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Para Marcelo Calero, isentar de punição proprietário rural que atirar em invasor é “maluquice”

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O deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) classificou como “maluquice” o projeto do governo Bolsonaro que pretende isentar os produtores rurais de punição, caso atirem em invasores em suas propriedades. Segundo o parlamentar, faltou seriedade do presidente ao tratar do tema, já que o sistema judicial brasileiro “dá mais peso à vida do que à propriedade”.

“O projeto é uma maluquice, simples assim. Se Bolsonaro quisesse tratar a sério o tema, e não jogar para a plateia, teria proposto aumento de pena para a invasão. No Brasil, país cristão, o sistema judicial dá mais peso à VIDA do que à propriedade. E assim deve ser”, publicou Calero, nesta terça-feira (30), nas redes sociais.

Em outra postagem, o deputado afirmou que Bolsonaro precisa entender as consequências de suas declarações.

“Presidente não fala nada em ‘tom de brincadeira’. Presidente é Presidente. Tudo o que fala tem uma repercussão gigante. Derruba ou eleva a bolsa, derruba ou eleva o dólar, coloca a credibilidade de um banco em cheque – ou não. Bolsonaro: assuma a condição de Presidente!”, escreveu.

Cristovam Buarque: Lava-Tudo

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A Operação Lava-Jato conseguiu o grande feito de despertar uma consciência nacional contra a corrupção no comportamento dos políticos brasileiros. Mas ainda não houve um verdadeiro despertar da consciência nacional contra as outras formas de corrupção.

Já prendemos políticos que desviaram para seus bolsos o dinheiro que deveria ser destinado ao gasto com a população, mas não condenamos políticos que cometem a corrupção nas prioridades, desviando recursos públicos sem consequência social. O gasto de quase dois bilhões para um estádio de futebol em Brasília, a poucos quilómetros de distância de onde vivem dezenas de milhares de pessoas sem saneamento, foi um ato de corrupção, mesmo que não tivesse havido pagamento de propina e roubo de dinheiro para o bolso de políticos.

Mesmo obras necessárias e urgentes implicam corrupção quando seus gastos são elevados pela monumentalidade desnecessária. A maior parte das edificações no Legislativo e no Judiciário carrega a corrupção do desperdício pela ostentação. O mesmo pode- se dizer dos luxuosos prédios do Ministério Público, instituição que luta contra a corrupção no comportamento dos políticos, mas tolera a corrupção nas prioridades e a corrupção do desperdício.

E o que dizer de uma obra necessária que, embora austera, carrega a corrupção da ineficiência pelo descaso com os assuntos e gastos públicos? As ferragens, areia, cimento de obras paradas formam esqueletos da corrupção da ineficiência. Da mesma maneira, há corrupção no relaxamento dos serviços que não atendem bem ao público, por culpa do mau funcionamento da máquina ou pela má postura de servidores.

Há corrupção nos desperdícios para atender a mordomias e privilégios que desviam dinheiro público para beneficiar servidores do topo de carreiras do Estado. Além de se apropriar de dinheiro público, para atender a interesses privados, a corrupção das mordomias e privilégios corrói a credibilidade do Estado, provocando perda de credibilidade na democracia e no Estado.

A Operação Lava-Jato trouxe a consciência e a indignação com a corrupção no comportamento da classe política, que rouba para seus bolsos, mas não desnudou a corrupção da deseducação que compromete o futuro do país ao deixar o Brasil com um dos piores sistemas educacionais, e o mais desigual no mundo, e por termos ainda dez milhões de adultos analfabetos, no máximo 20% dos nossos jovens terminando o ensino médio com razoável qualidade.

A corrupção da deseducação rouba cruelmente, ao comprometer a eficiência econômica e impedir a justiça social. Essa é a pior das corrupções porque incinera o futuro de nossas crianças e por elas o futuro da Nação; e ainda esconde as outras corrupções pela falta de consciência.

A corrupção ecológica vandaliza o futuro ao devastar nossas matas, sujar nossos rios, poluir nosso ar. A corrupção monetária pela inflação, que seduz os populistas, rouba o assalariado do valor de seu salário, pago com dinheiro falso e desorganiza o empresário que fica sem um padrão para o valor nominal dos insumos que compra e dos produtos que vende.

