suas primeiras ações como prefeito de Campo Mourão

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O deputado estadual Douglas Fabrício (Cidadania-PR), que assume a prefeitura de Campo Mourão em janeiro, já está discutindo as primeiras ações de sua administração para a cidade paranaense. Sua equipe de transição tem realizado reuniões com o staff do atual prefeito Tauillo Tezelli (Cidadania). Os encontros têm sido muito produtivos e facilitados pelo fato do partido ter se mantido no comando político do município.

“Estamos promovendo a troca de informações entre o governo que está deixando o mandato com o que está para assumir. Temos um calendário de reuniões de transição, tudo de forma muito tranquila, com os setores estratégicos da administração para traçar nosso planejamento de trabalho, pautado no nosso plano de governo”, ressalta Douglas Fabrício.

De acordo com ele, a essência do seu mandato será cuidar das crianças e dos idosos. Melhorar a saúde, a educação e promover ações de proteção do meio ambiente também são outros compromissos de Douglas Fabrício.

Saúde

“O nosso plano de governo contempla todas as áreas. Porém, priorizaremos, no início do mandato, maior cuidado com a área da saúde, que precisa de uma atenção especial, e para isso vamos manter a intervenção na Santa Casa e procurar uma solução definitiva ao Hospital. A ideia é fortalecer a parceria com o governo do estado para novos investimentos, aumentar o atendimento e consequentemente humanizar. “Também vamos abrir um Pronto Atendimento 24 horas na região do grande Lar Paraná já no primeiro ano do nosso mandato”, garante o prefeito eleito.

Educação

“Nos últimos anos nossa educação avançou e muito e o resultado do IDEB que é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica mostra isso, com Campo Mourão sendo uma das cidades do Paraná que mais avançaram nos últimos anos. Vamos investir em tecnologia nas escolas, na formação e valorização dos profissionais da educação. Nós também temos como projeto o programa de escola do empreendedorismo para os jovens. Outra proposta nossa, que vem ao encontro do nosso lema de cuidar das crianças e consequentemente das famílias, é zerar a fila de espera nos Centros de Educação Infantil. Também pensando nas famílias e em nossas crianças, vamos implementar o programa de kits gratuitos de material escolar e uniforme”, antecipa Douglas Fabrício.

Meio ambiente

“Meio Ambiente e Sustentabilidade tem um capítulo à parte em nosso plano de governo, prevendo elaborar e executar um Plano de Segurança dos Recursos Hídricos municipal, proteger e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, implementar o Plano de Arborização Urbana, elaborar um estudo de viabilidade ambiental para a implantação do novo cemitério municipal, instalar novos pontos de entrega voluntária de resíduos volumosos e eletrônicos, ampliar e desenvolver melhorias aos serviços de saneamento urbano, elencando resíduos sólidos, esgotamento sanitário, água tratada e drenagem urbana”, pontua Douglas Fabrício, que está empolgado com esse novo desafio em sua trajetória política.

O município paranaense de Campo Mourão conta hoje com 103.340 habitantes e tem como principal atividade econômica a agricultura, com destaque para o plantio de soja e milho. Também abriga a sede da maior cooperativa agrícola da América Latina, a Coamo.

Nota Pública: Juntos da democracia, resistimos a bombas, armas e intolerância

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O Brasil não precisa de bombas, armas e intolerância. Nossas cidadãs e cidadãos precisam é de educação, emprego, serviços públicos de qualidade e democracia. O episódio protagonizado pelo chaveiro de Rio de Sul (SC) Francisco Wanderley Luiz, que se transformou em homem bomba na noite da última quarta-feira e lançou ataques terroristas contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) mostra a que ponto de degradação moral e falta de humanidade chegou parcela de nossa sociedade que foi sequestrada por um discurso insano de extrema direita fascista.

Seguindo sua tradição histórica de radicalidade democrática, o Cidadania repudia todo e qualquer ato de violência, seja com intenções políticas, seja no dia-a-dia de nossa sociedade. Discursos de ódio nos trouxeram até esse ponto lastimável e, se não reagirmos imediatamente, corremos o risco de vermos nossa sociedade se degradar cada vez mais.

Nesse sentido, o Cidadania defende uma apuração rigorosa em torno do novo ato terrorista perpetrado na capital federal para que tenhamos todas as informações sobre o que impulsionou tal atitude insana e se existem outras pessoas envolvidas e que precisam ser responsabilizadas. Há de se desvendar com clareza se algum movimento está por traz da atitude explosiva de Francisco Wanderley, que se matou após não chegar ao seu intento final de invadir o STF.

Esse tipo de atitude extremista só prejudica o nosso país. É inconcebível a utilização da violência como ferramenta de debate político. Isso é crime, e como crime merece ser encarado e punido.

