Eleitor reage com rapidez a inflação e lança responsabilidade sobre o presidente
A nova pesquisa registrou um aumento generalizado de sentimentos negativos em relação à economia em todos os níveis de renda, regiões e grupos partidários. No caso dos eleitores mais pobres, 76% dizem esperar mais inflação, e 55% acham que o desemprego vai subir.
Esse ambiente é especialmente perigoso para Bolsonaro porque a percepção de mal-estar econômico ficou atrelada, em larga medida, à atuação do governo: 75% dos entrevistados atribuem ao presidente muita ou alguma responsabilidade pela nova onda de alta de preços, e 68% dizem o mesmo sobre o aumento específico dos combustíveis.
O mau humor abala uma linha mestra do discurso de Bolsonaro sobre o assunto: a transferência de responsabilidades para outros atores. Ainda que a guerra tenha desorganizado o mercado de petróleo e a Petrobras pratique sua política de preços com certa liberdade, a maioria do eleitorado ainda liga o presidente à gasolina mais cara.
Os candidatos a presidente encontrarão na campanha um eleitor sensível aos sobressaltos da economia. Depois de terem flertado com um certo otimismo no fim do ano passado, os brasileiros voltaram a enxergar tempos difíceis com o novo choque da inflação.
Em dezembro, o Datafolha havia registrado uma melhora das expectativas econômicas da população. Naquela época, o índice de entrevistados que diziam esperar uma subida de preços passou de 69% para 46%. Os primeiros meses de 2022, com a disparada dos combustíveis e a resistência da inflação dos alimentos, viram uma reversão desse alívio.
Hoje, três de cada quatro brasileiros acham que os preços vão subir mais –uma proporção comparável à registrada nos piores momentos da pandemia. A variação dos números reflete o peso que o tema terá na eleição e o risco à tendência de recuperação projetada por Jair Bolsonaro.
A nova pesquisa registrou um aumento generalizado de sentimentos negativos em relação à economia em todos os níveis de renda, regiões e grupos partidários. No caso dos eleitores mais pobres, 76% dizem esperar mais inflação, e 55% acham que o desemprego vai subir.
Esse ambiente é especialmente perigoso para Bolsonaro porque a percepção de mal-estar econômico ficou atrelada, em larga medida, à atuação do governo: 75% dos entrevistados atribuem ao presidente muita ou alguma responsabilidade pela nova onda de alta de preços, e 68% dizem o mesmo sobre o aumento específico dos combustíveis.
O mau humor abala uma linha mestra do discurso de Bolsonaro sobre o assunto: a transferência de responsabilidades para outros atores. Ainda que a guerra tenha desorganizado o mercado de petróleo e a Petrobras pratique sua política de preços com certa liberdade, a maioria do eleitorado ainda liga o presidente à gasolina mais cara. (Folha de S. Paulo – 31/03/2022)
Bruno Boghossian, jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA)