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Brasileiros que fazem “bicos” para manter renda já são quase 3,5 milhões

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Quase 3,5 milhões de brasileiros fazem ‘bicos’ para manter a renda

Devido à crise, 3,41 milhões já acumulam mais de um trabalho

DAIANE COSTA, LETICIA LOPES E JOÃO SORIMA NETO – O GLOBO

Desde que perdeu seu último emprego com carteira assinada, Ricardo Blaiotta, de 49 anos, passou a se desdobrar em vários trabalhos como autônomo para recompor a renda. Atualmente, são quatro: faz transporte escolar, produz e vende comida congelada, revende cosméticos e, quando falta dinheiro para pagar alguma conta, dirige Uber. Formado em administração de empresas, ele é um dos trabalhadores que passaram a engrossar o grupo dos que têm mais de uma ocupação no Brasil. Nos últimos dois anos, esse contingente teve acréscimo de quase 1 milhão de pessoas, atingindo 3,41 milhões no fim de 2018, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a Pnad Contínua, do IBGE.

Para especialistas, esses trabalhadores são um espelho das atuais condições do mercado de trabalho, no qual o desemprego continua alto, e as oportunidades só aparecem na informalidade. Complementar a renda com mais de uma ocupação é uma necessidade para muitas famílias.

— Isso dialoga com a crise econômica, que desestruturou a renda das famílias e aumentou a subutilização da força de trabalho. Muitas pessoas têm de ter mais de um trabalho porque, na informalidade, os salários são mais baixos — explica Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

MAIS CONTA PRÓPRIA

Maria Andréia Parente Lameira, economista do Ipea, considera esse movimento característico do mercado recessivo, quando as pessoas driblam o desemprego se tornando conta própria. Esse grupo teve acréscimo de 1,7 milhão de pessoas nos últimos dois anos. No fim de 2018 eram 23,8 milhões, sendo que 19,1 milhões estavam na informalidade.

— O conta própria dificilmente tem jornada de oito horas por dia, então pode conciliar mais de um trabalho. É o cara que faz quentinha e outro bico, ou faz quentinha e também tem barraquinha de comida — explica Maria Andréia.

Nesse cenário, desponta quem faz quentinhas e quem trabalha com aplicativos de transporte, observa o coordenador do IBGE.

Com quatro ocupações, o dia de Ricardo começa às 5h. Ele leva e busca na escola sete crianças e atua como vendedor de uma representante de cosméticos, apresentando os produtos da marca em salões na Barra da Tijuca e na Zona Sul do Rio.

Nos intervalos dessas duas atividades, produz, sozinho, 150 refeições por semana. Elas são vendidas entre R$ 17 e R$ 22, cada. Há pratos como carpaccio de palmito pupunha e salmão. Ele também atende a pedidos de veganos e pessoas que passaram por cirurgia bariátrica.

Como a esposa é funcionária pública e passa o dia fora, também cabe a ele ficar com as duas filhas, de 7 e 10 anos, quando não estão na escola.

— Eu faço as compras, monto a marmita, entrego e faço o marketing. Tive de criar um mecanismo para tudo dar certo. Adaptar-me a minha nova realidade. Ganhava mais quando estava empregado (como representante comercial), mas precisava pagar uma pessoa para ficar com minhas filhas. Hoje, ganho menos, mas não tenho essa despesa — conta Ricardo.

INCERTEZA FINANCEIRA

Foi também no ramo das quentinhas que a nutricionista Cinthya Machado, de 48 anos, encontrou uma fonte de renda extra. Formada há mais de 20 anos, foi demitida do hospital particular onde trabalhava em 2017. Desempregada, passou a atender em domicílio e, para complementar a renda, recorreu à ocupação que já havia tentado há 15 anos: refeições saudáveis congeladas. São cerca de 200 por mês.

— Desde que me formei, nunca havia ficado desempregada. Hoje trabalho mais e ganho menos. Também é ruim não ter uma renda fixa. Mas trabalho com algo no qual acredito — diz Cynthia.

Maria Andréia, do Ipea, lembra que a instabilidade financeira que ronda os conta própria é ruim para a economia, pois são famílias que deixam de consumir:

— Se você nunca sabe ao certo qual será sua renda naquele mês, não consegue ter um planejamento financeiro adequado, e suas decisões de consumo acabam prejudicadas. Comprar um aparelho eletrônico ou um automóvel, que dependem de parcelamento, é impensável. É uma vida sem sossego.

Desde que o operador de produção Jean Luiz da Silva, de 39 anos, teve sua jornada reduzida para apenas três dias por semana, por um ajuste de produção feito pela Ford, em São Bernardo do Campo, ele decidiu abraçar o hobby de sua mulher, Elen Cristina Chagas da Silva. O casal produz lembrancinhas para festas infantis.

— Antes eu só ajudava. Agora, com mais tempo em casa, virou nossa segunda fonte de renda — disse Jean.

Por semana, ele recebe entre quatro e seis pedidos de kit. Quando isso acontece, o ganho chega a ser de até 50% do seu salário de R$ 3,2 mil na montadora.

Já Allexandro de Lima, de 35 anos, trabalhou como motoboy por 12 anos em uma escola pública de ensino técnico do Rio, até ser demitido em 2016. Desde então, ele se reveza entre dois trabalhos: das 18h à meia-noite é entregador de pizza, e das 8h às 14h, padeiro.

— Não é suficiente para pagar as contas, mas, como minha mulher também trabalha, vamos levando — diz Allexandro, pai de três filhos.

SUB APROVEITAMENTO

Enquanto uns acumulam trabalhos, há quem mude radicalmente de profissão para driblar a crise. O paulista Robson Camargo, de 36 anos, era operador de torno em uma indústria metalúrgica. Demitido, decidiu se reinventar: — Fiz cursos de confeitaria e estou como confeiteiro free-lancer em padarias há um ano, mas quero encontrar algo fixo, com carteira assinada.

Ele conta não ter mais perspectiva de voltar a trabalhar na indústria porque os processos produtivos se modernizaram e hoje “se trabalha com menos gente do que antigamente”. Além disso, a crise levou muitas indústrias a fecharem ou reduzirem a produção.

Thiago Xavier, economista especializado em mercado de trabalho da Tendências Consultoria Integrada, diz que esse deslocamento de profissionais de sua área de formação para posições que exigem menor escolaridade é ruim para o trabalhador e para a economia:

— São pessoas sub aproveitadas fora de suas áreas e que estão tendo seu capital humano depreciado em atividade com produtividade menor, sem a cobertura de direitos sociais.

Após 3 meses, Bolsonaro tem a pior avaliação entre os presidentes eleitos desde a redemocratização de 1985

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Aos 100 dias, Bolsonaro tem a pior avaliação de um presidente eleito

30% consideram governo ruim ou péssimo; em período semelhante, Collor tinha 19% de reprovação, FHC, 16%, Lula, 10%, e Dilma, 7%

Igor Gielow – Folha de S. Paulo

Envolto em contínua crise política e sem assistir a uma melhora na economia, Jair Bolsonaro (PSL) registra a pior avaliação após três meses de governo entre os presidentes eleitos para um primeiro mandato desde a redemocratização de 1985.

Mas 59%, segundo o Datafolha, ainda acreditam que ele fará uma gestão ótima ou boa. O presidente completa cem dias de mandato na próxima quarta-feira (10).

