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“Reeleição” de Maduro pode desestabilizar continente

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NAS ENTRELINHAS

A situação da Venezuela é um desastre econômico e social. Mais: é uma ameaça à segurança política na América do Sul, em razão da militarização

Dos países da América do Sul, o que oferece maior risco à democracia na região, hoje, não é a Argentina, com seu presidente anarco-liberal Javier Milei, em razão de uma sociedade civil e estrutura política mais robusta, mas a Venezuela de Nicolás Maduro, que caminha no rumo de um regime autocrático nacionalista controlado por militares, com uma sociedade completamente desestruturada, cujos aliados estratégicos são Cuba, Rússia, China, Irã e Coreia do Norte.

O elo perdido com o Ocidente será a manutenção de Maduro no poder, por meio de uma fraude eleitoral já escancarada ou, caso isso não seja possível, um golpe de Estado. Não se pode falar em democracia plena na Venezuela com o sucessor de Hugo Chávez no poder. Para o Brasil, legitimá-lo com o conceito de “democracia relativa” será um grave erro. A democracia é um valor universal, ainda que a boa convivência com os vizinhos e a prioridade aos nossos próprios interesses econômicos, que são pilares da nossa política externa, venham a ser invocados nesse contexto.

As eleições de domingo na Venezuela estão recebendo crescente atenção do Ocidente, principalmente dos países vizinhos, dos Estados Unidos e da União Europeia (UE). A situaçao da Venezuela é um desastre econômico e social e uma ameaça à estabilidade política na América do Sul, em razão da militarização do governo e a declarada intenção de ocupar a província petrolífera de Essequibo, na Guiana — que, inclusive, já consta do mapa oficial da Venezuela.

Entre o primeiro dia de governo de Maduro, em 19 de abril de 2013, e o próximo domingo, a Venezuela desceu ladeira abaixo, em todos os aspectos. Herdeiro político de Chávez, que implantou o regime bolivariano, Maduro sonha com um país impossível nas condições atuais. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 75% entre 2013 e 2021. Apesar da queda dos preços do petróleo, Maduro não reduziu os gastos públicos e perdeu muitos mercados no Ocidente, principalmente após as sanções financeiras dos EUA, que proibiram as emissões de dívida e obrigações em 2017, o que gerou um deficit público inadministrável.

Em dezembro daquele ano, a inflação oficial mensal subiu para 55,6% — ou seja, chegou às portas da hiperinflação. Como na Argentina, a perda do poder de compra do bolívar, a moeda local, levou à dolarização da economia. Do ponto de vista social, o abastecimento foi completamente desorganizado e a economia entrou em colapso. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 7,7 milhões de venezuelanos se tornaram refugiados, de uma população de 30 milhões de habitantes.

O país somente saiu da hiperinflação em dezembro de 2021, quando completou 12 meses com uma variação mensal inferior a 50%. Foi a bastante para uma visão ufanista de Maduro. A narrativa de seu projeto de reeleição é alavancada por uma taxa de crescimento do PIB venezuelano de 5%, em 2023. Estima-se que cresça 4% este ano, mas apenas em 25% das atividades produtivas, as do petróleo.

Miséria generalizada

O Inquérito às Condições de Vida (Encovi), elaborado por três universidades, em 2020, constatou que a Venezuela hoje é um dos países mais pobres do planeta. Apenas 4% da população não se enquadram na “pobreza de rendimento”, a nova elite local; 54% dos venezuelanos se encaixam na “pobreza recente” (54%) e outros 41%, na pobreza crônica. Entre novembro de 2019 e dezembro de 2020, 79,3% dos venezuelanos não tinham recursos para a cesta básica. Hoje, a pobreza multidimensional registada pelo Encovi — que inclui condições como habitação, serviços públicos, proteção social, trabalho e educação — atinge 51,9% da população.

Para tentar a reeleição, Maduro anunciou um aumento do “rendimento mínimo abrangente” para cerca de US$ 130, em bolívares. O valor é a soma entre o salário mínimo e um bônus que nem todos os trabalhadores recebem. Os sindicatos rejeitaram a proposta e exigem um aumento para US$ 200. Com uma renda mínima de US$ 130, a Venezuela ocupa o último lugar na América do Sul.

