IMPRENSA HOJE

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais (22/11/2022)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Senado negocia com PT redução de licença para gastos
Destino do Coaf divide equipe de transição
Lula passa por cirurgia para retirar lesão das cordas vocais
Em alta, doenças respiratórias infantis exigem atenção
Enem manteve tendência de abstenção alta
Governo e ELN retomam processo de paz na Colômbia

O Estado de S. Paulo

Bolsonaro coloca aliados por 3 anos na Comissão de Ética
Cirurgia extrai lesão da laringe de Lula, biópsia descarta câncer
Tasso sugere PEC que amplia limite do teto de gastos em R$ 80 bilhões
Oficiais da ativa criticam STF, Lula e Alckmin nas redes
Gasolina tem alta de 5,4% após 6 reajustes consecutivos
Anvisa libera venda em farmácia de remédio contra covid em adultos
Argentinos põem crise de lado e vão ao Catar torcer por Messi e pelo tri

Folha de S. Paulo

Transição diz que excedente de R$ 136 bi não traz risco
Emendas de relator é tema legislativo, afirma Lira em recado a Lula e ao STF
Neri Geller – Agro já adere a Lula; quem não vier ficará para trás
Dólar recua após eleito indicar comedimento nas despesas
Petista é operado para tratar lesão na garganta
Risco de ser morto é três vezes maior para negros no país
Anvisa libera venda de remédio para Covid em farmácias
Copa 2022 – Inglaterra e Irã levam protestos a campo
Terremoto na Indonésia mata ao menos 162 pessoas

Valor Econômico

PECs alternativas no Senado forçam negociação maior
Risco fiscal ameaça PIB e inflação
Incerteza eleva prêmio por ativos do país
Maioria ganha até dois salários mínimos
Governo do Paraná vai vender ações e Copel será ‘corporation’

EDITORIAIS

O Globo

Resultado da COP27 foi frustrante diante da emergência climática

Que ninguém tenha ilusões: a temperatura da Terra está subindo, e faltam ações para conter a alta

Era previsível que houvesse dificuldades na conferência do clima das Nações Unidas, a COP27. Mas poucos anteviram que o encontro encerrado domingo no Egito acabasse com tanta frustração. O mais grave foi a falta de unanimidade para apoiar a redução no uso de combustíveis fósseis. Defendida por cerca de 80 países, a proposta foi torpedeada por produtores de petróleo, como a Arábia Saudita.

Todos os efeitos perceptíveis do aquecimento global resultam da alta já registrada na temperatura do planeta: 1,2°C na comparação com o período pré-industrial. Olhando para frente e levando em conta os compromissos assumidos, é certo que a situação vai piorar. É inverossímil que as próximas COPs consigam recuperar o tempo perdido.

Negociações são sempre difíceis. Nem quando os governos concordam está tudo resolvido. O Acordo de Paris, firmado em 2015 na COP21, determina que o aquecimento deve ficar bem abaixo de 2°C até o final deste século, idealmente em 1,5°C. Desde então, apenas 26 dos 193 signatários atualizaram suas metas de redução de emissões. Nenhum dos quatro maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa — China, Estados Unidos, União Europeia e Índia — tem cumprido o prometido.

A COP27 começou com o desafio de recolocar a humanidade na rota. Por isso o esforço por aprovar um texto prevendo o abandono dos combustíveis fósseis ao longo do tempo. Só que no caminho havia grandes exportadores de petróleo e gás, fortalecidos pela conjuntura favorável provocada pela guerra na Ucrânia e seus efeitos no mercado de energia.

O ponto alto da COP27 foi a criação de um fundo para compensar perdas e danos para países em desenvolvimento, especialmente aqueles em situação mais vulnerável a impactos ambientais. A demanda era antiga, com mais de três décadas, e sua aprovação tenta corrigir uma injustiça ainda mais antiga. Os países que mais sofrem com catástrofes climáticas, como secas prolongadas e inundações fora do padrão, são em geral os que menos contribuem para o aquecimento global. O anúncio em Sharm el-Sheikh, embora histórico, foi a parte fácil. O fundo ainda não tem dinheiro, ninguém sabe quem o bancará nem quais serão os critérios para definir os beneficiários. Tal discussão ocupará o tempo de negociadores nos próximos meses com resultado ainda incerto.

Mais encorajadora foi a participação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Ao recolocar o Brasil no debate ambiental, Lula fez o mundo relembrar que o país já foi capaz de reduzir o desmatamento. Outro ponto positivo foi o acordo para reformar bancos de desenvolvimento multilaterais para que fortaleçam o financiamento verde. O tanto que se avançou nas últimas duas semanas tem de ser festejado, mas que ninguém se iluda: a temperatura está subindo, e faltam ações para deter a alta.

O Estado de S. Paulo

Passos corretos na COP-27

Crise energética freou compromissos na redução das emissões, mas houve avanços nas compensações aos países pobres e em mecanismos para financiar adaptações às mudanças climáticas

Como costuma acontecer após o encerramento das cúpulas climáticas da ONU (COPs), o sentimento geral ao fim desta 27.ª edição foi de frustração, resumido na fórmula: “insuficiente”. E, como costuma acontecer também, essa atmosfera de decepção acaba obnubilando avanços nas discussões e conquistas concretas na resolução final.

As políticas climáticas apoiam-se num tripé: mitigação (a redução das emissões de gases de efeito estufa), adaptação (aos impactos dessas emissões) e compensação (aos países menos poluentes pelos danos causados pelos maiores poluentes). Ainda que essenciais, os dois últimos pilares são paliativos. O crucial para conter o aumento da temperatura é o primeiro e, sobre esse aspecto, de fato, não houve avanços na COP-27.

A resolução da COP-26 foi a primeira a incluir um compromisso de diminuição no uso dos combustíveis fósseis, conclamando à “redução de energia a carvão sem captura de carbono e à eliminação de subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis”. Esperavam-se avanços agora. A Índia propôs um compromisso com a redução de todos os combustíveis fósseis. No documento final, contudo, nenhum desses temas foi mencionado. A insatisfação foi vocalizada por Alok Sharma, presidente britânico da COP anterior: “Pico das emissões até 2025… Não nesse texto. Claro prosseguimento na redução do carvão: não nesse texto. Um compromisso claro com a eliminação de todos os combustíveis fósseis: não nesse texto”.

Mas, se, considerando os desafios estruturais para a mitigação do aquecimento global, o desgosto com a estagnação é justificado, as razões para essa estagnação também o são por uma conjuntura extraordinariamente adversa. Entre uma COP e outra eclodiu uma guerra na Europa, e com ela vieram uma inflação galopante e uma crise alimentar e energética. Grandes produtores de óleo e gás, como Rússia e Arábia Saudita, sentiram-se empoderados para resistir a pressões; e grandes consumidores, vulneráveis para exercê-las.

Há temas importantes para o clima que não estão sendo devidamente debatidos. Muitos economistas especialistas em clima advertem que o mundo tem gastado muito subsidiando fontes renováveis ineficientes, e muito pouco investindo em inovação para tornar essas tecnologias de fato eficientes (abundantes, confiáveis e baratas), o que seria a solução para a transição energética.

Como ponto positivo da COP-27, os 200 países aprovaram um marco que vinha sendo eludido em todas as COPs desde 1995. Pactuou-se um fundo de perdas e danos para os países mais vulneráveis aos impactos climáticos. Em 2009, as nações ricas haviam prometido US$ 100 bilhões por ano, embora não tenham ultrapassado US$ 83 bilhões em nenhum ano. O avanço deste ano está na admissão formal de suas responsabilidades e na criação do fundo. Mas quase todos os detalhes – quanto dinheiro será dado, por quem, para quem, para que e sob quais condições – ainda não foram definidos.

