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PT perdeu a centralidade da democracia

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NAS ENTRELINHAS

Não se compreende a aposta no alinhamento de Maduro ao eixo formado por Rússia, China, Cuba, Irã, Síria, Madagascar e Coreia do Norte, além de Honduras e Nicarágua

Para quem passou pela tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, quando partidários do ex-presidente Jair Bolsonaro tomaram a Praça dos Três Poderes e invadiram seus palácios com objetivo de provocar uma crise institucional e destituir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a nota do PT reconhecendo a “vitória” eleitoral do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, revela um partido político que perdeu a noção da realidade na qual atua.

A nota trata Maduro como “presidente reeleito” e descarta que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano divulgue os dados de cada local de votação, principal cobrança da oposição e de vários países. O Itamaraty considera essa divulgação o “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”. O CNE garante que Maduro venceu com 51,2% dos votos, ante 44% de Edmundo González, o principal opositor. Ninguém acredita.

O PT abandonou a centralidade da democracia e subordinou seus valores ao alinhamento ideológico com forças de esquerda da América Latina que ainda se pautam pela agenda do velho nacionalismo, uma linha de atuação na qual o inimigo principal são os Estados Unidos e a democracia é apenas um instrumento de acumulação de forças para chegada ao poder, que deve ser mantido a qualquer preço, mesmo por meio de fraudes eleitorais e feroz repressão à oposição. É o que acontece agora na Venezuela.

Não se compreende a aposta do PT no alinhamento de Maduro ao eixo formado por Rússia, China, Cuba, Irã, Síria, Madagascar e Coreia do Norte, além de Honduras e Nicarágua, para se manter no poder. Essa é a chave geopolítica — e estratégico-militar — para a qual a Venezuela se direciona e que não interessa nem um pouco ao Brasil que venha a se tornar o divisor de águas da política latino-americana. É uma aposta na “guerra fria” e não no multilateralismo, que pauta a política externa do próprio Lula, e não, apenas, a tradição diplomática do Itamaraty.

Para um partido fundado em 1980, o posicionamento do PT sobre a Venezuela, no frigir dos ovos dessa crise diplomática, é de uma infantilidade política que beira o complexo de Peter Pan. A síndrome se inspira no famoso personagem dos contos de fadas de J.M. Barrie, que não aceita crescer e prefere continuar no mundo da infância para sempre. Uma mistura de imaturidade e narcisismo político.

Grosso modo, a ideologia consiste em separar a produção das ideias das condições históricas sobre as quais são produzidas. Ou seja, dar às ideias status de universalidade, atemporalidade e apriorismo. A ideologia assume um poder superior e exterior, um poder espiritual autônomo, capaz de mascar as contradições reais.

É o que mostra a cúpula petista, que sabota os esforços do Itamaraty para construir uma solução na qual as regras do jogo democrático prevaleçam e põe Lula numa saia justa mais apertada do que já estava, do ponto de vista diplomático. O PT se isola, fragiliza o presidente e leva água para o moinho da oposição.

Violência cresce

Há, sim, um esforço de Lula para chegar a um posicionamento sobre a Venezuela que não descole o Brasil da maioria dos países do G20, que se reúne em novembro, no Rio de Janeiro. Ontem, o presidente brasileiro conversou com o presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, e reiterou a posição de aguardar a divulgação das atas eleitorais para reconhecer ou não a vitória de Maduro. Essa posição é compartilhada com Colômbia, México, Inglaterra e União Europeia, que também exigem transparência na apuração das urnas.

Entretanto, também ontem, em entrevista, Lula disse que a situação na Venezuela é “normal” e que a contestação do resultado pela oposição deve ser encaminhada à Justiça. Com certeza tentará se distanciar de Maduro, mas não romperá relações com a Venezuela, nem apoiará uma intervenção militar no país vizinho.

Na Venezuela, a revolta popular diante da proclamação da vitória de Maduro sem a comprovação do resultado pelas atas das urnas, duramente reprimida, já resultou em 11 mortos, 48 feridos e 749 presos. Maduro acusa parte da oposição e países de incitarem um suposto golpe de Estado no país contra o resultado eleitoral.

Ontem, o parlamento venezuelano reconheceu o resultado, enquanto as forças de segurança reprimiam os protestos. O CNE ainda não divulgou as atas que comprovam o resultado anunciado como deveria e o governo diz que o sistema sofreu um ataque de hackers. Mas proclamou a vitória de Maduro com 51,21% dos votos, contra 44% para González e 4,6% para os outros oito candidatos.

O chefe do Ministério Público da Venezuela, Tarek William Saab, qualificou os atos de protestos como terrorismo. É a narrativa de uma ditadura. Há 11 anos no poder, Maduro terá mais seis anos de mandato. (Correio Braziliense – 31/07/2024)

Perguntas e respostas sobre a liberação do fundo eleitoral

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A direção nacional do Cidadania preparou uma cartilha prática com as principais perguntas e respostas sobre a liberação do fundo especial de financiamento de campanhas 2024. O material faz parte do esforço do partido para ajudar o desempenho de seus candidatos no pleito municipal e serve não só para quem vai disputar a eleição, mas para assessores e dirigentes partidários.

Confira aqui a cartilha completa

 

Em nota, Cidadania alerta para futuro da Venezuela sob o comando de Maduro

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Nota Pública

Tendo a democracia como princípio inegociável, o Cidadania manifesta sua profunda preocupação com o futuro da Venezuela e de seu povo com a manutenção de Nicolás Maduro na presidência do país, onde já deu exemplos de sobra de desrespeito aos direitos humanos, à pluralidade política e à transparência na condução do governo do país.
O Cidadania repudia o uso das Forças Armadas daquele país para tentar garantir o resultado da eleição, anunciado por um comando eleitoral sob o controle de Maduro e que, de todas as formas, agiu para impedir a atuação de observadores internacionais.

Ao mesmo tempo, o partido cobra do governo brasileiro uma posição clara, e não dúbia, a respeito do resultado das eleições da Venezuela. Afinal, grande parte dos refugiados do regime ditatorial de Maduro têm se abrigado no Brasil, onde são acolhidos com a fraternidade, que todos os perseguidos, em qualquer parte do mundo, por suas opiniões e posicionamentos políticos merecem.

O que acontece, hoje, na Venezuela, é acompanhado de perto por todas as nações democráticas. Não queremos mais tragédias e banhos de sangue provocados por quem, ao se inebriar do poder, perde toda a razão e o respeito ao próximo.

O Cidadania continua ao lado dos que se opõem ao regime nefasto e totalitário de Nicolás Maduro!

Executiva Nacional do Cidadania

Lula aguarda atas para reconhecer vitória de Maduro

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NAS ENTRELINHAS

A posição do governo brasileiro, até agora, coincide com a dos Estados Unidos, do México e da Colômbia. É a mesma da Inglaterra, da União Europeia e da Organização das Nações Unidas (ONU)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está numa saia justa e tenta ganhar tempo para uma tomada de posição em relação à reeleição do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, diante dos indícios de que as eleições foram fraudadas. Sem divulgação das atas das seções eleitorais e/ou eventual recontagem de votos, a tendência do governo brasileiro será aguardar a evolução do processo e somente reconhecer a vitória de Maduro quando isso for inevitável para manter as relações comerciais do Brasil com o país vizinho.

Nesta segunda-feira, a nota divulgada pelo Itamaraty sinalizou nessa direção. As reportagens publicadas pela Agência Brasil sobre as eleições venezuelanas, também. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela proclamou um resultado oficial — sem nenhuma comprovação documental até agora —, segundo o qual Maduro teria recebido 51% dos votos, contra 44% de Edmundo Gonzáles. A oposição contesta esse resultado com base em cópias das atas obtidas por seus fiscais. Gonzáles teria recebido 70% dos votos.