Maduro fala de desenvolvimento econômico, meio ambiente, direitos humanos e melhoria da qualidade de vida, mas essa é uma agenda do candidato de oposição, Edmundo González Urrutia, o ex-diplomata que lidera a corrida presidencial com mais de 50% das intenções de voto.

Do ponto de vista geopolítico, uma vitoria fraudada ou um golpe de Maduro somente terão sustentação se houver apoio efetivo de seus aliados, principalmente a Rússia e a China, em razão da inevitável ampliação das sanções ocidentais. Como esse apoio passaria também pelo aumento da capacidade bélica da Venezuela, a consequência direta será uma corrida armamentista na região, ampliação da presença militar dos EUA na Amazônia e a militarizaçao do Atlântico Sul. É uma situação que não interessa ao Brasil. (Correio Braziliense – 26/07/2024)

Cidadania Curitiba reafirma apoio à pré-candidatura de Eduardo Pimentel

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Nota Oficial do Cidadania23 Curitiba

O Cidadania23 de Curitiba realizou nesta quinta-feira, 25, a reunião da Executiva Municipal em conjunto com a sua chapa de pré-candidatos para alinhamento da sua estratégia eleitoral de 2024. O partido reafirma o seu apoio à pré-candidatura de Eduardo Pimentel, do PSD, à Prefeitura de Curitiba.

No mesmo encontro, David Antunes retirou a sua pré-candidatura a prefeito, entendendo que neste momento é importante fortalecer o apoio a chapa de vereadores neste pleito.

Importante destacar que o partido firmou compromisso já no início deste ano com a construção deste projeto liderado pelo atual vice-prefeito, Eduardo Pimentel. O objetivo sempre foi de assegurar a manutenção de uma administração eficiente e de criar perspectivas de investimentos futuros para a nossa capital.

Em reunião realizada em fevereiro com o Eduardo, o Cidadania tornou público o seu apoio e comprometimento, sendo o primeiro partido a fazer esta manifestação.

Nesse contexto, estreitamento da atuação partidária e parlamentar foram demonstrações pública de honrar o nosso compromisso assumido. Ressalte-se o alinhamento e colaboração com a atual administração municipal e, ainda, a dedicação e voto de confiança dado ao nosso vereador, Herivelto Oliveira, que assumiu interinamente a prefeitura municipal, dando continuidade aos projetos da cidade de forma linear.

Ressaltamos que qualquer informação, opinião ou posicionamento partidário serão sempre emanados exclusivamente pelos seus Diretórios, municipal e estadual, e através de seus canais de comunicação oficiais.

Mirella Neves Ferraz

Presidente Municipal do Cidadania Curitiba

Derrota de Maduro pode repetir a de Pinochet

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Maduro recorre a todos os expedientes para conter a oposição, sem sucesso até agora. A tática da oposição venezuelana se parece muito com a da oposição à ditadura chilena

Para manter a fachada de que os venezuelanos vivem num regime democrático como os demais países da América do Sul, o presidente Nícolas Maduro, sob grande pressão internacional, teve que convocar eleições presidenciais na Venezuela. Fez tudo o que pode e o que não poderia para retirar da disputa os adversários, porém, as pesquisas mostram que no próximo domingo pode ser derrotado pelo candidato de oposição Edmundo González Urrutia, o ex-diplomata que lidera a corrida presidencial com mais de 50% das intenções de voto, contra 20% de Maduro. Outros oito candidatos participam do pleito.

Derrotas eleitorais são corrosivas para os regimes autoritários, mesmo quando o poder central não está em disputa, como ocorreu no Brasil em 1974, 1978 e 1982. Talvez a derrota de Maduro, com sinal trocado, seja semelhante à do sanguinário ditador chileno Augusto Pinochet. Após 15 anos no poder, o general que depôs o governo de Salvador Allende resolveu, em 1988, dar uma cartada para tentar se legitimar na Presidência por mais um período. Convocou um plebiscito sobre a sua permanência. As eleições venezuelanas serão plebiscitárias.

Maduro recorre a todos os expedientes para conter a oposição, sem sucesso até agora. A tática da oposição venezuelana se parece muito com a da oposição chilena, descrita no filme No. Nele, o diretor Plabo Larrain conta os bastidores da campanha publicitária que inviabilizou a permanência de Pinochet no poder. Como no Chile, a comunidade internacional pressiona o regime de Maduro. Sua busca desesperada pela permanência no poder se parece com a tentativa de legitimação continuísta de Pinochet.

