IMPRENSA HOJE

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais (03/07/2023)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Vacina contra dengue não chegará ao SUS neste ano
Alta de gastos fixos desafia arcabouço
PFR: dados evidenciam ação eleitoral
Braga Netto avança por candidatura em 2024
Cientistas com bolsas no exterior reembolsam o governo para não voltar
Obituário/Sepúlveda Pertence – Incansável defensor da democracia
Tensão incessante na França

O Estado de S. Paulo

TJ de Goiás expande regalias e juízes têm salário de R$ 170 mil
Juízes federais pedem ‘tratamento uniforme’
Reforma tributária – Lira adianta reunião com líderes para tentar votar texto até sexta-feira
Pagar para aluno ficar na escola reduz evasão no ensino médio
Morre Sepúlveda Pertence, um dos maiores juristas do País
Prepare-se: El Niño deixa o verão mais quente
Público volta ao cinema, mas salas não enchem mais
Família Klein – Saul contesta assinatura do pai, Samuel, em documento que favorece irmão
China atrai ex-soviéticos para duelo contra EUA e Rússia

Folha de S. Paulo

Governo Lula estuda plano B para regulação da internet
Piora desigualdade educacional entre negros e brancos
Exploração de petróleo na foz do Amazonas pode afetar pesca artesanal no Pará
Aras refuta omissões na PGR e alinhamento com Bolsonaro
Entidade projeta perdas de estados e municípios no Carf
Especialistas veem cenário favorável a reforma tributária
Nadia Murad – Não falar sua história, protege criminosos
Independência da Bahia, 200
Aos 85, Sepúlveda Pertece, ex-STF, morre em Brasília

Valor Econômico

Projeções já apontam inflação na meta em 2023
Mais eventos climáticos afetam portos
Ministra da Saúde admite pressão e nega reter verbas
Mercado prevê alta do Ibovespa
Grandes centros ‘encolhem’ com menos jovens
Ações contra Bolsonaro podem ter novo relator

EDITORIAIS

O Globo

Falta de creches pune as crianças, as mães e o país

Brasil está ainda distante de cumprir a meta de atender em 2024 50% dos que têm menos de 3 anos

A falta de creches públicas em todo o país pune duplamente as mães brasileiras. Primeiro, porque, sem ter com quem deixar os filhos pequenos, elas se veem forçadas a abrir mão do trabalho, renunciando a uma alternativa fundamental para compor o orçamento familiar. Segundo, porque compromete o aprendizado das crianças, especialmente nas famílias em que os pais têm baixa escolaridade, situação em que a escola é essencial para um futuro melhor.

Sai governo, entra governo, e os números permanecem decepcionantes. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)/Educação, do IBGE, revelam que, de todas as crianças de até 3 anos no país, 7,2 milhões estavam fora da creche no ano passado por motivos diversos, incluindo falta de interesse dos pais. Desse total, 34% não estão matriculadas porque as mães não conseguiram vaga. São 2,5 milhões de crianças nessa situação, contingente maior que a população de Belo Horizonte.

O pouco-caso com as crianças leva a situações inaceitáveis, como mostrou reportagem do GLOBO. Uma mãe que mora em Formiga (MG) contou que precisará abandonar o emprego num supermercado porque não tem com quem deixar a filha de 2 anos. Outra disse estar preocupada com o desenvolvimento do menino de 2 anos que pouco fala. Ela acredita que o ambiente escolar ajudaria a socializá-lo.

Como ocorre noutros setores, a educação infantil é marcada pela desigualdade. Apenas 2% das cidades do país atendem mais de 85% de suas crianças com até 3 anos em creches, segundo a tese de doutorado “Acesso à creche nos municípios brasileiros”, do pesquisador André Augusto dos Anjos Couto. A disparidade fica clara quando se constata que municípios com baixo nível socioeconômico oferecem creche a 27% de crianças nessa faixa etária. Nos mais ricos, o percentual sobe para 46%. Infelizmente, a construção de creches costuma seguir mais os interesses paroquiais de políticos em busca de dividendos eleitorais que a necessidade dos moradores. Não deveria ser assim.

Embora a creche não seja etapa obrigatória no ensino, não se trata de favor dos governos oferecer vagas às crianças pequenas. De acordo com o Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/2014), o Brasil deveria manter, já em 2024, 50% das crianças de até 3 anos em creches. Considerando que o patamar hoje está em 36% e que a demanda tem crescido nos últimos anos (em 2019 eram 2,3 milhões sem vaga), é pouco provável que a meta seja atingida.

O país precisa de mais creches, de preferência onde são mais necessárias. Antes de se meter a construir, porém, o governo deveria concluir as muitas obras paradas — boa parte delas iniciada ainda nos governos petistas. O Brasil tem hoje mais de 700 obras de construção ou reforma de creches. A grande maioria (90%) está paralisada. Terminá-las não só evitaria desperdício de dinheiro público já gasto em projetos malconduzidos, como também beneficiaria crianças, suas mães e o próprio país, que necessita cada vez mais de força de trabalho.

O Estado de S. Paulo

A reinvenção da direita brasileira

Para aproveitar as oportunidades da inelegibilidade de Bolsonaro, a direita civilizada precisa depurar valores conservadores e liberais e concretizá-los em um movimento cívico

Ante a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, a única coisa maior que a janela de oportunidades aberta à direita é a montanha de desafios que precisa superar. Bolsonaro é um feroz antiesquerdista, mas nunca foi conservador nem liberal, só um demagogo nostálgico da ditadura e hostil ao ecossistema democrático da Constituição de 88.