A COP-27 também marcou a admissão de que, para vencer esses desafios, será preciso reorganizar o sistema financeiro global, especialmente instituições multilaterais, como o Banco Mundial e o FMI, permitindo, por exemplo, condições especiais de empréstimos e amortização de dívidas a países pobres atingidos por impactos climáticos.

Em relação à transição energética, ainda que a COP-27 não tenha gerado compromissos formais, o mundo tem avançado. Nos últimos três séculos, as emissões de carbono e o aumento da qualidade de vida cresceram juntos. Mas organizações como a Agência Internacional de Energia ou o Global Carbon Budget registram que a taxa de produção de poluentes per capita vem caindo e a produção de combustíveis fósseis atingirá um platô nos próximos anos e depois deve declinar. Assim, pela primeira vez desde a revolução industrial, o crescimento econômico já não dependerá do crescimento das emissões.

Em outras palavras, o mundo ainda não encontrou a solução para manter a temperatura global em níveis toleráveis, mas começa a caminhar na direção certa. O desafio agora é acelerar o passo.

Folha de S. Paulo

O BID e o Brasil

Eleição de Goldfajn para o banco é oportunidade a ser aproveitada com grandeza

Com 80% dos votos, o economista Ilan Goldfajn se tornou o primeiro brasileiro eleito presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), instituição multilateral de fomento fundada em 1959.

O economista superou outros quatro candidatos, contando com o apoio dos Estados Unidos, o principal acionista do banco. A Argentina também optou ao final por retirar seu indicado e apoiar o brasileiro, o que abriu caminho para a vitória —os dois países mais o Brasil somam 52,8% do capital.

É um desfecho positivo para o país e para o BID, dadas as credenciais acadêmicas e profissionais de Goldfajn. Com doutorado pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), teve longa carreira no setor privado e também presidiu o Banco Central entre 2016 e 2019.

Sua última posição, a ser deixada agora, foi a de diretor do Fundo Monetário Internacional para o Hemisfério Ocidental.

A indicação pelo governo Jair Bolsonaro (PL), na pessoa do ministro da Economia, Paulo Guedes, pautou-se pelo currículo do economista, não por afinidades políticas. Tal fato torna ainda mais lamentável a conduta do ex-ministro petista Guido Mantega, que pediu a Janet Yellen, secretária do Tesouro americano, adiamento da eleição.

A carta de Mantega foi apoiada por lideranças como Gleisi Hoffmann, presidente do PT. Eis mais uma demonstração de que o partido continua a ter dificuldades para enxergar o interesse nacional fora de suas preferências.

Felizmente, ninguém com capacidade de decisão deu ouvidos à trapalhada de Mantega —aliás, impedido de ocupar cargos públicos até 2030 por decisão do TCU.

A resistência de parte da esquerda, ademais, é equivocada, pois a plataforma apresentada pelo governo brasileiro e pelo próprio economista à direção e aos acionistas da instituição pode ser considerada compatível com pontos de vista essenciais defendidos por Lula.

As prioridades incluem investimento em infraestrutura física e digital; combate à pobreza, desigualdade e insegurança alimentar; cooperação entre países; mudança climática e biodiversidade.

O BID é o banco de fomento regional mais antigo do mundo e tem papel importante na América Latina, com longa tradição de empréstimos para iniciativas de desenvolvimento em seus 48 países-membros. Pelos dados mais atuais, há quase US$ 30 bilhões previstos para projetos em preparação ou implementação no Brasil.

Abre-se oportunidade de amplificar a voz do país na região, que deve ser aproveitada com grandeza.

Valor Econômico

COPs marcam passo contra o aquecimento global

A COP27 marcou passo. As emissões estão aumentando e os combustíveis fósseis ganharam força momentaneamente

A Conferência do Clima em Sharm El-Sheikh, no Egito, encerrou-se com retrocessos na luta contra o aquecimento global. A promessa dos países de reverem suas metas para cortes de emissões e torná-las mais ambiciosas foi cumprida por apenas duas dezenas de países e se revelaram de novo completamente insuficientes para conter a catástrofe anunciada – como estão, as metas indicam que a temperatura do planeta subirá entre 2,4 e 2,7 graus Celsius. Esse valores deixam muito para trás o limiar seguro para lidar com o problema, de 1,5 grau Celsius, que está se tornando inatingível. Segundo o IPCC, as chances de conter o aumento de temperatura do planeta a esse nível reduziu-se agora para 50%.