Aos 61 anos, Maduro está há 11 no poder e tenta a terceira reeleição. Desta vez, não teve como barrar a participação da coalizão de partidos opositores, que também decidiu não boicotar o pleito, quando suas candidatas foram impedidas de concorrer. Maduro havia convocado eleições como contrapartida ao acordo de suspensão das sanções econômicas dos Estados Unidos. Ao tornar inelegível a candidata de oposição María Corina Machado, que liderava as pesquisas, as sanções foram restabelecidas. Em outubro do ano passado, a ex-deputada havia vencido as primárias da oposição, com mais de 90% das indicações, porém, teve a candidatura cassada pelo governo, com ratificação da Suprema Corte da Venezuela.

O presidente Maduro manobra descaradamente para fraudar as eleições. Cancelou o convite à missão da União Europeia (UE) para monitorar o processo eleitoral, mas a Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou o envio de observadores, que não têm previsão de fazer declarações públicas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma posição ambígua em relação ao pleito, cujo resultado já disse que aceitará. O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, foi despachado para Caracas, onde acompanhará o pleito.

Fraudes à vista

Maduro somente vencerá as eleições mediante uma fraude escancarada, avaliam os principais analistas internacionais. Essa possibilidade é real. A Organização dos Estados Americanos (OEA), além dos EUA e da UE, e os partidos de oposição foram impedidos de fiscalizar o pleito, que não tem paridade de armas.

As condições da eleição estão extremamente desequilibradas, o governo usa todos os recursos estatais para favorecer Maduro. Candidato improvável, Edmundo González mesmo assim abriu 20 pontos de vantagem nas pesquisas. O ex-diplomata é escritor e acadêmico, foi escolhido como candidato de consenso pela coalizão de oposição Plataforma Unitária.

Maduro proibira María Corina de ocupar cargos públicos por 15 anos, acusando-a de fraude, o que ela nega. Depois, sua substituta, a historiadora Corina Yoris, também não pôde concorrer. Simplesmente não teve a candidatura registrada pelo sistema on-line quando tentou fazê-lo. Seus apoiadores foram alvo de mandados de prisão e membros de sua equipe foram detidos. Ambas resolveram apoiar Edmundo Gonzales.

A oposição se compromete a revitalizar a economia para trazer de volta os milhões de venezuelanos que migraram desde 2013. São o segundo maior contingente de pessoas que cruzaram a fronteira dos EUA com o México. No Brasil, há 195 mil refugiados, dos mais de 80% em situação de vulnerabilidade.
A pergunta que fica no ar é como Maduro fará para se manter no poder. Já disse que sua derrota resultará num banho de sangue, o que levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a se dizer espantado com a declaração, numa troca de farpas na qual Maduro sugeriu que o petista tomasse camomila.

Está claro, pois, que Maduro não pretende aceitar um resultado desfavorável, caso não consiga fraudar as eleições na escala que deseja. Haverá forte reação internacional se isso ocorrer, mas o regime bolivariano conta com aliados como Cuba, Rússia, Coreia do Norte, Irã e China. Um desfecho golpista como esse empurrará a Venezuela para fora do contexto político do Ocidente. A posição do Brasil sobre tudo isso terá grande impacto nas nossas relações internacionais. Lula disse que Maduro deve aceitar o resultado das eleição, se tomar um “banho de votos”. E se houver um faz-de-conta eleitoral? (Correio Braziliense – 25/07/2024)

Alex Manente oficializa candidatura a prefeito de São Bernardo dia 3 de agosto

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O deputado federal Alex Manente, pré-candidato a prefeito de São Bernardo do Campo, da federação PSDB-Cidadania, realizará convenção partidária no próximo dia 03 de agosto.

O evento ocorrerá das 09h às 17h, na sede do Meninos Futebol Clube, localizado na avenida Caminho do Mar, nº 3222, no bairro Rudge Ramos.

Líder da bancada do Cidadania na Câmara dos Deputados, Alex é a opção mais sensata para a administração de São Bernardo.

Um pouco da memória de Dilma não faria mal a Lula

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NAS ENTRELINHAS

A oposição está voltando à pauta de junho de 2013, com o argumento verdadeiro de que a maioria dos contribuintes paga imposto, mas não vê melhoria na qualidade de vida

Nove entre 10 petistas têm a convicção de que a história do Brasil seria diferente se a ex-presidente Dilma Rousseff desistisse da reeleição e apoiasse a volta de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder, nas eleições de 2014. É uma avaliação que se baseia muito mais no papel do indivíduo na história do que no balanço crítico da política que vinha sendo executada pelo governo, cujo colapso econômico viria a ser decisivo para o impeachment da ex-presidente, muito mais do que o escândalo da Petrobras.

Ainda hoje, a maioria do partido não fez autocrítica da estratégia da “nova matriz econômica”, pautada por uma visão nacional-desenvolvimentista desconectada da realidade econômica mundial, e, mais ainda, do seu contexto político. Haja vista a oposição que ainda faz ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por não aderir às teses que fundamentaram aquele fracasso.

A reeleição de Dilma embaçou a avaliação sobre o significado e a profundidade reais das manifestações de protestos ocorridas a partir de junho de 2013, que foi uma explosão de insatisfação popular. Como se sabe, tudo começou quando estudantes do Movimento Passe Livre (MPL) queimaram uma catraca de papelão, interrompendo o tráfego na Avenida 23 de Maio, na altura do Vale do Anhangabaú, centro da cidade de São Paulo.

Lutavam contra o aumento das tarifas do transporte público, que haviam subido de R$ 3 para R$ 3,20 no início do mês. A polícia reprimiu o protesto como tinha feito de outras vezes. Porém, em menos de duas semanas, o Brasil assistiria a manifestações de inédita envergadura, que se estenderam para ao Rio de Janeiro e a Belo Horizonte e, a seguir, ganhariam as ruas das principais cidades do país. O que unificava a agenda dos manifestantes era o chamado “padrão Fifa”, a melhoria da qualidade dos serviços públicos, a contrapartida à população aos impostos que pagava.

Ontem, Lula afirmou que o imposto sobre herança no Brasil “é nada” perto do que é pago por norte-americanos, durante a comemoração dos 10 anos do Campus Lagoa do Sino, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em Buri (SP). O presidente fez a afirmação acerca do imposto sobre herança ao citar a doação de patrimônio por magnatas norte-americanos a estabelecimentos de ensino. Para Lula, o imposto mais alto sobre herança praticado nos EUA estimula a doação a universidades e institutos, o que é verdade.

Quando uma pessoa morre nos EUA, 40% da herança é paga de imposto. “Aqui, no Brasil, você não tem ninguém que faça doação porque o imposto sobre herança é nada, é só 4%. Então, a pessoa não tem interesse em devolver o patrimônio dela”. Na verdade, por aqui, o imposto varia entre 1% a 8%, de acordo com a unidade da federação — nos EUA, de 18% a 40%. O campus foi construído na antiga fazenda Lagoa do Simão, doada pelo escritor Raduan Nassar à UFSCar.

Curva de Laffer

Aumentar impostos para arrecadar mais e obter o equilíbrio fiscal pela receita, sem cortar gastos, parece ser uma obsessão de Lula, mas quem paga o pato é Haddad, que também quer cortar gastos, e sofre uma intensa campanha na internet por parte da oposição por causa do choque distributivo da reforma tributária. “Taxad”, “Taxador de Promessas”, “Zé do Taxão”, “Nostaxamus”, “Taxa Humana”, “Pero Vaz de Taxinha” são memes que circulam nas redes, com um humor corrosivo que deveria preocupar o governo.

A narrativa oficial é a defesa da justiça tributária, cuja grande bandeira foi a reforma aprovada pelo Congresso e que está sendo regulamentada. Nessa caminhada, privilégios, renúncias fiscais e impostos seletivos, tendo sempre Haddad como interlocutor, tornaram o ministro da Fazenda refém dessa pauta. A comparação da carga tributária de 30 países com as maiores tributações no mundo com o seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBTP), mostra que o Brasil aparece em último lugar, atrás do Uruguai (9º) e da Argentina (22º). O ranking foi liderado por Irlanda, Suíça, EUA, Austrália e Coreia do Sul.

Os críticos do governo estão voltando à pauta generalista de junho de 2013, com o argumento verdadeiro de que a maioria dos contribuintes não vê melhoria da segurança pública, do sistema público de saúde, de estradas e rodovias. Argumentam que se financia a máquina do governo, partidarizada pelo PT, com aumento de impostos, sem contrapartida em bons serviços. Não é bem assim. A carga tributária média de 2023 caiu em relação ao ano anterior, mas como a arrecadação subiu, o discurso cola.