Na sua nota oficial, o Itamaraty destacou o “caráter pacífico” das eleições de domingo e anunciou que “acompanha com atenção” o processo de apuração. “Reafirma ainda o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados”. O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, embaixador Celso Amorim, permanece em Caracas e dialoga com o governo e a oposição.

A posição do governo brasileiro, até agora, coincide com a dos Estados Unidos, do México e da Colômbia. É a mesma da Inglaterra e da União Europeia. Na Organização das Nações Unidas (ONU), o secretário-geral, António Guterres, apelou “à total transparência” e disse que também aguarda “a publicação oportuna dos resultados eleitorais e a repartição por assembleias de voto”.

Guterres pediu moderação aos líderes políticos e seus apoiadores: “Todas as disputas eleitorais devem ser abordadas e resolvidas pacificamente, e as autoridades eleitorais devem realizar seu trabalho de forma independente e sem interferência.”

O presidente Lula terá um papel de destaque nos próximos dias, porém, está sendo muito pressionado pelos setores à esquerda de seu governo a reconhecer, imediatamente, a vitória de Maduro. Também é atacado pela oposição por não reconhecer a vitória de Edmundo Gonzáles. Lula já exerceu o papel de mediador em outras ocasiões, inclusive durante as negociações para os Acordos de Barbados.

Sem a intervenção do Brasil — em especial, a atuação pessoal do presidente Lula —, o candidato da oposição Edmundo González não teria concorrido e a situação seria semelhante à de 2018, quando a oposição boicotou o pleito. O presidente brasileiro também trabalhou nas conversas entre a Venezuela e a Guiana após a crise pela disputa da região de Essequibo, cujos chanceleres se reuniram em Brasília, em janeiro deste ano, com a mediação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Pagou pra ver

Brasil e Colômbia, os dois maiores vizinhos, têm interesses estratégicos a serem levados em conta na crise venezuelana. Não interessa aos dois países que a Venezuela caminhe para uma ditadura aberta e passe a fazer parte de um bloco militar em oposição aos Estados Unidos, liderados por Rússia e Irã, o que poderia levar a uma corrida armamentista na região. A aposta do Brasil não é uma nova guerra fria, é o fortalecimento do multilateralismo.

O impasse na Venezuela está instalado. A oposição, liderada por González, não reconhece o resultado. A opositora María Corina Machado, que foi impedida de disputar as eleições, denunciou o resultado e comanda os protestos populares que, ontem, registraram um grande “panelaço” iniciado nas favelas de Caracas. A desorganização da economia e a pobreza generalizada enfraqueceram o governo venezuelano.

Maduro dá mostras de que que não cederá às pressões internas nem às internacionais. Em frente ao Palácio Miraflores, sede do governo, em Caracas, proclamou a própria vitória ainda na noite de domingo, que classificou como “triunfo da independência nacional, da dignidade do povo da Venezuela”. Sua disposição é pagar pra ver: “Não puderam com as sanções, não puderam com as agressões, não puderam com as ameaças, não puderam agora e não poderão jamais com a dignidade do povo da Venezuela”.

Desde 2017, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e União Europeia não reconhecem a legitimidade do governo Maduro, que está há 11 anos no poder e pretende ficar mais seis, pelo menos. Segue o roteiro dos regimes autocráticos e “iliberais”, que manipulam eleições para que seus governantes se eternizem no poder. Não à toa, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi dos primeiros a endossar a reeleição de Maduro.

O presidente venezuelano pediu que os demais países respeitem o resultado e Ironizou a posição da Casa Branca: “Quando houve o debate em que Donald Trump denunciou que lhe roubaram as eleições nos Estados Unidos, nós não nos metemos nisso”. (Correio Braziliense – 30/07/2024)

Eleições 2024: Cidadania apoia frente popular com Edmilson em Belém

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Após decisão da direção municipal de apoiar a pré-candidatura à reeleição de Edmilson (PSOL) à Prefeitura de Belém, o Cidadania realizou nesta segunda-feira (29), um ato político de adesão, com a presença de lideranças políticas e militantes do partido, e coordenado pelo ex-deputado federal Arnaldo Jordy.