Segundo o instituto, 30% dos brasileiros consideram o governo de Bolsonaro ruim ou péssimo, índice semelhante ao daqueles que consideram ótimo ou bom (32%) ou regular (33%). Não souberam opinar 4% dos entrevistados.

O instituto ouviu 2.086 pessoas com mais de 16 anos em 130 municípios nos dias 2 e 3 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Antecessores de Bolsonaro nas mesmas condições tiveram melhor desempenho. Fernando Collor (então no PRN) era reprovado por 19% em 1990, enquanto Fernando Henrique Cardoso (PSDB) marcava 16% de índices ruim ou péssimo em 1995.

Os petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, alvos freqüentes de críticas do atual presidente, eram mal avaliados apenas por 10% e 7% da população ao fim dos primeiros três meses do governo.

Na série histórica, Dilma é quem teve numericamente a melhor avaliação a esta altura do mandato, com 47% de ótimo/bom em 2011.

Não se comparam aqui os primeiros trimestres de presidentes reeleitos, pois suas imagens já passaram pela exposição de todo um governo além dos três meses: Lula se mantinha com uma rejeição confortável (14%), FHC amargava 36% e Dilma já começava a viver o inferno político que a derrubaria do cargo em 2016, com 60% de ruim e péssimo.

Os vices que assumiram desde a redemocratização também não são comparáveis — a aferição de Michel Temer (MDB) não foi feita, enquanto Itamar Franco tinha n% de ruim/péssimo nesse intervalo.

Antes da posse, 65% esperavam que Bolsonaro fizesse um governo ótimo ou bom, 17%, regular, e 12%, ruim ou péssimo.

Os índices já eram os piores entre os presidentes eleitos para primeiro mandato desde a redemocratização.

Agora, a expectativa é positiva para s 9%, mediana para 16% e negativa para 23%.

Nesses primeiros meses, Bolsonaro viveu diversos episódios de desgaste político: a investigação sobre milícias envolvendo o gabinete de seu filho Flávio na Assembleia do Rio, as candidaturas de laranjas de seu partido, os entrechoques entre militares e a ala do governo sob influência do escritor Olavo de Carvalho, a crise no MEC, a troca de farpas com o Congresso e a dificuldade no encaminhamento da reforma da Previdência.

A economia segue em ritmo lento, e a taxa de desemprego subiu em relação ao trimestre passado — está em 12,4%.

Assim, para 61% dos ouvidos, Bolsonaro fez menos do que se esperava no exercício do cargo. Já 13% consideram que ele fez mais, enquanto 22% avaliam que ele fez o que era esperado. Entre os descontentes, a predominam pessoas mais pobres e menos escolarizadas.

Nessa comparação, ele também perde para os primeiros mandatos de Lula e de Dilma, que tiveram o mesmo tipo de mensuração pelo Datafolha. Em 2003, o petista fez menos do que poderia para 45%, e em 2011 a ex-presidente pontuou 39% no quesito.

A aprovação de Bolsonaro é maior entre os homens (38%) do que entre as mulheres (28%).

O comportamento do presidente, que se envolveu em polêmicas como a divulgação de um vídeo pornográfico para criticar o que seriam abusos nas ruas durante o Carnaval, é avaliado como correto por 27% dos ouvidos.

Já outros 27% acham que Bolsonaro na maioria das vezes se posiciona de forma adequada, mas às vezes não. No lado negativo, 20% pensam que na maioria das vezes o presidente é inadequado, e 23% dizem que ele nunca se comporta como o cargo exige.

Há sinais de alerta para o bolsonarismo em dois grupos que apoiaram consistentemente o então candidato durante a campanha de 2018.

Os que ganham mais de 10 salários mínimos e os que têm curso superior registram numericamente também a maior rejeição ao governo até aqui: 37% e 35%, respectivamente, avaliam a gestão como ruim ou péssima.

Esses grupos também registram a maior aprovação, 41% (empatada tecnicamente com os 43% dos que ganham de 5 a 10 salários mínimos) e 36% de ótimo/bom (empatada tecnicamente com os 33% de quem tem ensino médio), indicando assim uma polarização entre o eleitor mais elitizado.

Os mais pobres (até 2 salários mínimos) são os menos contentes, com 26% de ótimo e bom.

Já o eleitorado evangélico (34% da população) segue mais entusiasmado com o presidente, que é católico, mas foi batizado por um pastor e é fortemente associado ao setor. Acham o governo até aqui ótimo ou bom 42% desse segmento, índice que cai a 27% entre católicos (50% dos brasileiros).

Brancos são os que mais aprovam Bolsonaro (39%), enquanto pretos e pardos são os que mais desaprovam (29% para cada um dois grupos).

Ainda não há uma reversão na divisão geográfica do apoio ao presidente. O Sul, sua principal fortaleza em 2018, deu a maior aprovação a ele neste levantamento: 39% (empatado com os 38% do Centro-Oeste/Norte), contra 22% de desaprovação.

O Nordeste é a região que mais rejeita o governo, com 39% de ruim/péssimo e 24% de ótimo/bom. Também lá existe a menor expectativa positiva: 50%.

Luiz Carlos Azedo – Agora vai: acabou o horário de verão

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NAS ENTRELINAS – CORREIO BRAZILIENSE

Nos 100 dias de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro não fez uma revolução na vida nacional, apesar das turbulências que o presidente da República, seus filhos Flávio (senador), Eduardo (deputado federal) e, principalmente, Carlos (vereador carioca) protagonizaram nas redes sociais, sem falar nos disparates do ministro da Educação, o atabalhoado Ricardo Vélez Rodriguez, e nas desbocadas tuitadas do ideólogo do bolsonarismo Olavo de Carvalho. Um balanço da atuação do governo no período explica por que a popularidade de Bolsonaro caiu 16 pontos entre janeiro e março passado. Para melhorar a popularidade, Bolsonaro anunciou o fim do antipático horário de verão.

A mudança mais estratégica promovida por Bolsonaro nesses 100 dias foi a guinada à boreste na política externa brasileira. Na marcação relativa de suas prioridades geopolíticas (Estados Unidos, Chile, Israel), os resultados são duvidosos. Na relação com os Estados Unidos, frustrou o presidente Donald Trump em relação à participação brasileira numa eventual intervenção norte-americana na Venezuela (ainda bem); com o Chile, deixou o presidente Sebastián Piñera na maior saia justa, por causa de seus elogios à ditadura de Pinochet; finalmente, no “fan tour” em Israel, recuou da intenção de transferir a embaixada do Brasil para Jerusalém, anunciando a instalação de um escritório comercial. Agora, corre dos prejuízos na imagem internacional com árabes e chineses.

Depois de muita perda de tempo, caiu a ficha de que o governo precisa se empenhar na aprovação da reforma da Previdência. Bolsonaro busca uma aproximação com os partidos, depois de um cessar fogo no tiroteio com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no qual queimou cartuchos desnecessariamente. Entretanto, a cada conversa política do presidente da República, o ministro da Economia, Paulo Guedes, perde alguns bilhões da economia de R$ 1 trilhão que pretendia fazer em 10 anos. Para Bolsonaro, o essencial é aumentar a idade mínima e o tempo de contribuição. Ou seja, vem aí uma reforma mitigada, para garantir um alívio fiscal nos quatro anos de mandato. A grande dúvida é se Guedes e a economia aguentam esse tranco.

