Humanismo e Frente Ampla

Aprendi com a vida o quanto é importante assimilar o sentido profundo daquela frase do psiquiatra da Martinica Frantz Fanon – ou seja, procurei fazer de mim mesmo um “homem que se interroga”. Perguntar vem do latim percontare, e nesta palavra há o termo contus, isto é, uma ripa comprida de madeira com a qual é possível remexer uma superfície até tocar o fundo. Procurei conhecer a marcha e seguir em frente, como está dito na bela canção de Renato Teixeira e Almir Sater.

De tudo que vivi, li, aprendi e observei também em conversas com velhos companheiros, ficou a convicção de que o Humanismo deve ser a nossa proposta filosófica e a Frente Ampla o nosso ideário político. O Humanismo significa a incorporação por todos dos valores e conquistas da civilização. E a Frente Ampla é uma plataforma comum de ação, sabendo que a luta contra o grande capital é forçosamente longa. E que ela tem, portanto, um lado bem definido. Não é sinônimo de um ajuntamento circunstancial, conforme alguns movimentos tentam nos fazer crer, como se fosse algo ao sabor das contingências eleitorais, senão eleitoreiras. Alguns setores são mais democráticos no plano político; outros, no terreno social e econômico. Contudo, um chão democrático comum pode e deve nos unir, já destaquei isso em outras oportunidades. Quanto ao Humanismo, ele é a valorização do ser humano, em sua racionalidade e universalidade. O Humanismo coloca o homem no centro de todas as coisas.

O Humanismo é o objetivo e a Frente Ampla o instrumento para alcançar este mesmo objetivo. Sob essa ótica, a Frente Ampla não se limita ao combate pontual contra o autoritarismo, uma eventual ditadura por exemplo. Vai além disso. Ou seja, a Frente Ampla possui um valor estratégico, permanente, e não apenas tático. Ela deve ser estendida à luta mais geral contra o grande capital e pela superação necessariamente gradual da sociedade de classes, uma vez que a esmagadora maioria da população vive do seu trabalho. É uma plataforma democrática que atinge todas as esferas da vida em sociedade – econômica, social, educacional, cultural e, naturalmente, política. O próprio marxismo, ao propor uma sociedade sem classes, nada mais faz do que buscar reconstruir a inteireza do Homem, evitando a sua divisão entre exploradores de um lado e explorados de outro. Se as ideias de Marx estão ligadas à luta de classes, elas desaparecerão com o próprio desenvolvimento da luta de classes.

O marxismo só se realiza quando chega ao fim.

*Ivan Alves Filho.

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