O Brasil descobriu a corrupção no comportamento de políticos que roubam, mas é preciso perceber e acabar com as demais formas de corrupção que comprometem o bom funcionamento e o futuro do país, nas prioridades, nas mordomias, na ostentação, na ineficiência, na irresponsabilidade, na deseducação, na ecologia e na inflação.

Mais do que uma Operação Lava-Jato, precisamos de uma Operação Lava-Tudo para todas as formas de corrupção. (O Globo – 30/04/2019)

Hélio Schwartsman: O presidente das pequenas coisas

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Bolsonaro dedica-se a assuntos que não deveriam estar entre suas prioridades

Até as pedras sabem que o sucesso do governo Bolsonaro dependerá da economia, mais especificamente da reforma da Previdência e de outras medidas que destravem o crescimento. Não obstante, o mandatário prefere dedicar suas energias a uma cruzada moralista e a assuntos que, embora não sejam desimportantes, jamais deveriam ocupar o topo da escala das prioridades presidenciais.

Jair Bolsonaro está se tornando o presidente das pequenas coisas. Na semana passada, ele censurou uma peça publicitária do Banco do Brasil e fez observações pouco congruentes sobre o turismo gay. Isso foi até a quinta-feira. Na sexta, manifestou apoio a um plano do ministro da Educação de “descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas)”.

Uma coisa se pode dizer em favor de Bolsonaro. Ele não comete estelionato eleitoral. Tenta cumprir todos os desatinos prometidos durante a campanha. Não dá para reclamar de ele ser conservador. Ele foi eleito com essa plataforma e, numa democracia, se a sociedade decide coletivamente caminhar para trás, caminha-se para trás.

Só que o presidente perde a razão quando se apoia em erros factuais para justificar suas idiossincrasias. Não é verdade, por exemplo, que exista uma centralização de investimentos em faculdades de filosofia e sociologia. Como mostrou análise de Sabine Righetti e Nina Stocco Ranieri, as matrículas em filosofia ou sociologia representaram apenas 0,6% do total de inscrições em 2017. São ainda cursos incomensuravelmente mais baratos que os de áreas tecnológicas, o que significa que é preciso ter tomado um ácido para imaginar que exista concentração de verbas nessas carreiras.

Como dizia o senador americano Daniel Patrick Moynihan, aliás, uma rara combinação de pessoa que deu certo na política e na academia (sociólogo), “você tem direito a sua própria opinião, mas não a seus próprios fatos”. (Folha de S. Paulo – 30/04/2019)

Eliane Cantanhêde: “Vai dar o que falar”

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O presidente Jair Bolsonaro deu boas notícias ontem a um setor fundamental não apenas para o seu governo, mas para a própria economia brasileira: o agronegócio. A questão é que, ao agradar ao setor, o presidente está desagradando a outros setores. “Vai dar o que falar”, admitiu ele após uma das notícias. Acertou em cheio.

Depois de torrar bilhões de reais da Petrobrás por ingerência no preço do diesel e de dividir o Planalto ao vetar uma propaganda do Banco do Brasil para o público jovem, o presidente voltou à carga ontem contra a autonomia das estatais, aliás, do mesmo BB. Apelando até ao “coração e ao cristianismo” do presidente do banco, pediu a redução dos juros no crédito rural. Essa é uma forte reivindicação do setor, que adorou a iniciativa. Mas o mercado se arrepiou mais uma vez e as ações do banco
sofreram.

Bolsonaro também aproveitou a Agrishow, a maior feira de agronegócio da América Latina, para anunciar que enviará ao Congresso uma proposta para isentar de punição o produtor rural que atirar em invasores de sua propriedade. Para o pessoal de Direitos Humanos, corresponde a uma licença para matar. E não só invasores, mas concorrentes e desafetos.