Ninguém gosta de pagar impostos — se gostasse, o nome seria outro. Existe uma teoria econômica sobre seus limites, a Curva de Laffer. A tese é de que há um ponto em que o aumento da carga tributária provoca perda de arrecadação, por saturação, ao inibir a atividade econômica. Na econometria, o cálculo é possível; mas, na vida real, é quase inviável.

O modelo de Arthur Laffer, porém, foi adotado durante a presidência de Ronald Reagan como um dos argumentos para a redução de impostos nos EUA na década de 1980. Ou seja, a curva dos impostos bateu no teto da política. (Correio Braziliense – 24/07/2024)

“Rocada” democrata é aposta multiétnica contra Trump

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NAS ENTRELINHAS

Kamala protagonizará um choque dramático entre dois Estados Unidos, o supremacista branco e o multiétnico, o conservador e o progressista, o provinciano e o cosmopolita, o “illiberal” e o democrático

No xadrez, o “roque” é a única jogada em que duas peças se movem simultaneamente. É uma manobra para proteger o rei, movimentando a torre, e abrir novas possibilidades ofensivas. As regras são as seguintes: o jogador só pode “rocar” se não tiver movido seu rei e sua torre (no lado onde deseja “rocar”); nenhuma peça pode ficar entre o seu rei e a torre do lado onde deseja fazer o “roque”; não se pode “rocar” quando se está em xeque ou através dele.

No xadrez da política americana, as regras são outras. A troca do presidente Joe Biden (o rei) pela sua vice, Kamala Harris (a rainha), como provável candidata do Partido Democrata, tirou a legenda de um iminente xeque-mate e possibilitou a retomada da iniciativa política, depois de uma crise dramática. Nas últimas semanas, o atual ocupante da Casa Branca desnudara sua incapacidade física e mental para enfrentar Donald Trump, ainda mais depois que o candidato republicano sobreviveu a um atentado em plena campanha e, na sequência imediata, escolheu um jovem para vice, o senador J.D. Vance, de 39 anos.

Pressionado pelo establishment norte-americano e as principais lideranças democratas, enquanto Trump esbanjava vitalidade, Biden convalescia de uma nova infecção de covid-19, sob fortes pressões para desistir da reeleição. Jogou a toalha no domingo e anunciou Kamala como sua substituta na corrida presidencial no mesmo dia. Recebeu apoio imediato de Bill e Hillary Clinton e de Nancy Pelolsi, a poderosa ex-presidente da Câmara de Deputados, mas ainda falta o apoio formal de Barack Obama e sua mulher, a carismática Michele, que não pretende ser candidata — e que hoje bate Trump nas pesquisas com 10 pontos de vantagem.

Entretanto, Kamala tem precedência na indicação e os democratas não têm tempo para uma disputa interna com realização de novas primárias, pois as eleições estão marcadas para 5 de novembro e Trump é favorito. Além disso, herda o cofre eleitoral de Biden já na largada.

Kamala protagonizará um choque dramático entre dois Estados Unidos, o supremacista branco e o multiétnico, o conservador e o progressista, o provinciano e o cosmopolita, o isolacionista e o globalista, o negacionista e o ambientalista, o “iliberal”e o democrático. Aprofunda-se a divisão do país, que remonta à Guerra da Secessão entre o sul confederado e a União.

Trump estava com o discurso na ponta da língua, tripudiando de Biden, por causa de sua fragilidade, embora seu governo tenha indicadores muito positivos. Perdeu o discurso, terá que enfrentar uma mulher negra e combativa, com as bandeiras da democracia e da ordem nas mãos, que exercerá um forte apelo identitário, sem a necessidade da retórica “identitarista”, como também fizera Obama para se eleger presidente dos EUA.

Força da natureza

Nunca uma mulher governou os EUA, nunca uma negra foi candidata democrata. Kamala é a reencarnação política de Shirley Anita St. Hill Chisholm (1924-2005), educadora e escritora, a primeira mulher negra a ser eleita ao Congresso dos EUA, em 1968. Exerceu sete mandatos, até 1983. Em 1972, tornou-se a primeira mulher negra a postular a Presidência dos EUA e a primeira mulher a concorrer ao cargo no Partido Democrata.