Muitos ambientalistas, no entanto, consideraram histórica a decisão arrancada às 3h da madrugada de domingo – a COP27 deveria se encerrar na sexta – de que será criado um fundo para financiar perdas e danos de países tidos como vulneráveis diante do aquecimento global, em especial pequenas ilhas do Pacífico, como Vanuatu. Em todas as COPs até agora os países ricos fugiram do problema, evitando, entre outros argumentos, caírem em uma armadilha legal. Ao reconhecerem que têm de indenizar estragos provocados pelo clima por possuírem um estoque de emissões maior, desde a Revolução Industrial do século XVIII, estariam criando um precedente para que reparações fossem oficial e justificadamente requeridas pelos países mais atingidos por catástrofes climáticas.

Os EUA se negaram terminantemente a colaborar com um fundo com essas características, mas a União Europeia desistiu de ser uma companheira de viagem dos americanos na questão e abriu a chance da criação do mecanismo, desde que eles fossem usados pelos países mais vulneráveis de fato e que as contribuições a ele também fossem feitas por países emergentes como, por exemplo, a China, o maior poluidor mundial hoje. Assim, muitos emergentes não seriam beneficiados e possivelmente teriam de fazer contribuições.

O compromisso final foi estabelecer uma comissão de transição para a COP28, nos Emirados Árabes, quando serão definidos afinal todos os termos de uma promessa da qual só há até agora o nome. Os EUA saíram com mais coelhos da cartola, falando em outras fontes de financiamento, como os mercados de carbono, bancos e instituições multilaterais, para dissolver responsabilidades legais. Antes, tanto UE quanto os americanos contrapunham ao fundo um aumento dos recursos disponíveis para adaptação e mitigação. Na verdade, desde a COP15 em Copenhague, em 2009, que os países desenvolvidos prometem US$ 100 bilhões anuais para essas finalidades. No entanto, ainda hoje, chegaram a US$ 83 bilhões, segundo levantamento da OCDE. A partir de 2025, os montantes teriam que rapidamente triplicar.

A maior pedra no caminho da COP27 foi a meia volta dada pelos países ricos no compromisso de extinguir aos poucos o uso de combustíveis fósseis. Com a guerra na Ucrânia e a crise energética na Europa, o carvão ganhou de novo força como insumo energético, assim como outros combustíveis fósseis. O texto que saiu da COP27 menciona “redução gradual do uso do carvão” e “abandono gradual dos subsídios” aos combustíveis fósseis. A Agência Internacional de Energia colocou números na leniência. As emissões das 9 mil usinas movidas a carvão teriam de cair um terço de 2021 a 2030. Mas elas crescerão 1% em 2022, impulsionadas por Índia, Estados Unidos e também pela grande consumidora China.

Além disso, a COP27 deveria avançar também na verificação do avanço das metas apresentadas pelo países e criar formas de fazê-lo, para com isso evitar que os países voltem atrás em seus compromissos simplesmente descumprindo-os, embora formalmente eles sejam mantidos. Nada disso prosperou.

A COP27 marcou passo. De um lado, as emissões estão aumentando, não declinando, e os combustíveis fósseis, por motivos geopolíticos, ganharam momentaneamente a força que vinham perdendo nas matrizes energéticas. Diante da urgência climática, é uma pausa desastrosa. Segundo o IPCC, para reduzir emissões em 50% até 2030 e 70% até 2050 e obter a chance de um aquecimento ainda sob controle, o pico de lançamento de CO2 na atmosfera teria de ocorrer antes de 2025, daqui a três anos. Pelo visto nessa e em outras COPs, isso não vai ocorrer.

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