Em todo o mundo as democracias liberais estão na defensiva. Fora, o aventurismo militar da Rússia e o expansionismo diplomático da China buscam reconstruir uma ordem mundial adaptada às suas ambições autocráticas. No Ocidente, eles despertam medo, mas também seduzem esquerdas e direitas abastardadas, pela suposta eficiência de seus “modelos” de crescimento ou defesa das tradições. Dentro, há uma crise de identidade, evidente nas próprias distorções do termo “liberalismo”: nos EUA, ele está associado à “nova esquerda” e seu identitarismo divisivo e autoritário; em outras democracias, a propaganda esquerdista o desfigurou, associando-o ao espantalho “neoliberal”, que nada mais é que um darwinismo social. Ao mesmo tempo, cresce o falso conservadorismo da extrema direita hostil à globalização e a minorias.

Em sua história do liberalismo, Edmund Fawcett divisou quatro valores-chave da identidade liberal. Primeiro, que a sociedade deve ser plural; um espaço de conflitos politicamente canalizados a uma competição de ideias frutuosa. Segundo, que é preciso progredir por reformas, não rupturas. Terceiro, a desconfiança da concentração do poder. Quarto, a defesa dos direitos pessoais, políticos e de propriedade. A renovação não passa por desconstruir esses valores, mas empregá-los como alicerces na construção de um contrato social liberal adaptado ao século 21.

A direita precisa fazer um exame de consciência, reconhecer sua complacência com as desigualdades sociais e energizar seus compromissos com a responsabilidade individual, a liberdade econômica e a distribuição do poder para demonstrar convincentemente que estes são os meios mais eficazes para construir uma sociedade inclusiva, justa e próspera.

O desafio no Brasil é o mesmo, mas mais profundo, porque aqui, mais do que se reinventar, a direita precisa se inventar. Na redemocratização, as expressões do liberalismo se restringiram ou a farsas deletérias (como Fernando Collor ou Bolsonaro) ou a soluções de compromisso de uma social-democracia esclarecida (FHC). Com curtos estoques de tempo e popularidade, Michel Temer sanou excessos desastrosos do estatismo petista – se teria energia ou convicção para edificar instituições liberais, é algo que fica no campo da especulação. Ao redor dessas ilhas liberais, há um conservadorismo difuso na sociedade, que com o movimento evangélico ganha força (mas também toques de obscurantismo), e um conservadorismo amorfo na arena política (que muitas vezes só serve à conservação de privilégios elitistas e paroquiais).

Não se trata só de depurar essa massa crítica para esculpir no ideário político valores conservadores e liberais. É preciso concretizá-los articulando um partidarismo de direita no melhor sentido do termo. Isso implica reverter a lógica do populismo. Não oferecendo programas tecnocráticos de cima para baixo, muito menos se embrenhando na disputa por um novo “salvador da pátria”, ou seja, jogando o jogo do culto à personalidade caro ao lulopetismo e ao bolsonarismo. Como cravou William Waack no Estadão, “falta de nomes não é o maior problema da direita pós-Bolsonaro; falta projeto de País”. O erro seria insistir na estratégia de desmoralização dos eleitores de Lula ou Bolsonaro. Ao contrário, é preciso humildemente ouvi-los, construir com eles compromissos de baixo para cima e comunicá-los com paixão, a fim de dinamizar uma mobilização cívica inspirada nas grandes articulações políticas que edificaram a Nova República nas “Diretas Já” e superaram suas crises com os impeachments de Collor e Dilma. Esse é o caminho para a reinvenção da direita. A menos que o trilhe, ela continuará a agonizar pelas mãos de seus adversários ou usurpadores.

Folha de S. Paulo

Escolhas de Tarcísio

Governador, que permitiu tributo a nome da ditadura, terá decisões mais difíceis

Desde a campanha eleitoral, e sobretudo após conquistar o governo paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos) segue uma estratégia bem ensaiada para se firmar no cenário político nacional.

Apresenta-se como técnico experiente, que prioriza a melhoria da gestão pública; de pensamento liberal em economia, mas avesso a guerras culturais e ideológicas; à direita, mas disposto ao entendimento com outras forças.

Se tal imagem é compatível com sua trajetória na vida pública, não é menos verdadeiro, porém, que Tarcísio deve seu ingresso na política e a cadeira no Bandeirantes a Jair Bolsonaro (PL), e os seguidores do ex-presidente ainda constituem a base de apoio mais segura ao ex-ministro da Infraestrutura.

Com Bolsonaro tornado inelegível, um pupilo em posto de tamanha projeção será naturalmente encarado como candidato à sucessão presidencial. O governador terá de praticar sob os olhos mais atentos do eleitorado seu equilibrismo entre a busca de uma identidade e a fidelidade ao criador.

Fugir de escolhas não será possível, como se vê agora no caso vexatório da homenagem sancionada pelo governo Tarcísio a um personagem simbólico da repressão no período da ditadura —o coronel Erasmo Dias, morto em 2010.

A Assembleia Legislativa teve a ideia funesta de dar o nome do militar, ex-secretário estadual de Segurança e ex-deputado, a um entroncamento de rodovias na região de Paraguaçu Paulista. O projeto dependia da sanção do Executivo, que acabou assinada pelo vice-governador, Felício Ramuth (PSD). Tarcísio estava fora do país.

Erasmo Dias defendeu até o final da vida a medida que marcou sua participação no regime autoritário —uma violenta intervenção policial em um ato de estudantes da PUC-SP, no ano de 1977. O atual governador de São Paulo provavelmente não diria o mesmo, mas tampouco se dispôs a impedir a homenagem ao mentor da invasão.

O figurino de gestor pragmático e avesso a embates tem alcance limitado quando há forças políticas relevantes propensas a atacar os valores democráticos. Venha a ser ou não candidato ao Planalto, Tarcísio terá pela frente decisões mais difíceis que o nome apropriado de uma via rodoviária —e elas envolverão personagens vivos.

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