Shirley enfrentou dificuldades de organização e financiamento — sua campanha arrecadou apenas US$ 300 mil. Fez tudo para ser considerada uma candidata de verdade, mas foi descartada pelos democratas e ignorada até pela maioria dos homens negros. Recebeu apenas 3,5% dos votos nas primárias. Com 1.728 delegados, o senador George McGovern venceu a convenção e disputou a Presidência, sendo massacrado eleitoralmente por Richard Nixon, que disputava a reeleição. O filme Shirley para Presidente (Netflix) conta essa história.

Kamala é outra força da natureza, mas num contexto menos desfavorável. Inverte a equação da idade na disputa americana e confronta tudo o que existe de reacionário na campanha de Trump, o que o obrigará a mudar seu discurso, embora a lógica seja colar nela todas as críticas à gestão de Biden. Uma das acusações diretas do republicano contra a vice-presidente é ter acobertado a condição física do presidente.

Ex-procuradora, Kamala não é um ícone progressista do Partido Democrata. Seu nome historicamente está associado ao direito e à justiça, mas será alvejada por sua atuação na crise de imigração na fronteira com o México. A defesa do direito ao aborto também será usada contra ela, pois Kamala apontou os danos causados pela proibição da interrupção da gravidez e pediu ao Congresso a restauração das proteções do caso Roe x Wade, que garantiam o direito ao aborto nos EUA, até serem anuladas pela Suprema Corte, em 2022.

Entretanto, uma pesquisa realizada em abril pelo Pew Research Center mostrou que 63% dos adultos entrevistados disseram que o aborto deveria ser legal no país em todos ou na maioria dos casos, enquanto 36% afirmaram que deveria ser ilegal em todos ou na maioria dos casos. Entre as pessoas que se declaram não afiliadas a nenhuma religião, os favoráveis ao aborto na maior parte dos casos chegam a 86%. Ao mesmo tempo, 73% dos evangélicos protestantes brancos acreditam que o aborto deveria ser ilegal em todos ou na maioria dos casos.

Kamala tem 59 anos, um forte contraste com Trump e conhece bem os meandros da política norte-americana. Recebeu o apoio de Gretchen Whitmer, governadora de Michigan, e de Gavin Newsom, da Califórnia, nomes cotados para substituir Biden até ele anunciar seu apoio a Kamala. Em boa forma e enérgica, ela pode virar o jogo. (Correio Braziliense – 23/07/2024)

Dr. Samuel é confirmado candidato à Prefeitura de Socorro, em Sergipe

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O deputado estadual Dr. Samuel foi confirmado neste fim de semana, em convenção partidária, como candidato a prefeito no município de Socorro, em Sergipe. Com uma campanha baseada na mudança, em uma administração séria, responsável e transparente, ele vem angariando mais apoios a cada dia.

“Dia marcado na história do município de Socorro. É pelo nosso povo, pelas nossas crianças, pelo desenvolvimento da nossa cidade, por oportunidades para todos. Na nossa convenção ficou claro: o povo de Socorro não aguenta mais tudo que tem vivenciado, agora é a hora da renovação!”, afirmou o deputado estadual após ter sua candidatura a prefeito confirmada.

Centenas de pessoas participaram da convenção, que também tomou as ruas do município numa festa cívica de democrática.

Cachorros, o “cerco e aniquilamento” da cúpula do PCB

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NAS ENTRELINHAS

Severino Theodoro de Mello, o Pacato, militante histórico do PCB, era “Vinícius”, um super espião da inteligência militar nos anos de chumbo

O novo livro de Marcelo Godoy, “Cachorros” (Alameda), já à venda na internet, remove velhos esqueletos dos porões do regime militar e sua infiltração nas organizações de esquerda, sobretudo a cooptação de um dirigente histórico do antigo PCB, Severino Theodoro de Mello.

O novo livro de Marcelo Godoy, “Cachorros” (Alameda), já à venda na internet, remove velhos esqueletos dos porões do regime militar e sua infiltração nas organizações de esquerda, sobretudo a cooptação de um dirigente histórico do antigo PCB, Severino Theodoro de Mello.