Guedes é a principal âncora do governo; a outra, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, com a Operação Lava-Jato, uma espécie de “big stick” na relação com os políticos. O mundo de Moro — a magistratura, o ministério público e as polícias federais e agentes ficais — é contra a redução dos próprios privilégios, lidera um lobby que está sendo engrossado pelos magistrados, procuradores, policiais civis e militares dos estados. O sucesso do governo depende do desfecho dessa contradição. Se prevalecerem as corporações e o mercado, haverá um colapso nas políticas sociais e baixo crescimento; se atender às corporações e à maioria da população, populismo e recessão; a melhor alternativa é acabar com os privilégios.

Estão na lista dos pontos fortes do governo o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que vem dando um show de competência com seu programa de concessões, e os ministros da Agricultura, Teresa Cristina; da Cidadania, Osmar Terra; e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. São políticos bem-vistos pelos colegas e não fazem marola. O ponto mais fraco, disparado, é o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, cuja cabeça pode rolar amanhã. Outro é o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, enrolado no escândalo dos candidatos laranjas do PSL, o partido de Bolsonaro.

Pesquisas

Em números, os resultados desses 110 dias de governo estão na pesquisa do Ibope, entre os dias 16 e 19 de março: apenas três em cada 10 brasileiros (34%) avaliam de forma positiva (ótima ou boa) o governo de Jair Bolsonaro. A mesma parcela considera a gestão como regular e praticamente um quarto (24%) como ruim ou péssima. Aqueles que não sabem ou não respondem à pergunta somam 8%. No primeiro levantamento, aqueles que avaliavam a gestão como ótima ou boa eram 49%, em fevereiro caíram para 39% e recuam para 34% em março. A avaliação ruim ou péssima registra um aumento de 13 pontos no mesmo período: os que avaliavam negativamente a administração de Bolsonaro eram 11% em janeiro, passaram para 19% em fevereiro e, atualmente, somam 24%.

Entretanto, 51% ainda aprovam a forma como Bolsonaro governa, contra 38% que desaprovam; 10% não sabem ou preferem não opinar. O problema é a velocidade da queda: 67% aprovavam em janeiro, índice que caiu para 57% em fevereiro e recuou agora para 51%, ou seja, uma redução de 16 pontos. A desaprovação vai numa escalada: subiu de 21% para 31% e 38%, respectivamente, entre janeiro e março. A confiança no presidente regrediu: 49% da população confiam, contra 44% que não confiam e 6% que não sabem ou preferem não responder. Em janeiro, 62% confiavam no presidente ante 30% que não confiavam. Em fevereiro, os percentuais eram 55% e 38%, respectivamente. Desse modo, a queda da confiança entre janeiro e março é de 13 pontos, e o crescimento dos que não confiam, de 14 pontos. (Correio Braziliense – 07/04/2019)

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (08/04/2019)

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MANCHETES

O Globo

Governo mudará lei para repartir com os estados R$ 100 bi do pré-sal
Bolsonaro tem a pior avaliação em 1º mandato
TRF-2 pode mandar cúpula do bicho para cadeia amanhã
Eleita 1ª reitora, Denise de Carvalho diz não haver motivo para Bolsonaro barrar sua nomeação
Militares fuzilam carro com crianças e matam músico
Eleição em Israel ignora conflito com palestinos

O Estado de S. Paulo

Indústria tem a menor fatia do PIB em mais de 70 anos
Saúde fará guia para ensinar parlamentares a gastar bem
Dia decisivo para o MEC: senador do PSDB é cotado
Ibama libera leilão da ANP em ‘área sensível’
Nova regra faz varejo suspender promoções
Cisjordânia gera críticas a Netanyahu

Folha de S. Paulo

Esperança na economia do Brasil piora depois da posse
Presidente não cumpriu até agora maioria das metas
Militar em cargo de governo tem apoio de 60% no país
Confusão entre apoiadores e críticos de Lula marca atos em SP
Fraude leva a mudança em cadastro de usuário de celular
Após ONU pedir trégua, milícia ataca capital líbia

EDITORIAIS

O Globo

Falta pressionar a Bolívia para um acordo antidrogas

Brasil é hoje a grande plataforma de exportação para a cocaína produzida no país vizinho

Aumentou em 47% a produção de cocaína pura na Bolívia nos últimos dez anos. Passou da média de 170 toneladas métricas, em 2007, para 249 toneladas em 2017, segundo relatório do Departamento de Estado ao Congresso americano na semana passada. A Bolívia possui 3,4 mil quilômetros de fronteira com o Brasil. Sob o governo de Evo Morales, líder dos produtores de folha de coca, passou de zona de tráfico da cocaína do Peru para a posição de terceiro maior produtor mundial. As atividades de agricultura de coca e de refino da cocaína em território boliviano são fomentadas por um sistema multinacional de financiamento dos cartéis peruanos e colombianos. Essa economia subterrânea está quase integralmente direcionada à exportação, via Atlântico, a partir dos portos brasileiros.

A logística para transporte da produção da Bolívia, do Peru e da Colômbia é montada com parcerias, no lado brasileiro, de facções criminosas nacionais. Esse mercado lucrativo estimula uma guerra interna, pelo controle das principais rotas até os portos. Leva ao crescimento da violência na periferia das cidades ao longo das rotas de tráfico e das metrópoles com grandes portos, como Rio e Santos. O Brasil tem intensificado a repressão nas zonas de embarque e exportação da droga. Houve apreensão de 30,6 toneladas de cocaína no ano passado, volume 70% maior que o registrado em 2017. O aumento da fiscalização é fundamental, mas, considerado o contexto de expansão da produção sulamericana, equivale a enxugar gelo.

O Brasil é hoje a grande plataforma de exportação para a cocaína da Bolívia. O problema transcende políticas estaduais de segurança. É uma questão federativa e precisa ser tratada, de fato, também na política externa. O tempo já mostrou que é inútil esperar iniciativa do governo Evo Morales, que fez carreira política na defesa dos interesses “cocaleros”. Em 13 anos no poder, sua contribuição efetiva foi ajudar na expansão do cultivo de coca. Morales aumentou em 83% a área legalizada a pretexto de fomentar tradição, cultura e medicina nativa. Os dados disponíveis indicam que perdeu o controle — se algum dia quis ter — da produção de coca e de cocaína pura no território boliviano.

É preciso uma resposta eficaz na política externa. Não se trata de confrontar a Bolívia, mas de negociar à exaustão compromissos inovadores, exequíveis e fiscalizáveis, para reverter essa escalada produtiva. Há meios de pressão, entre eles a compra de gás, cujos contratos estão no prazo de revisão. Além disso, o momento é favorável: em sete meses acontecerá uma eleição presidencial e, pela primeira vez, a reeleição de Morales é incerta. Ele disputa voto a voto com o antecessor Carlos Mesa. Qualquer que seja o vencedor, o futuro da Bolívia deve passar pela negociação de um grande acordo antidrogas com o Brasil.