Por fim, o presidente anunciou R$ 1,5 bilhão para a agricultura e avisou que está fazendo “uma limpa” no Ibama e no Instituto Chico Mendes (ICMBio) e adorou a ida de policiais militares para o instituto, anunciada pelo Ministério do Meio Ambiente. Como árbitro nos naturais conflitos entre agricultura e ambiente, o presidente assumiu um lado em detrimento do outro. Bolsonaro tem muita razão em prestigiar e investir no agronegócio, um dos orgulhos nacionais e um dos propulsores do desenvolvimento brasileiro. Se não fosse a agricultura, o tombo do PIB na era Dilma Rousseff teria sido muito pior e mais drástico.

O setor responde por 23% do PIB, ou seja, por praticamente um quarto de todos os bens e serviços produzidos no País. Também é responsável por 32% da mão de obra e foi o segundo setor que mais cresceu em 2018, apesar de todas as dificuldades. Além disso, já passou da hora de amplos setores da opinião pública e da academia deixarem de acreditar que a área rural e a agricultura são “atrasadas”. A área rural é conservadora em costumes, sim, mas a agricultura, definitivamente, não é atrasada.

As gerações foram se sofisticando, estudando nas melhores escolas, especializando- se mundo afora, investindo nas tecnologias mais up-to-date. Se os patrões modernizaram-se, as condições de trabalho igualmente avançaram muito ao longo das décadas. O Brasil está entre os três maiores exportadores agrícolas do mundo. Logo, é uma potência nessa área e só chegou lá porque trabalha com maquinário, sementes e defensivos agrícolas altamente sofisticados – e que exigem mão de obra proporcionalmente bem capacitada.

Todas essas condições já tão especiais ganharam foco e tendem a ser potencializadas no atual governo. Afinal, a agricultura foi uma das primeiras e mais decisivas áreas a aderir à campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República, no rastro do desencanto do setor e das regiões Sul e Centro-Oeste com o PSDB. Para arrematar, Bolsonaro escolheu para o Ministério da Agricultura a engenheira agrônoma e empresária Tereza Cristina, deputada do DEM de Mato Grosso do Sul e presidente da bancada ruralista.

Tudo muito bem, tudo muito bom, mas nada disso pode significar liberdade para Bolsonaro insistir em imitar Dilma e continuar metendo a colher ora na Petrobrás, ora no Banco do Brasil. Ou bem o governo é liberal, ou bem não é. Não pode dizer uma coisa e o presidente fazer outra. Aliás, fazer uma atrás da outra. (O Estado de S. Paulo – 30/04/2019)

Desemprego sobe para 12,7% com 13,4 milhões de pessoas desempregadas no País

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A taxa de desemprego do País ficou em 12,7% no primeiro trimestre de 2019, mostram dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada nesta terça-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro Geografia e Estatística).

A taxa ficou 1,1% acima da registrada no quarto trimestre de 2018, quando o desemprego estava em 11,6% da força de trabalho. Frente a um ano antes, porém, a taxa de desemprego está 0,4% menor – na ocasião, estava em 13,1%.

Mais de 1,2 milhão de pessoas ficaram sem emprego no primeiro trimestre do ano, na comparação com o último trimestre de 2018.

A população desempregada — pessoas de 14 anos ou mais que buscaram emprego sem encontrar — somou 13,387 milhões no primeiro trimestre de 2019. Isso significa um aumento de 10,2% frente ao fim do ano passado, ou 1,235 milhão a mais de desempregados. Em relação ao primeiro trimestre de 2018, o contingente recuou 1,8%.

Ao mesmo tempo, nos três meses até março, 91,863 milhões de trabalhadores estavam ocupados — como empregados, empregadores, servidores públicos, 0,9% a menos do que nos três meses finais do ano passado. Frente ao mesmo período de 2018, era 1,8% maior, ou 1,591 milhão a mais.

O começo de ano costuma ser marcado por dispensas de temporários contratados no fim do ano anterior. O movimento também foi notado nos trimestres móveis encerrados em janeiro e fevereiro deste ano. A lenta recuperação da economia também pesa.

“Existe uma sazonalidade na administração pública, representada principalmente pelas prefeituras, que contratam servidores temporários e os demitem no início do ano”, explica o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.

O contingente de 32,9 milhões de empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada ficou estável frente ao último trimestre de 2018. Já a categoria dos empregados desse setor sem carteira de trabalho assinada registrou perda de 365 mil postos de trabalho, caindo para 11,1 milhões de pessoas. Observou-se também um aumento no rendimento médio dos trabalhadores sem carteira.