“Estamos com uma frente de partidos que é o que tem de mais comprometido com o país, com a democracia, a soberania nacional, com a inclusão social e a redução das desigualdades socioambientais”, declarou Edmilson, agradecendo a adesão do Cidadania.

Jordy disse que a semelhança de convicções, assim como o enfrentamento da extrema-direita e de um governador estadual que tenta governar a cidade através do primo dele, foram os motivos que levaram os filiados do Cidadania a definir apoiar a reeleição de Edmilson Rodrigues.

“Estamos juntos para fortalecer o governo Lula, isolar o bolsonarismo e juntar todas as forças democráticas, progressistas e compromisso com esses valores para a gente fazer a COP 30 à altura que Belém e o estado do Pará merecem”, ressaltou Jordy.

“Temos que fazer essa capilarização nas redes sociais e no dia a dia, mostrando os desafios, tudo o que está sendo feito e eliminar a sabotagem, que pouca gente percebe, associada à corrupção para financiar apoio institucional, tudo combinado. Estamos vivendo uma ditadura institucional no estado do Pará”, criticou o presidente estadual do Cidadania, mencionando o caso dos ônibus elétricos que tiveram a compra suspensa pela conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Ann Pontes.

Edmilson Rodrigues fez um balanço da gestão, mencionando investimentos como o programa de renda cidadã Bora Belém, que tira 90 mil pessoas da fome todos os meses; a reforma de 74 escolas municipais, todas com internet e a maioria equipada com ar condicionado e placas de energia solar; 600 mil pessoas beneficiadas com obras de macrodrenagem, drenagem e pavimentação, principalmente nas periferias; e a implantação do Saúde Belém Digital, o primeiro serviço de consulta online de uma prefeitura do Brasil, entre outros.

“Vamos fazer uma campanha linda. A gente tem que ter humildade para reconhecer os problemas que tivemos no governo e também de reconhecer que é um novo momento. Belém recebe investimentos para a COP 30, que deixarão um importante legado ao nosso povo”, destacou Edmilson. “Nós queremos que Belém se afirme como um a metrópole que orgulha em ser essa herança do povo cabano e se afirmar como capital do mundo, porque somos a sede da COP 30”, disse Edmilson.

A adesão do Cidadania reforça a Frente Popular, que conta com PT, Rede, PCdoB, PV, PDT, PSOL, além de movimentos sociais.

 Convenção

A convenção do PSOL que vai confirmar a candidatura de Edmilson Rodrigues será realizada no próximo sábado, 3, no Espaço Náutico Marine Clube, na Avenida Bernardo Sayão ao lado do 1º portão da UFPA, no bairro do Guamá.

Eleições 2024: Alex Manente lidera pesquisa para prefeito de São Bernardo

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Pesquisa divulgada pelo instituto Vox Populi no último sábado (27) mostra o deputado federal Alex Manente (Cidadania) na liderança da disputa pela Prefeitura de São Bernardo do Campo. Ele tem 25% das intenções de voto. Já o candidato do presidente Lula, o deputado estadual petista Luiz Fernando, aparece com 19%, seis pontos percentuais atrás de Manente.

Em terceiro está o ex-deputado federal Marcelo Lima (Podemos), com 16%. Na quarta posição, com 12%, está a comerciante Flávia Morando (União Brasil), sobrinha do prefeito Orlando Morando (PSDB). Em quinto aparece o ex-vereador Rafael Demarchi (Novo), com 3%. Ninguém, branco ou nulo somam 14% e não souberam responder alcançou 11%.

Alex Manente é líder da bancada do Cidadania na Câmara dos Deputados e autor de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que incomoda muito os petistas: a que estabelece a prisão para condenações em segunda instância.