O Estado de S. Paulo

A velha Previdência e o novo trabalho

A proposta de reforma da Previdência corrige desajustes, como a idade mínima numa população cada dia mais longeva, e injustiças, como a disparidade entre servidores públicos e trabalhadores privados, que faz com que o Estado seja o maior promotor de desigualdade social no Brasil. Mas, além do equilíbrio e da equidade fiscal, o País precisará se adaptar ao novo mundo do trabalho, em especial ao crescimento das relações de trabalho atípicas em detrimento do emprego tradicional.

A revolução digital faz com que modalidades como o trabalho temporário, o autoemprego ou a contratação independente sejam cada vez mais comuns. Conforme a pesquisa “Previdência sem providência?”, dos economistas J.R. Afonso e J.D. Sousa, os empregados com carteira assinada no Brasil respondem por 38,9% da força ocupada e os servidores por 8,5%. Restam 52,6% sem vínculo e proteção. Metade dos brasileiros, especialmente os mais jovens, educados e de maior renda, prefere o trabalho autônomo com rendimentos mais altos, sem benefícios e com impostos mais baixos.

Tal transformação é intensificada pela “pejotização”, ou seja, a migração do emprego formal para o regime de pessoa jurídica ou autônomo, causada sobretudo por anomalias tributárias: enquanto a média mundial de custos trabalhistas (em queda) é de 20,5% do salário pago, no Brasil esse índice (em crescimento) é de 71,4%. Em resumo, o sistema previdenciário tradicional não só arrecadará cada vez menos, como cobrirá cada vez menos trabalhadores. Entre 1996 e 2017, o número de contribuintes do INSS com renda acima do teto de sete salários mínimos caiu 25%, enquanto o daqueles com salário abaixo disso cresceu 158%. Segundo os pesquisadores, “esse movimento quebrou um dos princípios básicos do regime brasileiro – o do subsídio cruzado –, na medida em que empregadores que pagam salários maiores passaram a financiar cada vez menos aqueles com menores benefícios”. Ou seja, o fator redistributivo está em franca erosão.

A Previdência é só um dos componentes dos sistemas de seguridade social que precisarão ser adaptados à flexibilização das relações de trabalho. Entre as diretrizes da Organização Internacional do Trabalho para garantir proteção mínima a todos, está a flexibilização da vinculação da proteção social à contribuição salarial, a ser complementada com sistemas protetores independentes. Para fortalecer a rede de proteção aos trabalhadores em regimes atípicos, estão medidas como a redução dos limites mínimos de contribuição relativos a renda, horas de trabalho e duração do emprego, a flexibilização em relação às interrupções do período de contribuição e o incentivo à portabilidade dos títulos.

Uma das propostas do projeto previdenciário do governo nesse sentido é a substituição do modelo de financiamento por repartição pelo de capitalização. O regime atual, em que os trabalhadores da ativa contribuem junto com os empregadores e o governo federal para os benefícios dos aposentados, é insustentável, já que o número de idosos que dependem dos trabalhadores ativos aumenta a cada ano. Já no regime de capitalização, cada trabalhador financia sua própria aposentadoria, depositando suas contribuições em contas individuais geridas pela iniciativa privada. Mas, como mostra a experiência do Chile, que inspira essa proposta, o ideal é um sistema híbrido, em que essa opção fique restrita aos segurados de maior renda, evitando quedas de arrecadação muito bruscas e garantindo um mínimo de proteção aos trabalhadores de baixa renda e aos idosos.

Enfim, desarmar a bomba-relógio previdenciária é imperativo. Mas isso só tapa o buraco pelo qual o Estado de Bem-Estar Social brasileiro está se esvaindo. A médio prazo, se o País quiser navegar pelas águas em cujo horizonte se ergue um novo mundo do trabalho, precisará de novos motores, combustíveis e equipamentos, e, a longo prazo, reconstruir essa embarcação por completo. No regime atual, o empregado contribui para o INSS até sete salários mínimos, mas o empregador sobre a folha como um todo. Com a queda do grupo de assalariados abaixo desse teto e o crescimento dos que ganham acima, quebra- se um dos princípios básicos do regime, o da subsidiariedade cruzada, pelo qual os salários maiores financiam os menores benefícios.

O Estado de S. Paulo

A bomba da dívida e a reforma

A maior bomba da economia brasileira, a dívida pública, fica mais potente a cada mês, enquanto o governo continua incapaz de arrumar suas contas e transmitir maior segurança a credores e investidores. A dívida bruta do governo geral atingiu em fevereiro R$ 5,34 trilhões, soma equivalente a 77,40% do Produto Interno Bruto (PIB), proporção excessiva para uma economia emergente. Pagar pelo menos os juros vencidos em cada ano é a condição mínima para o setor público frear o endividamento. Mesmo com a reforma da Previdência o País poderá levar uns dois ou três anos para chegar até lá.

Nenhuma solução será possível sem a reforma, como indicam muito claramente, mais uma vez, as contas fiscais divulgadas pelo Banco Central (BC). Segundo essas contas, o governo central acumulou um déficit primário, isto é, sem juros, de R$ 118,70 bilhões nos 12 meses até fevereiro. Os números do governo central incluem os do Tesouro, do BC e da Previdência (INSS). Com redução de gastos e algum acréscimo de receita, o Tesouro ficou no azul, com superávit de R$ 76,69 bilhões. As operações do BC foram levemente deficitárias, com saldo negativo de R$ 494 milhões, sem efeito sensível no resultado geral. A explicação do desastre é, portanto, muito simples. O governo central ficou no vermelho porque todo o excedente acumulado pelo Tesouro foi tragado pelo enorme buraco do INSS, um déficit de R$ 194,89 bilhões, 2,83% do PIB.

Ninguém deve iludir-se com os números positivos do primeiro bimestre, quando o governo central contabilizou superávit de R$ 14,99 bilhões. Nesse período, o saldo de R$ 43,84 bilhões acumulado por Tesouro e BC superou com folga o déficit do INSS, de R$ 28,88 bilhões. Esse quadro é sazonal e normalmente se repete em todo começo de ano. O Tesouro tem até conseguido, desde o fim da recessão, resultados normalmente melhores que os de um ano antes na maior parte dos meses. A atividade econômica, mesmo em recuperação muito lenta, tem gerado mais tributos. Ao mesmo tempo se mantém o compromisso de austeridade. Mas os gastos obrigatórios crescem seguidamente, com as despesas da Previdência na liderança.

Graças a resultados positivos de Estados, municípios e estatais, o déficit primário do conjunto do setor público ficou em R$ 31,97 bilhões no primeiro bimestre – resultado melhor que o do governo central. Também houve diferença, em proporção melhor, no acumulado de 12 meses, quando o déficit primário do governo central chegou a R$ 118,70 bilhões, enquanto o do setor público em geral ficou em R$ 105,82 bilhões. Somados os juros, o resultado nominal, a medida mais ampla, foi um buraco de R$ 479,23 bilhões, ou 6,95% do PIB. A proporção média observada nos países emergentes e de renda média é próxima de 4%. O desafio básico para o governo é controlar as contas primárias. Se isso for possível, credores e investidores ficarão menos inseguros e a melhora das expectativas deverá resultar em juros menores para o financiamento do Tesouro.

