IMPRENSA HOJE

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais (24/01/2023)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Brasil lança crédito para a Argentina e planeja uma moeda comum
Presidentes defendem o diálogo com Cuba e Venezuela
PF vai investigar tragédia ianomâmi
PF conclui que ‘Colombia’ foi o mandante
Exército pode ter mais mudanças
Safra pede suspensão de processo de recuperação judicial da Americanas
Robinson Barreirinhas – ‘O impacto é de R$ 60 bilhões por ano’
Rio quer parques com iniciativa privada
Daniel Alves em cela individual

O Estado de S. Paulo

Na Argentina, Lula oferece BNDES para promover crescimento de vizinhos
Importador argentino terá garantia de crédito do Brasil
Governo quer esvaziar papel de militares no GSI e cogita realocar Abin
Disputa pela presidência do Senado volta a opor Lula a Bolsonaro
Líder de grupo de pesca ilegal ordenou execução de Dom e Bruno, afirma a PF
Em meio a impasse, Josué preside reunião na Fiesp
Tatuagem pós Dani Alves em contradição e pesou em prisão
Cracolândia – Novo pacote prevê mais câmeras e internações

Folha de S. Paulo

Chefe de pesca ilegal mandou matar Bruno e Dom, diz PF
Garimpo cercou e incendiou UBS na TI Yanomami
Lula encontra Fernández na Argentina e afirma que moeda comum entre os países está sendo trabalhada
Presidente justifica troca no Exército contra politização
Prévia do Censo tira recursos de 863 municípios; STF dá liminar
Orçamento para tranporte triplica, mas verba é incerta
Pioneira a conceder esgoto, Ribeirão Preto ainda não coleta 100%
Indígena fotografada desnutrida morreu, afirma líder local
PF prende suspeito de destruir relógio de dom João 6º
Após mulher detalhar tatuagem, Daniel Alves admite que houve sexo

Valor Econômico

Bancos de investimento têm queda de 44% nas receitas
CVM questiona atacadistas e varejistas sobre ‘risco sacado’
BNDES financiará obras no exterior
Microsoft vai investir US$ 10 bi em IA
Expectativas de inflação se deterioram
Investimentos sociais vão fluir ao país, diz Sachs
Sanção a diesel russo pode criar desequilíbrios

EDITORIAIS

O Globo

É fundamental Lula desfazer qualquer crise com militares

Desgaste na relação com o poder civil não beneficia o país, muito menos a democracia brasileira

A demissão do general Júlio César de Arruda do comando do Exército foi compreensível diante das notícias de quebra de confiança e de complacência com o golpismo na porta dos quartéis. Para além disso, embora seja necessário punir os participantes dos ataques do 8 de janeiro eventualmente ligados às Forças Armadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa se esforçar por construir as melhores relações possíveis com os militares. Sobretudo, deve evitar provocar uma crise maior com atitudes que possam ser interpretadas como vingança.

Mesmo que necessária para impor a autoridade do comandante em chefe, a exoneração de Arruda com menos de um mês no cargo causa desgaste para todos. A nomeação para o comando do Exército do general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, cujas declarações de teor legalista o qualificam para o cargo, abre uma excelente oportunidade para contornar a ameaça de crise com os militares que ronda o Planalto desde a eleição.

Lula precisa agora ter a sabedoria de despolitizar as Forças Armadas sem criar atritos desnecessários. Não será fácil conquistar a confiança de corporações majoritariamente antipetistas. A substituição do comandante do Exército por si só não fará desaparecer as divergências. Não devem ser ignoradas a tensão que antecedeu a posse de Lula nem a tolerância com os acampamentos golpistas, onde foram tramados atos terroristas como a tentativa de ataque ao Aeroporto de Brasília e as conspirações que culminaram no 8 de janeiro. Mas não há dúvida de que, a exemplo do novo comandante do Exército, a maioria dos militares está comprometida com a legalidade.