“O mercado jogou 1,2 milhão de pessoas na desocupação e a carteira de trabalho não teve recuperação. Os trabalhadores sem carteira que tinham sido contratados como temporários para vendas, como na Black Friday e no Natal, ou que trabalharam nas eleições, saíram do emprego no início do ano. Como esses postos de trabalho pagam menos, a média de rendimentos do setor aumentou sem que houvesse um ganho real nos rendimentos dos trabalhadores”, analisa Cimar Azeredo.

Subutilizados

O País tinha 28,324 milhões de trabalhadores subutilizados entre janeiro e março, 5,6% acima do quarto trimestre de 2018. Isso corresponde a 1,496 milhão de pessoas a mais nessa condição.

A subutilização — frequentemente chamada de mão de obra “desperdiçada” do País — inclui três grupos de trabalhadores: os desempregados; os subocupados (pessoas empregadas, mas que gostariam e poderiam trabalhar mais); e a força de trabalho potencial (pessoas que não buscam emprego, mas estão disponíveis para trabalhar).

A taxa de subutilização estava em 25% da força de trabalho ampliada – que soma a força de trabalho com a força de trabalho potencial – no primeiro trimestre, recorde na série histórica da pesquisa do IBGE.

Já o desalento — medida que integra o conjunto de subutilizados — chegou a 4,843 milhões de pessoas no primeiro trimestre, 180 mil pessoas a mais na comparação ao trimestre móvel anterior. Quando comparado ao mesmo período de 2018, o desalento cresceu 5,6%.

Renda

Com ajuda do reajuste do salário mínimo, o rendimento médio real dos trabalhadores, considerando o valor recebido em todos os trabalhos, cresceu 0,7% em relação ao quarto trimestre de 2018, somando R$ 2.291 nos três primeiros meses deste ano.

Quando comparado ao mesmo período de 2018, a renda teve alta de 1,4%.

A massa de rendimentos habitualmente recebidos pelas pessoas ocupadas (em todos os trabalhos) somou R$ 205,289 bilhões no primeiro trimestre, queda real de 0,3% frente aos três meses antecedentes e avanço de 3,3% perante igual intervalo de 2018 já descontando a inflação do período. (Com informações do IBGE e agências de notícias)

Cortes de recursos e paralisia em ministérios pode gerar colapso, alerta Rubens Bueno

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O deputado federal Rubens Bueno (Cidadania-PR) alertou nesta terça-feira (30) que o corte de R$ 30 bilhões nas despesas do Orçamento federal e uma série problemas de gestão em programas gerenciados por ministérios já causam reflexos no atendimento da população e podem, em curto prazo, provocar um colapso em diversas áreas.

O parlamentar cita problemas no programa Minha Casa Minha Vida; no Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), nas agências de fomento à pesquisa, responsável pelo pagamento de bolsas; no atendimento ao público em agências do INSS, do Trabalho e da Receita Federal, dentre outros.

“Entendemos a necessidade de enxugamento dos gastos públicos, mas o corte drástico de recursos em algumas áreas causa preocupação. Uma paralisia em ministérios pode gerar colapso no atendimento da população. O governo precisa avaliar muito bem as prioridades e promover o desbloqueio de recursos em algumas áreas críticas”, ponderou o Rubens Bueno.

Reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal “O Estado de S. Paulo” mostra que o corte de recursos já está provocando uma paralisia na máquina pública que pode se agravar a partir de agosto. No programa Minha Casa Minha Vida já há estrangulamento financeiro das empresas, que estavam entregando as casas sem receber do governo. Em algumas universidades federais, 30% de recursos também foram bloqueados. Já a área científica sofreu um corte de 42%. O dinheiro disponível só garantia o pagamento das bolsas de pesquisa até setembro.

“Também já temos problemas para a manutenção de hospitais e de estradas. Isso causa preocupação. Medidas preventivas precisam ser tomadas para evitar que em curto prazo vários serviços sejam paralisados. Sabemos que o governo tenta aumentar a arrecadação com privatizações e leilões, mas outras alternativas, além da Reforma da Previdência, precisam ser estudadas para evitar a paralisia da máquina pública”, defende o parlamentar.

