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William Waack: Aperto de mão útil

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Não há ilusões de parte a parte na aproximação de Lula com o empresariado

Voto útil é quando o eleitor opta por quem não gosta, mas acha que é melhor do que prorrogar uma situação intolerável. O aperto de mão útil é quando o empresário, o banqueiro ou o produtor rural tinham esperanças frustradas com Bolsonaro e detestam Lula, mas não veem outro jeito senão se acertar com ele, diante do reiterado favoritismo nas pesquisas.

O PT aparentemente conquistou os dois, faltando horas para o primeiro turno. Porém, não é possível prever nesta quinta-feira se o voto útil leva Lula a liquidar a fatura no próximo domingo. Esse voto já foi captado pelos levantamentos mais recentes, como o derretimento de Ciro. Ocorre que as pesquisas não conseguem calcular o fator decisivo para determinar se a corrida presidencial acaba domingo: é a taxa de abstenção, maior no eleitorado mais fiel a Lula.

O aperto de mão útil foi fartamente ilustrado no jantar de terça-feira que reuniu Lula e nomes de peso de todos os setores relevantes da economia, incluindo o agroindustrial. O saudoso dramaturgo Ariano Suassuna teria aplicado ao encontro, que teve mais de cem pessoas, uma de suas frases inesquecíveis sobre a cordialidade brasileira: “Faz parte da nossa boa educação falar mal das pessoas só pelas costas”.

“Encontrei o Lula de sempre”, disse mais de um participante, com óbvio sentido duplo. Ou seja, no jantar ninguém tinha ilusões sobre ninguém. Lula menos ainda, pois começou a carreira de sindicalista negociando com a geração anterior dos representantes do capital, especialmente indústria. Era a longínqua época na qual Lula tinha tirado o macacão enquanto empresários nunca tiravam a gravata, e o peso da indústria no PIB era o dobro do de hoje.

O que mudou também sobretudo nos últimos anos é a diminuição dos poderes do chefe do Executivo, que Lula não parece ter percebido. Na economia, o desaparecimento de “capitães” cuja voz era ouvida e seguida por segmentos inteiros. E ficou muito mais complexa a atividade empresarial de lutar por seus interesses (ou evitar maiores danos) via apoio a parlamentares. Os fundos eleitoral e Partidário e o orçamento secreto fazem deputados pedir menos dinheiro ao setor privado.

De lá para cá o que não mudou (talvez só piorou) é o fato de estratégias de sobrevivência empresarial dependerem em parte relevante de bom relacionamento com o governante de plantão. É o resultado direto do ambiente de negócios no Brasil, moldado por insegurança jurídica e peso do Estado e seus órgãos mais diversos. Que faz às vezes do aperto de mãos útil um simbólico beija-mão. (O Estado de S. Paulo – 29/09/2022)

Marcus André Melo: A polarização e as eleições

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Como a polarização afetou as eleições presidenciais e legislativas?

Frustrou-se a expectativa de que a proibição de coligações nas eleições proporcionais melhoraria a representação política. Como já mostrei aqui, a polarização afetiva vertebra a política no país.

Ela impactou não só a forma da disputa eleitoral —o tom belicoso e adversarial— como seu conteúdo, que se esvaziou programaticamente. Não houve discussão de políticas públicas pelos seus protagonistas; ela só apareceu através de outros candidatos.

Avelino, Russo e Pimentel mostraram nesta Folha como as divergências de políticas entre eleitores de Lula e Bolsonaro limitavam-se a um pequeno número de temas. A polarização é fundamentalmente afetiva, em um padrão comum a outros países. Ela se expressa na rejeição ao rival, para além de qualquer conteúdo programático.

Produziu o afunilamento precoce da disputa, magnificando o fato de que envolve o atual titular e um ex ocupante do cargo. Há dois anos, pesquisas já mostravam que o país estava dividido em três blocos, mas logo o pleito cristalizou-se em disputa polarizada. A individualização da contenda também impactou a forma das eleições legislativas, enfraquecendo ainda mais a escassa identificação partidária. As siglas partidárias virtualmente desapareceram das campanhas, sendo substituídas pela referência ubíqua aos protagonistas da polarização, não seus partidos.