Mello contribuiu para sequestros, mortes, prisões e desaparecimentos que ajudaram a neutralizar o PCB nos anos 1970. Com a publicação do livro “A Casa da Vovó: uma biografia do DOI-Codi, relatos inéditos de policiais e militares que atuaram nos centros de torturas e assassinatos do regime”, ganhador dos prêmios Jabuti (não ficção) e melhor Ensaio Social da Biblioteca Nacional, questionamentos de dirigentes oriundos do antigo PCB sobre esses depoimentos, que classificam os infiltrados como “cachorros”, desafiaram Godoy a aprofundar suas investigações, sobretudo sobre o veterano dirigentes do PCB.

O resultado é seu novo livro, lançado 10 anos depois, com revelações surpreendentes, entre as quais a morte de Theodoro de Mello, aos 105 anos, no Recife, tão clandestinamente como fora a sua trajetória de dirigente do antigo Partidão. Godoy somente soube do paradeiro de “Vinícius” ao descobrir que Mello deixara de receber os soldos de capitão do Exército brasileiro, por falecimento. A infiltração no PCB era estratégica para os militares, porque o Partidão conseguiu se rearticular durante a abertura e influenciar toda a oposição democrática, até a eleição de Tancredo Neves, apesar dos duros golpes que sofreu após a vitória do MDB de 1974.

Via chilena

A organização do aparelho de repressão do regime militar atingiu novo patamar após o golpe militar do general Augusto Pinochet, no Chile, em 1973. Militares brasileiros que auxiliaram os colegas chilenos a interrogar brasileiros no Estádio Nacional foram identificados e entrevistados por Godoi. Doutor Pirilo, o capitão Antônio Pinto, da Aeronáutica, conta no livro como foi a morte de Stuart Angel Jones e como interrogou outros integrantes do MR-8. Foi um informante no Chile que deu informações para o sequestro e desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva.

Outro infiltrado ajudou os militares na caçada ao ex-campeão do Exército Carlos Lamarca, morto no interior da Bahia. Hoje, é um banqueiro de bicho no Norte do país, ligado ao Capitão Guimarães, do Rio. O coronel Romeu também conta como cooptou o dirigente do PCdoB Manoel Jover Telles para entregar a reunião do Comitê Central do PCdoB onde seria feito um balanço da Guerrilha do Araguaia, na Lapa, em São Paulo, em 1976. O episódio terminou com as mortes de três dirigentes do partido. O coronel entregou a degravação da conversa dele com Jover Telles. Romeu era subcomandante do DOI do Rio de Janeiro.

A Cia também se infiltrou no PCB, no começo dos anos 1960. O “Agente Carlos” acompanhara Prestes em viagem para Moscou e Pequim e passou informações detalhadas sobre as conversas de Prestes com Mao Tse Dong e com Nikita Kruschev. Adalto Alves dos Santos pode estar ligado à queda das famosas cadernetas de Luiz Carlos Prestes, logo depois do golpe de 1964. Foi preso pelo Cenimar (Marinha) durante a Operação Master e revelou para quem trabalhava.

Um dos seus relatórios dizia que o partido mantinha contato com cerca de 80 bispos católicos brasileiros, 10 dos quais classificados como comunistas, entre os quais os cardeais Eugênio Salles e Evaristo Arns, e 2 mil padres. Em 1973, o documento foi encaminhado pelo Itamaraty ao Núncio Apostólico no Brasil. Responsável pelos contatos com a Igreja, o advogado e jornalista potiguar Luís Ignácio Maranhão Filho, membro do Comitê Central do PCB, foi sequestrado no Rio de Janeiro e assassinado pelo DOI-Codi de São Paulo.

Áudios de reuniões do Comitê Central do PCB em Moscou e Praga, que foram gravadas, mostram que a suspeita da existência de um informante mobilizou a cúpula comunista com discussões envolvendo Prestes e outros dirigentes do partido, sem que eles soubessem que o traidor estava presente participava dos debates. Severino Teodoro de Mello fora enviado pelos militares para Moscou a fim de continuar seu trabalho como espião.