Blog #Cidadania23 – Bolsonaro: Do mito ao mico no #Olhar23

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No mundo surreal do #Olhar23‬, eleitor de Bolsonaro comenta com orgulho as ações do presidente na semana (veja o vídeo abaixo).

– Corte nos cursos de Humanas;

– Veto à campanha do Banco do Brasil;

– Deixar claro que o País não é paraíso gay para turista, mas quem quiser vir aqui fazer sexo com mulher, fique à vontade.

– E o mito responde ainda às críticas de mulheres feministas, comunistas e mal amadas.

Comissão especial da reforma da Previdência define plano de trabalho nesta terça-feira

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O presidente da comissão especial que vai analisar o mérito da reforma da Previdência na Câmara, deputado federal Marcelo Ramos (PR-AM), reúne-se nesta terça-feira (30), em Brasília,a com líderes partidários para definir o plano de trabalho do colegiado. Instalada na semana passada, a comissão, composta por 49 membros e 49 suplentes de 25 partidos, terá a primeira sessão no dia 7 de maio.

Além dos líderes dos partidos que compõem a comissão, o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 6/2019), deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP), e o vice-presidente da comissão, deputado federal Silvio Costa Filho (PRB-PE), estarão presentes à reunião.

Em uma semana com poucas atividades legislativas por causa do feriado do Dia do Trabalho, amanhã (1º), Marcelo Ramos deve definir o cronograma de trabalho, com reuniões de audiência pública com autoridades e especialistas, além das datas prováveis de discussão e votação da proposta.

Calendário da comissão

Nesta terça-feira (30), ele pretende se reunir com a equipe técnica do governo para dialogar sobre o calendário dos trabalhos da comissão.

O deputado informou ontem (29) que os primeiros debates terão a equipe técnica do governo. Em seguida, o parlamentar quer ouvir governadores, prefeitos e representantes de corporações na comissão especial.

Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, na sexta-feira (26), Ramos disse que fará todos os esforços para que até julho a proposta esteja pronta para ir a votação em plenário.

Ele avaliou que alguns pontos do texto enviado pelo governo federal são “quase natimortos”. Segundo ele, os partidos do centro são contrários a mudanças nas regras do BPC (Benefício de Prestação Continuada) e da aposentadoria rural e à criação de um sistema de capitalização. Na avaliação de Ramos, esses três itens “não têm nenhuma condição política de serem superados”.

Para o deputado, o desafio da comissão será encontrar uma calibragem que atenda ao ajuste fiscal das contas públicas sem prejudicar as pessoas de menor renda. (Agência Brasil)

Insatisfação com democracia no Brasil atinge 83%, mostra levantamento de 2018

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Pesquisa mostra que 83% estão insatisfeitos com democracia no Brasil

No mundo, descontentes chegam a 51%; economia e descrédito na política contribuem para resultado

Marina Dias – Folha de S. Paulo

Pesquisa divulgada nesta segunda-feira (29) pelo Pew Research Center mostra que a maioria da população está insatisfeita com o funcionamento da democracia em seus países.

De acordo com levantamento feito em 27 nações —entre elas o ​Brasil—, 51% das pessoas estão descontentes com a democracia, enquanto 45% avaliam de forma positiva o desempenho do sistema político.

No Brasil, por sua vez, a diferença entre contentes e descontentes é ainda maior: 83% se declaram insatisfeitos, enquanto somente 16% se dizem satisfeitos com a democracia —16 pontos percentuais a mais de insatisfeitos em relação a 2017, quando 67% afirmavam estar descontentes.

A pesquisa foi feita entre maio e agosto de 2018, ou seja, durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) e antes da eleição de Jair Bolsonaro (PSL) ao Planalto —o novo presidente tomou posse em janeiro deste ano.

Nos EUA, a insatisfação com a democracia é de 58%. Desde 2017, já com o presidente republicano Donald Trump no comando da Casa Branca, o número dos descontentes aumentou 7 pontos percentuais.

Para a análise feita pelo instituto foram levadas em consideração questões sobre economia, política, sociedade e segurança.