Como quaisquer cidadãos brasileiros, eles têm pleno direito a suas posições políticas pessoais. Como integrantes de instituições de Estado, porém, precisam cumprir sua missão constitucional, independentemente do governante. Isso significa manter fora dos quartéis toda atividade político-partidária. Lula foi eleito para governar o país pelos próximos quatro anos. Profissionalismo é o que se espera dos militares. E é esse o compromisso que ficou explícito nas declarações do novo comandante do Exército.

É evidentemente do interesse das próprias Forças Armadas punir os poucos fardados que participaram dos atos golpistas, por meio de processos com pleno direito de defesa. O Ministério Público Militar já abriu seis investigações, que devem seguir adiante com toda a transparência. Há, neste momento, um alinhamento natural entre esse interesse das instituições militares e os do governo federal em investigar e punir os responsáveis pelo golpismo. Isso pode ajudar a desanuviar a tensão.

Ainda que o governo Jair Bolsonaro tenha frequentemente confundido os papéis que cabem a militares e civis num Estado Democrático, essa página precisa ser virada. As Forças Armadas não podem ser vistas como um foco de resistência a este ou àquele governo. Atos individuais precisam ser investigados e punidos. Mas não devem ser confundidos com a postura de uma instituição de que o país necessita e em que precisa confiar. É possível e necessário desfazer qualquer crise civil-militar. É hora de apaziguar os ânimos. Um desgaste mútuo nessa relação não beneficia o país, muito menos a democracia brasileira.

O Estado de S. Paulo

País não sabe lidar com seus indígenas

O Brasil se choca com a tragédia dos Yanomami, mas há muito os indígenas pedem ajuda sem serem ouvidos, como se não fossem dignos sequer de atenção, apesar de seus direitos constitucionais

A tragédia humanitária que se abateu sobre os habitantes do território Yanomami deveria envergonhar todos os brasileiros. A responsabilidade por seu infortúnio é coletiva. Se sucessivos governos não deram aos indígenas o tratamento digno que merecem, é porque, em boa medida, a sociedade não foi enfática o bastante ao exigir que o Estado se fizesse presente para fazer valer nada além da proteção que a Constituição assegura aos povos originários.

As imagens de nossos concidadãos desnutridos, caídos doentes por fome, malária ou intoxicações, muitos à beira da morte por falta de assistência mínima, chocam pelo horror da situação degradante a que estão submetidos e por confrontar a sociedade com um retrato cruel de seu descaso pelos indígenas.

Há séculos, os povos originários gritam que estão sendo dizimados, mas seu clamor simplesmente não é ouvido. Seus direitos de cidadãos brasileiros foram assegurados pela Constituição de 1988, mas de que valem, afinal, se Estado e sociedade lhes viram as costas? “Queremos ajuda”, implorou ao Estadão Flávio Yanomami, da comunidade de Barcelos, ao relatar a alta dos casos de desnutrição e malária na região.

A desassistência sanitária levou o Ministério da Saúde a declarar emergência nacional em saúde pública no território Yanomami. De acordo com a ministra Nísia Trindade, ao menos três crianças morreram nas comunidades de Keta, Kuniama e Lajahu no final de dezembro. O recém-criado Ministério dos Povos Originários fala em 570 mortes de crianças Yanomami por doenças tratáveis, como desnutrição, malária e diarreia, entre 2019 e 2022.

É verdade que há muito tempo os indígenas vêm sendo tratados como se fossem cidadãos de segunda classe, mas é inquestionável que durante o governo Bolsonaro suas condições de vida se deterioraram substancialmente. Bolsonaro foi leniente no combate aos crimes ambientais, sobretudo o garimpo ilegal, que tanto mal causam às populações indígenas. Só em Roraima, de acordo com o governo estadual, estima-se haver 20 mil garimpeiros ilegais.

No sábado passado, o presidente Lula viajou a Boa Vista para se encontrar com lideranças indígenas locais, que cobraram dele mais empenho do governo federal em enviar médicos, alimentos e remédios para a região, além de implementar ações de combate ao garimpo ilegal. “O que posso dizer é que não vai mais haver garimpo ilegal”, disse Lula. “Sei da dificuldade de tirar o garimpo ilegal (da região), sei que já se tentou outras vezes, mas eles voltam. Mas nós vamos tirar”, prometeu o presidente.