Precisamos caminhar para uma distensão. Para um acalmar de ânimos. A briga entre extremos só faz o país retroceder. Esse não é um rumo saudável para chegarmos ao Brasil que sonhamos e queremos, com harmonia, oportunidades e justiça para todos.

Juntos da democracia, resistimos a bombas, armas e intolerância.

Brasília, 14 de novembro de 2024

Regis Cavalcante
Secretário-geral

Comte Bittencourt
Presidente

Cidadania-PR notifica candidatos que receberam recursos públicos e tiveram baixo desempenho

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O Cidadania do Paraná enviou nesta semana para todos os candidatos que receberam recursos públicos através do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, e que obtiveram uma baixa votação no pleito eleitoral de 2024, um ofício solicitando explicações sobre o inexpressivo resultado. Os presidentes municipais do partido das cidades envolvidas também serão notificados.

O objetivo desta ação é prestar contas à sociedade e aos órgãos fiscalizadores competentes, afastando qualquer hipótese de desvio de finalidade ou malversação destes recursos. Segundo o documento, as respostas serão utilizadas para análises de possíveis comportamentos contrários à ética, a disciplina e aos ditames dos regulamentos internos do Partido.

Segundo o presidente do Conselho de Ética Estadual, Eridson Pompeu da Silva, “estes candidatos receberam recursos públicos para auxiliar na sua campanha. Agora, com o final do pleito e a Prestação de Contas apresentada à Justiça Eleitoral, se faz necessária a manifestação do candidato, com sua avaliação sobre o baixo número de votos alcançado, a fim de que o partido possa analisar e ajustar os seus objetivos”, finalizou.

Meia-volta, volver!

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Ivan Alves Filho*

Aprendi com um mestre do valor de Nelson Werneck Sodré que mesmo quando realizamos algum trabalho “setorial”, algum estudo de caso em matéria de História, não podemos perder de vista a visão de conjunto. Caso contrário, a História deixa de ser um processo, tornando-se incompreensível. Ou seja, é preciso unir sempre o particular ao geral. E isso é válido também para a militância, a atuação política ou social de cada um de nós. Tudo é parte da luta e não há luta à parte, sempre observo isso.

Há um aspecto regressivo em algumas propostas identitárias atuais, por exemplo. Assim, elas, muitas vezes, desembocam em engajamentos que lembram as lutas pré-políticas. Nesse sentido, alguns estudiosos parecem se empenhar em abolir a história das lutas de classes. E as relações entre as classes são, essencialmente, relações de exploração. Os partidários da visão racialista, pela “direita” ou pela “esquerda” querem nos fazer crer que existe de um lado o eurocentrismo e de outro o identitarismo pós-colonial, decolonial ou algo nessa linha confusa e diversionista. E nada mais.

Afastam assim do nosso horizonte a possibilidade de as relações humanas poderem se dar de forma livre, em um ambiente histórico que exclua a opressão. Pior, tentam ignorar a existência da mestiçagem, tão presente em um país como o Brasil. Na visão identitária, o ser humano desaparece, em detrimento do negro, do branco etc. Ou seja, as diferenças se sobrepõem às semelhanças, sendo mais importante o que nos desune do que aquilo que nos une. É a própria dissolução do Humanismo. E não há nada pior do que isso. O contrário disso é retomarmos aquilo que o arqueólogo francês Yves Coppens definiu certa vez como “consciência de grupo”. No Brasil, historicamente, a classe dominante colonial volta e meia apelava para a questão racial, até como forma de se distinguir das classes dominantes das áreas centrais: após a Independência, por exemplo, a única coisa que a distinguia das classes dominantes das antigas Metrópoles era por vezes o tom de pele, uma vez que a classe dominante local manteve intacta toda a estrutura colonial, assentada no latifúndio e no trabalho escravo. Ou seja, a classe dominante local era um prolongamento da classe dominante de fora. Esse o ponto; o resto é simples manobra ideológica. Uma coisa é a crítica ao racismo; outra, totalmente diferente, é a racialização da política, a ideologização do fator étnico. Isso tem endereço certo: nazismo.

E essa lógica do identitarismo contaminou até mesmo os setores que pretendiam combater… o próprio identitarismo. Assim, para alguns analistas das eleições presidenciais norte-americanas de 2024, era incompreensível que um “hispânico” ou um “afro-americano” pudesse votar em Donald Trump e não em Kamala Harris. Essa visão considera que os cidadãos “hispânicos” ou “afro-americanos” são cidadãos diferentes dos demais cidadãos dos Estados Unidos, homens e mulheres à parte. Só que eles não são: são pessoas como as outras. Na visão desses analistas não pode haver um “hispânico” ou um “afro-americano” conservador, por exemplo. Todos teriam que ser progressistas, ao que parece. Quem determinou isso? Vá saber. Talvez uma visão ideológica e nada mais.