Isso tudo num quadro em que a disputa proporcional carrega um viés pró-incumbente colossal e inédito devido: ao fundo bilionário de campanha, controlado pelas lideranças partidárias; ao orçamento secreto, idem; à janela para outsiders, agora fechada; à regra eleitoral exigindo patamares mínimos elevados de votação (10% e/ou 20% do quociente eleitoral); e a à diluição do efeito-casaca da eleição presidencial sobre eleições legislativas.

Eis o paradoxo: os resultados das eleições proporcionais serão intensamente partidarizados, embora os partidos não tenham nenhum enraizamento no eleitorado. Malogra, portanto, a expectativa de que a proibição de coligações nas eleições legislativas produziria melhor qualidade de representação, impedindo que o voto em candidato de um partido elegesse representante de outro.

O resultado líquido é um cartel de partidos sem partidários (para roubar o famoso mote de Dalton e Wattenberg), a não ser seus próprios candidatos e detentores de cargo. Para muitos analistas trata-se da receita para perpetuar atitudes antissistema. O que entre nós alimentou a explosão de 2013.

A ausência de discussões programáticas impacta o processo de formação de governo e o potencial futuro de responsabilização. As alianças firmadas não explicitam os erros, concessões e compromissos programáticos. Eleição sem conteúdo equivale a cheque em branco. (Folha de S. Paulo – 03/10/2022)

Marcus André Melo, professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-professor visitante do MIT e da Universidade Yale (EUA)

William Waack: Não haverá ‘concertación’

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É difícil imaginar a quatro dias da decisão de domingo que o resultado das urnas “resolva” a disputa política. Ao contrário: a vitória de um lado vai apenas confirmar os piores temores e “certezas” do outro.

Se confirmado o favoritismo de Lula nas pesquisas, triunfa a interpretação da realidade de “trapaça” urdida por tribunais superiores focados em destruir Bolsonaro. E confirma-se a existência de uma “ditadura judicial” tal como percebida por 42% do eleitorado, segundo pesquisa da Atlas Intel.

Para substancial parcela do eleitorado, o combate às fake news com poderes ampliados do TSE não passa de imposição de censura. E seria apenas mais uma ferramenta no arsenal técnico-jurídico com que tribunais superiores atuam em favor de uma candidatura – a de Lula.

A gravidade da situação em que estamos se traduz no fato de que não importa mais atestar ou não a veracidade do que possa comprovar ou desmentir a “parcialidade” dos tribunais superiores. A noção da interferência política de STF e TSE está solidificada em parcela relevante da população, especialmente nas elites econômicas.

Trata-se de perversa consequência do fenômeno de transformação de tribunais superiores em instâncias que interferem na vida política e econômica tomando decisões políticas. “Ainda bem que foi assim, pois o STF nos salvou do pior na pandemia”, ponderam vozes de respeito no mundo do Direito.

Seja como for, a “deslegitimização” do Judiciário não é somente resultado de ação política de grupos antidemocráticos associados ao bolsonarismo raiz. É processo de longo curso, que a atual disputa provavelmente colocou no patamar do irreversível – talvez ainda pior se Bolsonaro conseguir a reeleição.

Pois também na interpretação da realidade de Lula a Justiça serviu sobretudo para submetê-lo a injusto massacre no período da Lava Jato. Exorbitâncias foram toleradas contanto que servissem para tirar o PT do poder. Como são toleradas hoje – a aplicação temporária de censura prévia, por exemplo –, se essa “excepcionalidade” ajuda a demolir a máquina de propaganda do adversário.

A questão da atuação dos tribunais superiores é apenas um dos aspectos que evidenciam como visões de mundo moldaram e solidificaram “bolhas” herméticas ao contraditório. Há vários outros que não cabem neste texto. Provavelmente vale para o Brasil o que a sociologia americana constatou nas eleições por lá: a adesão a uma “bolha” explicava tempos atrás menos de 30% do voto, hoje explica mais de 70%.

Estão desaparecendo premissas para uma possível “concertación” pós-pleito. Não há acordo sequer sobre o que são fatos. (O Estado de S. Paulo – 27/10/2022)

William Waack, jornalista e apresentador do programa WW, da CNN

Cidadania do Paraná expulsa envolvidos em atos terroristas em Brasília

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NOTA OFICIAL

“O Cidadania23 do Paraná rechaça todos os atos terroristas e manifestações antidemocráticas ocorridos em Brasília no último dia 8 de janeiro, como já vinha fazendo desde o ano passado com relação as ações golpistas que visavam desacreditar o resultado das eleições de 2022.