Rejeição

No índice de rejeição na pesquisa Vox Populi, no entanto, o PT lidera. Luiz Fernando tem 18%; Flávia Morando, 15%; Alex, 12%; e Marcelo e Rafael com 6%. O levantamento ouviu 600 eleitores entre os dias 10 e 13 de julho e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob número SP-00323/2024. O grau de confiança é de 95% com margem de erros de 4 pontos percentuais.

Aliança

Alex Manente conseguiu um formar uma coligação composta por partidos de centro e direita. São sete legendas que integram a aliança: Cidadania, PSDB, PSD, MDB, PL, Progressistas e Solidariedade. A convenção para homologar o nome de Alex Manente candidato a prefeito será no próximo sábado (3), a partir das 14h, no Clube Meninos (Avenida Caminho do Mar, 3222, bairro Rudge Ramos), em São Bernardo.

Nota de pesar: Cidadania lamenta morte de Erci de Moraes, ex-presidente do partido em RR

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É com profundo pesar que o Cidadania lamenta o falecimento do ex-presidente do partido em Roraima, Erci de Moraes, aos 87 anos, vítima de agravamento de uma pneumonia. Ele foi deputado estadual por três legislaturas e vice-governador do estado. Zootecnista, também presidiu a Embrapa.

Na presidência do PPS entre 2004 até março de 2018, sempre foi um companheiro fiel e aguerrido na luta pela justiça social e pelo fortalecimento da democracia.

Seu sepultamento ocorre nesta segunda-feira (29), às 17h30, no Crematório Campo da Saudade, em Boa Vista.

Em nome de todos os integrantes do partido, desejamos conforto e sabedoria a todos os amigos e familiares.

Executiva Nacional do Cidadania

Eleições 2024: No Rio de Janeiro, Cidadania lança candidatos a prefeito

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O presidente nacional do Cidadania, Comte Bittencourt, participou, no último final de semana, de várias convenções para o lançamento de candidatos do partido para as eleições municipais. Em Iguaba Grande, ao lado de Valtoil Martins, participou do evento que confirmou o nome de Fabinho Iguaba para disputar a reeleição para prefeito do município. “Estamos trabalhando para continuar o trabalho responsável que modernizou a cidade e é sinônimo de sucesso”, afirmou Comte.

Em Nova Friburgo, acompanhado do deputado Nilton Salomão, Comte Bittencourt acompanhou o lançamento da chapa composta por Wanderson Nogueira e Alexandre Cruz que vai disputar a prefeitura da cidade.

Já em Macaé, o presidente nacional do Cidadania participou de uma linda festa que confirmou a candidatura de Welberth Rezende à reeleição. A convenção reuniu centenas de pessoas querem que a cidade continue no caminho do progresso.

Cristovam Buarque: Mais do mesmo

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A nova reforma do ensino médio deixa a desejar (de novo)

Por Cristovam Buarque

Neste mês, o Brasil lançou uma lei para a reforma do ensino médio, a segunda em apenas seis anos. Mais uma vez, vê-se uma modesta manifestação de intenção legal sem ambição para assegurar a qualidade e a equidade necessárias à educação. Tampouco há estratégia para executar o que o projeto propõe: 3 400 horas de aulas, inglês obrigatório (sem metas para formar jovens bilíngues), com escolas equipadas e professores formados. A nova reforma nem ao menos muda o conceito de ensino médio, imprensado entre o fundamental e o superior. Ele poderia ser redefinido como “conclusivo”, representando a formação da base de todos os brasileiros.

Os possíveis avanços ainda deixarão muita gente despreparada para o mundo contemporâneo. A reforma não estipula metas diante do conjunto de conhecimentos que nossos jovens precisam angariar ao final de sua educação básica, nem aponta como construir um sistema efetivamente nacional. É difícil que esta não seja mais uma das dezenas de leis bem-¬intencionadas das últimas cinco décadas.

