Arnaldo Jardim: Mineração pode e deve ser sustentável

Nossa produção tem potencial de mais crescimento, com preservação ambiental, aliando pesquisa e infraestrutura

Mineração no Porto de Açu, em Campos, norte do estado do Rio
Mineração no Porto de Açu, em Campos, norte do estado do Rio – Foto: Brenno Carvalho

A tecnologia de reutilização de resíduos da atividade mineradora como matéria-prima para a produção de insumos agrícolas mostra a estreita relação entre mineração e fertilizantes. Nossa produção tem potencial de mais crescimento, com preservação ambiental, aliando pesquisa e infraestrutura para ampliar a oferta de fertilizantes nacionais a partir da transformação de resíduos minerais em insumos agrícolas.

O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de alimentos, porém importa mais de 80% dos fertilizantes, sujeitos a flutuações de preços dos mercados internacionais e, pior, a choques de oferta. Com a guerra na Ucrânia, houve alta de 133% no preço do produto, exportado majoritariamente pela Rússia. Impacto que chegou à mesa dos brasileiros e afetou a competitividade de nosso agronegócio no mercado internacional.

Segundo a Universidade Federal de Minas Gerais, o Brasil tem reservas de potássio em quatro estados (AM, SE, SP e MG), com montantes suficientes para abastecer nossas necessidades até 2100. Trata-se de uma alternativa poderosa para reduzir custos do agronegócio. No entanto hoje dependemos da importação de potássio em quase 100%.

Encontrar soluções para reduzir a necessidade de importação e baratear o preço dos fertilizantes está entre os objetivos da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin), instalada no Congresso em março. No mês seguinte, a FPMin organizou, com as frentes parlamentares do Brasil Competitivo, da Agropecuária e da Química, o seminário “Fertilizantes — Uma questão estratégica para o Brasil”. No evento, representantes do Executivo, integrantes das cadeias de produção e distribuição de fertilizantes e pesquisadores discutiram alternativas para o país.

O Plano Nacional de Fertilizantes, do governo federal, também prevê o aproveitamento de rejeitos da mineração para impulsionar a competitividade da produção brasileira. Um exemplo é o uso de remineralizadores de solo (REM) e dos fertilizantes naturais (FN). Em vez de ser descartados, resíduos ricos em nutrientes podem contribuir para um agronegócio mais sustentável.

Além disso, a possibilidade de tratar e transformar resíduos em fertilizante em solo nacional, perto dos polos agrícolas, simplifica a logística, reduz frete e diminui o custo Brasil. O aspecto sustentável está no reaproveitamento de material que seria descartado e poderia gerar passivos ambientais e financeiros de longo prazo.

Alternativas existem. Tecnologia e pesquisas estão à nossa disposição. É crucial que o arcabouço legal para exploração mineral sustentável e a expansão da produção brasileira de fertilizantes seja estruturado agora. É preciso garantir a soberania do país, valorizar seu potencial produtivo e incentivar uma nova industrialização.

É tempo de deixarmos de ser meros exportadores de commodities. (O Globo – 11/05/2023 – https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2023/05/mineracao-pode-e-deve-ser-sustentavel.ghtml)

Arnaldo Jardim, deputado federal (Cidadania-SP), é diretor regional da Frente da Mineração Sustentável

Leia também

“Vocês ainda vão sentir saudades do Sarney”

NAS ENTRELINHASSeu maior legado é a Constituição de 1988,...

Lula manda Casa Civil se entender com Lira

NAS ENTRELINHASMas o governo se dispõe a manter apenas...

Lula não tem empatia com o centro conservador

NAS ENTRELINHASExiste um problema de desempenho nos ministérios, mas...

A luz do poeta Joaquim Cardozo na arquitetura de Brasília

NAS ENTRELINHASMuitos arquitetos e engenheiros vieram para Brasília com...

Lira teme efeito Orloff ao deixar comando da Câmara

NAS ENTRELINHASO presidente da Câmara se tornou uma espécie...

Informativo

Receba as notícias do Cidadania no seu celular!