O compromisso assumido por Lula é importante, sobretudo pelo contraste com a atitude de seu antecessor, que deliberadamente enfraqueceu ou desmontou órgãos de proteção ao meio ambiente e aos povos indígenas, além de, como entusiasta da mineração em reservas, ter estimulado o garimpo ilegal. Mas os Yanomami, entre outros povos, precisam de mais que promessas. Precisam da ação rápida e incisiva do Estado contra os criminosos. Mas Lula não detalhou quais serão as ações de seu governo contra os garimpeiros ilegais.

O garimpo ilegal gera conflitos armados nas reservas indígenas, contamina as águas dos rios com mercúrio e produz lagos artificiais que se transformam em criadouros do mosquito Anopheles, transmissor da malária. Dos cerca de 29 mil habitantes do território Yanomami, 11.530 (40%) tiveram diagnóstico de malária confirmado em 2022, de acordo com o Distrito Sanitário Especial Yanomami, vinculado ao Ministério da Saúde.

Como se não bastasse, os garimpeiros ilegais tomam posse de pistas de pouso e decolagem na Amazônia que deveriam servir ao transporte de mantimentos, remédios e profissionais de saúde, impedindo a chegada de ajuda humanitária.

O foco do governo federal neste momento, em parceria com os governos de Roraima e do Amazonas, deve ser a assistência imediata aos Yanomami. Mas uma ação enérgica do Estado contra o garimpo ilegal se impõe. É inaceitável que porções do território nacional sejam dominadas por criminosos sob o olhar complacente das autoridades.

Folha de S. Paulo

Tragédia yanomami

Descaso agravado sob Bolsonaro leva a crise de saúde chocante no território

“A pior situação humanitária que já vi.” Foi dessa forma que o médico tropicalista André Siqueira, da Fundação Oswaldo Cruz, descreveu o quadro de saúde dos yanomamis em Roraima.

De acordo com a pasta dos Povos Indígenas, contaminação por mercúrio, desnutrição e fome causaram as mortes de 570 crianças da etnia. Segundo o Ministério Público Federal, 52% das crianças sofriam de desnutrição no fim do ano passado — índice que chega a 80% em áreas de difícil acesso.

A fome agrava outros quadros de saúde. A pneumonia gerou um terço das mortes evitáveis de crianças yanomamis em 2022. Na população em geral, o número é bem menor —4,2% medidos em 2021.

Outro aspecto preocupante é que menos de um terço das crianças aptas para tratamento de verminoses o fez, segundo o MPF.

Não se trata de eventos naturais. A condição calamitosa é resultado direto de anos de políticas nefastas contra os indígenas, agravadas em especial durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Se a vulnerabilidade desses territórios não é recente, os níveis de agora são alarmantes. Relatório do Conselho Indigenista Missionário, de agosto de 2022, apontou que invasões e garimpos em áreas indígenas cresceram 180% sob Bolsonaro.

O garimpo aumenta o risco sanitário e nutricional ao permitir a circulação de vírus não comuns na população e diminuir a disponibilidade de terras férteis.

No apagar das luzes do governo anterior, o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, autorizou exploração de ouro em quase 10 mil hectares vizinhos à Terra Indígena Yanomami.

Ademais o acesso a medicamentos e tratamentos tem sido prejudicado. Investigação da Polícia Federal e do MPF aponta suspeitas de desvios de recursos públicos para compra de remédios, em especial vermífugos. Estima-se que o esquema deixou 10 mil crianças yanomamis sem assistência.

Como resposta, o Ministério da Saúde decretou estado de emergência na última sexta-feira (20) para planejar e coordenar ações em conjunto com gestores estaduais e municipais do SUS. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que visitou o território, criou um comitê contra a crise.

A medida mais urgente é fornecer medicamentos e alimentos à comunidade indígena. O combate ao garimpo ilegal deve ser intensificado —sem o qual tragédias humanitárias como essa se repetirão— e os responsáveis por desvios de verbas precisam ser investigados e punidos no rigor da lei.

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