As boas intenções de aumentar a carga horária, de combinar melhor o ensino tradicional com o profissionalizante e adotar itinerários conforme as preferências do aluno trarão ligeiras melhorias em relação à tragédia atual, mas não serão suficientes para assegurar qualidade e equidade, mesmo se fossem executadas por estados pobres, desiguais e com prioridades diferentes. A reforma não mira o futuro, buscando superar o atraso e a desigualdade. Não abraça todas as crianças independentemente da família e da cidade, não considera a fragilidade que vem da etapa fundamental anterior, tampouco a discrepância entre os entes federativos. Mais: não adota as novas tecnologias digitais nem oferece os meios concretos para sua implementação. Parece um plano de extensão das pistas dos aeroportos que se esqueceu de definir qual o tamanho necessário e como elas serão construídas. É insuficiente para implantar as escolas de onde nossas crianças e jovens decolariam ao futuro, dotados de uma bússola capaz de facilitar sua inserção social na busca da felicidade pessoal e do país que almejamos. As escolas continuarão ruins e divididas: algumas seguirão as “casas-grandes”, outras, as “senzalas”.

Tal reforma lembra a Lei do Ventre Livre: sem a meta da Abolição e com execução fragmentada entre municípios e estados. Está distante do que o Brasil requer: metas ambiciosas e instrumentos que só a União é capaz de oferecer. Sem isso, não entraremos no rol dos países com educação de máxima qualidade, com a devida equidade entre a escola pública e privada, a despeito da renda e do endereço do aluno. É mais do mesmo: não conseguiremos elevar o padrão necessário para atender aos desafios atuais, nem aproximar as escolas municipais e estaduais do nível de algumas poucas unidades federais ou daquelas instituições privadas abertas aos que podem pagar por elas.

Em poucos anos, outras reformas virão com propostas semelhantes… Até quando a população brasileira estiver convencida de que só há futuro para o país se tivermos objetivos ambiciosos para a qualificação de nossas crianças e jovens e nenhum deles deve ser deixado para trás. Quando ficar escancarado que o governo federal precisa acolher as escolas de municípios e estados que não têm condições ou vontade de virar a página. Quando todos tiverem a consciência de que o ensino médio não pode ser “mais do mesmo”.

Publicado em VEJA de 26 de julho de 2024, edição nº 2903

Antiamericanismo pró-Maduro é um erro

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NAS ENTRELINHAS

A diplomacia precisa de um consenso nacional, para que o seu eixo não deixe de ser a política externa e passe a ser a interna, o que dividiria ainda mais o país

Certa vez, o falecido historiador Tony Judt (Quando os fatos mudam, Objetiva) comparou os Estados Unidos a um veículo utilitário tipo SUV, tão ao gosto dos americanos e de brasileiros. “Com tamanho e peso subdimensionados, o SUV zomba de qualquer acordo negociado para limitar a poluição atmosférica. Consome quantidades extraordinárias de recursos escassos para abastecer habitantes privilegiados, com serviços que vão muito além do necessário. Expõe os que estão fora dele a risco mortal apenas para proporcionar uma segurança ilusória aos seus ocupantes. Num mundo superpovoado, o SUV aparece como um perigoso anacronismo”.

Judt comparava o SUV à política externa norte-americana, “embrulhada em altissonantes informações sobre sua missão, mas, debaixo disso tudo, não passava de uma picape de tamanho exagerado com o motor potente demais. O veículo pode ser moderno, mas a ideia por trás dele, não”. No contexto da guerra do Iraque, que foi um desastre para o Oriente Médio e para a política internacional, o historiador aproveitou a analogia para listar argumentos utilizados por intelectuais europeus contra os Estados Unidos, por sua vã pretensão de ser o xerife de um imaginário mundo unipolar.

Os produtos norte-americanos, manufaturados e embalados em outros países não exercem o mesmo fascínio. O América way of life já não provoca tanta inveja. Entretanto, não existe um sentimento raivoso contra o povo norte-americano, muito pelo contrário. Sua nova realidade multiétnica tem enorme poder de atração, ainda que o supremacismo branco ainda ronde a Casa Branca. O que realmente semeia o antiamericanismo é a política externa intervencionista norte-americana, cuja sutileza é a de um HMMWV (Veículo Automóvel Multifunção de Alta Mobilidade em português), que inspirou o Hummer, o utilitário civil).