O resultado mostrou que, dentre os fatores pesquisados, a insatisfação com a democracia está intimamente relacionada à frustração econômica, ao cerceamento de direitos individuais, ao tratamento que a Justiça dá aos cidadãos, e também à avaliação de que os políticos, além de corruptos, não se preocupam com o povo.

As dúvidas sobre economia, a raiva de uma elite considerada corrupta e inatingível e a ansiedade sobre rápidas mudanças sociais é justamente o que tem alimentado agitações políticas no mundo e impulsionando o descrédito na democracia, segundo os pesquisadores.

O cenário político ainda conflagrado levanta uma pergunta importante: a insatisfação com a democracia é suficiente para que as pessoas tenham disposição de apoiar outras formas de governo, inclusive as não-democráticas?

O Pew Research Center concluiu que os insatisfeitos com a democracia tendem a ser menos comprometidos com a democracia representativa e, portanto, mais inclinados a apoiar outras formas de governo, com o de um líder forte ou até mesmo o comandado pelas Forças Armadas, mas não há números absolutos que ilustrem essas constatações no levantamento.

Em 24 dos 27 países pesquisados, a frustração com a economia aparece como um dos pontos-chave para a insatisfação com a democracia.

Pessoas que disseram que a economia está ruim em seus países têm 71% de chance de se dizerem também insatisfeitas com a democracia. No Brasil, assim como na Grécia e na Tunísia, porém, foram tão poucos os entrevistados que avaliaram a economia como boa que não foi possível fazer essa relação.

Além do pessimismo com a situação financeira dos países, os dados mostram que a maioria da população acredita que a eleição traz pouca mudança para o status quo. Por outro lado, as pessoas estão, na média mundial, mais otimistas em relação à proteção à liberdade de expressão, à criação de oportunidades para melhorar de vida e à segurança pública.

No Brasil, o cenário é um pouco diferente —e também mais sombrio nesse aspecto. Na média dos 27 países pesquisados, 62% avaliam que a liberdade de expressão está protegida dentro dos seus territórios nacionais. Entre os brasileiros, 42% têm essa percepção, enquanto 55% acham esse direito não está devidamente protegido no país.

Na média mundial, 57% acham que as pessoas têm boa chance de melhorar de vida em seus países, mas no Brasil esse índice fica em 46%.

Em relação ao tratamento que a Justiça dá aos cidadãos, o Brasil volta a se alinhar ao resto do mundo: 72% dos brasileiros acham que a Justiça não lida de forma justa com todas as pessoas. Na média mundial, o número fica em 53%.

Entre os entrevistados dos 27 países, 61% acham que os políticos não se preocupam com o cidadão comum, 54% acreditam que a maioria deles é corrupta, e 60% avaliam que não importa quem seja eleito, as coisas não vão mudar de maneira significativa.

No Brasil, o pessimismo segue. São 78% os que acham que a classe política não se preocupa com a população e 42% os que acreditam que a maioria dela é corrupta —56% não avaliam dessa forma.

A diferença está na crença nas eleições: 60% dos brasileiros avaliam que, sim, as eleições são capazes de trazer mudança.

O cansaço diante da política tradicional e a ânsia por mudanças de governo multiplicou a ascensão de líderes anti-establishment, como Bolsonaro no Brasil e Trump nos EUA, além de partidos populistas, como na Europa.

Entre os europeus, soma-se aos fatores que contribuem com a insatisfação em relação à democracia a visão que eles têm sobre União Europeia e imigrantes —desde 2015, a região tem recebido uma onda de refugiados, principalmente na Grécia e Itália. Nesses dois países, são mais de 70% os insatisfeitos com o funcionamento da democracia, por exemplo.

O ódio à UE e aos imigrantes tem sido tema recorrente na retórica e nas plataformas de partidos populistas –de direita e de esquerda – que têm ganhado apoio nos últimos anos.