É irrealismo esperar juros menores apenas por decisão do BC. Expectativas também afetam a inflação e é um erro perigoso afrouxar a política monetária de forma voluntarista. Melhores expectativas, acompanhadas de menor custo do dinheiro, serão essenciais para a consolidação e a aceleração do crescimento econômico. Se isso ocorrer, a arrecadação tenderá a subir e a gestão das contas públicas ficará mais fácil.

Mas um ajuste duradouro, isto é, independente da conjuntura favorável, dependerá de uma reestruturação das contas públicas. Reformar a Previdência é condição indispensável para isso. Outras mudanças serão necessárias, mas, sem essa, nenhum conjunto de medidas bastará. Nem as contas públicas serão arrumadas, nem o aumento da dívida será contido, nem o crescimento será retomado com segurança. Treze milhões de desempregados deveriam ser um estímulo poderoso para os políticos, incluído o presidente da República, pensarem seriamente nisso.

O Estado de S. Paulo

Ainda a conta do PT

O Congresso defenestrou a última presidente petista por crime de responsabilidade, o Judiciário condenou criminosos petistas pelo mensalão e o petrolão e o eleitorado bloqueou o retorno do último poste de Lula da Silva ao Planalto nas eleições passadas. Mas o contribuinte continua a pagar a conta do projeto de poder do PT. Conforme reportagem do Estado, só Venezuela, Cuba e Moçambique somam R$ 2,3 bilhões em dívidas atrasadas com o BNDES. Os valores recairão sobre o Tesouro, que cobre os financiamentos do banco ao exterior e que já teve de indenizá- lo em R$ 1,3 bilhão devido aos atrasos desses países.

Criado nos anos 50 para capitalizar empreendedores de todos os portes, em especial empreendimentos estratégicos na indústria e infraestrutura, o banco também teve papel decisivo na modernização da agricultura, comércio e serviços, assim como em investimentos sociais na educação, saúde, agricultura familiar, saneamento básico e transporte coletivo. Na gestão petista, esse instrumento destinado a fortalecer a economia serviu à bandeira populista e para operações duvidosas das “campeãs nacionais”.

Em 2012, logo após a entrada em vigência da Lei de Acesso à Informação, o então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio decretou sigilo até 2027 sobre a documentação dos empréstimos do BNDES, vedando que a ela tivessem acesso o Tribunal de Contas da União (TCU), a Controladoria- Geral da União e o próprio Ministério Público. Três anos depois, o Congresso suspendeu o sigilo por decreto, vetado por Dilma Rousseff. Só em julho de 2015 um juiz federal, a pedido do Ministério Público, derrubou o sigilo.

O levantamento do TCU foi estarrecedor. De R$ 50 bilhões distribuídos em 140 contratos de financiamento, 87% (R$ 44 bilhões) estavam concentrados em cinco países – Angola, Venezuela, República Dominicana, Argentina e Cuba –, e 97% desses recursos beneficiavam apenas cinco empreiteiras, todas denunciadas na Lava Jato. Dentre outras irregularidades, o TCU averiguou que os empréstimos foram acertados por instâncias do Executivo, sendo apenas homologados pelo BNDES, que, contra todos os protocolos, sobretudo em empréstimos de altos risco e custo, não acionou os seus pareceristas técnicos. Além disso, não houve processos licitatórios e o banco se omitiu na apuração dos preços, deixados a cargo das empresas e governos beneficiados.

Pior, os riscos de inadimplência ficaram todos com o governo, quer dizer, com o contribuinte brasileiro. De lá para cá, duas Comissões Parlamentares de Inquérito do BNDES malograram pelas manobras dos próceres petistas na Câmara e a terceira, cuja constituição foi determinada em fevereiro deste ano pelo presidente da Câmara, ainda está em formação. Que a caixa-preta do BNDES, quando definitivamente aberta, revelará muitos outros descalabros, ninguém duvida – a começar pelos próprios petistas, que tanto se esforçaram para trancafiá-la. Só o risco do calote desses três países, que é quase uma certeza, levou o banco a registrar perdas de R$ 4,4 bilhões no balanço financeiro de 2018, divulgado na semana passada.

Somem-se a isso as dívidas perdoadas pelos governos petistas, como os US$ 900 milhões dados sem contrapartida a 12 governos africanos, e as propinas apuradas pela Lava Jato. A constatação é que nas mãos sujas petistas o BNDES se transformou para a geração presente e as próximas num verdadeiro “Banco Nacional do Retrocesso Econômico e Social”, que não só torrou o dinheiro público com projetos sem nenhuma relevância para o interesse nacional, como abasteceu os bolsos de políticos e empresários corruptos, e, pior, de ditadores que asfixiam as populações de seus países.

Cabe aos brasileiros continuar pressionando o Congresso, o Ministério Público e os outros órgãos de fiscalização para que levem essa devassa até o fim e, sobretudo, aniquilar nas urnas o projeto de poder desse partido que, ainda hoje, tem a maior bancada na Câmara.

Folha de S. Paulo

Prestígio militar

Para 60%, grande presença de militares no governo é mais positiva, diz Datafolha; número exagerado implica riscos, porém — até para as Forças Armadas

Militares chefiam um terço dos ministérios do governo do capitão reformado Jair Bolsonaro (PSL), além de ocuparem postos importantes no segundo escalão. Uma maioria expressiva dos brasileiros, 60%, considera essa sobrerrepresentação mais positiva que negativa, segundo pesquisa Datafolha realizada no início deste mês.

A aprovação não parece personalizada, dado que mais da metade dos entrevistados não soube nominar o vice-presidente, general Hamilton Mourão, e relatou desconhecer o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional e um dos auxiliares mais destacados do presidente.

As Forças Armadas estão entre as instituições de maior prestígio no país, atestam pesquisas anteriores. Não estão identificadas à balbúrdia, à corrupção e à crise econômica produzidas nos últimos anos pela política tradicional. Em alguns estratos mais conservadores, podem satisfazer um anseio por autoridade e ordem.

Apesar do apoio expressivo à presença de oficiais no comando do Executivo federal, notam-se divisões no eleitorado. Entre os brasileiros que não votaram em Bolsonaro, a opinião positiva sobre os militares no governo é minoritária.

Cai aperto de 50% entre jovens, famílias de renda superior a 10 salários mínimos, pessoas de educação universitária, no Nordeste e entre negros. A aprovação é flagrantemente mais comum entre os eleitores de Bolsonaro (84%)

Ocioso ressaltar que nada há de errado, por si só, na presença de membros das Forças Armadas em postos-chave da administração. O número desproporcional de hoje, porém, suscita preocupações.

Indica, de imediato, que o presidente não conhece muitos quadros qualificados em outras searas da vida nacional — universidades, empresariado, entidades da sociedade civil, políticos profissionais. É um sintoma, pois, de sua desconexão com a diversidade brasileira.

Além disso, a onipresença de militares pode enviesar projetos e políticas públicas — seja pela visão de mundo, seja pelos interesses corporativos. Exemplo claro da última hipótese foi a proposta de reforma previdenciária a exigir bem menos sacrifícios da caserna que do restante dos setores.

Cumpre reconhecer que, em uma equipe repleta de neófitos na gestão pública, a começar pelo próprio presidente, os militares têm se mostrado em geral quadros ponderados e dedicados à solução desapaixonada de problemas.

Ainda assim, seria razoável que houvesse mais diversidade na administração, até para o bem da imagem das Forças Armadas. Ela corre um risco indevido de desgaste, ao estar mais uma vez tão associada ao desempenho de um governo.

