Cristina Serra: Bolsonaro e a campanha do terror

O plano da extrema direita é, e sempre foi, a banalização da brutalidade

A cidade de Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro, entrou no mapa do terrorismo e da violência política. Um criminoso, com ordem de prisão expedida pela Justiça, resistiu e atirou contra agentes do Estado, ferindo dois deles.

É muito claro o roteiro da insanidade, traçado para desafiar as autoridades e inflamar extremistas. Enquanto Roberto Jefferson, o bandido, atiçava cães raivosos, montado sobre arsenal de guerra, o jornalista Rogério de Paula era agredido e hospitalizado.

Com o bandido decidido a se entregar, deu-se conversa amistosa entre ele e o policial encarregado de prendê-lo, quase a pedir desculpas pelo incômodo. O policial ainda fez pilhéria dos colegas feridos horas atrás pelo bandido. “São burocráticos, (…) não são operacionais”, disse, entre sorrisos.

Apenas imagine como o policial agiria se tivesse que prender alguém na favela (seja ou não criminoso) e não na mansão de Levy Gasparian. No mesmo dia, no Rio Grande do Norte, um motociclista atacou a tiros manifestação de apoio a Lula com a presença da governadora Fátima Bezerra.

A violência como método é cenário anunciado há meses por Bolsonaro, o candidato com histórico terrorista. Nos anos 1980, respondeu a processo por planejar atentados a bomba em unidades militares como forma de pressão por aumento de salário.

Um recuo na linha do tempo posiciona Bolsonaro como herdeiro direto de uma facção terrorista nas Forças Armadas brasileiras. Um de seus expoentes foi um golpista celerado, o brigadeiro João Paulo Burnier, autor do plano de explodir o gasômetro e matar 100 mil pessoas no Rio de Janeiro, em 1968. Na mesma galeria de terroristas fardados, estão os envolvidos no atentado do Riocentro, em 1981.

O plano da extrema direita é, e sempre foi, a banalização da brutalidade e da truculência, o banho de sangue. A explosão de violência abre as portas para o imprevisível na última semana de campanha. (Folha de S. Paulo – 25/10/2022)

Leia também

Desoneração da folha é leite derramado

NAS ENTRELINHASO Congresso pretende reduzir os impostos e exigir...

O padrão a ser buscado

É preciso ampliar e replicar o sucesso das escolas...

Parados no tempo

Não avançaremos se a lógica política continuar a ser...

Vamos valorizar a sociedade civil

Os recentes cortes promovidos pelo Governo Federal, atingindo em...

Petrobrás na contramão do futuro do planeta

Na contramão do compromisso firmado pelo Brasil na COP...

Informativo

Receba as notícias do Cidadania no seu celular!