Luiz Carlos Azedo: Tropeçar nas próprias pernas

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NAS ENTRELINHAS – CORREIO BRAZILIENSE

O fato mais relevante para a oposição desde a posse do presidente Jair Bolsonaro foi um desperdício de oportunidade: a entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos jornais Folha de S. Paulo e El País. Preso em Curitiba, por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, o petista poderia ter feito um mínimo de autocrítica e lançado um chamamento à unidade das forças derrotadas por Jair Bolsonaro, em torno de um programa básico. Desconectado da realidade política, porém, preferiu dizer que o país é governador por um “bando de malucos” e manteve prisioneiro o seu próprio partido. Sim, porque o “Lula livre” aprisiona o PT, como o “Viva Prestes” aprisionou a oposição aliancista durante o Estado Novo, até que o velho PCB decidisse entrar na campanha pela criação da Força Expedicionária Brasileira (FEB), encabeçada por Amaral Peixoto e Oswaldo Aranha, no fim do governo Vargas, para lutar o Eixo nos campos da Itália.

Entretanto, tropeçar nas próprias pernas não é privilégio. Sem oposição, Bolsonaro faz a mesma coisa, ao insistir numa agenda que acredita majoritária, só porque ganhou a eleição: investe contra os professores, os funcionários do Ibama e do ICMBio, o marqueteiro do Banco do Brasil, os índios, os direitos humanos, a antropologia, a sociologia e a filosofia. Imagina reescrever a história e por aí vai. A agenda da campanha eleitoral era centrada na questão da violência e dos costumes. Bolsonaro acredita que isso vai garantir o sucesso do seu governo, se pagar as promessas que fez no palanque. A eleição já passou, nada disso garante que seu governo dará certo.

Bolsonaro perde o foco nas variáveis que podem mudar o quadro econômico. O PIB recuou 0,1% em relação ao trimestre anterior; o investimento, 0,6%. No cenário mais otimista, o mercado financeiro projeta um crescimento de 1,9% em 2019. O pessimismo dos empresários pode ser mensurado pela chamada “formação bruta de capital fixo” (investimentos em máquinas e equipamentos, construção civil e inovação). Entre o terceiro trimestre de 2013 e o quarto trimestre de 2016, a queda foi 31,6%. Esperava-se uma recuperação maior após o fim da recessão, mas o crescimento foi de apenas 6% nos últimos oito meses.

Para alguns economistas, a opção do governo para aquecer a economia seria cortar mais os juros, em 6,5% ao ano desde março de 2018. Bolsonaro ouviu esse galo cantar e resolveu meter a colher no Banco do Brasil, novamente. Ontem, numa feira agropecuária, pediu ao presidente da instituição, Rubem Novaes, que já provou ser bem-mandado no episódio da campanha de marketing, para reduzir os juros cobrados pelo banco. Como era de se esperar, ações do BB despencaram na Bovespa. No fim da tarde, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, “retificou” as palavras do presidente. Está craque na interpretação das suas intenções: “Eu estava lá, me encontrava quando o presidente fez esse comentário com o presidente do Banco do Brasil. Foi um comentário num ambiente muito amigável. Obviamente que o presidente não quer e não intervirá em quaisquer aspectos que estejam relacionados a juros dos bancos que estão, em tese, sob o guarda-chuva do governo”.

Diversionismo

Se não perder o foco, o governo poderá de fato baixar os juros no segundo semestre, graças a três variáveis: os avanços no programa de concessões na área de infraestrutura e privatizações de estatais; a autonomia do Banco Central, cujo projeto está na Câmara; e a aprovação da reforma da Previdência, que deverá ocorrer no segundo semestre. São condições objetivas para que a economia se reaqueça, revertendo a situação atual, que registra 14 milhões de desempregados. O maior obstáculo à retomada do investimento, hoje, é a falta de eixo político do governo.

O mais curioso é que o diversionismo do governo se intensifica toda vez que o presidente reitera seu apoio à reforma da Previdência. Ao mesmo tempo que se compromete com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que vai se empenhar para que a base aprove a reforma, Bolsonaro cria polêmicas sobre temas que não são prioritários, embora de fato façam parte de suas bandeiras de campanha eleitoral. Se dependesse somente dessa agenda, não venceria; ganhou porque o povo quer segurança, emprego, saúde e educação de qualidade. E a maioria não desejava o PT de volta ao poder. (Correio Braziliense – 30/04/2019)