Folha de S. Paulo

Mortes demais

Pouco há a comemorar na ação da Polícia Militar em Guararema, a pacata cidade paulista onde a Rota matou 11 de 25 suspeitos de assaltar dois bancos. Quando muito pode-se registrar que foi sorte nenhum civil nem agentes saírem feridos ou mortos da violenta ação.

Matar não é a obrigação primeira da polícia — ao contrário do que parecem sugerir autoridades e políticos que exploram de modo oportunista o sentimento de alarme da população. Seu ofício é capturar criminosos e levá-los à Justiça. Não existe pena de morte no Brasil, sempre é bom lembrar.

Na prática, espraia-se a noção regressiva de que agentes podem decidir por si sós, no calor das patrulhas, quem é merecedor da pena capital inexistente. Por isso morrem tantos, culpados e inocentes.

Afirmar que os assaltantes armados de fuzis e escopetas não foram a passeio até Guararema não chega a ser um argumento. Trata-se tão somente de rendição a um certo senso comum, em tudo oposta ao Estado de Direito.

Se havia informação sobre a iminência de um ataque a bancos, seria obrigação das forças de segurança planejar a melhor maneira de prender os facínoras com vida. Assim seria possível obter deles mais detalhes sobre mandantes, esconderijos e métodos e, quem sabe, desarticular futuras investidas.

Se planejamento houve, foi para uma emboscada mortífera, infelizmente não a primeira perpetrada pela PM paulista. E mesmo ela não pode ser dada como bem-sucedida, afinal muitos criminosos escaparam e até reféns foram feitos.

Torna-se mais evidente que o poder público estimula, mais do que tolera, uma cultura de violência sanguinária na polícia.

As declarações temerárias do governador João Doria (PSDB), que prometeu condecorar militares da Rota, e do presidente Jair Bolsonaro (PSL), parabenizando-os, pode decerto angariar votos, mas jamais resolverá os problemas da segurança pública do país.

Impelida por esse gênero de incentivo incivilizado, a letalidade policial já parecia vir em crescimento em terras paulistas mesmo antes da matança em Guararema. Ocorreram em março 64 óbitos em intervenções policiais, contra 43 no mesmo período do ano passado.

Doria não chegou, pode-se dizer, ao cúmulo de irresponsabilidade do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que defende “abater” portadores de armas por meio de atiradores de elite no alto de construções — sem investigação, sem julgamento, sem sentença, na base do puro arbítrio.

Entretanto o tucano flerta de modo perigoso com um populismo policial que finge ser política pública.

Soninha homenageia Vladimir Herzog e convida paulistano a repetir #DitaduraNuncaMais

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Por iniciativa da vereadora paulistana Soninha Francine (Cidadania), será inaugurada neste sábado (06), às 10h, na Praça Vladimir Herzog, ao lado da Câmara Municipal de São Paulo, a escultura “Troféu Prêmio Vladimir Herzog”, uma reprodução da estatueta criada pelo artista plástico Elifas Andreato e entregue anualmente pelo Instituto Vladimir Herzog a jornalistas que contribuem para a promoção dos direitos humanos e da democracia.

“Há sete anos um grupo de vereadores pretendia transformar uma praça que existe ao lado da Câmara, até então sem nome, na Praça Vladimir Herzog”, explica Soninha.

“O espaço seria símbolo da luta contra a ditadura e se transformaria em um memorial na defesa da democracia. Em paralelo a Câmara instauraria a Comissão Municipal da Verdade. Assim foi feito”, completou a vereadora do Cidadania.

O convite da vereadora é explícito: Venha com a gente dizer #DitaduraNuncaMais. A data foi escolhida tendo como referência o Dia do Jornalista, comemorado em 7 de abril. Lembrando que Vlado, o jornalista Vladimir Herzog, foi morto em 25 de outubro de 1975, após uma sessão de tortura em plena ditadura militar.

Fernando Gabeira: O Supremo e o sacrifício de animais

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O Supremo Tribunal decidiu que o sacrifício de animais em cultos religiosos afro-brasileiros é constitucional. Foi por unanimidade. E isso me decepcionou um pouco. Esperava uma corrente mais crítica ao antropocentrismo e sensível à dor dos animais. Esses ventos ainda não sopram na Justice brasileira. Mas já chegaram aqui da Argentina. Foi o caso de um habeas corpus concedido à chimpanzé Cecília, que visitei no Santuário dos Grandes Primatas, em Sorocaba. Cecília vivia triste e maltratada num zoo, mas ao chegar ao Brasil recuperou a alegria e até acasalou.

Fiz um documentário sobre sua sorte. Na mesma época entrevistei o escritor Peter Singer, autor do livro Libertação Animal, lançado em 1975, um texto inspirador do movimento moderno de defesa dos bichos. Singer estava exultante com a libertação de Cecília. Ele via ali os primeiros lampejos da aceitação de sua tese sobre os direitos dos animais. Na vida cotidiana sabemos que essa é uma bandeira de minorias.

E como tal precisa ser tratada com habilidade para atravessar a bandeira de ironia que se ergue diante dela. Foi assim, por exemplo, que vi em Santa Catarina o movimento que criticava a Farra do Boi. É uma festa popular, tradicional na costa catarinense, onde para, os pescadores, o boi aparece como um invasor. A ideia na época não era acabar com a Farra do Boi, mas, na medida do possível, ajudar a transitá-la do boi real para um boi figurado, como, por exemplo, no Bumba meu Boi.

Creio que haveria uma possibilidade de argumentar com adeptos dos rituais de origem africana. Será que o sacrifício de animais é essencial para sua existência? Assim, como um leigo, posso afirmar que um dos mais belos rituais religiosos, envolvendo milhões de pessoas, são as oferendas a Iemanjá. Flores, quase todas flores. Na Baixada Fluminense documentei inúmeros trabalhos religiosos, nem todos usavam animais e, quando usavam, eram apenas uma parte das oferendas.

Creio que na própria religião afro-brasileira estão contidos os elementos que poderiam facilitar uma transição do corpo animal para o símbolo. Uma transição que a cultura popular brasileira, com suas representações do boi, já realizou. Falei com um jovem político sobre o tema. Ele me respondeu: “Se me preocupar com isso, vou denunciar o peru de Natal”. Mas o peru de Natal é diferente. Ele é comido. Sempre afirmei que a proteína animal ainda é a maneira de alimentar tantas bocas no mundo.

Mais ainda, para desalento dos vegetarianos, considero que o crescimento da humanidade, que nos levará aos 9 bilhões de pessoas em 2050, dificilmente dispensará a proteína animal. Mas o fato de comermos peru no Natal e sabermos que milhares morrem diariamente não justifica arrancar o pescoço de uma ave numa celebração mística. A votação do Supremo lembrou-me de uma coisa: adianta apenas proibir?

A experiência com a Farra do Boi, levei muitas pancadas por causa disso, é diálogo e compreensão. Mais que uma decisão da Corte, o ideal é uma transição em que o debate cultural realize o trabalho de suprimir maus-tratos aos animais. Essa discussão no Supremo foi apenas um momento. Animais morrem inutilmente em grande escala no Brasil. E a causa, de certa forma, é o progresso material. Tenho documentando a mortandade dos jegues no Nordeste.

