Alianças com o chamado Centrão começam a se configurar. A desculpa é a mesma de sempre: a governabilidade
Os primeiros passos desse terceiro Governo Lula e quinto do Partido dos Trabalhadores estão para lá de confusos, se não, abertamente ambíguos. Vejamos.
O Presidente Lula parece não ter entendido ainda a profunda divisão que marca o país. Não só a divisão entre populismo dito de direita – ou bolsonarismo – ou populismo dito de esquerda – ou lulismo. Há divisões também entre os que votaram em Bolsonaro e entre os que escolheram Lula. Prevaleceu o voto de um contra o outro e não o voto em um ou outro. Não se pode perder isso de vista.
Outra questão tem que ver com a formação ou composição desse terceiro Governo Lula, dominado até aqui pelo petismo de raiz. Ou seja, Fernando Haddad, Aloizio Mercadante, Luiz Marinho. Esses homens provavelmente deterão as principais áreas econômicas. Na indicação de Haddad, a preocupação maior parece ser com as eleições de…2026, quando ainda nem chegamos em 2023. O país é um detalhe.
Além disso, alianças com o chamado Centrão começam a se configurar. A desculpa é a mesma de sempre: a governabilidade. Já vimos esse filme. Renan Calheiros, Arthur Lira, orçamento secreto, tudo como era antes. E nem sinal daquelas reformas estruturantes necessárias ao país e que foram a marca dos governos Jango e Itamar, os mais progressistas que o país já teve.
Enquanto isso, setores do PT já dificultam a vida de Simone Tebet. Começamos mal.
Tenho para mim que Simone Tebet deveria liderar a oposição, evitando cometer o erro de Ciro Gomes ao aderir ao Governo Lula, em 2003.
Esses passos iniciais de Lula indicam, perigosamente, que a linha geral do bolsonarismo se mantém, agora sob nova direção.
Ivan Alves Filho, historiador