Depoimentos inéditos do próprio Mello ao repórter Marcelo Godoy, todos gravados, contam a razão do seu acordo com os militares, após ser preso. Solto, era vigiado em seus encontros, causando muitas quedas em SP, RJ, GO, BA e RS, entre 1974 a 1976. Melo continuou trabalhando para o Cisa até 1995. O PCB já havia mudado de nome e sigla, passando a se chamar Partido Popular Socialista (PPS), mas continuou espionado, sem que o presidente Fernando Henrique Cardoso soubesse. (Correio Braziliense – 21/07/2024)

Resolução 041/2024 – Federação PSDB-Cidadania

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RESOLUÇÃO FEDERAÇÃO PSDB CIDADANIA – 041/2024

O COLEGIADO NACIONAL DA FEDERAÇÃO PSDB CIDADANIA, no uso das competências que lhe confere os artigos 49 e 53 do Estatuto da Federação,

CONSIDERANDO que o estatuto da Federação PSDB/Cidadania prevê a constituição de órgãos Colegiados Municipais;

CONSIDERANDO a importância da constituição dos órgãos Colegiados Municipais para a organização os trabalhos para o pleito eleitoral que se aproxima, nos termos da Res. Fed. PSDB Cidadania nº 14/2024 –Federação PSDB/Cidadania (art. 5º);

CONSIDERANDO que o prazo para a realização das convenções partidárias se inicia em 20 de julho próximo;

CONSIDERANDO que a Res. Fed. PSDB Cidadania nº 14/2024 –Federação PSDB/Cidadania prevê que a Presidência do Colegiado Nacional pode decidir os casos omissos e duvidosos (art. 17),

RESOLVE

1. As Direções Estaduais da Federação PSDB/Cidadania criarão, de ofício, órgãos Colegiados Municipais da Federação, nos municípios com menos de 200 mil eleitores, e os anotarão perante o Tribunal Regional Eleitoral respectivo, nas hipóteses em que os municípios não enviarem ata de indicação de composição da federação local até a publicação da presente resolução.

2. Na criação dos Colegiados Municipais de ofício, as Direções Estaduais observarão a proporção da votação o total para prefeito e vereador na última eleição e o número de membros previstos no art. 17, § 2º, do Estatuto da Federação PSDB/Cidadania.

3. Nos Municípios em que houver apenas um dos partidos da federação constituído e anotado perante a Justiça Eleitoral, a criação de órgão Colegiado Municipal da federação pode ser dispensada, sendo os convencionais definidos pelo respectivo estatuto partidário e a federação representada perante a Justiça Eleitoral pelo presidente do partido anotado na circunscrição, nos termos do art. 9º, caput, da Resolução TSE nº 23.670/2021.

4. O consenso entre os partidos integrantes da federação na circunscrição para a formação das listas de candidatos e demais matérias a serem tratadas em convenção supriria a necessidade de constituição de órgão Colegiado Municipal, quando não anotado.

5. Nessa hipótese, serão considerados convencionais os membros das direções municipais do PSDB e do Cidadania.

6. Esta Resolução entra em vigor nesta data.

Brasília, 18 de julho de 2024.

MARCONI FERREIRA PERILLO JÚNIOR
Presidente Nacional da Federação PSDB Cidadania

PLÍNIO COMTE BITTENCOURT
Vice-Presidente Nacional da Federação PSDB Cidadania

041de2024-orientaa§ao-designaa§ao-colegiados-municipais.pdf

Em defesa da democracia, presidente do Cidadania repudia declarações de Maduro

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Na fronteira com a Venezuela, o presidente nacional do Cidadania, Comte Bittencourt, que percorreu o estado preparando o partido para as eleições de 2024, repudiou, nesta sexta-feira (19), as declarações do presidente do país vizinho, Nicolás Maduro, que ameaçou ocorrer um “banho de sangue” e “guerra civil”, caso ele perca as eleições.

No exercício da democracia, nós, do Cidadania, manifestamos total repúdio a esse tipo de ameaça infame. “Estou em Roraima. Aqui já abrigamos 200 mil venezuelanos que fugiram do regime ditatorial de Maduro. O estado abriga 20% dos que pedem asilo no Brasil. E de quem é culpa disso? É de quem ameaça e não tem respeito pela democracia, que é o pilar básico de nosso partido. Repudiamos e estamos atentos”, afirmou Comte.

O presidente do Cidadania lembrou ainda que os ex-deputados federais Raul Jungmann e Rubens Bueno atuaram por diversas vezes em momentos de crise na Venezuela, sempre em prol da democracia, do povo venezuelano, e da boa relação entre os dois países.

“A Venezuela é muito maior. Acolhemos seu povo. Oferecemos apoio para a população. Mas, jamais vamos aceitar a permanência de um regime de exceção, registramos nosso mais veemente repudio!”, finalizou o presidente nacional do Cidadania.