Estão sendo substituídos pelas motocicletas. Morrem atropelados, abandonados pelos donos na margem das estradas. Em alguns lugares, como em Apodi (RN), os jumentos foram recolhidos. Um promotor propôs que as pessoas passassem a comer carne de jegue. Ofereceu um churrasco. Sua proposta não vingou. Alguns empresários ainda esperam vender carne de jegue para a China. Na verdade, uma extinção gradual vai tirando os jegues do cenário nordestino. Isso valeria uma política pública.

Assim como o sacrifício de animais em cultos religiosos merecia um debate mais amplo. Felizmente, nada vai deter o trabalho que se faz no Brasil. O próprio Santuário de Primatas em Sorocaba é um exemplo internacional. Em Três Rios há uma pousada que recebe bichos resgatados. A dona adotou uma jaguatirica que cruzou com uma gata e deu um belo gato mestiço.

Na Serra da Mantiqueira, os chiqueiros estão cheios de filhos de javalis que cruzam com as porcas de madrugada. O que fazer com os javalis devastadores? É todo um mundo girando. Levá-lo em conta ainda é muito difícil numa cultura em que o ser humana é o centro de tudo. Mas, apesar de decisões como a do Supremo, é possível dizer que está melhorando. Além disso, as crianças vêm aí e não são as mesmas do passado. São Paulo já tem um hospital gratuito para animais.

Em dezenas de lojas e restaurantes é possível ver tigelas de água para os animais de rua. Quando implodiram o presídio da Ilha Grande muitos cachorros fugiram para o mato. Hoje a ilha é cheia deles. Alguns estrangeiros às vezes retardam sua passagem pelo País apenas para adotar um cachorro da ilha. O antropocentrismo aos poucos vai enfraquecendo, apesar do mundo institucional. Lembro-me das difíceis discussões no Congresso sobre experiências científicas com animais.

Algumas envolvem a salvação de vidas humanas. No entanto, foi possível um nível de acordo. Acredito que hoje já exista uma tendência à simulação, fórmulas de cada vez eficazes para poupar os animais. É uma escolha que transcende a polaridade esquerda-direita: um tipo de civilização está em jogo.

Isso escapa ao próprio governo, preocupado, corretamente com a morte de 60 mil brasileiros por ano, mas totalmente perdido nas suas dúvidas sobre aquecimento global, nas suas estúpidas certezas como dizer que o nazismo foi um movimento de esquerda. Invadiu a União Soviética por engano? Milhões de mortes foram resultado de fogo amigo? Animais racionais têm cada ideia. (O Estado de S. Paulo – 05/04/2019)

Claudia Safatle: O país da meia-sola

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A expectativa de crescimento da economia para este ano vem murchando, sistematicamente, desde o início do governo e caiu para um percentual abaixo de 2% no último relatório Focus, do Banco Central. Hoje a mediana das expectativas é de uma expansão de 1,98% do Produto Interno Bruto (PIB). Na visão do ministro da Economia, Paulo Guedes, só uma reforma da Previdência Social de impacto como a apresentada pelo Executivo, com uma economia estimada de R$ 1 trilhão nos próximos dez anos, poderá viabilizar outras reformas – como a tributária, a abertura da economia – e tirar o país da mediocridade, elevando a taxa de crescimento da economia para a faixa de 4% ao ano.

Para ter uma ideia do tempo perdido pelo Brasil, a taxa média de crescimento econômico da década atual foi de 0,6%. Nos últimos 30 anos, foi de 2,2%. Sempre abaixo do PIB potencial, o que significou o país abrir mão de prosperidade em nome de sabe-se lá o quê.

O resultado é visível nos mais de 13 milhões de desempregados, no desalento dos jovens e em uma sociedade empobrecida, em que 40 milhões de pessoas estão fora do mercado formal de trabalho.

Vivem de bico.

O ministro da Economia contou, certa vez, que aceitou o posto depois de considerar três premissas: o presidente da República, mesmo com suas idas e vindas, apoiaria o seu programa econômico liberal; a classe política, a despeito das dificuldades de aceitação das imperativas limitações fiscais, acabaria entendendo o desafio que lhe está colocado; e a mídia, que não viu o fenômeno eleitoral que foi Jair Bolsonaro, no devido tempo apoiaria a reforma da Previdência.

O governo poderia ter optado pela aprovação da proposta deixada por Temer, que daria uma sobrevida ao regime atual.

O caminho escolhido por Guedes, porém, foi o de produzir um projeto amplo, ousado e com soluções definitivas para o futuro, como o regime de capitalização sugerido no projeto de emenda constitucional da Previdência. Segundo ele a PEC, se aprovada, será capaz de reverter em poucos anos a insustentável trajetória da dívida pública bruta.

O debate na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na quarta-feira, mostrou, porém, uma total descoordenação da base de apoio do governo no Congresso. O ministro ficou exposto à rinha da oposição, que pegou as primeiras filas e lotou a lista de inscrições para perguntas e apartes.

Ali os parlamentares dos partidos de oposição fizeram barulho e cometeram deselegâncias com o ministro, mas não foram capazes de conduzir um debate rumo a uma solução. Guedes, de pavio curto, devolveu com ironias e respostas duras.

Criticado pela proposta de reforma dos militares, considerada muito generosa se confrontada com o projeto que aperta as aposentadorias do INSS, Guedes passou a bola para os deputados. “Cortem vocês. Por que vocês não cortam? Vocês têm medo?”, reagiu.

O Congresso é soberano para decidir o quão fundo pretende mergulhar para resolver de vez os desequilíbrios da Previdência. A tendência tem sido a de fazer reformas “meia-sola”. Foi assim nos governos de FHC, Lula e Dilma. Cada um criou uma restrição à explosão das aposentadorias, mas não houve solução duradoura para um sistema que está condenado, segundo o ministro.

Para uma reforma meia-sola, a resposta da economia será a estagnação ou um crescimento muito modesto, ao redor de 1,5% ao ano, estima ele.

Guedes acena com o paraíso lá adiante e fala com entusiasmo de “uma agenda belíssima” que se viabilizaria com a reformas da Previdência e trabalhista que ele defende.

“Se passar uma reforma branda, não teremos potência para fazer a outras, para levar adiante a reforma tributária que vai simplificar e reduzir impostos, e para lançar o regime de capitalização.” Este regime, por sua vez, seria criado sem a contribuição patronal por um prazo de 20 anos. Com isso, ele vislumbra uma explosão de empregos.

“A empregabilidade dos jovens de 16, 17 anos vai ser de 100%. O Chile ficou 30 anos sem ter Previdência com contribuição patronal, cresceu em média 6% ao ano nesse período, gerou emprego e melhorou a vida de todo mundo”, argumenta Guedes.

Enquanto discute a reforma da Previdência – ontem Bolsonaro fez um importante movimento de aproximação com as lideranças políticas -, o governo não consegue estabelecer um roteiro para as contas primárias do setor público. Guedes disse, no entanto, que está tranquilo no curto prazo, pois conta com uma massa de recursos para transitar por uma política fiscal que reduza o ímpeto de crescimento da dívida pública como proporção do PIB enquanto soluções estruturais não aparecem.