Desta forma, após receber a informação de que dois dos seus filiados foram presos participando destes crimes – Daniel Luciano Bressan e Vicente Cavalini Filho, dos municípios de Jussara e Doutor Camargo – a Comissão Executiva Estadual do partido, com o parecer favorável do Conselho de Ética, decidiu pela expulsão IMEDIATA de ambos. Eles contrariaram não apenas o Estatuto e o Código de Ética da legenda, mas as leis e a Constituição do nosso País.

Destacamos também que os diretórios do Cidadania nos municípios de cada um dos envolvidos foram dissolvidos ainda em 2022.

Os atos graves e inaceitáveis cometidos por Daniel e Vicente devem ser punidos com o rigor da lei. Nós, do Cidadania23, jamais vamos aceitar qualquer manifestação que atente contra o Estado Democrático de Direito e estaremos sempre na defesa das instituições democráticas e dos Poderes da República.

Rubens Bueno
Presidente do Cidadania23 do Paraná

Douglas Fabrício
Secretário-geral do Cidadania23 do Paraná

Nota oficial – Rosana Foerste honraria Cidadania em Brasília

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Nota oficial

O Cidadania se sentiria honrado em ter como senadora a pedagoga Rosana Foerste, que, em virtude de seus valores republicanos e seu profundo compromisso com a democracia, muito teria a contribuir, caso assumisse o mandato no Senado, com o país e, principalmente, com o Espírito Santo, retirando o estado das páginas policiais onde se encontra hoje pelo envolvimento em ação golpista de um de seus representantes.

Os capixabas se sentiriam honrados em ter alguém com sua competência e caráter em Brasília.

Fabrício Gandini
Presidente Estadual do Cidadania do Espírito Santo

Roberto Freire
Presidente Nacional do Cidadania

Nota oficial –

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O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, esclarece que a Executiva Nacional não tem competência para decidir sobre a posição do partido em relação à ampliação ou não da federação com o PSDB. Cabe ao Diretório Nacional e não à Executiva analisar e deliberar sobre tal matéria. Qualquer posição diferente desta é ilegal e fere o estatuto do partido, razão pela qual o presidente do Cidadania desconhece a nota divulgada à revelia da Presidência e considera a reunião realizada hoje ilegítima. Pelo mesmo motivo e ademais por não haver quórum suficiente para deliberação, a indicação de um novo integrante para a Executiva da Federação PSDB-Cidadania não será encaminhada. O presidente reafirma a disposição de buscar os consensos possíveis, mas não pode deixar de lamentar a deslealdade com que certa facção partidária busca a divisão do Cidadania.

Roberto Freire
Presidente Nacional do Cidadania

Com Freire e Eliel, Ribeiro Neto assina ficha de filiação ao Cidadania em Brasília

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Presidente nacional do partido diz que chegada do vereador maranhense aponta para o futuro

O vereador Ribeiro Neto, de São Luís, Maranhão, assinou nesta quinta-feira (3), em Brasília, sua ficha de filiação ao Cidadania. Ao lado dos presidentes nacional e estadual do partido, Roberto Freire e Eliel Gama, respectivamente, Ribeiro Neto agradeceu os dois correligionários pela oportunidade.

Roberto Freire e Eliel Gama com o vereador Ribeiro Neto na assinatura da filiação ao Cidadania

“Tivemos uma longa conversa, trocamos experiências e pude desde já aprender muito. Estou lisonjeado com o convite e feliz de fazer parte do Cidadania”, disse. “Estou no lugar certo e com as pessoas certas para continuar a trabalhar pela coletividade, por mais inclusão e pelas pessoas que mais precisam”, completou.

Eliel Gama elogiou a atuação do vereador, um dos mais ativos na Câmara Municipal ludovicense, e disse ver nele o espírito de renovação de que o partido precisa. “É uma jovem liderança, com um trabalho reconhecido na capital, e desponta como um nome para voos mais altos em 2024”, adiantou.

O presidente Freire também avaliou a chegada de Ribeiro Neto como uma aposta no futuro do partido e do Maranhão. “Tem a cara da renovação, do social, é uma liderança popular. Ajuda a estruturar o partido em São Luís e no estado. Disse a ele, do alto dos meus 81 anos: quando pinta um jovem, significa que temos futuro!”, comemorou.