Giovanni Menegoz: um italianíssimo brasileiríssimo

Eduardo Rocha, Economista, e Ivan Alves Filho, Jornalista e Historiador

Giovanni Menegoz não está mais entre nós. Em 8 de fevereiro de 2024, aos 82 anos de idade, as leis da natureza nos levaram este ítalo-brasileiro comunista nascido em 24 de março de 1941, em Milão, e toda sua família é de Aviano, norte da Itália.

O movimento democrático brasileiro acaba de perder um lutador internacionalista, um histórico militante comunista.

Nascido na Itália, ele foi, como Giuseppe Garibaldi, um herói dos dois mundos. Militante do antigo Partido Comunista Italiano, Menegoz integrou entre nós o Partido Comunista Brasileiro, desde o inicio da década de 70 do século XX, atuando junto à Secretaria de Organização do PCB.

E o fez ao lado de dirigentes respeitáveis como Jaime Miranda, Salomão Malina e Francisco Inácio de Almeida.

Paralelamente, atuava nos núcleos do PCI organizados na emigração. Intelectual refinado, compôs o Conselho de Redação da revista Política Democrática, da Fundação Astrojildo Pereira, com figuras como Ferreira Gullar, Marco Antonio Coelho e Anivaldo Miranda. Trabalhou ainda, por muitos anos, como tradutor juramentado no Brasil.

Homem extremamente solidário, nunca deixava de colaborar com as famílias de companheiros que atravessavam dificuldades, devido as perseguições impostas pela ditadura militar, no quadro do chamado Socorro Vermelho.

Giovani chegou ao Brasil, em 1962, e, a partir daí adotou o Brasil como segunda pátria e constituiu sua digna família composta por Vera (com quem casou em 1971 e com quem teve sua filha, Laura). Expressamos aqui nossa solidariedade à sua viúva, à sua filha, e a todos os seus familiares, amigas e amigos.

Foi militante, desde sua juventude, do poderoso Partido Comunista Italiano (PCI) e depois do Partido Comunista Brasileiro (PCB), ao qual se dedicou (com sua alegria inigualável) politica, intelectual e organizadamente, durante toda sua vida.

Participou ativamente na luta pela redemocratização do Brasil, sempre pelo PCB, nos momentos mais duros da repressão imposta pelo regime de 1964 – que, finalmente, foi derrotado politicamente, e, em 1985, tivemos o inicio da transição democrática com a eleição, no Colégio Eleitoral, de Tancredo Neves/José Sarney.

Mesmo estando aqui no Brasil, longe de sua querida Itália, de seus familiares e camaradas italianos, Giovanni foi partícipe dos debates do PCI que, depois, por proposta de Achille Occhetto, transformou-se no Partido Democrático de Esquerda (Partido Democratico de la Sinistra – PDS), depois Democráticos de Esquerda (DS) e, por fim, Partido Democrático.

Giovani Menegoz nunca foi um dogmático. Sempre olhava a vida como ela é. Marxista de formação teórico-ideológica, aprendeu com Lênin a fazer a análise concreta

da situação concreta e propor formulações concretas para as ações concretas.

Leitor assíduo dos clássicos da literatura universal, sempre enriquecia os debates

mantidos com o histórico dirigente Salomão Malina, então Secretário-Geral do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e com outros dirigentes e militantes partidários.

Deu grandes contribuições analítico-políticas ao PCB, ao Partido Popular Socialista (PPS) e ao Cidadania, e não pôde contribuir mais devido a seu estado de saúde, nos últimos anos.

Como ítalo-brasileiro, Giovanni sempre foi aberto ao diálogo e brincalhão, extremamente solidário, dedicado militante à causa da democracia, da liberdade, do Estado Democrático de Direito, do progresso social e da paz mundial.

Sua luta não foi em vão!

Sua contribuição à conquista da democracia estará sempre nos corações dos que lutaram e tombaram por um Brasil democrático com progresso social.

Foi um combatente pela paz, pela democracia e pelo progresso social.

Obrigado por tudo, camarada!

Viva Giovanni! Sempre presente!

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