Ele calcula apurar cerca de R$ 280 bilhões entre este e o próximo ano, sem contar com a cessão onerosa. Desses, R$ 80 bilhões viriam das privatizações, e R$ 126 bilhões, da devolução antecipada de recursos do BNDES para o Tesouro Nacional. O Tesouro tem um estoque de R$ 80 bilhões em instrumentos híbridos de capital e dívida (IHCD) emitidos em favor de bancos federais, que também devem ser devolvidos à União.

A dificuldade de construir uma aliança política para avançar nas reformas está condenando o presente, não só o futuro do país. É o aqui e o agora que estão indo para o brejo! (Valor Econômico – 05/04/2019)

Claudia Safatle é diretora adjunta de Redação e escreve às sextas-feiras – E-mail: claudia.safatle@valor.com.br

Os cinco anos da Lava Jato no #ProgramaDiferente

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O #BlogCidadania23 e o #ProgramaDiferente acompanharam nesta semana um evento organizado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e pelo Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP) para celebrar os cinco anos da Operação Lava Jato. Como já fizemos aqui mesmo em outras oportunidades, a comparação entre a Lava Jato e sua antecessora italiana Mãos Limpas é inevitável.

Acompanhe nos links a seguir as falas na íntegra do ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro, do procurador Deltan Dallagnol, do ministro do STF Luís Roberto Barroso e da economista Maria Cristina Pinotti, do CDPP, organizadora do livro “Corrupção: Lava Jato e Mãos Limpas”, que traz uma coletânea de artigos assinados por autoridades brasileiras e italianas.

Nestes cinco anos de atividade, a Operação Lava Jato – iniciada da investigação de um caso de lavagem de dinheiro – se transformou na maior ação de combate à corrupção de que se teve notícia no Brasil. Daí a comparação com a Operação Mãos Limpas (ou Mani Pulite), deflagrada na Itália no início da década de 1990.

Para o ministro Luís Roberto Barroso, a Lava Jato foi bem-sucedida ao quebrar o que chamou de “pacto oligárquico” firmado por uma casta de agentes públicos e privados que, segundo ele, se julgavam “sócios do Brasil” para saquear o Estado. Hoje, ele diz que enxerga a Lava Jato mais como uma “atitude” do que como uma operação.

O procurador da República Deltan Dallagnol afirmou que a redução dos casos de corrupção passa, necessariamente, por um processo de renovação política. Ainda que não veja na renovação algo benéfico por si só, o procurador defende que a mudança virá sobretudo da mentalidade de uma nova geração de parlamentares e membros do Poder Executivo. “Sem renovação das práticas políticas, todo o trabalho da Lava Jato pode ter sido em vão”, disse Dallagnol.

O ministro Sergio Moro vê relação entre o combate à corrupção e a política econômica. Para ele, “o avanço no combate ao crime gera ganhos para a economia e para a qualidade da nossa democracia. O sistema de corrupção impede a eficiência econômica”. Moro afirmou ainda que não será em seu turno à frente do ministério que o Brasil permitirá que os esforços contra corrupção serem perdidos.

Porém, o fracasso da Mãos Limpas é atribuído em grande medida à reação do sistema político – que é também o grande desafio para o futuro da Lava Jato. Resta saber como será o movimento das peças nesse tabuleiro da política nos próximos anos, bem como o resultado do governo do presidente Jair Bolsonaro. É aí que mora o perigo.

Igualdade 23 destaca Seminário de promoção da igualdade racial em Montes Claros (MG)

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O Coletivo Igualdade 23 destaca em nota pública (veja abaixo) a realização do “Seminário Promoção da Igualdade Racial” nesta sexta-feira (5), iniciativa da prefeitura de Montes Claros (MG), cidade do Norte de Minas Gerais governada pelo prefeito Humberto Solto, do Cidadania.

Nota Pública

A Coordenação Nacional do Coletivo Igualdade 23, do Cidadania 23, parabeniza o município de Montes Claros (MG) em nome do prefeito Humberto Souto (Cidadania) pela iniciativa de promover o “Seminário Promoção da Igualdade Racial” nesta sexta-feira, dia 5 de abril.

Conforme divulgado, a proposta faz referência ao Dia Internacional de Luta Pela Eliminação da Desigualdade Racial, celebrado em 21 de março. O evento tem como realizadores a Coordenadoria de Igualdade Social da Prefeitura de Montes Claros, em parceria com a Escola do Legislativo.

Desejamos que a atividade tenha pleno sucesso e alcance o objetivo de informar e sensibilizar o público presente sobre a relevância das políticas públicas de igualdade racial tão importantes numa nação como o Brasil, que ainda tem muito a enfrentar quando se trata do anseio em termos uma sociedade de fato igualitária.

Coordenação Nacional do Coletivo Igualdade 23 – Cidadania 23

Rafael Diniz lança em Campos (RJ) 2ª edição do Viva a Ciência e dobra o número de bolsas

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O prefeito de Campos dos Goytacazes (RJ), Rafael Diniz, do Cidadania, lançou, nesta quarta-feira (3), a 2ª edição do Programa Viva a Ciência, que vai oferecer até 60 bolsas de iniciação cientifica para estudantes de graduação, com financiamento do Fundecam (Fundo de Desenvolvimento de Campos).
“Começamos o ano de 2019 dobrando o número de bolsas com relação aos universitários, de 30 para 60, e iniciamos um projeto pioneiro no Brasil, que é ofertar bolsas de iniciação científica para alunos e professores do Fundamental II, que é o ‘Viva a Ciência na Escola’.  Um dos grandes caminhos para a transformação da nossa cidade está nas nossas universidades. E fomos além, decidimos começar a estimular o aluno para buscar o meio universitário e, para isso, iniciar os projetos de Ciência dentro da escola.  O meu agradecimento a todos do meio acadêmico por estarem acreditando neste projeto que, sem dúvidas, já vem transformando a vida de muitas pessoas”, afirmou Rafael Diniz.
O encontro contou com a participação de representantes de universidades de Campos, professores e alunos contemplados na edição 2018 do projeto. Compuseram a mesa junto ao prefeito, o superintendente de Ciência, Tecnologia e Inovação, Romeu e Silva Neto; o presidente do Fundecam, Rodrigo Lira; e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Felipe Quintanilha.
O prefeito destacou a escolha de umas das alunas contempladas pelo “Viva a Ciência”, Luana Castro, estudante do curso de Geografia da UFF (Universidade Federal Fluminense).
“Ela abandonou uma bolsa da sua própria universidade e escolheu permanecer no Viva a Ciência, acreditando na bolsa ofertada pelo município. Isso mostra que o nosso projeto está no caminho certo e que estamos realmente provocando a transformação”, disse Rafael Diniz.
O diretor de Pesquisa de Extensão Tecnológica do IFF (Instituto Federal Fluminense ), Pedro Castelo, destacou o fortalecimento da pesquisa através do “Viva a Ciência”.
“A iniciativa da prefeitura de Campos é excelente. A gestão de Rafael Diniz ofereceu um sinal muito positivo, dobrando o número de bolsas de inovação ao mesmo edital do ano passado e trabalhando para que os projetos de pesquisa de extensão sejam voltados para o município a fim de atender áreas de interesses municipais. Isso possibilita aos estudantes um crescimento significativo na formação acadêmica”, disse. (Com informação da Prefeitura de Campos dos Goytacazes)