Já está mais do que na hora de revermos isso. O que muitas vezes chamamos de “esquerda” tem uma visão de mundo próxima do conservadorismo, ou até do reacionarismo mesmo. Assim, essa visão rechaça as mudanças tecnológicas em curso no mundo, temendo o desenvolvimento das forças produtivas. Além disso, coloca a racialização no centro da luta política, e exalta o nacionalismo, desprezando ainda a Democracia e seus valores. Mais: faz do confronto Estado X Mercado o eixo da luta econômica, esquecendo-se de que a oposição se dá entre capital e interesse social. A continuar dessa forma, estará tomando um caminho sem volta.

*Ivan Alves Filho é historiador.

Motta unifica o “Centrão” com desistência de Brito

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NAS ENTRELINHAS

Consolidou-se a hegemonia do chamado Centrão na Câmara, mas é um erro tratar as forças políticas de centro e centro-direita como um bloco monolítico

O deputado Antônio Brito (PSD-BA) anunciou, nesta quarta-feira, a retirada de sua candidatura a presidente da Câmara e o apoio da bancada do PSD ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), o que fecha uma grande aliança partidária, que vai do PT ao PL, para compartilhar o poder na Mesa Diretora e nas comissões legislativas da Casa. Com isso, o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mantém sua influência no Legislativo e terá cacife para negociar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma eventual reforma ministerial, da qual faça parte.

Motta terá uma liderança compartilhada com Lira, que o ungiu candidato diante do fracasso de outros aliados que pleiteavam sucedê-lo, como Elmar Nascimento (União-BA), Marcos Pereira (Republicanos) e, agora, o baiano Brito. O “dedazo” evitou uma disputa que também não interessava ao Palácio do Planalto nem ao ex-presidente Jair Bolsonaro, uma vez que a derrota do PT ou do PL, em caso de racha no bloco de Lira, poderia resultar na perda de controle de comissões importantes, como as de Constituição e Justiça e de Fiscalização Financeira e Controle, para quem perdesse a disputa.

Uma questão subjacente ao blocão que se formou é a autonomia das bancadas federais em relação aos interesses dos eleitores que cada parlamentar deveria representar e aos seus próprios partidos, em razão do poder acumulado por meio das emendas impositivas, cujo valor chega a R$ 37,9 milhões por deputado. Esse fenômeno também teve forte repercussão nas eleições municipais, que registraram altos índices de reeleição, em grande parte por causa das “estruturas” eleitorais viabilizadas com recursos provenientes do Orçamento da União. A outra face dessa moeda é o patrimonialismo e a política de clientela.

Nas eleições municipais, consolidou-se a hegemonia do chamado Centrão na Câmara, pelo impacto que terá em 2026, mas é um erro tratar as forças políticas de centro e centro-direita como um bloco monolítico. O cientista político Paulo Fábio Dantas Neto, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBa), destaca que a súbita convergência do PL e do PT em torno do nome de Hugo Motta para a sucessão de Artur Lira evitou a perda antecipada de foco da sucessão congressual para as eleições de 2026, tendo como eixos o PSD, o MDB e o União Brasil.

O movimento convergente e rápido dos lados opostos, que o centro e a direita moderada superaram nas eleições de 2024, bloqueia na raiz a hipótese de uma articulação centrista vir a acumular força no Legislativo para a sucessão presidencial, avalia Paulo Fábio. A eleição de Motta, porém, também abre caminho para a recuperação da elegibilidade de Bolsonaro. Na sua avaliação, a vitória de Trump favorece uma anistia, ainda que o governo e a Justiça resistam a isso.

Dois centros

Para Paulo Fábio, o governo Lula erra quando, ao atuar na pequena política, não discerne com clareza os dois tipos de “centro”: “Um eventual eixo MDB/PSD, reforçado pelo União Brasil e outros partidos, poderia ter estímulo do Executivo para contrabalançar a influência das direitas radical e conservantista no Congresso, ancoradas no poder pessoal e no jogo de morde-sopra do atual presidente da Câmara”, sugere.

O bloco parlamentar formado por MDB e PSD teria peso equivalente ao do condomínio suprapartidário controlado por Lira. “Surfar na desqualificação do conjunto como ‘Centrão’ pode ser taticamente interessante para desarmar bombas legislativas de curto pavio e, com os recursos de poder ainda disponíveis, forçar e sustentar a polarização de um amontoado de agentes contra a direita radical, na disputa plebiscitária presidencial. Mas traz sérios inconvenientes à qualidade da governança política (pelo rebaixamento da consistência programática da coalizão governante) e problemas ao desempenho da esquerda nos municípios”, adverte Paulo Fábio.

De fato, MDB e o PSD têm vários aspectos em comum com os partidos do chamado Centrão, entre os quais o patrimonialismo, mas são menos maleáveis ao “fundamentalismo neoliberal”, não têm sintonia fina com as pautas conservadoras religiosas e dos costumes e fazem uma defesa mais normativa, e não apenas pragmática, do sistema político e da democracia representativa. “Por esses três motivos esse centro não está na mera condição de um livre atirador e pode celebrar alianças menos fugazes com uma centro-esquerda que estiver disposta a isso”, argumenta Paulo Fábio.

Nesse aspecto, conclui o cientista político, o sucesso eleitoral do MDB e do PSD, caso mantenha-se uma cooperação mútua, poderia levar à formação de uma aliança com o União Brasil, de formação mais liberal, e partidos de centro-esquerda, como o PSDB e o Cidadania. De outro lado, em aliança com o próprio governo, do qual fazem parte o PP, o Republicanos e, em parte, o União Brasil, têm sido um colchão amortecedor de tentativas da extrema-direita de desestabilizar o sistema político. (Correio Braziliense – 14/11/2024 – https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2024/11/6988292-analise-motta-unifica-o-centrao-com-desistencia-de-brito.html)

IMPRENSA HOJE

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Veja as manchetes dos principais jornais hoje (14/11/2024)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Homem explode bombas na Praça dos Três Poderes
Mudança nas normas das emendas parlamentares passa no plenário do Senado
Corte de gastos deve incluir salário mínimo e taxação de super-ricos
Congresso retoma proposta de isenção fiscal a templos
Senadores aprovam regras para o mercado de crédito de carbono no Brasil
Entenda como funcionará a compra e venda de créditos de carbono
Jornada 6×1: PEC alcança número mínimo para tramitar na Câmara
STJ autoriza cultivo de cannabis para fins mediciais

O Estado de S. Paulo

Homem morre após detonar bomba em frente ao STF; PF investiga motiva política
Teto na correção do mínimo deve integrar pacote de corte de gasto
Delator disse que policiais pediram R$ 40 milhões para livrá-lo de acusação
COP-29 – Sem dar cronograma, Brasil promete transição do petróleo
Liminar de Fux proíbe uso de benefícios sociais em bets
Trump vai ao Capitólio, brinca sobre 3º mandato e visita Biden
Tribunal argentino confirma 6 anos de prisão para Cristina por corrupção

Folha de S. Paulo

Homem se explode em frente ao STF e põe Brasília em alerta
Fux ordena que governo impeça uso de benefício em apostas
STJ autoriza uso de semente de Cannabis para fins medicinais
Meta do Brasil cita corte de combustível fóssil pela 1ª vez
PEC da escala 6×1 atinge assinaturas
Planalto se anima em debate a respeito de horas de trabalho, mas adota cautela
Repúblicanos têm maioria na Câmara, em vitória de Trump

Valor Econômico

BC indica que piora de expectativas pode estender ciclo de alta de juros e reforça alerta sobre risco fiscal
Regra de reajuste do mínimo está em estudo no pacote de corte de gastos
Empresários também precisam ser ouvidos sobre PEC 6×1, diz Motta
Trump escolhe Musk para área de eficiência
COP tem avanço no mercado de carbono
Logística de grãos melhora devagar no país

Presidentes regionais do Cidadania destacam necessidade do partido se reforçar para 2026

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Com a presença expressiva de presidentes regionais do Cidadania de 18 estados e do Distrito Federal foi realizada, nesta quarta-feira (13/11), uma reunião que avaliou o resultado das eleições municipais, abordou as dificuldades provocadas pela Federação com o PSDB em várias regiões e apontou para a necessidade de uma rediscussão de rumos visando reforçar o partido para as eleições de 2026.

Esse foi o quarto encontro desse tipo promovido em um ano e dois meses da nova direção nacional do Cidadania. De acordo com o presidente do partido, Comte Bittencourt “é preciso refletir com o conjunto do partido como vamos olhar para o nosso futuro. Essa eleição foi um aprendizado e daqui para frente vamos precisar tomar decisões”. Nesse sentido, ele já anunciou a realização de uma reunião do Diretório Nacional para o dia 7 de dezembro, a partir das 9 horas, e analisa a possibilidade de convocar um encontro presencial em março de 2025.

Também foi apresentada no encontro uma tabela mostrando o custo de cada voto nos estados, seguindo o compromisso da atual direção com a total transparência no uso dos recursos públicos do fundo eleitoral. No pleito de 2024, o Cidadania elegeu 33 prefeitos, 21 vice-prefeitos e 433 vereadores.

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) anunciou que irá realizar no próximo mês de dezembro dois cursos de formação, um para os prefeitos e vice-prefeitos eleitos pelo Cidadania e outro para os vereadores que irão tomar posse em janeiro.