Desde a guerra do Iraque, quando pareciam exibir sua melhor forma, essa política revela três contradições: primeira, sistematicamente atropela a Organização das Nações Unidas (ONU), cujo papel na política internacional continua sendo muito relevante, o que gera muita antipatia; segunda, a instrumentalização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para compensar a decadência de sua hegemonia na Europa, ao lado da Inglaterra, gera muitos descontentamentos, principalmente na Alemanha e na França; terceira, esse intervencionismo permanente neutraliza a própria capacidade de resolução dos conflitos, como acontece, por exemplo, no Oriente Médio.

Entretanto, a força do “americanismo” no cotidiano das pessoas ainda é muito maior do que esse sentimento antiamericano. Inclusive aqui no Brasil, onde a esquerda tem motivos de sobra para se queixar da interferência dos EUA na vida nacional, particularmente durante o governo Dutra (1956-1941), na crise que levou Getúlio Vargas ao suicídio (1954) e no golpe militar de 1964. Mas o que é o americanismo? Grosso modo, admiração e imitação do que é americano, seja no modo de vida, na cultura ou na política.

Venezuela

Trata-se de um fenômeno cultural, político e econômico, um modo de vida que surgiu imbricado, historicamente, na esfera produtiva, com o taylorismo — como modelo de organização do trabalho — e com o fordismo — um mecanismo de acumulação de capital, hoje ultrapassado pela tecnologia digital e a acumulação de capital social. Quando surgiu, deslocou o centro da indústria mundial da Europa para os EUA e forjou o modo de vida dos americanos, que passou a ser um padrão imitado em todo o mundo. Essa vitória cultural e política combinou força e persuasão, com altos salários, benefícios sociais, propaganda moral e instrução. O americanismo criou um modo de consumo intimamente associado à ideologia do progresso individual, que agora está sendo posta em xeque pela sociedade pós-industrial.

Mesmo assim, a política externa brasileira não tem nenhuma chance de dar certo se for pautada pelo antiamericanismo, ainda mais em questões como a da Venezuela. A diplomacia precisa de um consenso nacional, para que o seu eixo não deixe de ser a política externa e passe a ser a interna, e aprofunde ainda mais a divisão do país. Quando a esquerda brasileira aposta na permanência de Nicolás Maduro a qualquer preço, seja por meio de eleições fraudadas ou de um golpe de Estado, comete o equívoco de confrontar os valores democráticos. E o americanismo disseminado na sociedade, muito mais do que a política externa dos EUA, tem projeção de poder que nem se compara à nossa. Ou seja, não somos a força decisiva nesse processo venezuelano, que opõe os EUA a Rússia, China e Cuba. Seríamos o marisco entre o mar e o rochedo.

Nos bastidores das relações com a Venezuela, os EUA são mais pragmáticos do que se imagina. A pedido da Casa Branca, o Brasil teve um papel importante na negociação do acordo que sustou as sanções norte-americanas ao governo de Maduro em outubro de 2023. Havia interesse recíproco na normalização das relações, por causa do petróleo — sempre ele —, sobretudo depois da guerra da Ucrânia. A condição do acordo era a realização de eleições livres, em que houvesse direito ao dissenso e possibilidade de alternância de poder.

As medidas tomadas por Maduro para conter a oposição e manipular as eleições romperam o acordo, cujo fiador era o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Provocaram novas sanções e o impasse político atual. Teremos dias de grandes emoções. Os EUA têm interesse no petróleo venezuelano, sim, mas estão mais preocupados com a sua aliança militar com a Rússia, a influência política de Cuba e a crescente presença econômica da China na América do Sul. Com um olho na Venezuela e outro nos EUA, principal destino das exportações de nossa indústria, o Brasil não pode se pautar pelo antiamericanismo nesta crise da Venezuela, como deseja a nossa velha esquerda. Seria um grave erro. (Correio Braziliense – 29/07/2024)